Josep
R. Llobera (1939-2010) antropólogo
cubano-britânico, afirmava que o conceito de nação só terá surgido no Ocidente
durante a Idade Média, e que os Estados Nação, só se consolidaram pela
Monarquia Absoluta. Por outras palavras, para Llobera antes desse período não
haviam nações e muito menos o conceito de nação.
Eu discordo, reconheço que Portugal, que foi o primeiro
Estado Nação na Europa, terá surgido na Idade Média, quanto a Espanha, Reino
Unide entre outros, não chegaram a ser Estados Nação, porque são formados por
mais de uma nação.
O conceito de nação está patente na Torá sagrada de forma
inequívoca, os hebreus formaram um grupo étnico coeso e a partir daí uma nação, e isso ocorreu muito antes da Idade Média e longe da
Europa, há 3.700 anos, são hoje a nação israelita, que se manteve viva na
diásporta durante 2000 mil anos, através da sua cultura, religião, dos seus
mitos, da língua litúrgica e tradições, usos costumes, uma identidade nacional
perene.
Os chineses também formaram a sua cultura e a sua
identidade nacional há pelo menos 5000 anos. São as mais antigas ações, que
ainda existem. O conceito de nação pode ser estudado apenas de acordo com o
modelo europeu da idade média.
Outro autor sobre o tema, o historiador britânico nascido
no Egito, Eric Hobsbawm (1917-2012), de corrente neo-marxista, foi mais longe e
afirma que o conceito de nação começou a ser construído nos últimos 200 anos,
ou seja, no final do século XVIII até hoje. O que este senhor talvez não
soubesse, é que ainda no século XIV Portugal já tinha a sua identidade nacional
formada, a conquista cristã contra o islão, o isolamento em frente a um mar
inexplorado e a inimizado com Castela, criaram nos portugueses o sentimento de
identidade muito acentuado, a que chamamos hoje a "Portugalidade".
Resumindo o que podemos verificar é que há uma forte tendência
por parte de alguns historiadores, antropólogos e sociólogos, de algumas
correntes de pensamento ideológico, que visam desvalorizar o conceito de nação,
ou até mesmo de o eliminar, e pior, há a tendência de vincular a narrativa
sobre a nação, e o sentimento nacionalista apenas à direita mais radical,
contribuindo para uma visão negativa do conceito de Nação e até mesmo do
sentimento patriótico ou nacionalista.
É curioso que é precisamente este conceito anti nação que está na base da narrativa de Putin, para eliminar a nação ucraniana, invadir o país e promover a russificação. Sendo a Rússia por natureza uma Federação de Muitos Estados e povos.
Autor do blog: Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.