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Hoje em Portugal, passados 40 anos da
Revolução vemos pessoas que falam do 25 de Abril de um modo tímido, ou com
receio de ferir suscetibilidades, acerca do passado, e cada vez
mais fazem parecer que se está no 24 de Abril, sobre tudo falam com muito cuidado,
mas afinal medo de quê, da verdade ou da frontalidade com o que de facto se
pensa e crê, mesmo correndo o risco de se estar errado, ligeiramente errado, ou
errado de todo? Ou falta-lhes a coragem de defender um regime de exceção, ou da
desilusão de uma democracia que parece ter construído uma sociedade
que não é para todos igual? Ora a liberdade de expressão e de pensamento são
componentes inalienáveis a uma verdadeira cidadania, da qual se faz
verdadeiramente um país. Passo pois a citar o que deveras se comemora hoje
passados 40 anos do 25 de abril de 1974, e falo do que de facto é para mim a
Revolução dos Cravos, mesmo correndo o risco de estar errado, não o correrei
certamente, no que vivi e presenciei.
Do mesmo modo não tento aqui denegrir a
imagem do último Presidente do
Concelho do Estado Novo, mas
de fazer justiça à história, Marcello Caetano era um homem culto, e de grande competência
no Direito Internacional, no entanto não era hábil politicamente, muito embora
inicialmente tivesse tido objetivos claramente positivos na tentativa de
modernizar o país algo que em parte fez, com o Projeto turístico de Vila Moura,
no Algarve, e com o desenvolvimento exponencial do Complexo Industrial de
Sines, sem falar claro nos PND's Planos Nacionais de Desenvolvimento, planos
quinquenais, e que marcaram essa tentativa de um Milagre Económico Português,
que se revelavam infrutíferos devido à despesa pública que a Guerra Colonial
impunha ao país, na sangria de nossos jovens nos campos de combate no Ultramar,
e na emigração em massa, dos que fugiam não só da pobreza mas da guerra.
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Claro está que após o 25 de Abril, houve
consequências, das quais se sucederam em fenómenos maus e até traumáticos para
a sociedade portuguesa, tal como ocorreria em qualquer processo revolucionário,
foi assim com a Revolução Francesa, foi igualmente traumático a Revolução da
Industrial, que imensas transformações trouxe à nova sociedade nascida dos
escombros da sociedade agrícola, e também foi traumática a Revolução de 5 de
Outubro de 1910, que trouxe ao país um desequilíbrio no âmbito político,
económico e social.
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Contudo não ponho em causa, o modo
errado como as colónias foram libertadas, mas não nos podemos esquecer que
Salazar votou o nosso país ao total atraso económico, social e até político do
ponto de vista internacional. O 25 de abril veio permitir assim, tentar corrigir
esses erros, claro que no entanto e como eu disse antes, Quarenta Anos depois, os ideais foram esquecidos, as
conquistas de Abril perderam-se e a democracia não chegou a atingir o seu
ápice; As gerações mais novas não lhe dão hoje o devido valor, pois não
sabem o sabor da liberdade, no exato momento em que se a conquistou e não
sabem ver nos sinais mais atuais o perigo de se a perder de novo, sem sequer darmos por isso.
Comemorar abril, não é comemorar os erros que
foram feitos, comemorar abril é lembrar que hoje a liberdade é uma
responsabilidade de cada um, como cidadão e que o futuro do nosso país passa
indubitavelmente pela nossa responsabilidade. Sobretudo quando paira sobre a
Europa o perigo do renascer do neofascismo e da extrema-direita que cada vez
mais ganha força, com discursos racistas, antissemitas e xenófobos.
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