terça-feira, 12 de março de 2024

As Eleições e a Crise da Esquerda


A Esquerda europeia está em crise, é antes de mais o título de um livro da autoria de Alfredo Barroso, que evidencia que a Esquerda está em queda na Europa e agora chegou a Portugal com a vitória da Aliança Democrática de Centro Direita e a ascensão do Partido Chega de André Ventura, e como tal, a Esquerda terá de fazer uma análise sobre o que está a gerar este afastamento por parte dos eleitores. A meu ver, a maioria da população sente que já não é devidamente representada pelos partidos de Esquerda, porque entende que a esquerda afastou-se da luta de classes, da realidade cotidiana das pessoas, dos problemas concretos e enveredou por outros caminhos ideológicos, a abraçar causas identitárias e em vez de lutar pelo bem comum do todo, luta pelas minorias, com isto afastou-se verdadeiramente das populações que diz querer defender.

Os problemas sociais e económicos não são de Esquerda ou de Direita, são em si mesmo problemas que têm que ser devidamente solucionados pelos governantes. Além disso, as pessoas não comem ideologia, nem respiram discursos nem slogans, não sabem nem querem saber o que é o wokismo, os cidadãos comem o pão que é fruto do trabalho e para tal  são necessárias políticas concretas que defendem os interesses de todos os cidadãos. No entanto, se a Esquerda não se esforçar para fazer uma reflexão autocrítica e retornar a ser a esquerda clássica, então arrisca-se a entregar à Extrema-direita a luta pelas causas estruturais e a defesa das populações.

É isto que explica a queda acentuada do PCP no Alentejo, ou do PS no Algarve, é isso que explica porque é que o BE Bloco de Esquerda não conseguiu eleger mais deputados e arrisca-se a desaparecer em breve. É necessário com urgência uma Esquerda Renovada, mais abrangente e voltada para a defesa de todos os cidadãos.

Em Portugal, após oito anos e quatro meses de governo socialista liderado por António Costa, o PS de Pedro Nuno Santos sai derrotado por um quase empate técnico com a AD, mas com enormes desafios para revigorar o PS. Nos últimos dois anos de maioria absoluta, as pressões vindas da oposição mas também do Presidente da República levaram o PS a uma fase de impopularidade, e por último, as acusações da Procuradoria Geral da República sobre suposta corrupção por parte do Primeiro Ministro levaram António Costa a demitir-se. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa optou por dissolver o Parlamento com uma Maioria Absoluta, para lançar o país numa aventura eleitoral. Os resultados estão à vista, e o momento não é propicio aos partidos de esquerda.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

0 comentários:

Enviar um comentário

 
Projeto gráfico pela Free WordPress Themes | Tema desenvolvido por 'Lasantha' - 'Premium Blogger Themes' | GreenGeeks Review