domingo, 19 de setembro de 2010

Stephen Hawking, O Direito de Mudar de Ideias

No seu best-seller cientifico «Uma Breve História do Tempo» de 1988, o cientista britânico Stephen Hawking demonstrava aceitar a possibilidade de um Criador do Universo, no entanto voltou a trás e nega o seu ponto de vista anterior.
Stephen Hawking escreveu "O Grande Desígnio", com a co-autoria de Leonard Mlodinow, livro editado em setembro de 2010, e vem através deste seu novo livro criar algum mal estar perante os crentes, que com esta afirmação, sentiram-se de algum modo traídos ou insultados, como aconteceu em alguns círculos mais fundamentalistas como os creacionistas estadunidenses, sendo que este é um sentimento transversal aos crentes de todas as religiões, embora, muito provavelmente creio deveras que não fosse essa a intenção, talvez não o tenhamos entendido, no entanto negando que seja Divina a criação do Universo, derruba o mito da criação, muito embora a ciência e a fé não se complementem e nem tenham as mesmas funções, é no entanto certo que a teoria que nega a criação, impõe-nos a teoria que é do acaso que nasce o Universo o mundo e todos os seres vivos.
Ao afirmar que não há espaço para D-us na ciência moderna, conclui o autor claramente que o Universo nasceu do nada e que nós próprios somos fruto do acaso.
De acordo com a lógica sugerida por Hawking, sendo assim, também a ciência existe por mero acaso, o que não me parece que faça sentido pensar assim, visto que a ciência nasce da necessidade de obter respostas e compreender fenómenos naturais, sociais ou psíquicos; Embora eu respeite o direito da opinião do cientista, tenho também o direito de não crer que tudo o que me cerca seja fruto do acaso, posto isto, resta-me dizer, tendo em conta que quanto à Filosofia ou mesmo a ciência como a Física, Química por exemplo,  afirmam que há a causa e o efeito em todos os fenómenos que nos rodeiam, resta-me neste sentido crer que há uma razão de ser em tudo e mesmo uma causa primeira que terá gerado o Universo, que no entanto não conhecemos e à qual chamamos ou designamos por D-us.
Na realidade a Ciência não visa negar a fé, pelo que esta apenas estuda o que pode ser mensurado e analisado, do mesmo modo a Teologia não visa negar a ciência, pois pode e deve buscar na ciência as explicações capazes de corroborar conceitos teológicos ou filosóficos, embora também não seja esse o objetivo da ciência, mas sim o de encontrar respostas para compreender os problemas que se colocam à humanidade e de encontrar soluções plausíveis para os mesmos.
Ser humanista acima de tudo é ser responsável e preocuparmo-nos com um mundo melhor e mais justo. Se não houvesse a criação ou mesmo o Criador, que sentido teriam as nossas vidas? Pois se não podemos provar a existência de um Criador, também não pode-se provar a sua não existência, ateus e crentes estão assim em pé de igualdade.
Para além disso tudo é preciso ver que se trata de uma contradição com ideias suas anteriormente escritas em livro, onde afirmava não haver contradição entre a ciência e a crença de um D-us criador do Universo, logo o Big Bang seria fruto da vontade Divina em criar o Universo e todas as suas criaturas, claro que todos temos o direito de mudar de opinião, isso é também parte do desenvolvimento pessoal de cada um, resta-nos saber pensar por nós mesmos e encontrarmos o nosso próprio modo de pensar sem sermos sujeitos passivos da ciência ou do fundamentalismo.
Temos o exemplo de Einstein, que foi um cientista esclarecido e erudito e isso não o impediu de ser um judeu praticante e um homem de fé em D-us.
Abaixo estão para o caro leitor, os links que podem ajudar a aprofundar mais este assunto, com acesso gratuito para descarregar de três livros de Stephen Hawking que valem a pena ler e ser refletidos.
Referências:

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

3 comentários:

Unknown disse...

A terra e redonda e gira a volta do Sol.
Mas nem sempre assim foi. Já foi centro do universo , o Sol já girou a volta da Terra.
E a diferença entre fé e realidade.
Um a um todos os dogmas religiosos cairão.
Não e por acaso que nos países desenvolvidos o numero de crentes baixa de um modo assustador para a igreja.
Não entendo como e que a negação da existência de Deus retira todo o sentido a vida.
Eu não acredito em Deus então subentende-se que a minha vida não tem sentido ?
Não existe nenhuma contradição entre Breve Historia do Tempo e o Grande Desígnio.
O que existe e uma evolução do conhecimento cientifico. Novos factos determinam novas teorias.
Esta a a diferença entre religião e ciência. A religião e estática e fechada. A ciência evolui.
Uma Tora , uma Bíblia , um Corão não explicam o mundo.

Filipe de Freitas Leal disse...

Obrigado pelo comentário, pois creio que é louvável e só vem enriquecer o debate.
De de facto concordo que há funções diferentes entre a fé que não explica a ciência, e a ciência que não visa cumprir as funções da religião.
Há que saber viver de modo coerente com todas estas possibilidades, e de colocar as ideias em patamares apropriados às suas respectivas funções, quer sejamos crentes ou não.
Aliás a questão fundamental não é se vale mais a pena crer que não crer, mas compreender o que há antes da existência do universo,

Filipe de Freitas Leal disse...

Quanto ao sentido da vida, referia-me com uma questão: A de saber se se é fruto do acaso, ou da criação, se eu vim ao mundo por acaso, e eu sou um acaso, que sentido poderá ter a minha vida?
Claro que eu próprio poderei dar-lhe um sentido pessoal de modos diversos, mas creio que o problema está na génese, que é o de saber: Quem sou, de onde vim, para onde vou, e qual a minha função ultima nesta vida? Sobretudo porque a vida é curta e na qual observamos um imenso sofrimento, que é testemunha por todas as épocas e em todas as partes do mundo.

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