É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Ultra-som, televisão
Desembarque
Na
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança