sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Dois Presidentes ou a Falha da Democracia


O que se passa hoje na Venezuela, com o facto de existirem dois presidentes ao mesmo tempo num país latino-americano não é novidade, tal já ocorreu em 1979 na Bolívia, devido a erros constitucionais que levaram a um impasse após a eleição presidencial, na qual a Esquerda Marxista da Unidade Democrática e Popular (UDP) uma Frente de vários partidos de esquerda e centro esquerda, de Hernan Siles Suazo que teve um empate técnico com o candidato do Movimento Nacional Revolucionário (MNR) de Victor Paz Estensoro, que sem conseguir darem posse a nenhum dos candidatos, optou-se por nomear um Presidente Interino, gerando então, o enfraquecimento desse governo provisório por falta de apoio parlamentar, facto que impulsionou o Golpe de Estado do Coronel Natusch Busch para derrubar o governo de Walter Guevara, golpe que teve o nome de "La Noche de todos los muertos" ou "El golpe de todos los santos" porque deu-se no dia de Todos os Santos, 1 de novembro.
Assim, a Bolívia teve um golpe sangrento e dois presidentes durante 16 dias, foi todavia, a posse de uma mulher na Presidência do país, a Presidente do Congresso dos Deputados Lídia Gueiler que apaziguou os ânimos por um ano, até ser deposta pelo seu primo o General Garcia Meza em 1980.
Nunca os EUA, se preocuparam tanto com a democracia onde quer que fosse, como agora, para os estrategas de Washington o que importa são os interesses económicos e estratégicos, ou seja o Petróleo e a conquista de posições chave no xadrez da política internacional ou da Nova Guerra Fria.
A Venezuela é um exemplo claro disso, durante anos, foi governada por dois partidos que se alternaram no poder, com o beneplácito dos EUA, vendiam o petróleo, lucravam, mas não houve a redistribuição da riqueza, nem ao menos reduziram a pobreza e o analfabetismo.
Só hoje é que os EUA se preocupam oficialmente com a democracia, todavia, a maioria das pessoas esquecem-se que o país que mais fomentou ditaduras foi precisamente os EUA, tal como ocorreu com Jorge Videla na Argentina, Augusto Pinochet no Chile, Anastasio Somoza na Nicarágua, Alfredo Stroessner no Paraguai, Fulgêncio Batista em Cuba, Efraim Rios Mont na Guatemala, Hugo Banzer e Garcia Mesa na Bolívia e até o Regime Militar brasileiro, cujo golpe de Estado para derrubar João Goulart foi feito com o consentimento dos Estados Unidos.


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.


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