sexta-feira, 8 de abril de 2022

A Eliminação do Conceito de Nação


Josep R. Llobera (1939-2010) antropólogo cubano-britânico, afirmava que o conceito de nação só terá surgido no Ocidente durante a Idade Média, e que os Estados Nação, só se consolidaram pela Monarquia Absoluta. Por outras palavras, para Llobera antes desse período não haviam nações e muito menos o conceito de nação.

Eu discordo, reconheço que Portugal, que foi o primeiro Estado Nação na Europa, terá surgido na Idade Média, quanto a Espanha, Reino Unide entre outros, não chegaram a ser Estados Nação, porque são formados por mais de uma nação.

O conceito de nação está patente na Torá sagrada de forma inequívoca, os hebreus formaram um grupo étnico coeso e a partir daí uma nação, e isso ocorreu muito antes da Idade Média e longe da Europa, há 3.700 anos, são hoje a nação israelita, que se manteve viva na diásporta durante 2000 mil anos, através da sua cultura, religião, dos seus mitos, da língua litúrgica e tradições, usos costumes, uma identidade nacional perene.

Os chineses também formaram a sua cultura e a sua identidade nacional há pelo menos 5000 anos. São as mais antigas ações, que ainda existem. O conceito de nação pode ser estudado apenas de acordo com o modelo europeu da idade média.

Outro autor sobre o tema, o historiador britânico nascido no Egito, Eric Hobsbawm (1917-2012), de corrente neo-marxista, foi mais longe e afirma que o conceito de nação começou a ser construído nos últimos 200 anos, ou seja, no final do século XVIII até hoje. O que este senhor talvez não soubesse, é que ainda no século XIV Portugal já tinha a sua identidade nacional formada, a conquista cristã contra o islão, o isolamento em frente a um mar inexplorado e a inimizado com Castela, criaram nos portugueses o sentimento de identidade muito acentuado, a que chamamos hoje a "Portugalidade".

Resumindo o que podemos verificar é que há uma forte tendência por parte de alguns historiadores, antropólogos e sociólogos, de algumas correntes de pensamento ideológico, que visam desvalorizar o conceito de nação, ou até mesmo de o eliminar, e pior, há a tendência de vincular a narrativa sobre a nação, e o sentimento nacionalista apenas à direita mais radical, contribuindo para uma visão negativa do conceito de Nação e até mesmo do sentimento patriótico ou nacionalista.

É curioso que é precisamente este conceito anti nação que está na base da narrativa de Putin, para eliminar a nação ucraniana, invadir o país e promover a russificação. Sendo a Rússia por natureza uma Federação de Muitos Estados e povos.

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 Autor do blog: Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

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