As ideias que explicam a moderna vida económica tomaram forma durante um longo período de tempo, tal como as constituições económicas que procuram explicar. Mas há um ponto em que todos concordam e pelo qual poderemos começar. Na última metade do século XVIII a vida económica na Grã-Bretanha e, em menor escala, em toda a Europa Ocidental e, logo a seguir, na Nova Inglaterra, foi transformada por uma sucessão de invenções mecânicas - a máquina a vapor e uma série de inovações notáveis na indústria têxtil: a lançadeira volante (que apareceu mais cedo), logo de seguida da máquina de fiação para oito fios, depois a fiadeira movida a água, a fiadeira automática aperfeiçoada e, finalmente, o tear mecânico.
A roupa era (como continua a ser) instrumento fundamental de ostentação da gente rica e uma utilidade que o pobre não podia dispensar.
A fiação manual e a tecelagem eram processos infinitamente lentos e caros; a compra, por um cidadão da classe média, de um casaco, era comparável nos tempos modernos ao de um automóvel ou até mesmo de uma casa. As novas máquinas tiraram ao fabrico dos tecidos o seu caráter familiar, transferiram-no para as fábrica e tornaram o produto barato - um artigo de consumo de massa.
Com a Revolução Têxtil, surgiu uma tendência generalizada para as modificações técnicas, e de grande confiança e orgulho nos seus resultados. foi uma coisa parecida com a eclosão de confiança na tecnologia e nas suas maravilhas que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. No entanto, a Revolução Industrial arrastou outra revolução no pensamento económico.
Estas ideias continham indícios do mundo futuro, mas eram também - pormenor importante - profundamente influenciadas pelo mundo até então existente, praticamente o mundo da agricultura. Nem poderia ser de outra forma. Até aí, à vida económica, com exceção de um pequeníssimo número de privilegiados, apenas se pedia que fornecesse a cada um e à sua família três coisas - comida, roupa e abrigo. Tudo isto provinha da terra. A comida em primeiro lugar, claro. E as peles, a lá e as fibras vegetais. Quanto às casas, tal como eram então provinham da floresta, da pedreira, ou do forno do tijolo mais próximos Até à Revolução Industrial, e ainda depois dela, durante muito tempo em muitos países, toda a economia era agrícola.
John Kenneth Galbraith
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