Costumo ouvir música quando estou a escrever,
e por vezes oiço uma música profundamente emocionante, que de tal modo, a ponto de sentir-me ser transportado para outra dimensão da
existência, algo fora do tempo, fora do espaço, algo infinito. Algo como se
estivesse a dormir, e eu sou deveras um sonhador, que sonha mais acordado do
que talvez a dormir; creio que é desses sonhos que se alimentam a nossa
esperança e o nosso ânimo.
Ao longo da vida, tudo o que vivi e vi,
levou-me a não me iludir com nada que seja humano, vi tanta coisa errada na
política, nas suas instituições, nas ideologias, nos partidos ou nas religiões,
que penso que nem com as pessoas, nem connosco mesmos nos podemos iludir.
Vi sobretudo ser praticada a maledicência, e
penso sinceramente que falar mal das pessoas, é destruí-las
socialmente, é negar-lhe a sua condição humana, que ainda que erre tem direito
a uma oportunidade, a maledicência é má em si mesma, por ser fruto do
conluio e da inveja, por isso não aceito que falem das pessoas,
sobretudo das que eu gosto.
Embora seja crente em D-us e
professe o judaísmo, creio não estar e nunca vir a estar à altura de me
considerar superior a qualquer outro meu semelhante, isto é um conhecimento
que adquiri cedo ao viver como estrangeiro, aprendi a pensar para além da minha
cultura, aprendi a relevar, a compreender mais e a saber que poderia ser menos
compreendido, e isto é um conhecimento que adquirimos com o tempo, é uma sabedoria que a vida nos dá, é uma riqueza que ninguém pode nos tirar, nem o ouro nem a prata podem
comprar, é algo que nos é próprio eternamente.
Em todo o tempo e lugar, encontra-se sempre
gente boa, em todos os povos, em todas as raças e de todos os credos, classes,
idades e género, bem como do mesmo modo, há gente má, e é essa essência
que sendo transversal a toda a humanidade nos caracteriza como iguais.
Por todo o lado vejo facções, judeus,
cristãos, muçulmanos, hindus, budistas, ateus e agnósticos, tanto na
busca do bem comum e no respeito e diálogo com os seus pares, com de outro lado
vejo a divisão, o conluio, a maledicência, a ganância, o conluio, a inveja,
tudo na busca do que como valor é duvidoso por ser finito. Com isto o tempo
escasseia e o Planeta como um todo (nós incluídos agoniza, não só
pela sua sobrevivência, mas pela manutenção de uma cultura e de um sistema, que
esgota a tudo e a todos.
Perdidos no universo, limitados pelo tempo
curto da vida passageira como uma mera faísca, e dum espaço minúsculo a Terra,
que nos abriga e dá sustento, que por sua vez clama por nós para a
sua sobrevivência, como se fosse o Planeta a depender mais de nós, que nós
dele.
Perante tudo isso buscamos desesperadamente
um sentido para a vida, uma vida curta, frágil, carregada de sentimentos,
emoções e esperanças. E por isso uns buscam o sentido da vida, nos bens
materiais, outros na busca de reconhecimento, eu porém acho que devemos tentar
busca-lo no mais profundo de nós, no nosso coração, e no mínimo o que poderemos
conseguir, é encontrarmos a nós mesmos, mas esse encontro faz-se sempre
através do outro, e permanecerá mais além do que o mero espaço e tempo.
A resposta à humanidade deverá ser balizada
pelos princípios da justiça e a igualdade de direitos, que reponha a ordem
natural das coisas, logo não poderá ser outra que não o Humanismo.
Creio que buscar respostas, compreender as
pessoas, vitimas de um sistema opressor (potencialmente todos nós) e descobrir
caminhos e alternativas para a reinserção, é que dá sentido à vida, que de
outro modo seria vazia.
Um Humanismo maduro, transparente, que nos
permita dar sentido à passagem pela vida, pelo tempo e pelo espaço que nos
rodeia.
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