Ver o mundo e as pessoas pelo mesmo
prisma é mais uma forma de prisão, porque pode ser também o princípio de uma
mentalidade preconceituosa, a qual não vê as peculiaridades de cada um,
seja uma pessoa, um grupo, uma comunidade ou um povo.
É imperioso que saibamos respeitar
outros pontos de vista, não no sentido de ter obrigatoriamente que concordar
com os mesmos, mas sim o de sabermos nos colocar no lugar do outro, sobretudo
de tentar compreender o próximo no modo como é e vê o mundo, por outras
palavras urge eliminar o critério do julgamento tácito e por vezes tenaz que se
faz comummente na sociedade dos nossos dias, e que normalmente acontece de um
grupo, contra um indivíduo, ou de uma maioria contra uma minoria.
O nosso próximo, não é apenas o outro
ou uma pessoa diferente, é sim o outro, no seu todo, que é o resultado não só da sua vontade, mas
fundamentalmente de uma série de fatores e circunstâncias que lhe moldaram a
liberdade e o fizeram ser quem é, ou fazer o que as circunstâncias lhe
permitem. Ou seja o resultado de um processo natural, cultural, e também
social, sem este olhar a tolerância não terá o mínimo espaço para
emergir no meio de nós, pelo que não poderíamos provocar uma mudança
para a evolução do mundo que nos rodeia.
Todos nós somos em parte, fruto dos
nossos esforços, em nos cultivarmos e em termos uma consciência crítica sobre
nós mesmos e o mundo, ou a sociedade que nos cerca, não obstante, nem todos têm
tido a mesma capacidade ou sorte, há no mundo toda uma enorme quantidade de
flagelos e injustiças que em maior ou menor grau destroem e deformam a pessoa
humana.
Muitas pessoas rendem-se, já não
questionam nada, contudo estão desesperadas à procura de um emprego, de páo
para matar a fome, de uma solução que tardem em vir em seu socorro, e assim
tornam-se escravos do sistema globalizado, inconsequente, frio e desumano do
capitalismo renascido com a queda do Muro de Berlim.
As religiões, e em particular o cristianismo,
quer católico quer ortodoxo, criticam naturalmente qualquer socialismo materialista
e totalitário. Contudo também condena veementemente o capitalismo e o
neoliberalismo existentes hoje, que apesar do pragmatismo é nociva e acaba por
deformar a consciência das massas, para as tornar numa massa meramente submissa
e rendida ao consumismo.
O grito do Mundo para salvar o planeta,
poderá ser tardio se não for também o grito do mundo para acabar com a
globalização e o capitalismo, se não for também o grito do mundo para
salvaguardar os direitos e liberdades das pessoas e dos povos, mas a mudança
ansiada, ou mesmo necessária, não deve impor o fim de todo o conjunto da nossa
herança civilizacional milenar, nem deve subverter os valores
tradicionais, só porque são tidos como de uma outra era, para agradar ou as
massa ou interesses, movidos segundo a condução de uma batuta cujo móbil será
tão somente os interesses comerciais e financeiros cujo pano de fundo será a
moda ou a modernidade.
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