quinta-feira, 14 de abril de 2016

Globalização ou o Fim da Democracia - I

A Globalização e o liberalismo
A Globalização e o liberalismo estão a alterar os papeis entre a politica e a economia, pois submetem o papel do Estado (antes um regulador) aos grandes conglomerados económicos e financeiros (antes meros agentes).
A GLOBALIZAÇÃO não é propriamente dito exequível com um governo soberano que queria respeitar um programa de governo pelo qual fora eleito, isto porque vai contra a lógica da economia dos mercado financeiros e de grupos poderosos que tem margens anuais de lucros superiores ao PIB de países como Grécia, Irlanda e Portugal por exemplo (países que pediram resgate ao FMI e que sofreram a intervenção da Troika).
Neste sentido, pode-se observar que a democracia está a ser usada apenas como plataforma de implementação dos interesses dos grandes conglomerados, quer seja pelo Poder Executivo (governo), quer pelo legislativo e não raras vezes também pelo judiciário, ao qual cabe a responsabilidade pelo cumprimento legal, pela fiscalização das reformas implementadas, feitas através de politicas que visam reformas económicas, sociais e financeiras profundas, claramente com o intuito de retirar e afastar o Estado tanto do seu papel regulador como da sua presença em setores como a banca, os transportes públicos, as comunicações, correios, saúde, educação, energia e saneamento básico, mesmo que alguns dêem lucro, setores esses que se supõe a necessária participação de capitais públicos; posto isto, temos que as reformas liberais levadas a cabo interferem também no mercado de trabalho através de alterações à legislação laboral fragilizando os trabalhadores, bem como pela redução dos ordenados no mercado de trabalho e o fim dos apoios sociais, os quais têm vindo a gerar graves consequências sociais consideráveis, como desemprego de longa duração, emigração, empobrecimento das faixas mais idosas da população e o consequente agravamento da insustentabilidade da segurança social, que choca com o apoio estatal à banca falida, através de dinheiro público saído do bolso dos contribuintes.
O problema é morder o isco.
Um fator importante que visa essa inversão e que deve ser observado com atenção é a corrupção, por outras palavras é o isco que faltava para a implosão da democracia que tanto demorou a construir, minando um dos alicerces fundamentais que é a confiança dos cidadãos eleitores, somando-se a isto temos o quarto poder, o da imprensa com a sua voracidade em derrubar lideres e a promover outros, sobra assim, apenas um regime em que o cidadão limita-se a escolher quem é que vai exercer o cargo, não interessa se será do partido A ou do B, se é o cidadão C ou o D, acabam todos por ter de cumprir as normativas que vêm de cima, de acordo com interesses empresariais ou económicos, que são por sua vez as Multinacionais, as Agências de Rating e os Mercados Comuns como a UE, a NAFTA, Asean, entre outros, pelo que se transforma um Estado de Direito e soberano num Estado Vassalo, ou uma mera zona geográfica, como se de um simples mapa empresarial de zonas comerciais se tratasse.
A máquina que põe tudo isso a funcionar, é sem sombra de duvida a corrupção, é esse aliás o isco como acima referido, e como vem a provar as recentes revelações dos Papeis do Panamá, que é o de corromper, comprar e deixar cair na rua pela denúncia os politicos, os partidos, para desacreditar na opinião pública, não so a esquerda e a direita, mas sim todo um sistema político.
Claro que pode-se afirmar em Ciência Política que a politica é a luta pela conquista e pela manutenção do poder, mas a corrupção muda tudo isto, e o jogo politico hoje mudou de palco, não é no palanque de um líder, mas sim no escritório de um CEO, não é a falar de ideias e causas, mas sim de valores e ganhos, ou seja, por outras palavras, a Economia impôs-se à politica.
O Brasil, Portugal, Grécia e outros países que se submetem a obedecer a agenda da globalização de conglomerados e do FMI, são países cobaias, onde se verifica já, se não o fim da democracia, pelo menos uma metamorfose que visa alterar a sua função politica, para uma função meramente executiva dos interesses estabelecidos pelos mercados financeiros.
Mas porque o fim da democracia?
Os partidos continuarão a existir, e haverá eleições, contudo os governos saídos de uma Parlamento eleito não conseguirão promover reformas substanciais, tal como se observou em Portugal, quando a Troika impôs a qualquer partido e em qualquer governo as normas que devem ser cumpridas, que não podem ficar aquém das expectativas dos organismos executivos como o Eurogrupo, o FMI ou o Concelho da Europa.
Voltando atrás no tempo, quando nos anos 60 ou 70, nos países democráticos, haviam eleições, votavam-se em programas eleitorais, vimos por exemplo o caso de França em que François Mitterrand do PS, implementou uma série de reformas estruturais socializantes, ou do lado contrário, governos de direita como o de Margaret Thatcher, que impôs a privatização feroz, a luta contra os sindicatos dos mineiros e a implementação da sua politica ultra-liberal.
Hoje, não se passa assim, nos países que fazem parte da UE União Europeia por exemplo, temos um parlamento europeu que não é deliberativo e nem legislativo mas sim normativo, e temos um núcleo duro que é a Comissão Europeia, que por outras palavras é o Governo Central da Europa, de onde emanam as diretivas aos países membros, tal como o que ocorreu com a Grécia que tentou mudar o jogo, mas teve de se vergar.
Ao que parece, a Europa só não aceitou as condições que foram sugeridas pelo governo de Tsipras, porque entendia que aqueles politicos de esquerda, não poderiam influenciar o resto da Europa, entenderam que era preciso verga-los e não permitir que fossem um exemplo a seguir, e isto aconteceu mesmo depois do referendo no qual os gregos rejeitaram as politicas de austeridade da Troika, foi aqui que se viu de facto quais são as cartas em cima da mesa e quem domina o jogo, pois as mesmas propostas teriam sido aceites se os proponentes fossem da ND Nova Democracia (de direita) ou o PASOK Partido Socialista Grego (de centro-esquerda) partidos amigos ou europeístas.
Portanto conclui-se, que ao elegermos democraticamente um parlamento do qual sairá um governo, os programas eleitorais não serão implementados porque as politicas impostas não não o permitem, embora as respectivas diretivas nem sequer tenham sido escrutinadas pelos demais cidadãos europeus, torna esta prática centralizadora um ato político antidemocrático, que limita o ato de votar de cada cidadão numa simples cerimónia secundária.
É um novo colonialismo, uma nova ditadura? perguntam alguns; Mas penso que talvez nem seja isso, mas mais do que isso, uma subversão doce, disfarçada e colorida de um sistema, as pessoas, os povos a serviço de interesses poderosos, mas de forma totalmente desvinculada de humanismo e preocupações sociais.

> Continua no próximo post: Globalização ou o Fim da Democracia - II

Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Habitação Social e a Crise Económica

Habitação Social, é quando nos referimos a uma habitação a custos controlados, e também de um mundo vasto de conceitos, que vão da arquitetura urbanista à requalificação de bairros, mas também de urbanizações feitas por intervenção de políticas sociais que visam dar resposta a um crescente número de pessoas carenciadas que lhes falta o teto e os recursos.
A demanda da habitação social é bem maior hoje do que a oferta, devido em grande parte à crise económica que se agravou desde 2008 e piorou ainda mais com as medidas de austeridade que visavam corrigir os gastos públicos, mas acabaram por gerar um fosso social sem precedentes na História recente de Portugal, geraram o empobrecimento dos reformados/aposentados, geraram hordas de desempregados, e atiraram os jovens para a emigração em massa para outros países, sem recursos as pessoas foram perdendo as casas que haviam comprado ao bancos, de tal ordem que o novo governo socialista teve de mudar as regras do jogo para salvar as famílias mais necessitadas, e dos desempregados que acima dos 50 anos de idade já não conseguem encontrar emprego e aguardam uma reforma/aposentadoria antecipada, pelo que a procura por habitações sociais não para de aumentar.
Os dados da Habitação social são drásticos, cerca de 80% é controlado pelas autarquias locais, que não tem vindo a construir mais habitação social por falta de fundos quer do governo central quer da UE. Sendo as principais cidades com habitação social Lisboa, Porto, Gaia, Matosinhos, Sintra, Coimbra, Amadora, entre outras.
Denominada pelos organismos oficiais como HCC Habitação de Custos Controlados, é um tipo de habitação que tem um parque com 98% dos fogos (casas) habitacionais com mais de 30 anos, apenas um total de 11% foi construído há dez anos ou menos, não oferecendo as condições desejáveis de confortabilidade, ainda que os alugueis tenham em média valores que vão de 40,00 € a 60,00 €.
Hoje mais do que nunca, e devido ao envelhecimento populacional, ao empobrecimento da população com baixos rendimentos ou pensões, faz-se necessário ter em conta novas políticas sociais voltadas para a habitação, mas que sejam sobretudo baseadas na reinserção e na inclusão social.


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Umberto Eco - O Escritor que Repensou a Europa.

Quando um escritor morre, deixa-nos tristes, e com uma sensação de termos ficado mais pobres, embora herdando a riqueza do conjunto da sua obra, normalmente quando alguém que gostamos muito morre, até os dias ficam nublados, cinzentos e chuvosos.
No entanto quando  eu soube da noticia de que Umberto Eco morrera aos 84 anos, estava um lindo dia em Lisboa, havia o frio de inverno mas com sol, luz e cor, talvez fosse assim que o autor de O Nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault (os seus livros mais famosos) desejasse partir, num dia onde todos os lugares houvesse bom tempo, um belo dia, e no lugar da angústia e da perda, sobressaísse a luz da gratidão pela importância que teve, e não apenas pelos seus livros, mas também pelo seu pensamento como contributo para repensarmos a Europa, a cultura e a língua como instrumento social e reflexo do simbólico que ele nos revelou.
O pensamento genuíno e lúcido do escritor, filósofo e linguista Umberto Eco, foi um pensamento de um homem que não poderia ser um Eco do que os outros diziam ou pensavam, ele foi na realidade o eco do seu próprio pensamento e a voz dos atores do passado histórico, que conviveram com a paz e a guerra, o profano e o sagrado, o mito e o simbólico, e tudo isso em retratado nos seus livros, em artigos de revistas, em entrevistas e em conferências nas quais revelava a alma da Europa tal como a via.
Li uma das suas entrevistas, na qual debruçava-se sobre a questão das migrações, e em particular do movimento migratório dos refugiados sírios, e não me esquecerei o modo lúcido como abordou o tema, dizendo que não estamos habituados a que haja migrações, mas a Europa é toda ela o resultado de vária migrações ao longo de milénios, e afirmou ainda que a Europa está a mudar de cor, será uma Europa morena, e haverá uma nova cultura que suplantará a nossa cultura atual, que já de si, não é a mesma do tempo dos nossos pais ou avós. Todo este processo é normal, traumático, natural e inevitável.
As suas citações também foram famosas pelo mundo fora, e sobretudo expandiram-se pelas redes sociais, tais como O mundo está cheio de livros fantásticos que ninguém lê".
Umas das mais interessantes e curiosas citações de Umberto Eco é referente aos judeus, onde diz que se trata de um povo inimigo dos imbecis: “Os judeus são os guardiões da civilização do livro e da cultura, e ainda que não vivamos mais nos tempos de Rothschild e que muitas diferenças na sociedade contemporânea sejam menos acentuadas, as diferenças deixaram sua marca. Por isso, seria difícil para os imbecis encontrar um inimigo melhor. O judeu serve para aqueles que sofrem de uma identidade fraca, ontem como hoje”.

Abaixo livros de Umberto Eco.
 O Nome da Rosa
 O Pêndulo de Foucault

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

30% dos Portugueses têm Ascendência Sefardita

Um estudo científico sobre a origem genética da população portuguesa, veio a comprovar que em Portugal, um dos países mais católicos da Europa, a população tem uma grande percentagem de origens judaicas na linhagem masculina.
No entanto a maioria dos portugueses desconhece este facto, que por sinal foi revelado num estudo publicado pelo “The New York Times”, a University of Georgetown, EUA, e o Instituto Português de Saúde Ricardo Jorge, estudo este no qual o Prof. Jonathan Ray afirma serem cerca de 35% de população portuguesa a Sul do Tejo e cerca de 25% a Norte tem ascendência judaica, (de judeus sefarditas), estudo feito com base em investigações no ADN das populações de toda a Península Ibérica, ficou registado que 30 por cento dos portugueses e 20 por cento dos espanhóis são de origem judaica e 11 por cento de origem árabe e berbere em toda a Península Ibérica.
Essa disseminação da população judaica na Península deveu-se a três factores, 1º no Império Romano, onde a Diáspora força a fuga para terras distantes de Judeus expulsos de Israel após a destruição do Templo de Jerusalém. 2º Na conquista árabe no séc. XII os judeus mantiveram a sua liberdade e se desenvolveram e progrediram em igualdade aos muçulmanos numa primeira fase, depois foram perseguidos e se espalharam pela península, e arabizaram os seus nomes. 3º A conversão forçada de centenas de milhares de judeus nos séc. XIV e XV, adoptando nomes e sobrenomes portugueses, bem como impondo os costumes alimentares (daí vem a alheira e a farinheira – enchidos para fingir o consumo de carne suína), eram no entanto identificados e chamados de Cristãos Novos, termo com cariz pejorativo e claramente marginalizador, muitos foram destituídos dos seus bens, e famílias foram separadas, levadas para diversas possessões coloniais portuguesas.Contrariamente aos restantes países do mundo, Portugal, paradoxalmente com a sua cultura marcadamente católica, tem nas suas origens o sangue judeu. Já mesmo antes da conquista Romana, a península Ibérica era na Bíblia chamada de “Társis”, onde por sinal havia já uma colónia Judaica considerável.
Em Lisboa na Altura do Reino do Al-Andaluz, a população Judaica era superior em número à população muçulmana e Cristã (na altura denominada de moçárabe). Os judeus à altura adoptavam nomes hebraicos, mas com o aumento da pressão islâmica na península passaram a usar nomes árabes, e até grandes Rabis escreveram obras literárias em árabe, como por exemplo o Sepher HaZohar, foi inicialmente escrito em árabe por Maimonides.A tradição popular portuguesa indica que as famílias com apelidos associados a árvores, flores ou vegetais são, supostamente, de origem judaica, embora na realidade com a conversão forçada dos judeus (Bnei Anussim significa Filhos dos Forçados) passaram a adoptar sobrenomes tipicamente portugueses para não sofrerem preconceitos. Hoje não é frequente um português assumir as suas origens judaicas, como fez por exemplo o antigo presidente da Câmara de Lisboa, Cruz Abecassis, o Antigo Presidente da República Jorge Sampaio, ou mais anteriormente, o capitão Barros Basto e os escritores Fernando Pessoa e Camilo Castelo Branco, entre outros. No entanto a população desconhece as bases do judaísmo ou da história hebraica de Portugal.
Fonte: The New York Times - DNA study shows 20percent of Iberian population has Jewish ancestry




Autor Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

As Origens e a História do Idioma Hebraico

O Hebraico é uma língua semítica, falada por aproximadamente dez milhões de pessoas em todo o mundo, é atualmente oficial em Israel, e é falada em comunidades judaicas espalhadas pelo mundo, é além disso utilizada como língua litúrgica da religião judaica.
Trata-se de uma língua do ramo afro-asiático, semítico e cananeu, que se desenvolveu no oriente-médio, mais precisamente na antiga Judeia, o termo hebraico, vem de hebreu, o povo que veio da Babilónia, atravessou o rio Jordão e se estabeleceu em Canaã, mais tarde, migra para o Egito e de lá sob a liderança de Moisés (Moshê) e Aarão (Aaron), sai à conquista da Terra Prometida já sob a liderança de Josué (Yeoshua), é nessa terra recém conquistada que se desenvolve o hebraico, ou seja aproximadamente há cerca de 3.500 anos.
O hebraico começou por ser um dialeto que surgiu de idiomas do Crescente Fértil da Mesopotâmia, e recebeu diretamente influencia do Fenício, mais tarde, outros dialetos que se desenvolveram de igual modo, assemelham-se muito ao hebraico, é o caso do aramaico, há também semelhanças com outras línguas semitas.
Para se estudar e compreender a história do idioma hebraico, divide-se a mesma em períodos ou fases,[1] atualmente as pessoas conhecem a divisão simples, por Hebraico Bíblico e por Hebraico Moderno, mas na realidade é mais complexo e profundo, pelo que temos os seguintes períodos, a saber:

  • Período Arcaico, no qual se escreveu a Torá ou partes da mesma, que vai do Século XIII ao Século X. AEC (Antes da Era Comum).
  • Período Clássico, que vai do Século X ao Século VI AEC, no qual foi escrito Josué, Juízes, I e II livros de Samuel, entre outros.
  • Hebraico Tardio, vai do Século VI ao II AEC, nos quais se escreveu, Rute, Esther, Crónicas, entre outros.
  • Período de Qumran, do Século II AEC ao Século II EC. Desenvolvimento da Tanack.
  • Período Talmúdico, do Século II ao X, EC, desenvolvimento do Talmud, tanto da Mishná (repetição) como da Guemará (complemento).
  • Período Medieval, Séculos X a XV, onde se desenvolveu a Cabala, livros como o Zohar, dos escritos e Maimonides, Rashi entre outros sábios, e é o período no qual  foram criados os sinais massoréticos, que preservam os sons vocálicos do hebraico.
  • Período Moderno, o hebraico tal como se fala hoje em Israel.
O hebraico como qualquer outro idioma, sofreu a influencia de outros idiomas, que se impuseram no território da Judeia, como o grego, e o latim, contudo após a Guerra Romano-Judaica, de Bar Kockba em 138 da EC, os judeus foram expulsos da sua terra, ficando apenas um remanescente, a diáspora deu-se por todas as províncias do Império Romano, da Anatólia a Sefarad (Hispânia, que hoje são a Espanha e Portugal) indo ao norte da Europa a Germânia e a Gália. A realidade da diáspora era a de um judaísmo sem o Templo que havia sido destruído, e portanto sem os sacerdotes e os serviços litúrgicos do II Templo, dito de Herodes, restaram apenas os rabis ou os cohanim (sacerdotes) que passaram a fazer o papel de rabbis na instrução das comunidades da diáspora.
No I Século da EC. Já a população da Judeia não falava hebraico, apenas os cohanim, os escribas e os rabbis é que o sabiam ler, escrever e falar, e foram eles que perpetuaram a língua sagrada da Tora até aos nossos dias, o hebraico foi-se perdendo pouco a pouco, até ser considerada uma língua morta.
No lugar do hebraico desaparecido, ou no que se tornou o hebraico, senão uma língua meramente litúrgica e com caracteres hieroglíficos, ou seja escrita sagrada, surgiram dois importantes idiomas, um é o ladino, uma língua românica cuja raiz gramatical é semelhante ao castellano, utilizava os caracteres hebraicos com fonética e palavras oriundas do castellano, tendo sido falada nas comunidades judaicas de Sefarad (Portugal e Espanha) precisamente pelos judeus sefarditas, que foram expulsos de Espanha em 1492 pelo decreto de Alhambra, tendo a maioria se refugiado em Portugal, mas o rei de Portugal D. Manuel I, vê-se obrigado a aceitar a imposição dos reis católicos de Espanha Isabel de Castela e Fernando de Aragão, que por um tratado de paz, e aliança por meio de um casamento, exigem do rei de Portugal a expulsão dos judeus, como forma de uma limpeza étnica, religiosa e cultural no seio da cristandade. Assim em 1497, os judeus são expulsos de Portugal, indo inicialmente para o Império Otomano, onde é hoje a Turquia, a Holanda, onde foram morar os pais do filósofo Espinosa, e outros foram para Inglaterra, da Holanda rumaram para o Novo Mundo, onde a Primeira Sinagoga em solo estadunidense foi feita por judeus portugueses, levando o idioma ladino, tanto na liturgia como na música.
No norte da Europa, mais precisamente onde é hoje a Alemanha, surgiu um idioma judaico, denominado de Ydish, falado pelos judeus askenazim, termo que deriva de Askenaz, que significa precisamente Alemanha, portanto o Ydish é um idioma judaico que utiliza os caracteres hebraicos, tendo a fonética germânica.
Devido ao desaparecimento do hebraico como lingua viva, ou seja falada e mantida ativa por uma população, e  sobretudo à ameça que pairava sobre a possível perda do conhecimento do idioma sagrado e do modo correto como se deveriam pronunciar as palavras do hebraico gravadas pelos escribas (sofers) na Tora, foram criados os sinais massoréticos, sinais gráficos colocados debaixo de cada caractére hebraico indicando a vogal e assim mantendo vivo a pronuncia correta das palavras da Tora, bem como das rezas das três principais orações diárias.
Os pogroms sofridos pelas comunidades judaicas em toda a Europa, fizeram reacender no fim do século XIX o desejo de uma Pátria judaica, que fora idealizada por Theodor Hertzl, e politicamente apoiada pela Declaração de Balfour, que reconhecia o direito de os judeus terem uma pátria livre, inclusive de regressarem à Palestina, a antiga Judeia, essa onda de renascimento nacionalista, denominada de Sionismo faz surtir a unidade dos judeus, pelo que por consequência acabou por apoiar o surgimento do idioma comum a todos os judeus.
Foram os esforços de um linguista e poliglota russo, nascido no seio de uma família judaica, cujo nome de registo era Yrzack Perlman, mas autodenominou-se de Eliezer Ben-Yehudá, que por ter sido aluno de uma Yeshiva, e ter estudado ao máximo o hebraico bíblico e litúrgico para vir a ser rabbi, pelo que sonhava em poder fazer renascer a língua hebraica e torna-la uma língua viva, essa passou a ser a sua obra, o seu ideal, pelo qual se bateria toda a vida.
Inicialmente Eliezer Bem-Yehudá, não fora levado a sério, pelo que consideravam os seus esforços sem valor, e infrutíferos, mas o movimento sionista deu fôlego aos sonhos de Eliezer, que vivendo na Palestina, promoveu pouco a pouco o hebraico entre os judeus, de tal modo que em 1948 quando Israel ressurgiu dois mil anos depois como um País independente e soberano, já os judeus da Palestina falavam hebraico, e muitos outros na diáspora desenvolviam esforços para seguir o mesmo caminho.
Hoje a maioria das comunidades na diáspora não fala fluentemente o hebraico, apenas uma minoria, mas o idioma tem vindo a ser estudado até mesmo por não judeus, sobretudo devido aos estudos bíblicos efetuados por cristãos de diferentes correntes.


[1] Francisco, Edson de Faria (2009) “Língua Hebraica, aspectos históricos e caraterísticas” São Bernardo do Campo. SP. Brasil.


Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.



terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Zika - A Epidemia que Assusta o Mundo

Dia 1 de fevereiro a OMS reuniu-se de emergência com vista a encontrar-se estratégias a nível mundial para conter o vírus Zika, que se supõe, poderá vir a contaminar mais e 4 milhões de pessoas em toda a América. A comunidade internacional está simultaneamente em estado de alerta máximo e perplexidade perante este surto.
Após um ano de combate ao vírus da Dengue e da Chicungunya o Brasil e o Mundo são alarmados, com o aparecimento do vírus Zika, cujos sintomas são inexistentes em cerca de 75% das pessoas contaminadas e na fase de encubação do vírus, sendo que o sintoma mais assustador é a microcefalia que surge nos recém-nascidos afetados pelo vírus durante a gestação.
No ano de 2015, mosquitos geneticamente modificados, cujo objetivo era não permitir a reprodução dos mosquitos, esses insetos modificados foram introduzidos na natureza e nas zonas mais afetadas pela Dengue, poderá haver uma ligação entre uma coisa e outra, há cientistas que afirmam que sim, outros são céticos.
O que nos assusta não é apenas a microcefalia, mas o facto de que o vírus é transmitido também de um humano contaminado para um inseto são, passando este inseto a ser um vetor da transmissão do vírus a outros humanos e a outros insetos, bem como a pessoa infetada é também ela portador e transmissor do vírus para outras pessoas por via de relações sexuais.




Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

10 Mil Crianças Sirias Desapareceram na Europa

Um numero bastante alarmante que foi revelado pela Europol – Polícia Europeia, é de que das vinte e seis mil crianças que viajaram sem a companhia dos seus pais e que desembarcaram na Europa em 2015, dez mil dessas criança sírias terão desaparecido após terem desembarcado já em solo europeu, isto vem a ser a amostra de uma realidade dura e crua para um continente que se vê perdido, tendo em mãos uma das maiores crises humanitárias desde o fim da II Guerra Mundial.
Resta-nos saber como isso teria sido possível, se todos os refugiados foram registados, estamos portanto a falar de uma das mais vulneráveis partes do conjunto de refugiados, crianças indefesas, que terão sido provavelmente sido raptadas para trabalho escravo ou pior que isso, a prostituição infantil ou venda de órgãos. Algo que revela uma dimensão terrivelmente assustadora de quão vulneráveis são as vitimas e quão ineficaz são os Estados que os receberam e acolheram.
Após sobreviver à guerra, à perda da família e sobreviver a riscos de afogamento no Mediterrâneo, essas crianças não escaparam à voracidade do crime organizado. Pelo que esta é mais uma das consequências das decisões ou indecisões política e geopolíticas que pesa como culpa à Europa e aos Estados Unidos da América, os principais responsáveis da Guerra na Síria.



Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Marcelo Rebelo de Sousa o Presidente do Consenso

Marcelo Rebelo de Sousa, venceu as eleições presidenciais em Portugal, mas tal não se pode afirmar como sendo uma derrota da esquerda e uma vitória da direita, a ser vitória é única e exclusivamente do próprio Marcelo Rebelo de Sousa e do seu discurso de concórdia, e porque avançou contra tudo e contra todos, rumando sozinho à Presidência, e sozinho esteve no discurso da sua vitória, no qual foi dizendo claramente aos portugueses que vem desdramatizar a vida política portuguesa. Marcelo tinha apresentado a sua candidatura no dia 6 de outubro de 2015, um dia após as eleições legislativas, das quais surgiu uma maioria de esquerda no Parlamento, o PSD só o viria a apoiar mais tarde, devido às mudanças políticas, à desistência de Rui Rio, e porque as sondagens davam-no como um candidato independente eleito logo à primeira volta com mais de 50% das intenções de voto, a muito custo os sociais-democratas apoiaram Marcelo.
Por outro lado também não se pode atribuir uma derrota à esquerda, que ao Partido Socialista, que acabou por não ter candidato oficial, e das suas fileiras saíram 5 candidatos, considerados independentes ainda que socialistas, já o Bloco de Esquerda obteve uma votação que consolidou a sua ascensão política em detrimento da queda acentuada da ortodoxia comunista.
Marcelo, o candidato apoiado pelos partidos do centro-direita PSD Partido Social Democrata e o PP Partido Popular, obteve 52% dos votos, seguido de Sampaio da Nóvoa, que é independente mas apoiado por uma parte do PS Partido Socialista, que obteve 22,9% dos votos, seguindo-se Marisa Matias do Bloco de Esquerda com 11,10%, todos os restantes candidatos, ficaram abaixo dos 5%, como foi o caso de Maria de Belém Roseira, também independente e apoiada por uma reduzida ala socialista, e o mesmo a Henrique Neto.
Viramos uma página da nossa história, este é o Novo Presidente de todos os portugueses, mesmo dos que como eu não votaram nele. Os portugueses gostaram do modo conciliador com que se dirigiu ao povo no discurso de vitória, dando um sinal de esperança, resta-nos desejar felicidades e sucesso no desempenho das funções que lhe foram confiadas.

Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Os Refugiados Judeus do Navio Saint Louis

Foi no ano de 1939, antes do rebentamento da II Guerra Mundial, o Saint Louis, o nome do transatlântico que partira de Hamburgo na Alemanha, e que hasteava a bandeira germânica, mais precisamente a bandeira do III Reich, o navio alemão levava a bordo quase mil passageiros, o capitão Gustav Schoroder, desvia a sua rota, e procura um porto seguro para desembarcar os passageiros. Porquê, porque 937 dos passageiros eram judeus, dos quais 158 eram crianças, e cujas vidas estavam condenadas na Alemanha Nazista.
O Primeiro destino que o St. Louis teve foi Havana, capital de Cuba, e foi lá que o Capitão tentou encontrar refugio para os passageiros, no entanto o regime cubano de então rejeitou dar asilo aos refugiados judeus, por ter havido alterações legais no país que impediam o desembarque de pessoas que pretendiam salvar as suas vidas e as vidas de seus filhos, pois encontravam-se em perigo na Alemanha, muitos já tinham mesmo sido vitimas de ameaças e até mesmo de perseguições.
A recusa de cuba, leva o capitão a rumar para a Florida, onde esperava encontrar uma atitude mais compreensiva e até solidária do que em Havana, contudo testemunhos da época de alguns passageiros, relatam que não se chegou a tentar entrar nos Estados Unidos da América, porque o navio St. Louis, teria sido impedido pela marinha estadunidense de continuar a sua marcha, como foram disparados tiros de advertência para se afastarem das águas territoriais estadunidenses.
O desespero de homens, mulheres e criança é grande dentro do St. Louis, a agonizante situação de incerteza, pelo que após ter sido rejeitada a entrada em Cuba, Estados Unidos e até no Canadá, o navio volta à Europa, após negociações dos Estados Unidos com países europeus para que aceitassem receber os refugiados judeus, o Navio dirigiu-se assim para o porto de Antuérpia e onde foram acolhidos a muito custo, pelo governo britânico 288, os restantes 619 refugiados judeus, foram distribuídos por França, Bélgia e Holanda, assim os judeus sentiram-se a salvo do Regime Nazista.
Esse asilo dourado e saboroso da sobrevivência dos refugiados e exilados judeus alemães, foi uma solução que se revelou uma falácia. Em setembro daquele mesmo ano de 1939, rebenta a guerra, a Alemanha invade a Polónia, e despoleta-se assim o complexa rede de alianças politicas e militares, Hitler invade a Holanda a Bélgica e a França em 1940, dos refugiados do St. Louis, 254 morreram em campos de concentração, a maioria em Auschwitz.
Os refugiados não são uma novidade, mas a realidade do sofrimento dos refugiados é perene, persistente e cheia de injustiças, caso estes refugiados tivessem sido aceites, não se teria perdido nem uma vida, a recusa equivaleu a uma condenação à morte e assim continua nos dias de hoje, o preconceito e o ódio xenófobo, racista e antissemita são condenações à morte de todos os que uma dada sociedade não aceita.





Referências:
www.holocaustonline.org
www.cibercuba.com/cuba-lecturas


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Porque é que eu voto em Sampaio da Nóvoa

Eu pessoalmente voto em Sampaio da Nóvoa, por duas razões fundamentais, primeiro pela sua independência face ao poder político e partidário durante quase toda a sua vida, o que representa uma capacidade de isenção importante para o exercício pleno e qualificado da Presidência da República em nome de todos os cidadãos.
Segundo pela forma clara, lúcida e rica com que se dirige ao país, o seu discurso é um discurso Humanista e de diálogo, de abrangência, mas também de justiça social e de pontes para se construir um tempo novo.
Para além disso, apraz-me a maneira frontal e serena com que olha, a expressão facial, o tom de voz, o modo com discursa e como gesticula revelam a pessoa que está para além das aparências e das cores partidárias.
Penso que caso Sampaio da Nóvoa não venha a ser eleito, não deveria desistir de contribuir para a política de rosto humano, para uma política não do possível mas do necessário, não do óbvio mas do objetivo, não do rápido mas de uma politica como um projeto para as gerações futuras.



Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Presidenciais em Portugal: Esquerda X Direita

Portugal vai a votos dia 22 de janeiro para escolher o novo Presidente da República, contudo, nunca uma campanha eleitoral fora tão diferente das anteriores como esta, primeiro porque foi extremamente morna e apagada, segundo porque para os portugueses tanto faz quem seja o próximo presidente, será obviamente muito melhor e mais competente do que Cavaco Silva, que sai com o mais baixo índice de popularidade que algum ex-presidente possa ter tido.
Ao que pretendiam ver nesta campanha uma eleição partidária enganaram-se, curiosamente a esmagadora maioria dos candidatos é independente, ou diz-se independente. O que no entanto não impede a dicotomia esquerda x direita que se traduz num duelo entre dois colegas (professores catedráticos da Universidade de Lisboa) Marcelo e Sampaio.
Marcelo Rebelo de Sousa, (67 anos) fundador do PSD e ex-diretor do semanário “Expresso”, candidatou-se como independente, mas acabou por receber o apoio oficial do seu partido e do Partido Popular. Contudo Marcelo não é afeto à área da atual direção do Partido, que aliás não queria a sua candidatura, tendo preferido apresentar Rui Rio que no entanto não quis avançar.
Marcelo conta com 51,8% de intenções de voto, em sondagens com uma margem de erro de 3%, o que poderá traduzir-se numa votação entre os 48 e os 54%, caso se concretize os 51 ou 54% Marcelo será o novo presidente eleito logo à primeira volta, caso seja os 48%, concorrerá numa segunda volta com o segundo colocado.
Sampaio da Nóvoa, (61 anos), foi professor catedrático e ex-reitor da Universidade de Lisboa, é candidato independente, mas militante do PS Partido Socialista, recebendo apoio de uma parte considerável do seu partido, incluindo do Primeiro Ministro António Costa, Mário Soares, Ramalho Eanes, Jorge Sampaio entre outros, recebe apoio dos partidos Livre/Tempo de Avançar, MRPP. Sampaio tem nas sondagens cerca de 22% das intenções de voto, tem no entanto a hipótese de ir disputar uma segunda volta com Marcelo. É aliás a quem darei o meu voto, depois explicarei porquê.
Outros candidatos, vindos do PS são: Maria de Belém Roseira, (66 anos) ex-ministra da Saúde de António Guterres, tem 8% das intenções de voto; Henrique Neto, (79 anos) é empresário de indústria de moldes, conta com o apoio de uma pequena parte do partido, tem 1% das intenções de voto; Vitorino Silva, (44 anos) conhecido como Tino de Rãs é calceteiro e conta apenas com apoios regionais, devido à sua experiencia autárquica, tem 2% das intenções de voto; Cândido Ferreira, (66 anos) é médico, obtém algum apoio dos organismos socialista do norte de Portugal, com 1% das intenções de voto.
Com tantos candidatos vindos do seio do Partido Socialista, e nenhum com apoio oficial do partido, o que faz dispersar votos, devido a uma continua teimosia em evitar o sistema de primárias como faz os Estados Unidos da América, o PS faz entender aos eleitores que não está na disputa para ganhar estas eleições acabando por entregar a vitória de mão beijada a Marcelo Rebelo de Sousa.
Os demais candidatos são maioritariamente de Esquerda: Marisa Matias, (39 anos) socióloga, eurodeputada pelo Bloco de Esquerda, conta com 8% das intenções de voto; Edgar Silva, (53 anos) ex-sacerdote católico, deputado regional na Madeira, apoiado pela CDU (PCP/PEV), tem 3% das intenções de voto; Paulo Morais, (52 anos) é formado em Matemática, Professor universitário e empresário, de tendência do centro-direita, foi militante do PSD, tendo trabalhado com Rui Rio, tem 3% das intenções de voto; Jorge Sequeira, (49 anos) é professor universitário e psicólogo, tem 1% nas intenções de voto.




Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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