Passados mais de 600 anos da renuncia de um papa, com o Cisma Papal do Ocidente no Séc. XIV dividindo a Igreja entre o Papado de Roma e o Papado de Urbano VI em Roma e o Papado de Clement VII em Avignon, tendo sido por fim nomeado um terceiro João XXIII (antipapa) para por termo ao conflito.
O que agora se passa é totalmente diferente, é uma Igreja no novo Século a tentar adaptar-se à realidade de mudanças rápidas e profundas que afetam, não só a sociedade, mas todo o mundo, da cultura religiosa à economia global, das dicotomias de um ocidente materialista e de uma cristandade em crise.
Bento XVI, numa atitude de coragem e de grande lucidez, anunciou que renuncia deixando o papado a dia 28 de fevereiro pelas 20h00 (hora local de Roma) em situação de "Sede Vacante" e será nomeado um conclave para a eleição papal. Mas deixa nas entrelinhas a necessidade de um Papa que possa ser capaz de conduzir com vigor e dinamismo os destinos da Igreja Católica em Roma e no Mundo.
Bento XVI, o Papa tímido, que não cativou as multidões como o seu antecessor, é no entanto um teólogo, cujo seu pensamento é profundo e avançado, e muito contribuiu para a reaproximação e reconciliação com o judaísmo, tendo sido o primeiro papa a pedir perdão oficialmente em nome de toda a Igreja pela inquisição e antissemitismo que o cristianismo no passado ajudou a propagar, e que tão sérias consequências ainda hoje persistem na mentalidade de muitos cristãos que desconhecem a origem judaica da Igreja de Jesus Cristo.
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