sábado, 9 de janeiro de 2016

Oito Séculos de Língua Portuguesa

O idioma português é hoje falado por 245 milhões de pessoas em cinco continentes e oito países, uma língua que ultrapassou em número o francês, o alemão e o italiano, só perde nas línguas ocidentais para o inglês e o espanhol.
Oficialmente comemoraram-se a 26 de junho de 2014 os 800 anos do surgimento do idioma português, mais conhecido como sendo o idioma de Camões. Idioma este que vindo da evolução do Galego, gerou o galaico-portucalense, o português falado pelo povo já existia antes de 1215, mas é nesse ano que é oficialmente dado como prova do seu nascimento a feitura de um documento escrito no português arcaico do século XIII, trata-se do Testamento do rei D. Afonso II de Portugal.
O português é um idioma românico, ou seja é neo-latino, que deriva do latim falado pelos romanos, tal como o castelhano (vulgarmente chamado de espanhol), o galego, leonês, catalão, francês, italiano, o romeno e também o sardo falado na Sardenha e o romanche da Suíça, estas são as línguas latinas faladas na Europa.
Através dos descobrimentos portugueses e espanhóis as línguas latinas estenderam-se para outros continentes, os portugueses levaram assim além da sua religião, leis, tradições, usos e costumes,  também o idioma lusitano. que foi adquirindo novas variantes ao longo dos tempos nos países onde se fixou, na América o Brasil, em África é falado em paralelo com dialetos locais, em Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, na Oceânia é falado em Timor-Leste a par do dialeto tétum, na Ásia foi muito usado como língua franca e oficial nas possessões de Goa, Damão e Diu, bem como em Macau até à entrega do território à China em 1999, hoje só uma reduzida parte dessa população fala o idioma de Camões.
Além da gramática (que é o que dá estrutura a um idioma), a maioria das palavras da língua portuguesa deriva do latim, mas também do grego, do árabe e também residualmente do lusitano; há contudo a presença de algumas palavras hebraicas, muito se espantam as pessoas ao assinalarmos o hebraico, mas a comunidade judaica na antiga Lusitânia romana era grande, muito antes de existir o islão e de haver a ocupação moura no sul da Península Ibérica, já os mercadores fenícios vinham-se abastecer às povoações costeiras da Lusitânia, onde encontravam com comerciantes judeus. Uma das palavras do hebraico que ainda hoje permanece no português é o cominho que deriva da palavra hebraica Kamon.
Para além disso o hebraico contribuiu através da igreja cristã do ramo católico, para manter vivas na língua portuguesa palavras como Javé ou Jeová, Páscoa deriva de pessach, de shabbat derivou-se para sábado, outros exemplos são Jubileu que vem de iobel, Aleluia, Ámen, querubim, serafim, Satanás vem de Satan, há ainda a influência nos nomes de pessoas como Gabriel, Rafael, Miguel, Joaquim.

Contudo vamos nos deter sobre a raiz das palavras romanas e gregas que fazem parte hoje dos vocábulos do idioma português.
Exemplos de Vocábulos com raiz de origem latina.
Agri
Campo
Agricultura
Arbori
Árvore
Arborizar
Avi
Avi
Avicultura
Beli
Guerra
Bélico, belicista
Capiti
Cabeça
Per Capita,
Cida
Que mata
Regicida, homicida
Cola
Que cultiva
Agrícola
Fide
Fidedigno, fidelidade
Forme
Forma
Disforme, sem forma
Frater
Irmão
Fraternidade
Loco
Lugar
Locomover
Ludo
Jogo
Ludopédio (futebol)
Mater
Mãe
Maternidade
Multi
Muito
Multifacetado
Oni
Todo, total
Onipresente
Paro
Produzir
Reparo
Pater
Pai
Paternidade
Pede
Pedestre
Pisci
Peixe
Piscicultura
Pluri
Vários
Plurianual
Pueri
Criança
Puericultura
Quadri
Quatro
Quadrilatero
Silva
Floresta
Silvicultura
Umbra
Sombra
Umbral
Voro
Comer
Devorar, carnívoro

Exemplos de Vocábulos com raiz de origem grega.
Aero
Ar
Aeronáutica
Agogo
Conduzir
Pedagogo
Antropo
Pessoa
Antropologia
Arqueo
Antigo
Arqueologia
Auto
Próprio
Autógrafo
Biblio
Livro
Biblioteca
Bio
Vida
Biologia
Caco
Mau
Cacofonia
Cali
Belo, bonito
Caligrafia
Cardio
Coração
Cardiologia
Cefalo
Cabeça
Eletroencefalograma
Cosmo
Mundo
Cosmopolita
Cracia
Regime
Democracia
Crono
Tempo
Cronologia
Demo
Povo
Democracia
Eco
Habitat
Ecologia, Ecossistema
Étimo
Verdadeiro
Etimologia
Fobia
Medo
Claustrofobia
Fono
Som
Fonética
Gastro
Estômago
Gastronomia, gastrite
Geo
Terra
Geografia
Grafia
Escrita
Caligrafia
Hemo
Sangue
Hemodiálise
Hidro
Água
Hidráulica
Hipno
Sono
Hipnose
Hipo
Cavalo
Hipódromo
Homo
Igual
Homogéneo
Lito
Pedra
Litosfera
Mega
Grande
Megalopole
Metro
Medida
Cronometro
Micro
Pequeno
Micro-ondas
Morfo
Forma
Morfologia
Necro
Morto
Necrotério
Neo
Novo
Neologismo
Orto
Certo
Ortografia
Pato
Doença
Patologia
Poli
Muitos
Poliglota
Pseudo
Falso
Pseudónimo
Psico
Alma
Psicologia
Taqui
Acelerado
Taquicardia
Teca
Coligir
Biblioteca
Tele
Longe
Telefonia
Teo
Deus
Teologia
Termo
Calor
Termómetro
Trofia
Desenvolvimento
Atrofia
Xeno
Estrangeiro
Xenofobia

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Glossário Básico para Bloggers

404 = Código de erro ao aceder uma página de um blog ou site.
Adsense = Adsense é a plataforma do Google na qual o Blogger gere e monitoriza as receitas de publicidade.
Artigo = O mesmo que post, vem do termo latino, Posta, ou correio, envio.
Balão de ensaio – Notícia sem fundamento, boato.
Banner = Faixa publicitária ou indicativa do blog, nomeadamente no cabeçalho.
Barriga - Notícia não verídica publicada na imprensa, geralmente com grande alarde e sem má-fé, na tentativa de furar os concorrentes. 
Blogchalk = Identificação do blogger através de um pequeno texto com imagem do autor e alguns dados biográficos do mesmo. Essa prática dá alguma credibilidade ao autor e também ao blog, ou seja em linguagem popular é o mesmo que dar a cara e assumir a responsabilidade pelo que se escreve e publica.
Blogger = o autor de um blog
Blogosfera = espaço virtual onde se encontram os blogs, rede virtual
Blogroll = Caixa ou coluna lateral do blog, onde se encontram a lista de blogs do mesmo autor, ou de outros blogs por ele selecionados.
Buraco = Fato que ocorre quando os textos e fotos ou ilustrações não são suficientes para preencher um espaço previsto
Cabeçalho = Parte superior do blog onde se encontra o nome do blog (título) e o logótipo.
Cliping = Seleção e recorte de notícias sobre a empresa, ou sua área de atuação, a partir da leitura e acompanhamento dos jornais diários, revistas semanais e de publicações especializadas.
Close – É uma foto cheia, em que se destaca o rosto da pessoa fotografada.
Cobertura - Acompanhamento e apuração de um ou mais fatos, para transformá-los em notícia. Pode ser realizado por um ou mais repórteres, dependendo da importância e amplitude do fato para o veículo que pretende publicá-lo.
Corpo do texto = É o texto escrito em si, com todas as suas partes, título ou mancha, leade, desenvolvimento e conclusão.
Coworking =  é um modelo de trabalho que se baseia no partilha de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação.
CSS = Linguagem informática muito utilizada na construção de sites e de blogs, convém que os bloggers mesmo não sendo informáticos ou programadores, saibam um pouco da linguagem de programação usada no seu blog.
Dashboard = É a página de monitorização e edição do blog, quer seja no Blogger, no WordPress ou no Tumblr entre outros, todos os blogs têm necessariamente um Dashboard de edição.
Dead Line = Prazo limite para a edição de um texto, de acordo com a pertinência do mesmo.
Design = Aparência gráfica do blog, o modo como está organizado, o modelo (template) e as imagens que ilustram os temas, tudo isso faz o conjunto do design.
Domínio = É o que identifica um conjunto de sites a partir do qual é criado o URL, normalmente os blogs não têm domínio próprio, utilizando a plataforma de hospedagem.
Etiquetas = O mesmo que labels ou tags.
Favicon = É o ícone que se utiliza para o blog, cada blog utiliza como padrão mesmo da plataforma ou hosting, no entanto pode criar o seu próprio favicon e assim aparecerá no topo dos separadores das páginas web
Feed = Alimentar, com informação os leitores de um blog ou site, normalmente através de caixas numa coluna lateral do blog, pode ser relativa a noticias, como a reações e comentários dos leitores nas redes sociais ou ainda o próprio blogroll.
Formulário de contactos = Página fixa no blog, onde os leitores poderão escrever e enviar mensagens. Pode colocar-se também um endereço de e-mail próprio do blog.
Freelancer = termo inglês para denominar o profissional autónomo que se trabalha por conta própria ou como autónomo, e o faz através de diferentes empresas ou orienta os seus trabalhos por projetos, captando assim os clientes.
Header = É o cabeçalho do blog, na programação em HTML, por vezes é preciso fazerem-se algumas modificações de programação no template.
HTML = Linguagem informática utilizada na construção e edição de um blog, em inglês Hyper Text Markup Language.
Hosting = Literalmente é a hospedagem, onde se guarda um blog e toda a sua informação, o Blogger.com ou o WordPress também são eles mesmos os Hosts dos respectivos blogs, mas não obrigatoriamente, pode ter a sua própria hospedagem a partir de um servidor.
Label = Literalmente etiqueta, equivale a Tag, ou seja são palavras que direcionam e auxiliam os motores de busca na escolha do seu blog, pois descrevem o assunto e o tema de um artigo, se não colocar tags ou labels no seu blog, ele não será visto.
Lead = é o resumo do facto, ou os chamados 5 w's do jornalismo, who, what, when, where, why and how, ou seja, Quem? o Quê? Quando? Onde? Porquê? e o Como?
Legenda = Texto que descreve uma fotografia, normalmente é colocada abaixo da imagem, mas pode também ser como uma nuvem, uma palavra que aparece automaticamente com o cursor do rato.
Link = uma hiperligação através de uma palavra ou de um botão que direciona o leitor para um outro artigo ou uma outra página da web, também chamado de Hiperligação. 
Mancha ou Manchete = É o nome que se dá ao título de um artigo, normalmente deve ser curto, pois tem uma importância fulcral para atrair leitores e cativa-los.
Menu = Menu é uma barra horizontal, que desliza e subdivide-se em outras opções, através dessa barra o leitor tem acesso direto a quase todos os temas abordados no blog, abrindo-se janelas onde aparecem opções de artigos da opção escolhida.
Nuvem = A nuvem é o conjunto de palavras colocadas no blog, ou num site, com as etiquetas ou tags, normalmente está por ordem decrescente, o termo também é aplicado a imagens que servem de ilustração de artigos a partir de uma nuvem de palavras do mesmo assunto.
Podcast =  arquivo de audio digital publicado através de um feed RSS para a utilização.
Post = Artigo escrito no blog
Press release = comunicado de imprensa, feito por uma pessoa ou empresa para um jornalista.
Redes Sociais = Plataformas de relacionamento e contacto pessoal, profissional ou educativo que são um excelente meio de divulgação de sites e blogs, para transmitir ideias ou vender produtos. Hoje nenhum blog, site ou empresa pode dar-se ao luxo de menosprezar o Facebook ou o Twitter.
Revisão = Uma das mais importantes atividade de um blogger, seja profissional ou amador, a revisão é importante para amadurecer um tema e evitar que a mensagem contenha erros, o que afasta os leitores. Outra forma de revisão é reutilizar posts antigos e atualiza-los com informação adicional.
Rodapé = Parte inferior do blog, com alguma informação adicional, pode conter um simples agradecimento pela visita, um questionário aos visitantes sobre o que acha do blog, entre outras variadas hipóteses.
RSS = Rich Site Summary, é o mesmo que feed, no entanto enviado pelo blog para os leitores através da assinatura destes por e-mail, o RSS é um agregador de informação, é o modo pelo qual se enviam os Newsletters de empresas e de blogs.
SEO = termo que em inglês é Search Engine Optimization, quer dizer Otimização de Motores de Busca.
Sidebar = coluna lateral
Slideshow = Comummente é o conjunto de imagens agregadas num formato de visualização online partilhada no blog, e que permite adicionar mais de uma imagem a um artigo (post) também utiliza-se com slideshow a apresentação de trabalhos de PowerPoint, tal como utilizados em palestras ou seminários. O slideshow é uma ferramenta que enriquece muito o conteúdo de um blog.
Stand By = textos que aguardam edição, textos na gaveta para se publicar em qualquer época ou num momento mais propício.
Template = modelo, aspecto gráfico do blog.
Tagboard = mural onde os leitores/visitantes deixam comentários.
Texto final = É literalmente o texto final com que um artigo é editado após a revisão, na maioria das vezes um artigo é editado e passa por várias reedições até ficar com o seu texto final e atualizado.
Tipo = Letra, o tipo de letra é fundamental para que se possa comunicar com clareza e facilidade. O tipo de letra facilita a leitura e a identificação do tipo de site ou blog. Normalmente utiliza-se o Arial para edição do corpo do texto, e pode-se utilizar outra letra para a edição do título ou Mancha.
Título = Nome dado à manchete do artigo, embora também é comum entender-se como o nome de um blog.
Troll = Individuo que  faz comentários nas redes sociais ou nos blogs de forma inapropriada e inconveniente, na maioria dos casos propositadamente, trata-se de indivíduos que se divertem a fazer comentários jocosos dos artigos e dos seus autores sem nenhuma razão aparente.
URL = Uniform Resource Locator, é o endereço que permite o acesso a uma página web ou um blog entre outro recurso informático.
Widget = Uma componente gráfica ou de multimédia inserida num blog, por vezes são chamados de gadgets, um exemplo de um Widget é um tradutor de texto para facilitar a leitura em outros idiomas, pode ser um calendário com datas de eventos, entre outros.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

30 Anos de Portugal na União Europeia

Trinta anos passaram após a adesão de Portugal e Espanha à CEE, Comunidade Económica Europeia, era então o inverno primaveril para os portugueses radiantes de chegar ao seio europeu do Mercado Comum tão almejado, era 1 de janeiro de 1986, o dia da entrada oficial após uma atribulada reviravolta política com contornos caricatos e bastante curiosos que poucos hoje se lembram ou querem lembrar, mas há também que fazer o saldo dessa adesão, quem saiu a ganhar e quem perdeu?
No ano de 1976, após as primeiras eleições legislativas e da formação do I Governo Constitucional (na altura com maioria relativa) liderado por Mário Soares do Partido Socialista, inicia-se o processo de pedido de adesão, poucos sabem mas esse já era o projeto ambicionado pelo ultimo PND do governo de Marcello Caetano, mas esbarrava sempre devido à inexistência de liberdades democráticas quer na então metrópole quer nas suas províncias ultramarinas que tencionavam libertar-se; A pedido do governo português, o FMI intervém em Portugal pela primeira vez em 1977, não por o país estar economicamente mal ou à beira da bancarrota, mas para apurar os ajustes financeiros e económicos, advindo do atraso politico económico e social que o Estado Novo havia imposto ao país.
Ainda nos anos 70, e após a queda dos dois governos de Mário Soares, um dos quais em coligação com o CDS de Freitas do Amaral, dá-se inicio à fase dos governos de iniciativa Presidencial do General Ramalho Eanes, culminando no primeiro governo maioritário da Aliança Democrática liderada por Sá Carneiro que também pretendia a modernização da economia e da sociedade portuguesa bem como a entrada do país na CEE.
Na degradação política da AD após a morte de Sá Carneiro, o PS volta ao governo com Mário Soares, mas sem a maioria, pelo que se forma o Bloco Central, coligação de governo entre o PS de Soares e o PSD de Mota Pinto, ai o projeto é ambicioso, arregaçam-se as mangas, e mais uma vez Portugal prepara-se com determinação para a adesão ao Mercado Comum, o FMI volta a Portugal, para serem colocadas em dia as contas, claro que havia uma crise e era preciso recuperar a economia e relança-la, haviam acertos a fazer e as medidas foram também austeras mas eficazes, não estava em causa senão a adesão a um mercado exigente e altamente competitivo, não se tratava de uma bancarrota eminente ao nível do que aconteceu recentemente com os gastos públicos de países como a Grécia e Portugal, em que os deficits são muito superiores à receita.
Posto isto, resta salientar, que Mota Pinto afastara-se por doença, de tal modo que um dia após a assinatura em do tratado de adesão à CEE no Mosteiro dos Jerónimos a 13 de junho, os ministros do PSD demitem-se em bloco, o governo do Bloco Central cai, devido à nova liderança do PSD surgida no congresso da Figueira da Foz em maio daquele ano, era Cavaco Silva, que ao impor o rompimento com o Bloco Central faz cair o governo e no Parlamento indica que os deputados do seu partido tenham um só sentido de voto, o de votar contra a adesão à CEE; Mais tarde nas eleições de 6 de outubro, o PSD vence com apenas 29%, e Cavaco Silva, o homem que votara contra a adesão, seria o Primeiro Ministro a beneficiar do trabalho realizado por Mário Soares e Mota Pinto durante o governo do Bloco Central.  
No mês de janeiro Portugal adere formalmente à CEE, e nesse mesmo mês realizam-se as eleições presidenciais nas quais é eleito Mário Soares, o político que mais tinha trabalhado em prol da adesão de Portugal. Dessa coabitação política surge uma presidência um tanto apagada, os primeiros anos há uma explosão de desenvolvimento e consumo no país, e os preparativos para a adesão também à moeda única, então denominada de ECU, hoje o Euro.
História à parte, resta-nos analisar os resultados, mas antes primeiro é preciso que se tenha em conta, qual o modelo económico adotado, e quais as consequências desse modelo para a economia e a sociedade portuguesas, havendo de facto um dado importantíssimo para compreender as mudanças políticas e ideológicas no seio da União Europeia, trata-se do antes e do depois da queda do Muro de Berlim, a decadência do comunismo soviético e a unificação alemã, colocam em xeque o Welfare state surgido após a II Guerra Mundial, e que recebeu o nome dos 30 Gloriosos, ou seja os 30 anos de paz, prosperidade e justiça social, que tentaram contrapor a promessa comunista vinda de leste, o capitalismo de rosto humano como era entendido, sabia que tudo era uma questão de tempo, o monstro russo como lhe chamavam, iria ruir, e ruiu, após isso a Europa muda de paradigma, de uma social-democracia keynesiana para o neoliberalismo.
Liberalismo esse que é idealizado a partir de 1947/8 pelo austríaco Friederich von Hayek e o estadunidense Milton Friedman, acreditavam que o Welfare State defendido pelo programa dos Trabalhistas britânicos do Labor Party, levaria ao cerceamento das liberdade individuais e que era um programa eleitoralista demagogo e demasiado coletivista, essas ideias que ambos defenderam vieram a influenciar o republicano Ronald Reagan e a conservadora Primeira-Ministra britânica Margaret Thatcher, desenvolvendo políticas neo-liberais, a partir dessa época em diante a influencia dos tecnocratas e dos neoliberais dentro da aparelho da UE união europeia tem vindo a aumentar com a formação do PPE Partido Popular Europeu, impondo políticas às quais os socialistas europeus do PPE pouco ou nada podem ou conseguem fazer contra diretrizes e normativas a que os estados se obrigam a respeitar e cumprir, que mais não são do que a pratica de um programa ultraliberal que visa desmantelar os Estados e privatizar todos os setores da economia em cada um dos países.
Cavaco Silva adotou o liberalismo, apostando na privatização, ainda que lenta, porque era necessário passar pelo crivo legal, pelas sucessivas revisões constitucionais, não só as que permitiram a privatização dos bens públicos, mas também as que acabaram por pôr em causa o estado social e os direitos conquistados com a Revolução dos Cravos em 1974. Para além disso, o país, adotou um modelo económico assente num tripé perigoso, 1.º) a Construção civil e a especulação que dela saiu; 2.º) a Banca e o sobreendividamento das famílias e das empresas, acabando por fim, com a falência de vários bancos após a crise do Subprime, que por sinal ainda não acabou; 3.º) as PPP's, ou seja o setor dos serviços entregue a privados das Parcerias Publico-privadas, que se traduziu no maior erro económico que algum país europeu já tenha cometido, e quem paga? É simples responder, serão as próximas três gerações futuras a ter que pagar os erros que se cometeram desde há 30 anos para cá, e sem sabermos afinal para que serviram e onde foram parar os fundos comunitários avaliados em 9 milhões de euros por dia.
Nesse sentido, ainda que as politicas adotadas em Portugal pelo governos de Cavaco Silva, tivessem trazido algum crescimento inicial, as escolhas adotadas não foram felizes como vimos no exposto acima, não é preciso muita retórica, porque hoje a realidade social do liberalismo cavaquista adotado em Portugal está à vista desde 1985, com os piores resultados sociais e económicos, dados estatístico publicados nos principais diários portugueses como o Público ou o Diário de Noticias, revelam que os portugueses hoje tem uma qualidade de vida equivalente ao ano de 1990, ou seja, em 1986 avançou-se 4 anos de qualidade de vida, de lá para cá, o país progride mas os cidadãos comuns, têm uma qualidade de vida estagnada, equivalente ao que era há 26 anos atrás, num país que é mais fácil vender um Ferrari do que um carro citadino comum, ora isso revela-nos claramente uma grave inversão das conquistas sociais, num país em que os pobres e os trabalhadores, pagam impostos para salvar bancos, da mesma maneira que pagam para além dos impostos, as taxas para poder usufruir dos cuidados de saúde básicos, como se de um luxo se tratasse.
Para além de tudo isto, resta saber, se de facto a adesão à Moeda Única (Euro) não terá sido também mais um erros estratégico, até porque se há uma grande falha nas politicas económicas elaboradas pelos governos de Cavaco Silva, é precisamente isso, a falta de um projeto nacional de longo alcance e abrangente a todos os setores da sociedade. Só por essa falha Cavaco Silva impôs aos portugueses 30 anos perdidos dentro da União Europeia, agora é tentar remediar e fazer planos com o que ainda se poder, e o que se pretende para o futuro.
Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Janus - Olhar o Passado e Perspetivar o Futuro

Janus, era uma divindade romana, que simbolizava a época que vivemos nos dias hoje, ou seja, das calendas,  do inicio de um novo ano, de uma nova fase, Janus é representado com uma cabeça com dois rostos, sendo que um olha o passado, o outro vislumbra o futuro, duas atitudes humanas e que são complementares, porque necessitamos relembrar o passado para perspetivar o futuro, o que nos espera e o que queremos ou poderemos construir.
O ano de 2015, foi marcado pelo terrorismo, marcadamente pelos atentados em Paris logo no dia 7 de janeiro contra o Charlie Hebdo, perpetrados pelo Estado Islâmico também denominado de Daesh, mais tarde volta a acontecer outro atentado a 13 de novembro em vários locais de Paris e com um saldo de 140 mortos e mais de 300 feridos. A Europa em choque pelos atentados e pelas reações que fizeram da Frente Nacional (FN) o maior partido de França nas eleições regionais.
Ainda em janeiro a Grécia faz tremer a Europa e o Euro, o Syriza de Tsipras derruo com a opeus o mais hostil foi o português, acabando num referendo e em nova negociação da divida. Tsipras caia mas era reeleito com maioria, pagar a divida sim mas não às custas da dignidade dos cidadãos.
Na Arábia Saudita é condenado a mil chicotadas o Blogger Raif Badawi, devido a posts que colocara no seu blog em prol de mais democracia. Angola não fica atrás e prende 16 jovens que apenas se reuniam para partilhar ideias, forma presos em prisão preventiva, um dos quais o musico Luati Beirão faz greve de fome e põe a nú a falta de liberdades democráticas que se vive naquele país lusófono.
No Brasil, Dilma reeleita não tem descanso devido aos casos de corrupção em que supostamente a Presidente Dilma, o vice-Presidente Temer, e o ex-presidente Lula estão envolvidos, acusações que se somam e seguem com intuito da oposição maioritária no parlamento é destitui-la como foi feito com Collor de Mello em 1992, quem sofre é a economia e a credibilidade externa do Brasil. 
Na Venezuela Maduro intensifica a sua autocracia, mas perde nas eleições legislativas para a oposição que ocupa agora dois terços do Parlamento, e pretende retomar o poder pela via democrática e devolver as liberdade políticas então perdidas nos excessos do Bolivarianismo.
Das personalidades que nos deixam, saliento a ex-primeira dama de Portugal Maria Barroso, mulher de Mário Soares, que foi uma grande humanista e lutadora não só pela democracia como pela dignidade dos mais desfavorecidos. Lamento ainda a perda do grande escritor e pensador uruguaio Eduardo Galeano.
No entanto não é possível deixar de referenciar o drama dos refugiados sírios e do menino Ayilan, que arriscam as vidas no mar Mediterrâneo e às centenas de milhares transformaram-se no maior drama que a Guerra da Síria gerou, a Europa desde este fenómeno nunca mais voltará a ser a mesma, só havendo um caminho, o da integração, do acolhimento e do respeito mútuo entre culturas. A Europa está a ser transformada num Melting Pot multicultural, multiétnico e multirreligioso, de povos europeus autóctones, teremos os novos europeus mais morenos, com outra cultura, espera-se que os valores mais preciosos que a Europa construiu sejam os mesmos que permitam trilhar o caminho para se chegar a bom porto, que é longo, demorado, dificílimo, cheio de sacrifícios de parte a parte, mas inevitável que se faça pela tolerância e pelo amor ao Ser Humano acima de tudo.
Para 2016, aguarda-se um novo Presidente nos Estados Unidos, e ver o que isso irá influenciar para a Paz no Médio Oriente, de Washinton poderão vir bons ventos ou tempestades consoante a agenda política definida a partir de novembro, até lá Obama regerá o ano 2016, num tabuleiro de xadrez também há jogadores como a Rússia, a China, a Síria, a Turquia e o Irão no que concerne à Guerra da Síria.
Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Poema # 58 - Pequenino

Vou ser pequenino, já amanhã.
Quero passar despercebido no fundo
E ser eu mesmo logo pela manhã,
Só assim caberei no meu mundo.
Não vou mais sonhar alto, não.
Sonho só com o que me cabe na mente,
E quanto o que me nasce no coração.
Pisar seguro o chão e olhar de frente.
Vou ser simplesmente o que sou,
E dar meus passos noutra direção,
Mesmo sem saber para onde vou
Vou ser pequenino, por vocação.
E à noite minha mente desperta,
Vagueia nos sonhos e procuro-me
Na palavra dita, na palavra certa,
E só, diante de ti, descubro-me.
Amanhã, serei quem sou,
Pequeno e despercebido ser,
Que sabe que em tudo procurou,
Aprender a encontrar sem perder.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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