quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Pensamentos # 18 - Um Sentido Para a Vida

Costumo ouvir música quando estou a escrever, e por vezes oiço uma música profundamente emocionante, que de tal modo, a ponto de sentir-me ser transportado para outra dimensão da existência, algo fora do tempo, fora do espaço, algo infinito. Algo como se estivesse a dormir, e eu sou deveras um sonhador, que sonha mais acordado do que talvez a dormir; creio que é desses sonhos que se alimentam a nossa esperança e o nosso ânimo.
Ao longo da vida, tudo o que vivi e vi, levou-me a não me iludir com nada que seja humano, vi tanta coisa errada na política, nas suas instituições, nas ideologias, nos partidos ou nas religiões, que penso que nem com as pessoas, nem connosco mesmos nos podemos iludir.
Vi sobretudo ser praticada a maledicência, e penso sinceramente que falar mal das pessoas, é destruí-las socialmente, é negar-lhe a sua condição humana, que ainda que erre tem direito a uma oportunidade, a maledicência é má em si mesma, por ser fruto do conluio e da inveja, por isso não aceito que falem das pessoas, sobretudo das que eu gosto.
Embora seja crente em D-us e professe o judaísmo, creio não estar e nunca vir a estar à altura de me considerar superior a qualquer outro meu semelhante, isto é um conhecimento que adquiri cedo ao viver como estrangeiro, aprendi a pensar para além da minha cultura, aprendi a relevar, a compreender mais e a saber que poderia ser menos compreendido, e isto é um conhecimento que adquirimos com o tempo, é uma sabedoria que a vida nos dá, é uma riqueza que ninguém pode nos tirar, nem o ouro nem a prata podem comprar, é algo que nos é próprio eternamente.
Em todo o tempo e lugar, encontra-se sempre gente boa, em todos os povos, em todas as raças e de todos os credos, classes, idades e género, bem como do mesmo modo, há gente má, e é essa essência que sendo transversal a toda a humanidade nos caracteriza como iguais.
Por todo o lado vejo facções, judeus, cristãos, muçulmanos, hindus, budistas, ateus e agnósticos, tanto na busca do bem comum e no respeito e diálogo com os seus pares, com de outro lado vejo a divisão, o conluio, a maledicência, a ganância, o conluio, a inveja, tudo na busca do que como valor é duvidoso por ser finito. Com isto o tempo escasseia e o Planeta como um todo (nós incluídos  agoniza, não só pela sua sobrevivência, mas pela manutenção de uma cultura e de um sistema, que esgota a tudo e a todos.
Perdidos no universo, limitados pelo tempo curto da vida passageira como uma mera faísca, e dum espaço minúsculo a Terra, que nos abriga e dá sustento, que por sua vez clama por nós para a sua sobrevivência, como se fosse o Planeta a depender mais de nós, que nós dele.
Perante tudo isso buscamos desesperadamente um sentido para a vida, uma vida curta, frágil, carregada de sentimentos, emoções e esperanças. E por isso uns buscam o sentido da vida, nos  bens materiais, outros na busca de reconhecimento, eu porém acho que devemos tentar busca-lo no mais profundo de nós, no nosso coração, e no mínimo o que poderemos conseguir, é encontrarmos a nós mesmos, mas esse encontro faz-se sempre através do outro, e permanecerá mais além do que o mero espaço e tempo.
A resposta à humanidade deverá ser balizada pelos princípios da justiça e a igualdade de direitos, que reponha a ordem natural das coisas, logo não poderá ser outra que não o Humanismo.
Creio que buscar respostas, compreender as pessoas, vitimas de um sistema opressor (potencialmente todos nós) e descobrir caminhos e alternativas para a reinserção, é que dá sentido à vida, que de outro modo seria vazia.
Um Humanismo maduro, transparente, que nos permita dar sentido à passagem pela vida, pelo tempo e pelo espaço que nos rodeia.


Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

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