A diferença de género
A visão, a cultura e a prática em diferentes sociedades, sobre a identidade
de género, a maneira como a Mulher foi tratada de forma diferenciada e que tem
vindo a mudar de
época para época, de país para país e de cultura para cultura, e que em
tempos idos até a ciência esteve ao serviço da cultura tentando provar que a
Mulher é inferior ao Homem.
O Autor colocou-se de forma isenta, mas
conseguiu ver com clareza a realidade histórica em que a Mulher foi subjugada e
vista como inferior ao homem. Mas identifica também que com a evolução
tecnológica, social e económica ao longo do tempo tem vindo a contribuir para a
emancipação da Mulher e do seu lugar pleno na sociedade.
Ideias principais do Artigo
A visão da sociedade burguesa, encarava o trabalho feminino com um extremo
preconceito, onde era visto que a mulher trabalhava por causa da incapacidade
de o homem conseguir sustentar a família, e era tido como sinal de pobreza.
Algo totalmente diferente dos dias de hoje, em que a grande maioria das
mulheres trabalha, não apenas porque precise, mas porque acida de tudo quer
conquistar o seu lugar na sociedade, associado à sociedade moderna e consumista
(Lipovtsky, 2000).
Pode-se dizer por outras palavras que a ascensão do capitalismo veio
beneficiar a mulher na sua conquista do espaço de trabalho em sociedade, novas
leis tiveram que ser feitas, sobretudo às trabalhadoras gestantes, licença de
maternidade, licença especial de período de aleitamento, subsídios, etc. direitos
conquistados no Pós Guerra e com a ascensão do capitalismo na Europa Ocidental
e em particular nos EUA, ávidos por vingar o seu modelo político e económico
contra a URSS, que no entanto também liberou o mundo do trabalho às mulheres,
mas onde a liberdade obviamente não era o objectivo do sistema comunista, tanto
homens como mulheres foram vistos de igual forma para a exploração pelo Regime
soviético, regime esse que era exercido esmagadoramente por homens. Provando
que a visão sociológica Marxista da família e do género feminino não havia sido
tida em conta pelo socialismo totalitário estalinista. maoista ou trotskista,
mas diga-se de passagem na China foi muito pior.
Mas as mudanças sociais e económicas que
permitem a evolução e conquista da Mulher no espaço social não foi sem uma
mudança estrutural da família, que antes era alargada e agora passa a ser do
tipo nuclear, muitos casais optaram por ter um ou dois filhos, no máximo, e
mesmo assim casa-se e tem-se filhos cada vez mais tarde. Porque? Justamente é a
consequência de todas essas mudanças. (Silva, Amazonas,
Vieira 2010.
Conceitos abordados
Opressão do género feminino ao longo da história, por questões culturais,
religiosas, económicas políticas e sociais que têm vindo gradativamente a mudar
até aos nossos dias; Génese do movimento feminista
A emancipação feminina começaria gradualmente
a partir da Revolução francesa; e tem vindo a conquistar a igualdade de género
com a ascensão do capitalismo e da sociedade de consumo; (Silva, Amazonas, Vieira
2010)
Comentário Critico ao artigo
O tema abordado neste texto, também é relevante por tratar de algo que para
o Serviço Social é bastante pertinente, a "Exclusão Social", e de
facto é disto que se trata, não apenas de uma diferenciação pura e simples do
género feminino, mas por ser feminino ser relegado para a margem da sociedade
em especial no que se refere à actividade económica e produtiva na sociedade. E
porque é que falo de económica e produtividade? Porque há a produção em sociedade
para além do económico, temos o caso da cultura, das ideias, da religiosidade
que funciona como um todo.
Aliás aqui gostaria de salientar algo visível, na religião a Mulher é muito
mais religiosa que o Homem, no entanto a sua atividade dentro das instituições
religiosas, só agora começou a mudar, na ICAR – Igreja Católica Apostólica
Romana não podem aceder ao sacerdócio, nem ao diaconato, lembremo-nos que se
trata de uma instituição de 2000 anos, que quem no fundo a fundou foram em
grande parte as mulheres, mas que quem dirigia eram homens. (Talvez aqui
tenhamos a resposta da religião ter sido tão mal usada para fins políticos e
militares). (FL)
Ana Esgaio indica no livro "Política
Social e Sociologia" no capítulo de "Trabalho Novas competências e
Integração Social / Desigualdades do Acesso ao Mercado de Trabalho" página
430 que a principal causa de exclusão social no mercado de trabalho é
a diferença de género, é a principal razão, ultrapassa o segundo factor de
exclusão que é a idade, logo a identidade de género está relacionada à exclusão
social.
Uma das razões terá a ver com a possibilidade de as mulheres virem a ser
mães ou até de terem mais de um filho, visto como factor contraproducente para
o empregador.
Outro factor será a monoparentalidade feminina, algo que é derivado da
diversidade de situações culturais, sociais e económicas, tem vindo a ser visto
como um factor de risco especialmente para as mulheres nesta situação, que é
vista por sociólogos como uma potencial causadora da pobreza, visto a situação
de um único progenitor (Mãe) sustentar sozinha a família tendo sempre em risco
o seu trabalho (muitas vezes precário) pelo simples facto de ser mulher e ter
filhos a cargo, sem falar no preconceito daí advindo (Maria J. Núncio
2010).
Concluindo a critica, diria que foram as mudanças tecnológica e económica
que geraram por sua vez a evolução e cultural e social e a globalização, que
concederam gradativamente à Mulher o seu espaço na sociedade, no trabalho e
também na política a partir claro da sua luta e resistência contra o “Status
Quo”.
Ao estudarmos os indígenas do Brasil, comos os Carajá, temos a ideia das
mulheres que juntas cuidam da mesma maloca comunitária e das crianças todas ao
mesmo tempo, onde a palavra menino e filho é uma e a mesma palavra, temos do
outro lado o homem caçador e guerreiro defensor da aldeia, numa sociedade
primitiva, mas que tinha nessa divisão não a opressão nem a inferioridade de
género, mas da simples distribuição de tarefas dentro da comunidade. Nas
comunidades indígenas o homem não se sentia dono da sua mulher, o adultério não
era considerado um crime, a mulher tinha liberdade sobre o seu corpo, não há
nos índios o sentimento de posse, as crianças eram filhos de todos e até a
habitação era partilhada, bem como a alimentação vinda da caça. Posso aferir
aqui que a sociedade indígena tinha uma visão sã da identidade de género, que
foi adulterada na sociedade ocidental onde a mulher foi colocada num lugar
secundário, tornada propriedade do seu marido. (Manuel L. Filho 1999)
Não pode-se esquecer a influencia que a luta das mulheres teve nos
movimentos de resistência democrática contra os regimes fascistas em Portugal,
Espanha e América latina, como as “Madres
de La Plaza de Mayo” que não se vergaram ao Regime Militar de Videla na
Argentina, por cá foi a literatura com “Novas Cartas Portuguesas”
das chamadas três Marias, ultrapassou fronteiras e chegou a ser censurada pelo
regime de Marcello Caetano, mas com os cravos vermelhos em Portugal foi feita a
seguir ao 25 de Abril, a Comissão para a Condição de Igualdade Feminina, fundado
o MDM Movimento Democrático das Mulheres, o UMAR ligado à UDP e o Partido
Socialista teve um núcleo importante e autónomo denominado MS Mulheres
Socialistas, o movimento feminista cresceu e se fortaleceu entre avanços e
recuos ao longo destes anos. (Infopédia
2010)
Tem-se vindo a observar uma grande melhoria na maneira como o poder
político vê a importância da participação das mulheres hoje, em Espanha o
governo está dividido em 50% de homens e mulheres, é a Lei da Paridade, não se
pode conceber um regime dito democrático que não pratique a igualdade de
género. Mulheres em todo o mundo tem vindo a ocupar altos cargos empresariais e
políticos nunca antes se vira igual.
Mas há muito ainda para se conquistar, pois não se pode falar de vitórias
quando se fala do ocidente apenas, não temos o direito de esquecer as mulheres
e crianças que em muitos lugares do mundo são privados da sua dignidade e
direitos fundamentais, pois enquanto houver uma única mulher que seja condenada
por lapidação no Irão, mostra-nos o quanto ainda falta.
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Referências Bibliograficas:
1º) Silva, T. C. M. da; Amazonas, M. C. Lopes; Vieira, Luciana L. F. (2010) Família, Trabalho e Identidades de Género; Psicologia em Estudo, Maringá, V. 15 n.º 1 P 151-159, Janeiro -Março.
2º) Esgaio, Ana (2010) "Política Social e Sociologia" - Trabalho: Novas Competências e Integração Social / Desigualdades do Acesso ao Mercado de Trabalho" pág.430.
3º) Filho, Manuel Ferreira Lima (1999) Os Carajás – Universidade Católica de Goiás.
MDM Movimento Democrático de Mulheres: http://www.mdm.org.pt
Autor Filipe de Freitas Leal
Autor Filipe de Freitas Leal
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