O que se passa hoje na Venezuela, com o facto
de existirem dois presidentes ao mesmo tempo num país latino-americano não é
novidade, tal já ocorreu em 1979 na Bolívia, devido a erros constitucionais que
levaram a um impasse após a eleição presidencial, na qual a Esquerda Marxista da Unidade Democrática e Popular (UDP) uma Frente de vários partidos de esquerda e centro esquerda, de Hernan Siles Suazo que teve um empate técnico com o candidato do Movimento Nacional Revolucionário (MNR) de Victor Paz Estensoro, que sem conseguir darem posse a nenhum dos candidatos, optou-se por nomear um Presidente Interino, gerando então, o
enfraquecimento desse governo provisório por falta de apoio parlamentar, facto que impulsionou o Golpe de Estado do Coronel
Natusch Busch para derrubar o governo de Walter Guevara, golpe que teve o nome de "La Noche de todos los muertos" ou "El golpe de todos los santos" porque deu-se no dia de Todos os Santos, 1 de novembro.
Assim, a Bolívia teve um golpe sangrento e dois
presidentes durante 16 dias, foi todavia, a posse de uma mulher na Presidência
do país, a Presidente do Congresso dos Deputados Lídia Gueiler que apaziguou os
ânimos por um ano, até ser deposta pelo seu primo o General Garcia Meza em
1980.
Nunca os EUA, se preocuparam tanto com a
democracia onde quer que fosse, como agora, para os estrategas de Washington o
que importa são os interesses económicos e estratégicos, ou seja o Petróleo e a
conquista de posições chave no xadrez da política internacional ou da Nova
Guerra Fria.
A Venezuela é um exemplo claro disso, durante
anos, foi governada por dois partidos que se alternaram no poder, com o
beneplácito dos EUA, vendiam o petróleo, lucravam, mas não houve a
redistribuição da riqueza, nem ao menos reduziram a pobreza e o analfabetismo.
Só hoje é que os EUA se preocupam oficialmente
com a democracia, todavia, a maioria das pessoas esquecem-se que o país que mais fomentou
ditaduras foi precisamente os EUA, tal como ocorreu com Jorge Videla na Argentina,
Augusto Pinochet no Chile, Anastasio Somoza na Nicarágua, Alfredo Stroessner no
Paraguai, Fulgêncio Batista em Cuba, Efraim Rios Mont na Guatemala, Hugo Banzer e Garcia Mesa na Bolívia e até o Regime Militar brasileiro, cujo golpe de Estado para
derrubar João Goulart foi feito com o consentimento dos Estados Unidos.
Autor Filipe de Freitas Leal
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