quinta-feira, 31 de março de 2022

E Se Não Existissem Bolsas de Valores?

Seria importante que se analisasse a possibilidade de um país soberano poder deixar de ter Bolsa de Valores e a sua população continuar a viver uma vida normal e sadia, sim, seria importante saber a viabilidade de uma sociedade construída apenas no que produz e não no que especula; e de facto existem alguns países assim.

As Bolsas de Valores nada mais são do que algo similar a um  "jogo de apostas" dos ricos, e é o mesmo que as apostas dos pobres na Lotaria, a diferença é que uns investem milhões na bolsa e os outros limitam-se a apostar o pouco que podem em jogos de azar, mas são ambos jogos, a diferença é que os jogos da Bolsa criam um crescendo financeiro a que chamamos "Bolha".

Além do que acima foi citado, a tal "bolha hipervalorizada" pelas apostas em Bolsa, na compra de ações, e que reflete o falso valor especulativo dado a uma empresa, ou seja, não é baseado necessariamente no que a empresa efetivamente produz, mas apenas no valor das ações, que oscilam de acordo com o jogo bolsista. Resta lembrar que numa crise financeira pode perder-se tudo e fazer uma empresa falir, tal como no Crash de 1929, ou na crise do Subprime de 2008, e quando isso acontece, as ondas de choque afetam todos, tanto os que jogam, mas também e sobretudo, os pobres que não jogam, mas também perdem de outra forma, perdem o poder de compra, perdem o emprego, e quanto mais tempo durar uma crise deste tipo, maior será o nível de perda por parte da população. As Vinhas da Ira de John Seinbeck, espelham bem a realidade do Crash de 1929.

Creio que uma sociedade democrática e que defenda a Justiça Social pode muito bem viver sem a especulação bolsista e a consequente "bolha".
A guerra tem destas coisas, os heróis morrem em campos de batalha, e os cobardes pensam apenas nos valores de investimentos na bolsa, e na perda de milhões por causa das sanções económicas.

Mas voltando à questão da possibilidade de alguns países abdicarem das Bolsas de Valores, há aina outro aspecto negativo de uma empresa estar em Bolsa, é o facto de poder ser aquirida por uma OPA Hostil, Ordem Pública de Aquisição por parte de um concorrente, muitas vezes uma empresa estrangeira, tal como fez a francesa Altice com a PT Portugal Telecom, para Portugal, a aquisição da PT foi sentido como um golpe.

Então há sim algo de positivo relativamente ao facto de os países não terem bolsas, primeiro eliminar-se-ia a especulação, que é feita sobre um valor fictício e não o valor real de produção, segundo, protege as empresas nacionais face à aquisição por concorrentes estrangeiros, mantendo o capital em solo nacional, terceiro , em caso de crises económicas e financeiras, as empresas não perdem o seu capital, visto que é baseado na sua faturação real e não em mera especulação como de uma bolha de sabão, só isso, evitaria em caso de crise, as falências imediatas e o crescente desemprego.

Vi uma lista de alguns países que não têm bolsas de valores, entre eles estão: Andorra, Brunei, Burundi, Chade, Cuba, Gâmbia, Guiné Bissau, Timor-Leste, entre outros.

Admito não sou economista e não conheço o mundo das Finanças, mas sei que um mundo sem Bolsas de Valores, para além das Commodities é viável e trará mais beneficios, um deles é evitar as crises das Bolhas de Especulação.

Autor do blog: Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

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