segunda-feira, 9 de março de 2020

Citações - Emmeline Pankhurst

EMMELINE PANKHURST (1858-1928), Feminista britânica, fundou em 1903 a Women’s Social and Political Union ou WSPU, foi uma sufragista, que esteve na luta dos direitos políticos das mulheres a começar pelo mais elementar, que é o direito de votar. Afirmou: “As mulheres servirão melhor a nação se se mantiverem longe das tradições e mecanismos políticos dos partidos masculinos que, é opinião geral, deixam muito a desejar.”

terça-feira, 3 de março de 2020

Lista de Partidos Políticos de Israel

Israel tem inúmeros partidos, e ao contrário de outros países, como Reino Unido, Estados Unidos ou Portugal, os partidos israelitas são voláteis, à semelhança de Itália e do Brasil, os mais antigos são o Avodá  (Trabalhista) e o Likud (Conservador). Em Israel não se vota em candidatos individuais ou listas uninominais, vota-se em partidos políticos que têm uma lista fechada, no sistema eleitoral, não há um boletim de voto, mas sim cédulas com a sigla do partido, onde os eleitores tiram para colocar num envelope e de seguida na urna de votos.
A instabilidade politica é grande na história de Israel, devido a que o sistema eleitoral permite que para se eleger um deputado para o Knesset, seja necessário o partido atingir 1% dos votos, o que gera um numero elevado de partidos no Parlamento e com isso, a consequente dificuldade de governação. Outra curiosidade que existe é que em  Israel não há segregação, ao contrário do que comumente se pensa, pois existem boletins de voto em árabe para a população muçulmana de Israel que não sabendo o hebraico vota usando os boletins em árabe, além de que também há partidos árabes com assento parlamentar.
A Lista que se segue é feita de acordo com os resultados eleitorais de 02 de março de 2020, para ser mais facilmente compreendido o espectro político da atual legislatura israelita.
Likutהַלִּיכּוּד - Consolidação (37 deputados) - de Centro Direita, foi fundado em 1973 como aliança e tornado um partido, através da fusão dos partidos de centro-direita e direita nacionalista mas secular que faziam parte dessa aliança. O primeiro líder do Likud a chegar a Primeiro Ministro, foi Menachen Beguin em 1978, foi a primeira vez que a esquerda dos trabalhistas perdeu as eleições. Sigla מחל.
Kachol Lavan כַּחוֹל לָבָן - Azul e Branco, (34 deputados) - de Centro-Esquerda a Centro Direita, Trata-se de uma aliança fundada em 2019, entre três partidos políticos, o Partido da Resiliência Israelita (Hosen L'Israel) liderado por Benny Gantz, o Aqui há Futuro (Yesh Atid) e do Movimento Nacional como Estadista (Telem), uma aliança que engloba os liberais e sionistas que defendem a solução de dois Estados para a resolução do conflito Israelo-árabe. Sigla פה.
Shasש״ס - Sefarditas Observantes da Torá, (9 deputados) - De Direita, foi fundado no Exílio em 1984 pelo Grande Rabbi Ovadia Ben Yosef, trata-se de um partido religioso, da corrente ultra-ortodoxa e da etnia Sefardita, este partido está voltado para os Haredim (judeus observantes) sendo de Direita nacionalista, conservador, populista e Sionista, o Shas tem sido um partido importante na formação dos governos com o Likud. Sigla שמ.
Chadash חד"ש - Novo (5 deputados), de Esquerda, fundado em 1977, juntando comunistas, socialistas marxistas tanto judeus como árabes, está no parlamento Knesset coligado com os partidos árabes israelitas, defende a retirada e o desmantelamento dos colonatos na Cisjordânia, tem uma visão económica anti-liberal e defende o intervencionismo do Estado na economia.
Ta'alתַּעַ"ל - Movimento Árabe para a Renovação - (5 deputados), fundado em 1994, é um partido que varia entre a Esquerda e o Centro-Esquerda, tem como ideologia o Antissionismo e o nacionalismo árabe. Fez inicialmente uma coligação com o Chadash, mas no momento ambos estão na coligado da Lista Árabe Unida, que tem vindo a aumentar os lugares no Knesset a cada eleição.
Ra'am - רע"מ - Lista Árabe Unida - (15 deputados em coligação), Esquerda e do Centro-Esquerda fundado em 1996, é uma aliança supra-partidária que agrega varias organizações árabes, e ainda o Shas e o Ta'al, a ideologia marcante é o nacionalismo árabe, mas defende uma solução pacifica e moderada para o conflito Israelo Árabe, que é a solução dos Dois Estados. Sigla עם.
Beitenu - בֵּיתֵנוּ - Israel a Nossa Casa - (7 deputados),  dDireita, fundado em 1999 por David Lieberman, é um partido secular, anticlerical e nacionalista, cuja ideologia é defensora do Sionismo Revisionista, inicialmente representava a população de origem soviética em Israel, actualmente é transversal na defesa dos interesses de toda a população israelita. Sigla ל.
Avodáהָעֲבוֹדָה - Partido Trabalhista dos Israelitas - (7 deputados em coligação), da Esquerda ao Centro-Esquerda, fundado em 1968, de ideologia socialista e social-democrata, o Avodá foi por muito tempo o partido que dominou a politica em Israel, muitos dos grandes Estadistas de Israel eram do  Avodá, como Ben Gurion, Golda Meir, Ytzack Rabin, Shimon Peres, entre outros. Sigla אמת.
Meretz - מֶרֶץ - Vigor - (7 deputados em coligação com o Avodá), Esquerda, fundado em 1992 como uma aliança, sendo que em 1997 funde-se num só partido. Ideologia sionista, socialista e social-democrata, é um partido secular e anti-clerical tem vindo a perder deputados com a ascensão da Direita. Defende a solução de Dois Estados. Sigla מרץ.
Guesher - גשר - Ponte - (7 deputados em coligação com o Avodá), de Centro-Esquerda, fundado em 2018, através de uma cisão no Beitenu. O partido defende o social-liberalismo e uma economia mista num mercado liberal, todavia quanto ao conflito israelo-árabe, o  Guesher tem uma posição de centro-direita. Sigla נר.
Yamina - ימינה - À Direita - (7 deputados em coligação), do Direita, alicança que engloba vários partidos de entro-direita e direita clássica, fundado em 2019 e que em 2020 elegeu 7 deputados. De ideologia sionista, nacionalista e conservadora, mas com uma visão moderna e secular. Sigla טב.
Yehadut Ha Torá - יהדות התורה - Judaísmo Unido da Torá - (7 deputados em coligação), de Direita, é uma coligação de partidos religiosos criada em 1992, de ideologia sionista, clerical e ortodoxa,tem sido um dos partidos a dar suporte aos governos do Likud de Benyiamin Netanyahu. Sigla ג.
Kulanu - כולנו - Todos  Nós - (1 deputado), de Centro-Direita fundado em 2014, é um partido laico, que defende a ideologia social-liberal, o igualitarismo económico, de cariz nacionalista moderado o partido entende que não há saída para o conflito israelo-árabe, paradoxalmente aprova a construção de colonatos na Cisjordânia. Sigla כ.

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Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Aniversário - O Etcetera faz hoje 12 anos

O Etcetera faz hoje 12 anos, e entra assim no Ano XIII da atividade na blogosfera,  mais de uma década percorrida no tempo, leva-nos a olhar para trás e ver o quanto passou, tal como disse Heráclito de Éfeso "Um homem não se banha duas vezes no mesmo rio", pois na segunda vez, nem o rio nem o homem serão os mesmos, e voltando atrás lembramo-nos do primeiro titulo do blog: Critica & Humanismos (de 2007 a 2009) )e do segundo nome O Blog Humanista (de 2009 a 2015) que é hoje o subtítulo do blog, dando lugar em julho de 2015 ao novo nome, Etcetera e novo logótipo que foi atualizado em 2017.
Vamos continuar a trabalhar no blog, e evoluir sempre para melhor, não na ótica do mercado, mas da qualidade que pedem os nossos seguidores.
A todos obrigado por apoiarem o blog, divulgando-o, dando as suas sugestões e dádivas. Contamos sempre convosco.   
Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 25 de maio de 2019

Lista de Partidos Políticos Europeus

O Parlamento Europeu é um órgão consultivo da  UE - União Europeia, onde estão representados os 27 países da União Europeia, com 751 eurodeputados; sendo formado por 8 grupos políticos, a partir de partidos nacionais dos Estados Membros, que toda via desaparecem para dar lugar a uma voz em uníssono dentro de um grupo ideológico correspondente. Assim temos abaixo a lista dos principais partidos ou grupos políticos europeus e o respectivo número de assentos conquistados nas ultimas eleições em maio de 2019.
Os resultados eleitorais, mostram-nos uma descida dos partidos tradicionais, como o PPE e o S&D, que perderam deputados, descendo respectivamente de 214 para 182, e, de 191 para 147,  tendo havido uma subida considerável em todas as outras forças, à exceção da Esquerda Unitária, que desce de 52 para 39 assentos, e há ainda um grupo de 29 eurodeputados que não estão filiados a nenhum grupo.
PPE - Partido Popular Europeu - Fundado em julho de 1976, é formado por partidos democratas-cristãos e conservadores, é a chamada Direita Europeia, sendo neste momento o maior grupo político no Parlamento Europeu em Estrasburgo, engloba vários partidos membros, como o principal sendo a CDU alemã, o PP espanhol, a Forza Italia, a Nova Democracia da Grécia, o  CDS-PP e o PSD de Portugal . 182 assentos (24,23%).

S&D - Socialistas e Democratas, forma o segundo maior grupo político, juntando o PSE - Partido Socialista Europeu, fundado em 1992, com outros grupos da esquerda democrata europeia, engloba diferentes grupos de corrente socialista, social-democrata e trabalhista da Europa, tem como membros, entre outros, os seguintes partidos, sendo o maioritário o SPD alemão, o Labor Party, do Reino Unido, o PS francês, o PSOE espanhol, o PD italiano, o PAZOK da Grécia e ainda o português  PS - Partido Socialista. 147 assentos, (19,57%).


ALDE - Aliança dos Democratas e Liberais Europeusfundada em junho de 2004, é o quarto maior grupo político no Parlamento Europeu, formado por partidos de Centro-direita, neo-liberais e reformistas, bem como federalistas europeus, é na verdade uma Aliança entre dois partidos europeus a ALD - Aliança dos  Liberais e Democratas e o PDE Partido Democrático Europeu e Reformistas do Renaissancetem como membros, a soma dos partidos associados de cada grupo dentro da aliança, entre outros, o PNB PNV- Partido Nacionalista Basco, o MD - Movimento Democrático (França), os Liberais Democratas do Reino Unido109 assentos (14,51%).

VE-ALE - Verdes Europeus e Aliança Livre Europeiafundado em 1999, é formada por partidos ecologistas e ambientalista europeus, e formam uma coligação no Parlamento Europeu com o EFA - European Free Aliance e o Volt Europa, que é composta na sua esmagadora maioria por partidos independentistas, alguns anti-federalistastem como membros, entre outros, o Partido Nacional Escocês, a ERC - Esquerda Republicana Catalá e de  Portugal o PAN - Pessoas, Animais e Natureza. 69 assentos (9,19%).
RCE/ECR - Reformistas e Conservadores Europeus - fundado 2009, é o terceiro maior grupo político no Parlamento Europeu, engloba os partidos de Direita, conservadores e nacionalistas e alguns anti-europeístas, tem como membros, entre outros, os seguintes partidos, sendo o maioritário o Conservative Party do Reino Unido; o Partido Lei e Justiça da Polónia; o ODS - Partido Democrático Cívico da Chéquia; Não há partidos portugueses nem espanhóis neste grupo. 59 assentos (7,86%).

ENL - Europa das Nações e da Liberdade, criado em junho de 2015, é um grupo político formado por vários partidos políticos europeus de extrema-direita, como a francesa FN - Frente  Nacional de Marine Le Pen, a italiana  Lega Nord e o holandês  Partido da Liberdade, o espectro político deste grupo é formado por ultra-nacionalistas, euro-cépticos, e combate o federalismo europeu e a politica europeia de imigração. 58 assentos (7,72).

ELDD/EFDD - Europa da Liberdade e da Democracia Diretacriado em julho de 2009, forma o sétimo maior grupo político, constituído por partidos nacionalistas e independentistas de Direita e euro-cépticos, dentre os quais o Brexit Party do Reino Unido, que elegeu sozinho 29 eurodeputados juntando-se ao UKIP - United Kingdom Independence Party e ao italiano Movimento 5 Estrelas. 54 assentos (7,19%).

GUE-NGL- Grupo da Esquerda Unitária Europeia - Esquerda Nórdica Europeia, grupo fundado em 1995, está coligado com o GCEE - Grupo Confederal da Esquerda Européia, formando juntos, o oitavo maior grupo político europeu, está formado por partidos de ecologistas e ambientalistas e pela Esquerda ortodoxa, reformista e a esquerda escandinava; tem como membros, entre outros, a Aliança de Esquerda, da Finlândia; da Dinamarca o Movimento Popular Contra a UE, da Suécia o Partido da Esquerda, de Portugal o PCP - Partido Comunista Português, o PEV - Partido Ecologista "Os Verdes" e o BE - Bloco de Esquerda. 38 assentos (5,06%).
PDE - Partido Democrático Europeu fundada em 2004, é um partido político de ambito europeu, faz parte integrante da coligação ALDE no Parlamento Europeu, tendo-se aliado ao ALD - Aliança dos  Liberais e Democratas, o PDE é um partido político europeu de centro-direita, tem como base ideológica o Liberalismo e o federalismo europeu, tem como membros, entre outros, o PNV- Partido Nacionalista Basco, o MD - Movimento Democrático (França), o PDE - Partido Democrático Europeu de Itália, entre outros.
GCEE - Grupo Confederado da Esquerda Europeia, é um partido político de âmbito europeu, que congrega partidos da Esquerda e Extrema-Esquerda, foi fundado em 2004, faz parte do  grupo parlamentar do GUE/NGL o quinto maior grupo político no Parlamento Europeu, formado por partidos de Esquerda de tendência Marxista, Neo-Marxista, tais como comunistas e revisionistas de esquerda; tem como membros, entre outros, o PCE - Partido Comunista de Espanha, a IU - Izquierda Unida (Espanha), PCF - Partido Comunista Francês, o Siriza da Grécia, o PRC - Partido de Refundação Comunista de Itália, o BE - Bloco de Esquerda (Portugal).
Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Eleições Europeias com Discursos Vazios


É com um discurso vazio, que no domingo os europeus vão às urnas para escolher os "eurodeputados", cada país irá eleger um número de deputados consoante a sua dimensão populacional, todavia, os deputados não representam os seus países, senão que os representam integrados dentro de forças políticas exclusivamente europeias, e é neste sentido que se nota a incongruência de um discurso eleitoral desfocado dos problemas europeus, ou por outras palavras, os candidatos por partidos nacionais, focam o seu discurso nas problemáticas locais e nacionais, e fogem da "realpolitik" que deverá focar a política externa europeia, as politicas económicas comuns e os destinos da Europa como um bloco unido, sobretudo com a possível saída do Reino Unido, e a Ascenção galopante de China.
Exceptuando-se o Reino Unido (sobretudo com o Brexit Party), que irá tratar desta eleição europeia como um segundo refendo ao Brexit, na grande maioria dos países europeus, esta-se a discutir o cenário político interno, sobretudo como é o caso de Portugal que irá ter eleições legislativas em outubro, e cuja oposição tenta fazer desta eleição uma sondagem eleitoral.
No entanto é necessário tentarmos compreender, se este cenário é do interesse do poder estabelecido em Bruxelas, ou pelo contrário é ainda, a tentativa (falhada) dos Estados semi-soberanos, passarem uma imagem de total independência face à União Europeia, quando se sabe de ante-mão, que cada vez mais os Estados Membros, são cada vez mais, independentes, politica e economicamente da Confederação em que se uniram.
Somando-se a esta situação, verifica-se que na eleição para o Parlamento Europeu, (segundo sondagens realizadas em vários órgãos de comunicação social) que a grande maioria dos eleitores europeus, não sabe extamente para que serve o Parlamento Europeu e nem o que realmente faz o deputado desse órgão. Trata-se de um organismo que não é legislativo, mas meramente consultivo, e no qual os partidos nacionais desaparecem, formando grupos parlamentares exclusivamente europeus, como o PPE - Partido Popular Europeu de Direita, ou o PSE - Partido Socialista Europeu de Centro-Esquerda, devido a isto, é de salientar, que a Eleição para o Parlamento Europeu deveria ser feita principalmente com partidos europeus, associados a partidos nacionais, e não feita por partidos nacionais que não fazem chegar aos seus eleitores o real projeto que irão defender dentro do partido europeu a que estão associados. Assim soma e segue a Europa a caminho de uma Federação, deixando alheados do processo os eleitores europeus das várias nações que compõe a Federação.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Incêndio em Paris, Notre Dame Está de Pé


É com tristeza que soubemos do incêndio que deflagrou na Catedral de Notre Dame de Paris, a Gótica Catedral que fora erigida no século XII, parecendo-me ser um mau presságio para a cultura e a civilização europeia e cristã. O incêndio ocorreu às vésperas da Páscoa cristã e das eleições europeias, num período conturbado da história francesa e da civilização europeia, precisamente no coração da cidade Luz, que hoje parece começar a apagar-se no século XXI. Não é pelo incêndio em si, mas pela perda do que Notre Dame representava com toda a sua simbologia.
Caiu em chamas o Pináculo da Catedral que permaneceu de pé, tal como esteve de pé durante nove séculos, e viu de pé o Rei Sol; foi a mesma que viu surgir a Revolução Francesa e a carta dos Direitos do Homem e do Cidadão, e na qual foi coroado Napoleão Bonaparte; viu ainda a Revolução Industrial transformar o país e a Europa, mais tarde, resistiu de pé e teimosa à invasão da Alemanha nazista e o desfile de Hitler, mas também viu o fim da II Guerra e o triunfo da democracia.
Testemunhou ao longo de séculos, as dores do seu povo e o triunfo dos seus líderes, mesmo dos que só lideraram na rua como na Revolução de Maio de 1968, a mesma Catedral que viu o auge de De Gaule e mais tarde a sua renúncia, a mesma que testemunhou a independência da Argélia e o retorno dos "Pieds noir".
A Senhora de Paris que se erguia alta e parecia dizer-nos que o seu tempo era a Eternidade, que foi sempre olhada orgulhosamente por toda a cidade luz e amada por todos, tanto franceses como estrangeiros, dos quais sobressaem Picasso com a sua famosa "Guernica" exilada em Paris, outros tantos pintores, cantores e escritores como Scott Fitzgerald ou Ernest Heminguay que retratou o ambiente da cidade que pare ele foi sempre uma festa. Hoje a luz das chamas apagou-se, e com ela o brilho da cidade luz, no lugar da festa dos tempos de Heminguay sobra a tristeza de um continente inteiro. Talvez este incêndio venha servir para acordar os franceses e os europeus para repensarem o caminho que querem trilhar, afinal apesar do incêndio Notre Dame está de pé para relembrar os seus 900 anos.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 9 de março de 2019

Dia Internacional da Mulher - 8 de Março


Eu poderia ter escrito este artigo anteontem, para dedica-lo a esta efeméride, também poderia tê-lo feito ontem, mas não, não quis escrever nada com o mero intuito de preencher um artigo referente a uma data que muitos celebram com rosas e discursos de praxe; preferi pensar, preferi refletir no verdadeiro significado para hoje do Dia Internacional da Mulher.
Revi sim, alguns textos que escrevi no 'Etcetera - o blog humanista' há alguns anos atrás, um dos quais com a imagem de uma afegã a pedir esmola nas ruas de Kabul, outro referia a situação de meninas que sofreram a mutilação genital em pleno Século XXI, ainda assim, preferi pensar e meditar no profundo significado do dia das mulheres neste 8 de março de 2019, dia que já poucos hoje sabem, do quão fatídico foi, para 125 mulheres operárias que foram vitimas mortais de um incêndio numa fábrica têxtil no ano de 1857 nos Estados Unidos da América, mais precisamente em Nova York.
Todavia, a morte de inúmeras mulheres ao longo dos tempos, não se limitou aos incêndios de fábricas em más condições, muitas morrem no próprio lar, que na calada da noite tornou-se um inferno pela violência sofrida em silêncio. No dia 7 de março de 2019, Portugal teve o Dia de Luto Nacional contra a violência doméstica, no ano em que no período de dois meses e uma semana foram assassinadas 12 mulheres. Ainda que os números fossem outros, e que só fosse uma a vítima mortal, ainda assim seria um número elevado, porque a violência doméstica não pode ser contabilizada pelas mortes, mas sim por todas as vitimas que estão ainda vivas.
Quando eu era criança, sentia que havia diferenças entre meninos e meninas, homens e mulheres, mas com o passar da pureza da primeira idade, começamos a perceber que não se trata simplesmente de diferenças, mas sim de um sistema e de uma mentalidade. A primeira vez que comecei a ouvir falar que as mulheres auferem salários mais baixos do que os homens, precisamente num país em que a constituição impõe que para um trabalho igual, terá de haver um salário igual, faz com que saber dessa realidade torne-se algo chocante, sobretudo para quem a sente na pele.
Ao pensar e refletir sobre o significado e do que pode ser este dia, para além de uma gentileza de 'oferecer flores' a uma mulher, é imperioso refletir de facto que há uma violência contra as mulheres, e essa violência não se limita às quatro paredes do lar, onde algumas sucumbem; falo de uma violência de género que tem a raiz, na cultura ancestral, perpetua-se pela violência económica da desigualdade salarial e pela violência de uma justiça e de um poder politico que têm sido impotentes em mudar a situação.
Acredito de facto que, só quando as pessoas começarem a olhar para os outros, ou seja os seus semelhantes e forem capazes de ver em cada um deles a imagem de si mesmo, deverá também ser capazes de ver em cada mulher a imagem da sua mãe, da sua irmã, da sua esposa e da sua filha, só quando nos virmos como iguais na diferença e deixarmos de lado o que há de violento na nossa cultura, então poderemos celebrar com alegria o dia 8 de março de todos os anos que venham, mas para isso, é preciso saber que sociedade queremos a partir do dia 9 de março.
Dedico este texto a todas as mulheres, mas em particular à minha jovem filha  Bia, que tem o futuro pela frente, mas também um mundo com os inúmeros desafios que pesam sobre as mulheres, não apenas pelas desigualdades salariais ou de oportunidades, mas acima de tudo pelas injustiças, um mundo no qual ser Mulher não é "pêra-doce".*
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*Pêra-doce: expressão idiomática portuguesa, que se utiliza para dizer que algo não é fácil.


Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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