sábado, 18 de novembro de 2023

Conflito Israelo-árabe - A Opinião, os preconceitos e as fake news

Nunca uma guerra dividiu tanto as pessoas como a actual guerra entre o Estado de Israel e o grupo terrorista Hamas, nem a guerra na Ucrânia, nem as guerras civis da Síria, do Sudão ou do Iémen, nem sequer a guerra na antiga Jugoslávia fraturou tanto as opiniões.

As atenções foram desviadas de outros conflitos para Israel e Gaza, que são o olho do furacão dos conflitos no mundo e o ponto mais sensível da Geopolítica global, além de que este conflito dividiu e fraturou a opinião pública, afetando laços de amizade e relações familiares. Porquê?

A resposta não é simples, tal como os contornos do conflito são antigos e sobretudo complexos, mas eu arrisco dizer que a razão é a instrumentalização ideológica do conflito por diferentes partes e diferentes razões, e para tal, criaram-se narrativas que visam manipular e condicionar a opinião pública tanto a nível interno como a nível mundial.

Facto é que encontramos narrativas difundidas à viva voz no espaço público, como em conversas de café, barbearias, paragens dos transportes públicos, e claro, nas redes sociais, onde se replicam narrativas muito apoiadas em falsidades, preconceitos além de contra-informação ou desinformação estratégica, que nada mais é do que as famosas 'Fake News'.

Devemos fazer o exercício de tábua raza, que nos sugeriu René Descartes, de apagarmos o nosso registo de narrativas a partir de tudo o que acreditamos por ouvir e começarmos a pensar por nós mesmos e a buscar as informações adequadamente a partir da estaca zero, baseado em dados históricos, em aspectos religiosos e políticos por trás das diferentes narrativas.

Mas há um facto que é inegável e ao qual não se pode atribuir outro sentido e nem falsa narrativa, é que quem agrediu de forma hedionda foi um grupo terrorista, quem foi agredido foi uma população indefesa de um Estado de Direito e soberano, que tem o direito e o dever de garantir a segurança dos seus cidadãos, mas outro facto é que o Hamas usa os civis de Gaza como escudos humanos e carne para canhão.

Goste-se ou não, Israel é um facto, os judeus não têm outro país onde possam viver livremente o seu Judaísmo, e como tal necessitam do seu espaço vital. Os palestinianos também necessitam do seu espaço vital, pelo que a solução deste conflito passa em parte pelas negociações de Paz com a Autoridade Palestiniana, que conduzam à solução dos dois Estados, bem como à continuidade dos Acordos de Abraão, que nada mais são do que a normalização das relações diplomáticas e comerciais entre Israel e o mundo árabe, que é algo vital para a paz no Médio Oriente.

Autor Filipe de Freitas Leal com a colaboração do Rabbi Shlomo Pereira

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Quem nasceu Primeiro, o osso curado ou a Civilização?

A antropóloga estadunidense Margaret Mead (1901-1978) é suspeita de ter cometido uma fraude na sua tese de doutoramento sobre a sexualidade em três sociedades primitivas na Papua Nova Guiné, e desde que soube disso já nada que venha dela me interessa.

Mas há uma história interessante de um aluno que lhe perguntou qual o indício do início da civilização humana e Mead respondeu-lhe que esse indício é o de um Fémur curado, porque alguém se dedicou a cuidar da pessoa que padecia. De facto é uma história interessante, pois isto ocorreu na Pré-Historia.

Todavia, quanto à teoria do Fémur curado, como indício do princípio da civilização humana, parece-me ser pouco provável, porque a característica básica da espécie humana, que é uma espécie gregária, é a entreajuda, se não fosse assim desde o começo ter-nos-íamos extinguido como espécie e não estávamos aqui a ler isto.

Basta repararmos no grau de dependência dos bebés humanos comparativamente a outras espécies não gregárias, a nossa dependência é total e por um longo período.

A nossa espécie é por si mesma uma espécie de grupo e de entreajuda como forma de sobrevivência e defesa, foi isto que permitiu à nossa espécie desenvolver-se de grupo ao clã, do clã à tribo, das tribos aos reinos e destes aos povos e países que hoje são o topo da organização social e política vitais para a existência humana. 

O osso curado de Mead é verdade, e ser civilizado é, antes de mais, ser humano, mas é verdade porque por sermos humanos é que curamos um ferido e não o contrário.

Pelo que arrisco em dizer que o indício do princípio da civilização é o domínio do Fogo, algo que mais nenhum outro animal conseguiu, e seguiu-se com a roda, a escrita e assim por diante. Está é uma questão que não cabe a uma única ciência responder, mas a um conjunto de ciências, como a História, Arqueologia, a Sociologia e claro a Antropologia também.

Autor Filipe de Freitas Leal com a colaboração do Rabbi Shlomo Pereira

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

 
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