segunda-feira, 29 de março de 2021

O ‘Carisma’ Vs. a ‘Banha da Cobra’


O que distingue um líder nato de um mero ‘Testa de Ferro’

Na opinião de Fernando Henrique Cardoso, Bolsonaro não tem carisma, e eu não posso deixar de concordar com o ex-Presidente brasileiro, porque em primeiro lugar é exatamente como eu penso e vejo, não apenas sobre Bolsonaro, ou Donald Trump, mas sobre todos os políticos populistas e os que defendem regimes musculados; no meu entender, o facto de um qualquer líder político conquistar milhões de eleitores ingénuos ou incautos, ou exercer um poder musculado não significa carisma. 

Pois, só se for pela negativa, porque não surte efeito em pessoas conscientes e politizadas, como é o caso de uma grande percentagem de cidadãos que tenham dois dedos de testa, capacidade de análise critica e consciência política.

Pessoas que são ou foram consideras verdadeiramente como líderes carismáticos, independentemente de se gostar ou não das suas ideias ou do modo como exerceram a sua liderança foram por exemplo: Mahatma Ghandi, John Kennedy, Barack Obama, Martin Luther King, Charles De Gaule, Mário Soares, Vladimir Lenine, João Paulo II, Francisco Sá Carneiro, Madre Teresa de Calcutá, Margareth Thatcher, Fidel Castro, Hugo Chaves, entre outros, porque tinham de facto um carisma que era reconhecido por todos, no caso de Bolsonaro, este cativa uma parcela da população, mas uma parcela ainda por cima, pouco esclarecida politicamente, na maioria uma população inculta que ignora a dinâmica dos fenómenos políticos, embora também composta por uma burguesia de um novo-riquismo, ou de uma parte da classe média alta, para quem o sentido de voto é grande medida uma escolha meramente estratégica.

Além do mais, uma característica do carisma é sem sombra de dúvida a arte da Oratória, tal como os bons e grandes advogados, ora, neste caso o atual Presidente brasileiro não tem nenhuma capacidade oratória, limita-se a falar ao nível da linguagem elementar e popular.

Outra característica é a coerência entre o discurso e a ação política, ou o princípio da não contradição, ora, Bolsonaro não tem sequer uma ideologia clara e definida, não sabemos exatamente o que pensa ideologicamente, por isso, nota-se que é um mero “Testa de Ferro” e que está a serviço de uma agenda. Portanto ele só pode ser considerado carismático para a parcela de eleitores que ainda acreditam nele.

Para exemplificar, temos Passos Coelho, como um líder que não tem carisma, tal como Pinhochet também não teve; Cavaco Silva tem algum carisma, no entanto Francisco Sá Carneiro, Mário Soares, Freitas do Amaral tinham um grande carisma, e até Paulo Portas tem imenso carisma.

Quanto ao ex-Presidente Lula, é inegável que tem um grande carisma, tanto é que foi eleito duas vezes e recebeu apoio até do centro-Direita, e ainda hoje apaixona e galvaniza uma parcela grande da população brasileira. Lula tinha oratória, e era coerente ideologicamente, quanto ao que o acusam, isso são outros quinhentos, é política suja, uma cabala para o afastar de voltar ao poder, e assim permitir à Direita iniciar a implementação de reformas neoliberais mais ousadas.

O ex-Presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, tem Carisma, tal como Tancredo Neves tinha, também Collor de Mello, só que esse lambuzou-se com o mel dos cofres públicos e foi destituído (o primeiro impeachment em todo o mundo).

José Sócrates em Portugal tinha imenso carisma, não se sabe até que ponto não foi também um alvo a eliminar através de um processo gigantesco que moveram contra ele, que ainda por cima não se provou nada.

Lembrei-me de uma palavra que se usava antigamente, que descreve o que é o Bolsonaro e políticos como ele: "Banha da Cobra", são como vendedores de ilusões, trazem falsidade, vigarice, assim a Banha da Cobra é dizer ao cliente incauto, neste caso eleitor ingénuo, o que ele quer ouvir, isso tem outro nome, demagogia e populismo.

Portanto, carisma é exatamente o contrário da banha da cobra, não é dizer o que o eleitorado quer ouvir, é dizer o que é preciso ser dito, é convencer de que as suas ideias e os seus projetos são os melhores, é conquistar a adesão das pessoas pela persuasão, nem todos conseguem fazer isto, e nem sempre é para o bem, tal como Hitler que de facto fez isso, galvanizou a esmagadora maioria dos alemães, embora o resultado tenha sido negativo. Mas prova este exemplo que Carisma é conquistar pela palavra e fazer o eleitorado abraçar a sua causa, não o contrário dizer o que convém para se atingir o poder.

Nesse sentido, o líder carismático é aquele, que apesar de muitos não concordarem com as suas ideias, é reconhecido pela esmagadora maioria como um catalisador de sinergias, um líder capaz de dialogar com a oposição e fazer acordos, um líder que conquista multidões em prol de um projeto, através dos seus ideais ou de uma causa, mas não basta ser líder para ser-se carismático, mas é fundamental ter carisma nato para ser-se um bom líder, seja na política, seja nos negócios ou qualquer outra área.

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