quarta-feira, 18 de julho de 2018

Eutanásia - O Que Está em Causa?

A atualidade política está enriquecida por novas discussões, que outrora eram de todo impensáveis, entre os mais novos temas de debate, tem sido cada vez mais discutida de forma visível a eutanásia, que é também a que se revela um dos maiores dilemas, entre a vida e a morte, entre os valores morais e éticos.
No passado, em que a medicina não era claramente capaz de subtrair o sofrimento humano, a morte era quase sempre sofrida e dolorosa, a esmagadora maioria das pessoas morriam em casa, e a velhice muitas vezes não ultrapassava os 60 anos, inclusive, a alternativa para o sofrimento insuportável, era sem dúvida o suicídio, que apesar de tudo era socialmente condenável, suicidaram-se por motivos de saúde o poeta português Antero de Quental e o escritor estadunidense Ernest Hemingway; hoje ao contrário, a medicina conquistou avanços substanciais no que concerne a permitir um melhor conforto no fim de vida, os cuidados paliativos tornaram-se mais eficazes, mas também a medicina preventiva e os avanços tecnológicos permitiram uma maior longevidade às gerações mais recentes, portanto, é aqui que reside a contradição deste novo discurso de ordem "Pró-Eutanásia", porque é que precisamente agora em que os cuidados e o acesso à medicina evoluíram, que se procura legalizar e normalizar a eutanásia e o suicídio assistido?
O debate promete ser em todo o lado, aceso, até porque uma das parcelas que mais tem crescido na pirâmide populacional é a população idosa, acima dos 65 anos, que fazem parte da chamada terceira idade, mas também há cada vez mais, e em boas condições de saúde, a quarta idade, que é composta por pessoas acima dos 85 anos de idade, claro que em ambos os casos a população feminina é maioritária, porque a mortalidade é maior nos homens do que nas mulheres; demografia à parte, o importante é que se trata de uma parte da população que é eleitora e tem uma resposta a dar, não se trata mais de serem os filhos ou os netos a decidir por eles em caso de referendo, assim os prós do lado dos que sofrem na doença e as razões contrárias do lado dos valores morais e éticos, são debatidos apaixonadamente por muitos, mas ainda assim, são evitados por uma esmagadora maioria silenciosa. Será esta uma nova moda, podemos considerar que seja um discurso ou pensamento humanista?
Posta a questão introdutória acima, o tema da Eutanásia é sobremaneira um tema político, todavia, não se pode deixar que caia nas malhas do discurso ideológico, que se torne um assunto sequestrado por correntes partidárias, porque isso retira todo o sentido da sua importância no espaço público, não se é de esquerda ou de direita porque se está a favor ou contra a eutanásia, não se é progressista ou conservador porque se defende o suicídio assistido ou a proibição da eutanásia, este tipo de temas que inclui valores morais como o aborto ou a mudança de sexo, não cabem na limitada compreensão dos jogos político-partidários.
Ver a eutanásia como panaceia não nos deve impedir de compreender que se trata de mais uma forma de violência, tal como é violento o tiro de misericórdia, como é violenta a palmada que a parteira desfere no bebé recém-nascido, tal como é violenta a dor e a doença que consomem o ser que padece, tal como é violenta a cultura de massas, como são violentas as noticias que mostram como natural a violência da guerra, da fome, como são violentos os meios de comunicação que impõe a cultura da violência, mas também é muito violenta a sociedade que reduz tudo a números de estatística com discursos de eficácia e eficiência, tornando obsoletos os que já não produzem, os que já não fazem falta, os que já por vezes nem podem se defender ou dizer que não (os idosos acamados, os doentes terminais, os tetraplégicos). Assim, podemos aferir por analogia que Stephen Hawking teria uma palavra a dizer contra a eutanásia, reforçando com o exemplo de vida de Nick Vujicic, um palestrante jovem que nasceu sem pernas e sem braços, todavia tornou-se psicólogo motivacional.

Assim, é importante que vejamos que a par de melhorias tecnológicas, económicas, financeiras, cientificas e sociais, tem-se sentido um aumento de um discurso redutor e pouco claro, mas que contém na sua génese uma filosofia de mudança de paradigma social, que por um lado fala abertamente de direitos, mas por outro esconde o que está por trás, resta perguntar, quem iria faturar e ganhar com a eutanásia? sabendo que hoje os doentes terminais e os idosos custam ao Estado uma boa fatia da Despesa Pública com gastos de saúde, pensões e demais apoios sociais.


Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Os 50 anos do Maio de 68

Passam 50 anos após o movimento estudantil que parou a França e pôs em causa o Presidente Charles De Gaulle, foi o chamado Maio de 68, que se espalhou pelo mundo inteiro como símbolo de uma nova época, após essa revolta o mundo não seria o mesmo, e a política também não apesar desse avanço, verificaram-se recuos cíclicos, porém a génese do movimento permaneceu e fortaleceu-se.

As consequências do Maio de 68 e da liderança carismática de Daniel Cohn-Bendit, um estudante universitário franco-alemão, nascido no seio de uma família judaica, marcaram a juventude de modo profundo. O movimento que inicialmente era estudantil, iniciado na Universidade de Nanterre, acabou por se transformar num protesto geral por toda a França, com a adesão dos trabalhadores de diversos setores. Mas o que queriam os estudantes? o que reivindicavam os grevistas e o que motivou a restante classe trabalhadora a movimentar-se em protesto contra o Status Quo, apesar de três anos antes ter eleito por larga maioria o General De Gaulle, e seguidamente à revolta, voltaria a dar maioria ao partido no poder? 

Os protestos inicialmente eram uma revolta ao conservadorismo que se vivia nas universidades, influenciados pelos movimentos hippie, pela nova esquerda, pela libertação sexual, pela conquista paulatina da mulher no espaço publico e social, 

Se por um lado, de uma forma genuína e pueril a revolta iniciou-se na Universidade de Nanterre, por uma causa curiosa, que era a proibição de os homens não poderem entrar no quarto das mulheres, mas o contrário era permitido, logo era visto como algo machista, portanto a revolta juvenil em Paris, foi um movimento que não debatia grandes questões sociais, era o proibido proibir, e estava-se apenas numa revolução de teor existencial, estendeu-se aos sindicatos e aos partidos de esquerda, que não trouxe mudanças significativas na estrutura do poder político ou da organização social, mas sim foi palco e tribuna para declarar em alto e bom som, o preâmbulo de uma mudança inequívoca dos valores e princípios, mas também da reivindicação de uma maior abertura do espaço público para a participação cívica de todos aqueles que até então não tinham essa possibilidade. Claro que a longo prazo, viu-se na política a ascensão e a mobilização de classes, por outro lado, essa mudança de valores, não foi devidamente acompanhada pela qualidade técnica, profissional e ética dos novos rostos na política, pelo que paulatinamente viu-se um divórcio cada vez maior entre a sociedade civil e a nova classe política, a braços com escândalos de corrupção ou simplesmente má gestão dos assuntos públicos.


Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Ataques Terroristas Contra Israel

Desde 2014 que os ataques a Israel não se intensificavam como neste ano, desde o fim de maio, e por consequência do reconhecimento de Jerusalém como legítima Capital de Israel, a revolta palestiniana para reverter o irreversível, foi ter procedido, desde novembro de 2017, a uma nova onda de violência junto à fronteira com Israel atacando as autoridades israelitas, não tendo sido suficiente, surgiu na mesma altura a onda dos cometas incendiários (papagaios e balões) que causaram uma enorme devastação com incêndios em reservas florestais, áreas agrícolas e mesmo em meio urbano, incêndios em prédios dentro das cidades israelitas.

O reconhecimento de Jerusalém por parte dos EUA no governo de Donald Trump, colocou em prática o que há há muito estava previsto, a transferência da Embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém, ato que foi seguido por outros países, como a Chéquia, Guatemala, Filipinas, Roménia, Honduras, Togo, entre outros; 

Os Governos ocidentais condenaram os ataques terroristas

Embora costumem demorar muito para reconhecer os ataques, a maioria dos países ocidentais condenou oficialmente os ataques terroristas, devido aos danos ambientais e às vitimas inocentes, como foi o caso da declaração oficial do Parlamento português e do Primeiro Ministro António Costa, sensibilizados pela amplitude dos incêndios causados pelos cometas lançados pelo Hamas. O governo brasileiro também a par de outros países ocidentais colocou-se veementemente contra a ofensiva terrorista,  inclusive porque o reconhecimento de Jerusalém como Capital de Israel não justifica tal agressão, pois na verdade, trata-se do reconhecimento de um facto irreversível, visto que em nada coloca em causa a Independência de um futuro Estado muçulmano na Palestina, A capital é onde se encontra a sede do Poder político, que é por sinal onde estão sediados os três poderes em  Israel, o Presidente, o Governo, o Parlamento e o Supremo Tribunal, logo é efetivamente a capital do Estado de Israel.

A questão agora é saber, se a ofensiva terrorista para por aqui, ou se se irá intensificar uma escalada de violência ainda maior, o conflito já dura há 70 anos, mas o teor ideológico não ajuda nas negociações para um entendimento, nomeadamente dos lideres palestinianos mais radicais, como os do Hamas, cujo programa político não é o entendimento ou a paz, mas antes a extinção do Estado judaico, e cuja ideologia em muito se assemelha ao nazi-fascismo, símbolos que foram usados nos balões e papagaios incendiários lançados pelos terroristas. 

quinta-feira, 12 de julho de 2018

11 Anos de Vida na Blogosfera

Ao contrário da grande maioria dos blogs, que vive sem publicidade, mas após um ano ou dois desaparece, este blog, mantém-se em atividade, comemorando hoje os 11 anos de existência no mundo da globosfera, tendo sido lançado no dia 12 de julho de 2007.

 
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