Ao recentes acontecimentos na Ucrânia, desde as manifestações contra a
política anti-europeia de Yanukovych, a sua destituição pelo Parlamento, bem
como a libertação da antiga primeira ministra, cuja detenção gerou a nível
internacional grande descontentamento pelo seu tratamento e dúvidas da
veracidade das acusações, que bem podem ter sido verdadeiramente políticas, ao
que se presume hoje.
Tudo isto tem uma origem, as manifestações
não são apenas por querer ingressar ou não na União Europeia, ou porque o
ex-presidente deliberadamente mudou as regras do jogo, mas acima de tudo o que
está em causa, é a independência da Ucrânia face à Rússia, e sobretudo face ao
poder de Putin.
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Zonas com maioria da população russa |
A península da Crimeia que forma uma
República Autónoma, havia sido oferecida à Ucrânia, pelo Secretário Geral
Nikita Khruchov, pois tratava-se de um território que era parte integrante da
Russia, e como tal habitado por cidadãos russos, isso ocorreu em 1954 na
comemoração dos 3º centenário da União Russo-Ucraniana. Com o Estalinismo,
anterior a Khruchov, os russos foram espalhados por toda a União Soviética, e
de todos os cantos da extinta URSS uma grande parte das populações autóctones
foram expatriadas e reconduzidas a outras terra que não a sua, o objetivo estalinista
era claro o de eliminar os sentimentos separatistas, e de controlar a ferro e
fogo, toda a população soviética, mas não conseguiu. No entanto o resultado
dessa politica está à vista.
A Ucrânia é um país dividido, por ucranianos
e por russos, que desejam acima de tudo a paz, os ucranianos desejam a paz, os
russos desejam ser integrados à Rússia, onde se sentem ligados. A Criméia tem
por sua vez uma vasta área de bases militares russas, e dai já partiram para as
ruas do sul da Ucrânia, soldados e tanques.
A atitude russa de enviar mais de dois mil
soldados para a região, é uma declaração de guerra contra a Ucrânia, que neste
momento só conta com o apoio da opinião publica internacional e as forças
da diplomacia dos países europeus, americanos e da ONU.
A grande reviravolta deste processo todo que
começou com manifestações de protesto contra o presidente Yanukovich, as
batalhas campais que se desenrolaram em Kiev, a deposição do executivo e do
presidente, gerando posteriormente a ameaça militar russa.
O primeiro-ministro interino Arseni Iatseniouk, afirmou
que isto é um "alerta vermelho" e que tratasse de uma verdadeira
declaração de guerra contra o seu país por parte de Vladimir Putin, a quem
chamou a razão e pediu o bom senso de retirar as tropas da Criméia.
Uma coisa é certa, quem perde fundamentalmente neste
preciso momento, são as populações, tanto as ucranianas como as russas, mas
também a estabilidade na Europa fica uma vez mais ameaçada, e com ela as consequências
de um conflito, que ainda que não chegue a vias de facto, já tem de certeza
muitos estragos na economias dos estados e das pessoas.
Autor Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.