sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Terceira Idade e a Violência Doméstica

Introdução

"Na juventude deve-se acumular o saber,
Na velhice fazer uso dele."
Piotr Kropotkin

Os maus tratos infligidos aos idosos, refletem uma assustadora realidade, que ano após ano, tem vindo a ser abordada com maior clareza e preocupação por parte das autoridades e população em geral, e é todavia no silêncio, que sofrem os maus tratos, muitas vezes impunes.

Há que frisar no entanto, que verdadeiramente não é um fenómeno novo[1], há deveras uma maior incidência percentual, e a somar-se a isso deve-se ter em conta o facto de o modo como se encara a violência doméstica e o que se passa dentro do lar é encarado hoje de forma radicalmente diferente e por vezes permissiva.

O presente trabalho aborda também o papel dos familiares, cuidadores, instituições de solidariedade social, assistentes sociais, gerontólogos, enfermeiros, e a sociedade em geral de uma forma pertinente, até porque os dados que tem vindo a público, informam o aumento da violência contra as pessoas idosas.

O Jornal de Notícias, na sua edição de 7 de outubro de 2010, noticiava: "Maus tratos a idosos mais que duplicaram", continuando o jornal dizendo que "de 2000 a 2009 os crimes contra idosos teriam tido uma subida de 120% (...) todos os dias, dois idosos em média, são vitimas de maus tratos de algum tipo, desde violência fisica, emocional, passando pelos abusos financeiros", informação referida no jornal nortenho seguindo os dados fornecidos pela Associação de Proteção e Apoio à Vitima (APAV).

O crescimento da violência e maus tratos contra pessoas idosas, é acompanhado simultaneamente com alterações profundas nas sociedades pós moderna, com uma visão altamente competitiva e consumista, que veio influenciar, em muito, a definição do rumo e paradigmas que culminaram nas mudanças estruturais ora vigentes, tanto do ponto de vista político, sócio económico, como cultural e por fim refletindo-se nas mudanças tecnológicas, que vieram imprimir à sociedade pós-moderna um cunho vincadamente excludente de tudo o que não seja voltado para a cultura hedonista, baseada no efémero, na rapidez, na eficiência, no lucro, na moda, no novo e no belo, em que os idosos não são tidos em conta, esquecendo-se que a Terceira idade ativa e bem sucedita, numa relação de intergeracionalidade tem e terá muito ainda a contribuir para a sociedade, com a sua sabedoria e experiencia de vida.


Uma das grandes mudanças sócio económicas, que se sentiu a partir dos anos 60 do Século XX foi sem sombra de dúvida, o crescimento do Demográfico da População Idosa, e sobretudo, estando acompanhado por uma queda na natalidade, fez aumentar o peso dos idosos na soma da população total, somam-se ainda as melhorias das condições de vida, no aspeto económico e o referido jornal e a APAV, alertaram que a violência contra idosos ocorre em certos casos de maneira subtil, sendo desapercebida ou inclusive aceite e tolerada na sociedade, pelo que se deve combater contundentemente e promover a integração intergeracional, a justiça e a solidariedade.



1 – Resumo


“A Idade não é decisiva;”
O que é decisivo é a inflexibilidade,
Em ver as realidades da vida
E corresponder a elas interiormente”

Max Weber

Este trabalho, realizado no âmbito da Cadeira de Introdução à Gerontologia, aborda o tema da Violência e da Negligência Parental na Terceira Idade, entendendo-se por violência todo e qualquer maltrato, quer de cariz físico, psicológico e moral, bem como a negligência às necessidades da pessoa idosa desde cuidados de saúde, alimentação, passando pelo controlo e abuso financeiros, isolamento intencional do idoso e também por fim o abandono.

Abordamos aqui de uma forma sucinta, sem no entanto descurar dos pontos chaves de que trata a gerontologia, e nesse sentido iremos necessariamente abordar a conexão e convergência de ação entre a gerontologia e a praxis do Serviço Social, tendo em conta a necessidade de definição de conceitos essenciais para compreender, estudar e desenvolver ideias no combate ao fenómeno dos maus tratos em pessoas idosas.

No estudo de caso, descrevemos ainda a história verídica e problemática de uma ocorrência de violência doméstica e maus tratos continuados, cometidos contra uma pessoa idosa, (…)[2] no seio familiar, o que aliás é na maioria dos casos onde ocorre este fenómeno.

Falamos ainda através da falência progressiva do sistema de cuidados informais baseados em laços familiares, amizade, vizinhança, como eram os bairros antigos e como ainda se vê em alguns locais de Portugal, que faz nascer a necessidade de promover uma assistências adequada mas cada vez menos, tendo a família alargada deixado de lado com as alterações sociais ao longos do século XX, passando a ser uma família nuclear em média de dois filhos, mas já comumente de filho único, ou de famílias monoparentais, em que só o existe o progenitor e o filho, trazendo consequências a longo prazo pelo envelhecimento da população no topo e na base, também há cada vez mais pessoas a viverem sozinhas e estamos aqui a falar de todas as faixas etárias.

Roger Fontaine afirma no seu livro: “Psicologia do Envelhecimento” “a manutenção da participação social, é condição de uma velhice bem sucedida” e acrescenta que há uma “reforma-reivindicação – o reformado conterta o estatuto de velho na sociedade (...) os idosos deveriam unir-se e constituir um grupo de pressão”.[3]

Palavras Chave: Maus Tratos, Solidão, Abandono, Negligência parental


2– Introdução

"Cada fracasso ensina ao homem
algo que necessitava aprender"
Charles Dickhens

O presente trabalho, vem abordar o tema da violência e os maus tratos infligidos contra pessoas idosas, e retrata no Estudo de Caso a ocorrência de violência doméstica, sofrida por uma senhora idosa, e que fora perpetrada por um familiar, trata-se de um caso verídico em que os nomes dos intervenientes em causa, são alterados com o intuito de mantermos o respeito pela identidade e privacidade dos mesmos, mas que achamos necessário para de uma forma clara compreender-se a dimensão das consequências do fenómeno, trata-se pois de um caso em que a vitima suportava em silêncio os maus tratos sofridos, tendo no entanto tomado a decisão de se defender, quando a violência tomou proporções insuportáveis e atingia já outros membros da família, o que nos leva a crer que agindo assim por medo e pressões psicológicas as vitimas são muitas mais do que alguma vez as estatísticas e os relatórios das autoridade possa ter.

Com o objetivo de melhor compreender o fenómeno da violência, ou mesmo simplesmente da vivência dos idosos, da sua situação de saúde, solidão entre outros aspetos, foi realizado um conjunto de entrevistas que serão apresentadas em power point.

Definimos o conceito de Maus Tratos, seja de caratér físico, psiquico, abuso sexual, abuso financeiro ou seja ainda por negligência parental, de modo a abordar com clareza as dimensões que afetam a vida da população idosa enquanto vítima, e da sociedade enquanto portadora deste mal, fazendo com que tenhamos de compreender o fenómeno na sua origem, para elaborar e promover a proteção das vítimas, levando à justiça os criminosos e realizando dentro de um espírito de humanismo a praxis do Serviço Social.

Este tema da Violência contra as Pessoas Idosas, foi amplamente debatido no 3ème Congrès de l’AIFRIS – Association Internationale pour la Formation, la Recherche et l’Intervention Social,[4] que se realizou em Hammamet, Tunísia de 21 a 24 de abril de 2009, e no qual também se abordou a natureza do vinculo inevitável e fundamental entre a Gerontologia e o Serviço Social de modo multidisciplinar, onde afirma “A acividade dos assistentes sociais, direcionada para as populações em situação de fragilidade social, é suportada pela estrutura sócio cognitiva e pela forma identitária que alimenta o seu saber agir (...) estabelece uma dialética permanente entre a ação e o esforço de compreender e conhecer esse saber e agir” apoiado claramente pela gerontologia no intuito do serviço social se fazer presente no socorro aos idosos e a todas as populações alvo.

Tal como qualquer outra dimensão humana, a Velhice é um construto social, e é na diferença cultural, de época para época e de lugar para lugar que a definição do que é o idoso ou o envelhecimento, que se categoriza e encara a Terceira Idade de formas diferentes.

Urge criar condições de dignificação e integração das pessoas idosas na sociedade, de modo intergeracional positivo e criativo. A sociedade é de todos e para todos.


3 – Definição de Maltrato e Violência Doméstica


“É uma infelicidade que existam tão poucos intervalos
Entre o tempo em que somos demasiadamente novos
E o tempo em que somos demasiadamente velhos”
Montesquieu

Por maus tratos podemos definir, toda a situação intencional, que cause danos quer reversíveis ou não ao idoso (bem como qualquer vitima de violência ou maltrato) e podem ser praticados de diversas formas, que abaixo indicamos.

No entanto a definição não é universal e suscita várias controvérsias por entendimentos diferentes, no entanto é ponto pacifico que é um fenómeno com reconhecimento como problema social, mas não diferem muito do que acima foi citado e do que abaixo assinalamos.

A maioria dos casos é praticado por familiares dentro das paredes do lar, mas há casos que é praticado por estranhos, estando os idosos a cuidado de terceiros em instituições como lares etc.

- Maus Tratos Físicos
- Maus Tratos Psicológicos
- Negligência Parental
- Abuso Sexual
- Abuso Financeiro

A vulnerabilidade e mais ainda a forma como é encarada e entendida a velhice e o envelhecimento como construtos sociais, repercutem a existência da violência e dos maus tratos em determinados casos.[5], Isabel Dias, diz ainda que associado ao envelhecimento encontra-se o fenómeno dos maus tratos., pois o estatuto da velhice  não é conquistado pelo idoso, não é no entanto igual o fenómeno e em Portugal não há dados suficientes para fazer-se um levantamento da realidade da violência doméstica contra o idoso, dos maus tratos, do abandono e abusos de diversa ordem, pelo que o fenómeno é diferente de país para país, por exemplo na Austrália, Canadá, Inglaterra e Irlanda do Norte, o fenómeno da violência contra idosos oscila entre 3% a 10%, por exemplo no Canada 55% dos casos denunciados eram de abandono, 15% de maus tratos físicos e de 12% de abusos financeiro.[6]

4 – Estudo de Caso
“Honra teu pai e tua mãe,
a fim de que tenhas vida longa na terra,”
Êxodo 20.12

Processo familiar (Estatuto de vítima Art.14 da lei nº 112 2009 de 16 de Setembro) Dados do atendimento.

O pedido da própria foi efectuado um atendimento social no qual a D. Miquelina (nome fictício), expôs a sua situação actual. A D. Miquelina e seu filho Pedro, portador de síndrome de DOWN estão a viver numa casa cedida pela sua irmã, escondidos, por ter sido alvo de ameaças de morte por parte do seu ex-companheiro. Foi vítima de maus tratos físicos e psicológicos por parte deste companheiro que continuava a aborda-la bem como ao seu filho. Este indivíduo, segundo relatos da própria tem problemas de alcoolismo. Apresentou queixa dia 11 de Novembro de 2011 e foi acompanhada para a APAV (Gabinete de Apoio a Vitima de Cascais) onde se encontra em acompanhamento desde essa altura. Dado o contexto da violência, a senhora, foi aconselhada pela equipa da APAV a abandonar a casa onde residia para um local desconhecido pelo agressor. Foi pedida pela mesma a ajuda dos bombeiros para o transporte dela e do filho derivado aos problemas financeiros que atravessa e também como uma medida de segurança pelo que foi bem recebida pelos bombeiros de cascais.

O projecto de vida desta senhora passa pela fuga definitiva para os Açores, onde reside a sua filha mais velha. Com o acompanhamento da família residente na ilha pensa conseguir organizar a sua vida. Esta filha é também tutora do Pedro. Refere que a família já procurou casa para os dois e assegurou uma habitação dando um sinal, onde podem entrar a partir de Fevereiro de 2012. A casa onde se encontram actualmente esta penhorada ao banco e por isso a qualquer momento tem que abandonar, a D. Miquelina vem solicitar ajuda para a compra dos bilhetes de ida para os Açores, para acabar com este sofrimento que tem passado pelo que a idade já não ajuda (69 anos) e ficando perto da filha sempre pode contar com alguma ajuda e ajudar também a filha porque não gosta de estar dependente e quer sentir se segura para seguir a sua vida.

A D. Miquelina afirma que durante estes longos 20 anos de sofrimento, só tinha aguentado a violência pois esta não afetava o seu filho e “(…) desde à 2 anos que tem piorado tanto para mim como para o meu filho, por isso já não aguentei e tive que largar um homem que bebia ate cair para o lado e que me chegava a bater com o cinto e um cabo de electricidade que tinha. As marcas ainda hoje permanecem no meu corpo e no do meu filho, acho que nenhuma mulher e criança merecem os horrores que eu vivi. Cheguei a estar com uma faca fincada no meu pescoço (…)”

5 – Os Maus Tratos em Idosos - Estatísticas

"O segredo de uma velhice agradável
consiste apenas na assinatura de
um honroso pacto com a solidão"
Gabriel Garcia Marquez

O fenómeno da violência doméstica contra idosos, não é novo, mas tem se agravado, com o aumento do envelhecimento demográfico que no topo quer na base, gerando problemas e desafios necessários para promover a inserção dos idosos, penalizar o crime e combater o isolamento social a que muitos estão votados, para tal  urge fortalecer as redes sociais de relacionamento de proximidade e de familiares.

Na Europa dos 27, em 2008, houve um crescimento de 17% da população com mais de 65 anos de idade, e uma taxa de dependência dos idosos com cerca de 25%, sendo para o nosso país percentagem era respetivamente de 16% e 26%.[7]

As forças de segurança registaram, só no primeiro semestre de 2009, 14.600 queixas de violência doméstica. Isto equivale a uma média de 81 participações por dia; E significa que cerca de 1 (mais concretamente 1,4) em cada mil habitantes de Portugal apresentou uma queixa deste tipo;

Em comparação ao primeiro semestre de 2008, houve um aumento de 12% de denúncias; A grande maioria dos denunciantes de situações de violência doméstica são as próprias vitimas.

O Perfil do Agressor

O agressor é maioritariamente do género masculino e na casa dos 40 a 50 anos, sendo  parente próximo da vitima de violência doméstica no idoso, morando na maioria das vezes entre paredes, onde a pressão psicológica é exercida com maior poder. (ver Anexo I)


6 – Conclusão
“Devemos aprender durante toda a vida,
sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice”
Platão

A realidade crua da situação de Violência Doméstica na Terceira Idade, e dos diversos modos como ela é praticada, onde é praticada e por quem é praticada, colocam ao Serviço Social e à Gerontologia, uma missão de grande envergadura, pois o Serviço social parte dos problemas do individuo ou dos grupos vulneráveis e em sutuação de grande carência material ou psíquica, visando compreender a situação e encontrar uma resposta capaz.

Deve-se ultrapassar barreiras culturais, para criar uma mudança, para abrir espaço onde os jovens, os adultos e os idosos sejam em pé de igualdade elemento insubstituíveis e ativos.

O Serviço Social é multidisciplinar constituindo-se de várias dimensões com as quais desenvolve a sua Práxis, a saber:

1 - Normativa – porque regula e é reguladora
2 - Estratégica – porque tem objetivos, métodos e meios de acordo com modelos estabelecidos.
3 - Teleológica – Porque tem fins determinados por valores, numa visão humanista e humanizadora e uma visão humanista também do mundo social.
4 - Dramatúrgica – porque é no campo profissional que sendo seu corpo e instrumento vive o drama da pessoa humana nos mais variados contextos e complexidades.

Trabalho Académico de Introdução à Gerontologia
Professora Doutora Paula Campos Pinto - Curso de Serviço Social
Andreia Nicolau
Filipe Leal
Joana Soares
José Luís Rodrigues
Sara Vieira
 Lisboa, 2012


7 – Autores Citados e Bibliografia
Bibliografia

Eidelwein, Karen (2007) “Psicologia Social e Serviço Social: uma relação interdisciplinar na direção da produção de conhecimento” - Revista Textos & Contextos Porto Alegre v. 6 n. 2 p. 298-313.  jul./dez. 2007
Iamamoto, Marilda V. (2006) O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 10. ed. São Paulo: Cortez,
Maia, A; Guimarães, C; Carvalho, C; Capitão, L; Carvalho, S; Capela, S (2007) CONGRESSO FAMÍLIA, SAÚDE E DOENÇA, 2, Braga, Portugal, 2007 – “Congresso Família, Saúde e Doença: atas”. [Braga: Universidade do Minho, 2007]. Repositório Universidade do Minho
McGee, Robin A, David A. Wolfe, Sandra A. Yuen, Susan K. Wilson, Jean Carnochan, (1991) “The measurement of maltreatment: A comparison of approaches” - The University of Western Ontario, London, Ontario, Canada, Repositório Elsevier
Núncio, Mª José (2010) “Introdução ao Serviço Social - História, Teoria e Métodos” - Lisboa, ISCSP.
Monteiro, Sílvia Raquel T. (2010) Maltrato por Omissão de Conduta, A Negligência Parental na Infância – Estudo de Caso – Dissertação de Mestrado em Medicina Legal – Universidade do Porto – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto

Infografia
SAÚDE E VIOLÊNCIA – Ao longo do Ciclo de Vida” Dinâmicas Relacionais Associadas" (Grupo de Trabalho Sobre Violência ao Longo do Ciclo de Vida, Roda do Poder Controlo; Saúde e violência Consultado em 05/12/2011.

[1] Alves, Cláudia (2005) “Violência Doméstica” pp 18  , Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
[2] Pires, Sónia (2009) “Violência Sobre Idoso” Câmara Municipal da Amadora – Gabinete de Ação Social, Amadora. Portugal
[3] Fontaine, Roger (2009) Psicologia do Envelhecimento, pp 156. – Climepsi Editores, Lisboa.
[4] Pereira, Fernando (2009) Serviço Social e Gerontologia – Articulações e Fronteiras,  Instituto Polítécnico de Bragança – Faculdade de Psicologia, Bragança.
[5] Dias, Isabel (2004) Violência na família – uma abordagem sociológica, pp. 141, Ed. Afrontamento, Lisboa
[6] Idem.
[7] Pereira, Fernando (2009) Serviço Social e Gerontologia – Articulações e Fronteiras,  Instituto Polítécnico de Bragança – Faculdade de Psicologia, Bragança.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Psicologia e Serviço Social - Maltrato Infantil

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"O desafio de acabar com o abuso de crianças é o desafio de quebrar o elo entre problemas dos adultos e da dor das crianças".
Unicef​​, 2003

Introdução
 "Nenhuma revolução social pode triunfar
se não for precedida de uma revolução
nas mentes e corações do povo."
Piotr Kropotkin


Os maus tratos infligidos às crianças, são um assunto de suma importância, tão complexo e com sequelas na vida das vitimas, tantas vezes forçadas ao silencio e fechadas no seu sofrimento, que levam para o resto das suas vidas, o trauma do que sofreram, deve-se reconhecer que o fenómeno trás consequências também para a sociedade.
Por maus tratos entende-se na maioria das vezes atos corporais infligidos contra a criança, no entanto, muito mais do que isso, há a violência psicológica e a negligência, que têm de ser tomados em linha de conta, no que se refere a este fenómeno.
Do que é que uma criança necessita? Do que é que necessitávamos nós quando crianças? É neste ponto de vista, que devemos ter à partida a resposta, pois a negação do que é mais elementar na vida de uma criança, durante os seus estágios de desenvolvimento cognitivo, de que nos fala Jean Piaget, a afetarão profundamente por toda a sua vida, e estamos a falar obviamente da necessidade de afeto e cuidados, oriundos de um lar protetor onde a criança se sinta segura e amada.
Cabe aos técnicos de Serviço Social, combater a violência doméstica e os maus tratos infantis, promover a consciencialização da população em geral contra este fenómeno e a importância de denunciar os atos de maus tratos ou negligência graves, devendo ainda promover o bem estar das vitimas, além de proteger as crianças que sofrem face a disputas judiciais pela guarda de menores, como é o caso que apresentamos neste trabalho.
Do que acima foi referido, nada seria possível sem o necessário acompanhamento psicológico das crianças, com o intuito de assegurar a sua integridade e um crescimento saudável, em moldes de estabilidade e segurança física e emocional a que têm direito.
A Psicologia é uma das disciplinas de suma importância, que é sem sombra de dúvida, instrumento sine qua non para a práxis do Serviço Social, desde a avaliação, prevenção e resolução de muitos problemas que para além da componente socioeconómica trazem também subjacentes problemas graves de ordem psíquica ou psicológica, ou em outros casos são os problemas do foro psicológico que acarretam ao sistema cliente uma situação de exclusão social e vulnerabilidade.

A práxis do Serviço Social, como acima foi referido, sendo uma atividade de cariz social, e tendo em conta que cada caso é um caso diferente de outro, precisa ser analisado à luz da ciência, e para tal o Serviço Social apoia-se num vasto leque multidisciplinar de ciências, que lhe dão o corpo metodológico e a base de fundamentação das suas teorias de intervenção e urgência da realidade social, onde vai buscar à Psicologia Social e Clínica, as contribuições necessárias para a realização de uma metodologia instrumental, para assim poder ocupar o seu espaço e dar ao Assistente Social a capacidade de responder prontamente e de socorrer de forma eficaz e eficiente às populações que dele necessitam, tais como as crianças vitimas de maus tratos, violência ou negligencia de que trata o trabalho presente.

1 – Resumo
Educai as crianças, para que
não seja necessário punir os adultos.
Pitágoras
Este trabalho pretende mostrar as consequências psicológicas que uma criança pode sofrer, quando vitima de maus tratos ou negligência por parte dos progenitores ou cuidadores, ou quando envolvida em meio a uma situação de disputa por guarda de menores, sendo a exposição do tema feito a partir do conhecimento de uma realidade, na prática profissional do serviço social, em que a omissão de conduta na prestação de cuidados primários a crianças tem se sentido como um fenómeno na nossa sociedade, cuidados esses que se entendem como sendo cuidados básicos de alimentação, de saúde, educação, higiene e afeto dentro de um ambiente sadio e harmonioso.
Abordamos aqui o problema, não pela sua dimensão estatística ou social, e sim pelo impacto desestruturador dos maus tratos de que a criança negligenciada, pode sofrer, implicando graves dificuldades nos seus estágios de desenvolvimento e futura socialização.
A realidade, mostra-nos que há infelizmente, muitas crianças, que não têm o lar como um ambiente protetor e acolhedor, pelo contrário, é lá que vivem em silêncio momentos de sofrimento, o maltrato infantil está ligado à violência doméstica, pelo que conviver e presenciar a violência praticada por um dos progenitores contra o outro, ou mesmo o de ouvir os sons aterradores da violência gera uma grande angustia e uma sensação de impotência muito traumatizante para a criança.
Outrossim, nos casos em que não há uma clara violência, mas há uma situação de negligência paternal somada com a disputa de guarda, (tais como o que abordaremos neste trabalho), que trazem subjacentes situações conflituosas na mente das crianças que se encontram em situação similar, pelo que analisaremos os possíveis transtornos psicológicos e traumas que a as afetarão quando não cuidadas adequada e atempadamente.
O Caso aqui exposto, é feito a partir de um caso verídico, em que os nomes foram alterados, por um óbvio respeito pela sua integridade e privacidade, mas que nos serve de modelo para abordarmos a realidade desta problemática do maltrato infantil na prática profissional que do serviço social quer da psicologia, a funcionarem respetivamente como ação preventiva e restauradora do Serviço Social e cuidadora e promotora da Psicologia.
A exposição à violência doméstica em termos estatísticos, não é no entanto segundo Lourenço e Lisboa (1991), exclusivo de menores e pessoas do sexo feminino, segundo estes autores, qualquer pessoa de qualquer idade “tem mais probabilidade de sofrer um ataque físico em casa, do que numa rua à noite”[1], recordando que em cada quatro crimes de morte, um é cometido por um membro da família contra outro.

Palavras Chave: Maus Tratos infantis, Negligência parental, Desenvolvimento Cognitivo.
2 – A Psicologia e o Trabalho Social
O que me preocupa não é o grito dos maus.
É o silêncio dos bons.
Martin Luther King

A importância da Psicologia na Prática do Serviço Social, como elementos do conhecimento cientifico auxiliares do Serviço Social como prática profissional, sendo o Serviço Social inserido na área das Ciências Sociais e Humanas, na qual se poderá inclui a Psicologia Clínica e Aplicada.[2]
Cada caso é um caso, no Serviço Social, mais que resolver de forma funcional e sistematizada, é preciso encarar cada utente como uma nova realidade com o seu mundo próprio, o seu contexto intrínseco, que vai da nascença à sua idade atual, trazendo a bagagem da primeira infância e dos estágios que Jean Piaget, nos ensinou, estágios esses que sendo vividos pela criança no que se refere aos aspetos familiar, socioeconómico e cultural próprio, que o beneficiarão ou prejudicarão no seu desenvolvimento, a sua interação com o outros e a realidade social que se abre cada vez mais à medida que cresce e que o mundo exigirá cada vez mais dela.
Estamos claro a falar dos estágios Sensório Motor do nascimento até os 2/3 anos, onde a criança busca adquirir o controle motor e percecionar os objetos que a rodeiam, o Pré-Operativo dos 2/3 anos (fase pré escolar) até os 7 anos, desenvolvem-se neste período a inteligência simbólica, o pensamento egocêntrico, no Operativo Concreto que vais dos 7 aos 11 anos aproximadamente, a criança já lida com conceitos como os números e relações e coincide com o inicio da escolarização, o Operativo Formal é quando a partir do 12 anos o adolescente já comece a pensar de forma lógica e sistemática, e nesta fase é onde em condições favoráveis o adolescente poderá socializar-se com mais facilidade.
Estes períodos de desenvolvimento teorizados por Jean Piaget, podem ser afetados e acompanhados de uma realidade desestruturada, do ponto de vista sócio-económico e familiar, mas também ser desestruturante para a criança do ponto de vista psíquico e psicológico, sobretudo em casos de pobreza extrema, violência doméstica, abuso-sexual ou convívio com familiares dependentes de álcool e drogas, o que à luz da práxis do Serviço Social requerem um atenta avaliação e intervenção preventiva a favor dos menores e da reestruturação dos adultos.
O caso que estamos a abordar este trabalho, é o do Menino Pedro (nome fictício) que é uma criança fruto de um casamento prematuro de dois adolescentes, em que a mãe da criança morre, de causas que o processo a que tivemos acesso não informa. O pai fica com a guarda da criança, sem ter estruturas psicológicas, económicas, que descuidando da criança para o fazer deixando o cuidado básicos de educação, alimentação e higiene aos seus pais (também eles com poucas possibilidades e com limitações de saúde), o que faz com que a criança passa a ser disputada pelos Avós maternos, que cuidam melhor, mas que não obtém a guarda da criança. O nosso objetivo neste trabalho é mostrar as consequências psicológicas nas crianças vitimas de disputa de guarda ou poder paternal e em ultima análise apresentarmos também (de forma complementar no trabalho) o projeto de criação do GASP Gabinete de Apoio Social de Proximidade, para atender em casos como o maltrato físico ou psicológico infantil e negligência parental, também estendendo-se a orientar idosos em extrema solidão, pobreza e até vitimas em alguns casos de violência doméstica, a jovens toxicodependentes e a famílias carenciadas, através de encaminhamento e ligação entre organismos e instituições de Ação Social para apoio psicológico, social e médico.
Observaremos pois que há no entanto hoje em dia segundo o artigo de Eidelwein, Karen[3] duas diferentes maneiras de considerar a Psicologia, numa perspetiva enquadra-se nas ciências da saúde e noutra nas Ciências Sociais e Humanas, trabalhando áreas afins e havendo uma complementaridade da práxis do Serviço Social pelas diversas psicologias como a Geral, Social, Aplicada e a Psicologia Clínica, e todas usada como instrumento sine qua non na observação, análise prevenção e resolução de casos em conjunto com os técnicos Assistentes Sociais, que irão trabalhar na resolução de casos relacionadas com a toxicodependência, alcoolismo, violência doméstica, abusos sexuais, delinquência, exclusão social, saúde familiar, gerontologia e geriatria bem como a reinserção social de ex-reclusos e de prostitutas, em particular as vitimas de tráfico humano.
O Serviço Social segundo Maria José Núncio[4], o Serviço Social tem como método complementar, um conjunto de modelos de intervenção, funcionando com um método integrado, que vieram a partir dos anos 70 do século XX, complementar a componente teórica, metodológica e filosófica do Serviço Social, e visam o estudo, planeamento e ação dos casos através dos diferentes modelos, como o Modelo Sistémico, Modelo de Intervenção em Crise, Modelo de Modificação de Conduta e o Modelo Psicossocial, este último utiliza os conhecimentos e técnicas cientificas da psiquiatria, psicanálise, psicologia social e também da sociologia aplicada.
O Modelo Psicossocial como modelo de intervenção acaba por ser um modelo holístico abrangendo a realidade do individuo num todo sócio-economico, cultural, psíquico e emocional, este modelo acaba por ter mais vantagem sobre os outros em determinados casos, visto que em situações que à partida não sejam provocadas por questões do foro psicológico acabam por degenerar num grande stress traumático, como desemprego prolongado, doenças graves, a perda de familiares (viuvez ou divórcios) que também acarretam situações de grandes dificuldades económicas e mesmo o empobrecimento, catástrofes naturais, acidentes, atos de violência extrema entre outros, situações essas em que trabalham em equipa os Assistentes Sociais e os Psicólogos.

Há que observar no entanto que a Psicologia propriamente dita a grosso modo, estuda o individuo de forma descontextualizada, é isso que faz com que seja a Psicologia Social a área da psicologia talvez a que melhor se enquadre no serviço social devido à sua natureza de estudar a Pessoa no seu contexto social.
3 – Definição de Maltrato Infantil
A violência, seja qual for a maneira
como ela se manifesta, é sempre uma derrota.
Jean-Paul Sartre

Por maltrato infantil, pode-se entender que há várias interpretações, não sendo uniforme a sua definição, mas podermos deixar aqui alguns conceitos chave, no que se refere ao tema central do trabalho aqui presente, (O Caso verídico do Menino Pedro – mas de nome fictício) podemos afirmar o que existem as seguintes categorias de Maus Tratos:
- Maus Tratos Físicos
- Maus Tratos Psicológicos
- Negligência Parental
- Abuso Sexual
Presenciar a Violência Doméstica.
Segundo MC Gee e Wolfe[5], os maus tratos, envolvem várias dimensões, tais como verbais e não verbais, desde que não envolvam atos físicos nem consequências físicas sobre a criança, poderiam ser designados de maus tratos os psicológicos; Os autores, apontam que qualquer ato de hostilidade deve ser considerado um ato de abuso psicológico ou emocional, apresentando ainda como exemplos os seguintes:
·                   Rejeição (expressões ativas de rejeição),
·                   Depreciar (atos depreciativos),
·                   Aterrorizar (atos que causam medo e ansiedade extrema),
·                   Isolar (atos que separam dos adultos),
·                   Corromper (atos que são contrários à socialização),
·                   Explorar (situações em que se retira vantagens ou proveitos próprios),
·                   Negar resposta emocional à criança (situações em que não são providenciadas os cuidados necessários ao desenvolvimento).
Por outro lado, pode-se aferir segundo Teresa Magalhães em “Maus Tratos Infantis que Maltrato Infantil é “qualquer forma de tratamento físico e (ou) emocional, não acidental e inadequado, resultante de disfunções e (ou) carências nas relações entre crianças ou jovens e pessoas mais velhas, num contexto de uma relação de responsabilidade, confiança e (ou) poder”[6]

Nesta sentido pode-se aferir que em larga medida, o fenómeno da criança maltratada é de facto um problema de saúde pública, e que deve ser prevenido, sendo o risco de ocorrência muito mais abrangente do que a lei possa prever ou definir, vivendo-se na maioria dos casos em silêncio.

4 – Estudo de Caso
“Não são as más ervas que sufocam o grão,
é a negligência do cultivador”.
Confúcio
Dentro da otica de que cada caso é um caso, o método de ação do Serviço Social é diverso e multifacetado, indo desde visitas domiciliares, hospitalares, estabelecimentos prisionais, orfanatos, lares da terceira idade, bairros degradados, visitas noturnas aos sem abrigo, visitas a comunidades de minorias étnicas sempre tendo em conta o caráter humanista do Serviço Social onde o respeito pelos Direitos Humanos, reinserção e a resolução dos problemas é o objetivo principal, mas também pode de acordo com as circunstâncias ser de diferentes vias, que seja a preventiva e educacional.
No despertar da solução dos casos está o olhar do técnico que tem que conhecer os sinais do problema, se muita das vezes um problema vem acompanhado de um relatório de avaliação clínica ou de avaliação forense, muita das vezes tal não acontece e servirmo-nos das ferramentas da psicologia forense parece-nos fundamental.
A avaliação psicológica podem constituir instrumentos de acessória técnica no âmbito do serviço social e em concreto na lei de crianças e jovens em perigo (relatórios sociais), o que se pretende aqui demonstrar é que estas ciências se podem complementar, a avaliação psicológica pode ser preponderante no momento de decidir no âmbito da regulação do poder paternal, é aqui a psicologia aplicada ao serviço da justiça.
Explica a psicologia quem em casos de violência sexual, a vítima apresente um desejo obsessivo de vingança que pode culminar na identificação de um falso agressor, em casos de desta gravidade deverá ser sempre acompanhado de uma avaliação de estado mental da vítima de abuso de sexual, é neste caso um despiste ao falso testemunho e uma mais valia à credibilidade do depoimento, pode ser solicitada a “perícia sobre personalidade”.
Em questões de reinserção social o psicólogo pode ser chamado com perito ou consultor técnico e pronunciar-se quanto ao estado psíquico de alguém na sua reintegração na sociedade, enquanto arguido ou recluso.
Cabe ao técnico de serviço social identificar que há um problema, importa contextualizar e pesquisar a história do indivíduo, importa saber identificar e recolher informação junto de crianças e adolescentes que exibam comportamentos antissociais, referenciando o seu historial, problemas com drogas, álcool, com a justiça, agressividade e tipo de delinquência associada, poderão neste capítulo ser recolhidas informações a documentar e que servirão de base ao psicólogo na sua avaliação – natureza do problema; origens; evolução do problema; descrição de episódios, com a reação dos pais, funcionamento familiar, rotinas diárias, relação conjugal, relações do menor com amigos, ocupações extraescolares. O técnico deverá ter em mente os comportamentos antissociais (ex. roubos agressões) qual o tipo de padrão de início (precoce ou tardio), e outros problemas psicopatológicos associados. No caso de agressões sexuais, importa verificar a ocorrência associada a consumos de álcool ou outras substâncias. Estatisticamente sabe-se que as crianças e adolescentes com problemas de violência são oriundos de níveis socioeconomicos baixos e apresentam elevados níveis de stress e psicopatologia parental, sendo que estes fatores dificultam a identificação dos problemas.
Como devem ser criados ou educados as crianças e adolescentes?
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excecionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes (art. 19 ECA).
Quais as causas podem levar tanto a suspensão como a destituição do poder familiar?

O desentendimento injustificado ao dever de sustento, guarda, educação (art. 22 ECA), bem como o não cumprimento das determinações judiciais atinentes à proteção da criança ou do adolescente, referidos no art. 101 I a IV, e 129 I a VI ECA. A suspensão também se dá quando o pai ou a mãe abusar de sua autoridade, faltando aos deveres paternos, ou arruinando os bens dos filhos, cabendo ao juiz, caso o requeira algum parente ou o MP, adotar medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres (até suspendendo o poder familiar quando convenha). Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou a mãe condenados por sentença irrecorrível, em crime cuja pena exceda a dois anos de prisão (CC art. 1637, paragrafo Único); que castigar o filho sem moderação, deixá-lo ao abandono ou praticar atos contrários à moral e aos bons costumes ou incidir reiteradamente nas práticas previstas no art. 1637 CC. Cumpre salientar que a suspensão do poder familiar não exonera os pais o dever de sustentar os filhos.
Relatório pedido pelo tribunal e medidas a tomar
No que se passa neste caso é que a avo materna se vê envolvida na vida da criança e anda a fazer a vida difícil ao seu genro derivado a filha ter falecido e agora estar a querer fazer do neto a filha que perdeu.
Foram realizadas varias sessões individuais com os avós maternos, nas quais se veio confirmar a suspeita de que estavam a proteger demasiado o neto, também se veio a descobrir que, nos dias em que o neto estava entregue aos avós paternos, estes levavam o neto ao médico, para se fazerem exames psicológicos e outros, sem o consentimento e o conhecimento do pai da criança, tudo isto com o objetivo de descobrir indícios de maus tratos, pelo progenitor e pela atual mulher (a madrasta da criança).
Foi então devido a este dado, que se levantou a hipótese, que os avós maternos, estivessem a reagir desta maneira derivado do pai estar a viver com nova companheira.
Foi marcada uma reunião no infantário onde o menino anda, para se obter algumas informações com diretor e com a educadora do respetivo menino, ao que as principais perguntas e respetivas resposta foram as que abaixo se relata.
1. Se o menino era feliz? Responderam que sim.
2. Se o menino mostrava sinais de maus tratos e se vinha sujo para a escola? Pelo que disseram que não e que vinha sempre bem vestido, perfumado e vinha sempre bem-disposto.
3. Se o menino tinha um bom relacionamento com os colegas ou se era afastado do grupo? Pelo que afirmaram se tratar de um menino muito participativo, interagindo muito bem com todos os colegas e educadoras.
4. Quem e que o trazia ao infantário? Foi respondido que era o pai, e algumas vezes a companheira do pai (a madrasta).
5. Como e a relação com a companheira do pai? Foi nos informado que era muito carinhosa e que ele gostava muito dela e que a tratava pelo nome, mais pelo diminutivo, o que nos leva a crer que gostava muito dela e tem uma relação estável e com muita confiança, não e qualquer criança que chama diminutivos a uma mãe substituta.

6. Nas festas da escola como era o ambiente? O ambiente era de harmonia, vinham todos, pai, avos maternos e paternos
Medidas a tomar perante esta reação dos avos maternos.
No que se passa neste caso é que a avo materna se vê envolvida na vida da criança e anda a fazer a vida difícil ao seu genro derivado a filha ter falecido e agora estar a querer fazer do neto a filha que perdeu.
Foram realizadas varias sessões individuais com os avós maternos, nas quais se veio confirmar a suspeita de que estavam a proteger demasiado o neto, também se veio a descobrir que, nos dias em que o neto estava entregue aos avós paternos, estes levavam o neto ao médico, para se fazerem exames psicológicos e outros, sem o consentimento e o conhecimento do pai da criança, tudo isto com o objetivo de descobrir indícios de maus tratos, pelo progenitor e pela atual mulher (a madrasta da criança).
Foi então devido a este dado, que se levantou a hipótese, que os avós maternos, estivessem a reagir desta maneira derivado do pai estar a viver com nova companheira.
Foi marcada uma reunião no infantário onde o menino anda, para se obter algumas informações com diretor e com a educadora do respetivo menino, ao que as principais perguntas e respetivas resposta foram as que abaixo se relata.
1. Se o menino era feliz? Responderam que sim.
2. Se o menino mostrava sinais de maus tratos e se vinha sujo para a escola? Pelo que disseram que não e que vinha sempre bem vestido, perfumado e vinha sempre bem-disposto.
3. Se o menino tinha um bom relacionamento com os colegas ou se era afastado do grupo? Pelo que afirmaram se tratar de um menino muito participativo, interagindo muito bem com todos os colegas e educadoras.
4. Quem e que o trazia ao infantário? Foi respondido que era o pai, e algumas vezes a companheira do pai (a madrasta).
5. Como e a relação com a companheira do pai? Foi nos informado que era muito carinhosa e que ele gostava muito dela e que a tratava pelo nome, mais pelo diminutivo, o que nos leva a crer que gostava muito dela e tem uma relação estável e com muita confiança, não e qualquer criança que chama diminutivos a uma mãe substituta.
6. Nas festas da escola como era o ambiente? O ambiente era de harmonia, vinham todos, pai, avos maternos e paternos.

5 – As Sequelas e o Encaminhamento
"Você é livre para fazer suas escolhas,
mas é prisioneiro das consequências."
Pablo Neruda
As consequências da violência doméstica são dramáticas, com sequelas que podem permanecer no tempo e alterar a aprendizagem e desenvolvimento da criança, causando Transtornos de personalidade borderline [7] nos quais há os maus tratos na infância como causa.
Apresentamos aqui um estudo feito através de artigos do CONGRESSO FAMÍLIA, SAÚDE E DOENÇA 2, realizado em Braga, no ano de 2007 e do artigo escrito a partir desse congresso: Maus-tratos na infância, psicopatologia e satisfação com a vida : um estudo com jovens portugueses” [8]
Como é sabido, as experiências vividas pessoalmente por um indivíduo, nomeadamente as experiências no seio familiar, tem um impacto e influência determinantes no seu desenvolvimento psicológico e da sua personalidade que refletem-se na idade adulta, um dos exemplos são os maus tratos na infância, violência doméstica, negligência entre outros fatores.[9]
O congresso acima referido e o respetivo artigo, abordam a Felicidade como alvo de estudo da psicologia, em que se entende entre vários fatores e variantes que influenciam o grau de felicidade que uma pessoa possa atingir, estando ligado a fatores vividos na infância como o caso da negligência, violência doméstica (conjugal ou infantil) entre tantos outros fatores negativos que possam influenciar a personalidade (abordada por Jean Piajet nos seus estádios de desenvolvimento),  e a psicologia e psicopatologias são estudadas nesse desenvolvimento do grau de satisfação com a vida (vulgo felicidade). O que nos leva a pensar que a felicidade não depende única e exclusivamente da vontade, mas de um conjuntos de influencias psíquicas, sociais e materiais e dessas vivências experimentadas pela pessoa, o que o objetivo do Congresso acima referido e do respetivo artigo é o de averiguar a relação entre maus-tratos na infância, psicopatologia atual e a satisfação com a vida em jovens portugueses que no caso deste trabalho é o menino Pedro e a possível negligência por parte do pai, de que é acusado pelos avós ou ainda a disputa da sua guarda, que o afetarão ou não, na sua personalidade e no seu desenvolvimento psíquico, social, comportamental e cognitivo.
Há no entanto antes de seguirmos em frente, com as consequências, falar de como é interpretado o conceito de Maus Tratos na Infância, tema aliás sido muito estudado, mas pouco relacionado com a influencia do grau de satisfação / felicidade na vida adulta.
Não tem sido consensual a definição de maus tratos, pelo que apresentamos aqui a definição dada por Martínez Roig e De Paul (1993, pp 23) em que afirma os maus tratos como “as lesões físicas ou psicológicas não acidentais ocasionadas pelos responsáveis do desenvolvimento, que são consequência de ações físicas, emocionais ou sexuais, de ação ou omissão e que ameaçam o desenvolvimento físico, psicológico e emocional considerado como normal para a criança.” e este fenómeno tem vindo a ter proporções preocupantes (Maia, 2006).
Outra consequências dos maus tratos na infância, de acordo com vários autores é a possibilidade de se desenvolverem depressões, (e.g., Bifulco, Brown e Adler, 1991; Briere e Runtz, 1991; Brown e Moran, 1994; Brown, Harris, Hepworth e Robinson, 1994; Kaplan, Pelcovitz, Salzinger, Weiner, Mandel, Lesser e Labruna, 1998 citados por Bernet e Stein, 1999), em que se indica através de amostras clínicas, que 75% das pessoas com Depressão major, teriam sofrido algum tipo de abuso, maus tratos físicos ou psíquicos ou ainda negligência na infância[10], no estudo feito sobre a relação de maus tratos na infância e suas consequências para a vida adulta, foi usado um questionário especifico (em que se entrevistaram pessoa que sofreram de maus tratos até aos 15 anos de idade), procedeu-se à administração do Childhood Trauma Questionnaire (CTQ; Bernstein e Fink, 1997, adaptação portuguesa de McIntyre e Costa, 2004).
Além da depressão, outros sintomas analisados são a ansiedade, stress pós-traumático, também conhecido por PTSD Perturbação Pós-Traumática de Stess, há ainda indicio de perturbações somatoformes.
Quanto aos modelos explicativos ou de análise e avaliação das causas dos maus tratos infantis, divide-se em:
1.     Modelo Sociológico
2.     Modelo Centrado no Individuo
3.     Modelo Ecológico ou de múltiplos fatores
Segundo Azevedo e Maia (2006) e Ossándon (1998) o modelo sociológico da análise do risco de maltrato infantil centra-se nas condições sociais de risco, provocadoras de stress que, de uma ou outra forma, “influenciam o comportamento da família, assim como os valores e práticas culturais que estimulam a violência”.[11]
Outros modelos de análise como o modelo centrado na individuo, segundo Ossándon e tal. (1998),  “este modelo baseia-se na ideia de que as situações de violência têm na sua origem um fatores psicopatológicos (impulso, transtorno ou alteração) por parte da vítima, por parte do agressor ou de ambos”.
O modelo denominado de ecológico ou de múltiplos fatores, é um modelo que analisa o ecossistema que se vive no seio da família, acompanhado muitas vezes de desorganização conjugal, desorganização doméstica, e problemas psicológicos, bem como o caráter intriseco ao individuo (agressor) e a sua história pessoal de vida, somando-se a esse ecossistema valores morais, ambientes religiosos ou não, agressividade, estilos de vida entre outros.
As consequências dos maus tratos são eminentemente psíquicas, embora na maioria dos casos seja mais atempadamente observadas as consequências imediatas de danos corporais, tais como cicatrizes, lesões ósseas, má higiene corporal incluindo cáries, desnutrição, queimadura, hematomas, quanto ao domínio do Desenvolvimento Cognitivo, destacamos o que o maior numero de autores (Magalhães (2004), Lombo (2000), Sani (2002), Manita (2003)). São elas o desenvolvimento de problemas ao nível do processamento de informação/manifestar de erros cognitivos, que atrofiam o desenvolvimento normal da criança.
Podemos aferir pois que as consequências mais visíveis dos maus tratos psicológico são os seguintes:
Sintomas de Sociabilidade
·                   Dificuldades no vínculo afetivo entre a criança e o adulto;
·                   Dificuldade em relacionamentos amistosos;
·                   Baixo nível de adaptação e funcionamento social;
·                   Problemas com os pares e em relacionamentos futuros;
·                   Problemas com a comunidade, condutas antissociais;
·                   Agressividade, condutas destrutivas.
Sintomas de Sociabilidade
·                   Dificuldades no vínculo afetivo entre a criança e o adulto,
·                   Dificuldade em relacionamentos amistosos,
·                   Baixo nível de adaptação e funcionamento social
·                   Problemas com os pares e em relacionamentos futuros
·                   Problemas com a comunidade, condutas antissociais;
·                   Agressividade, condutas destrutivas.
Sintomas de Desenvolvimento Cognitivo
·                   Na solução de situações problemáticas;
·                   Nos fracassos escolares;
·                   Afetação do desenvolvimento da linguagem;
·                   Na tristeza e depressão;
·                   Baixa autoestima;
·                   Instabilidade emocional;
·                   Depressão;
·                   Tendências suicidas.
Sintoma Físicos
·                   Síndrome de falta de progresso;
·                   Perda do apetite;

·                   Incontinência urinária (enurese).

6 – Projeto para um Gabinete de Apoio Social de Proximidade
“Dai-me um ponto de apoio e levantarei o mundo”.
Arquimedes
O projeto, incide na área da Ação Social, tendo em vista uma parceria através da junta com organismos, tal como a CNPCJR Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, bem como outros organismos, e tendo em vista a prevenção de Maus Tratos Infantis, Negligência Parental entre outras necessidades sociais, sentidas pela população local, no qual competirá às autarquias, através de uma ação sistemática e diversificada, minimizar os problemas e as carências que afetam os grupos sociais mais vulneráveis, no que toca a casos como a pobreza e a exclusão social, que são dois dos mais graves problemas que muitas vezes surgem interligados e que carecem de intervenção.
Esta preocupação de caráter social, face à pobreza e exclusão social, são as prioridades, requerendo o estudo e o diagnóstico dos respetivos problemas sociais, a fim de permitirem planear e executar programas de ação e de desenvolvimento, conforme as necessidades dos grupos e ou pessoas identificados.
O que é?
O GASP é um serviço, que terá apoio camarário e que visa prestar apoio à comunidade local, sendo constituído por uma equipa multidisciplinar, com as seguintes áreas:
1 - Ação Social (Destinado a famílias, idosos e crianças e jovens em risco)
2 - Habitação Social (atendendo a jovens casais, e famílias carenciadas)
3 - Ação Social Escolar.
4 - Ação e Interligação em Rede com vários serviços de Apoio e de Defesa dos Cidadãos. Como a APAV, Cáritas, Banco Alimentar, IEFP, ACIDI entre outros.
Tem como finalidade primordial melhorar as condições de vida da população carenciada do concelho, em especial da mais desfavorecida, numa ótica de prevenção/redução dos fenómenos da pobreza e exclusão social, procurando intervir prioritariamente junto dos grupos populacionais mais vulneráveis, como os idosos isolados, famílias empobrecidas, toxicodependentes etc.
É efetuado atendimento, encaminhamento, aconselhamento e respetivo acompanhamento das situações sinalizadas que serão apoiadas no âmbito da competência do Município e/ou encaminhadas e orientadas para as Entidades/Instituições competentes na área de apoio a descoberto.
A quem se dirige?
À população em geral, com especial atenção a crianças e Jovens, Idosos, Portadores de Deficiência e Grupos em situação de Risco ou Exclusão Social, e principalmente idosos que vivam sozinhos em suas habitações e que muitas vezes não tem com quem contar e queremos combater essa solidão com uma voz amiga e uma companhia para combater essa solidão.
População Infantouvenil
Elaboração de projetos de prevenção primária a nível da toxicodependência, sexualidade e estilos de vida saudáveis, parceria com a CPCJ no apoio às situações de crianças e jovens em risco.
População Idosa – O crescente envelhecimento da população
A existência de um plano de intervenção, junto dos idosos, tem vindo a permitir a realização de diversas atividades lúdicas e de lazer dedicadas à Terceira Idade.
Estas iniciativas, realizadas ao longo de todo o ano, pretendem-se integradoras e promotoras de um envelhecimento ativo.
Objetivos do programa:
·                   Promover a prática de atividades físicas e recreativas direcionadas à terceira idade, adquirindo novos hábitos para a prevenção, manutenção e promoção da saúde e do bem-estar.
·                   Manter a capacidade funcional por conseguinte, o padrão de qualidade de vida.
·                   Incentivar o gosto pela prática da atividade física, melhorar a autonomia funcional e social, estimular o relacionamento social e afetivo.
·                   Fomentar a ocupação saudável dos idosos, através da realização de atividades físicas, recreativas, culturais e sociais, minimizando a tendência para o isolamento.
·                   Com o intuito de “promover o apoio técnico de âmbito social e de contribuir para o desenvolvimento local e a coesão social em torno dos agregados familiares mais vulneráveis”, sendo que dois dos mesmos atuam junto da população em geral.
Organização de atividades de lazer à população idosa, combatendo o isolamento social e tornar o idoso ativo, deteção e encaminhamento de situações de mais vulnerabilidade para serviços adequados.
População Portadora de Deficiência
Identificação e encaminhamento de pessoas portadoras de Deficiência para as Instituições competentes e apoio aos familiares dos mesmos.
Igualdade de Oportunidades
Apoio a grupos específicos da população, tais como vítimas de violência doméstica, imigrantes e outros grupos sociais de risco.
Saúde
Elaboração de projetos de prevenção primária a nível da toxicodependência, sexualidade e estilos de vida saudáveis.
Deteção e encaminhamento de situações para os serviços competentes, com parceria do centro de saúde local.
Com os trabalhos que temos pela frente, pretendemos transformar cada medida, cada recurso, num fator de crescimento, no sentido da eliminação da pobreza e da exclusão no concelho, garantindo igualdade de oportunidade.
Parcerias.
O projeto tem como objetivo, já acima referido, a criação de parecerias, de forma a melhor integrar para melhor intervir, nesse sentido, urge uma parceria com organismos como a CNPCJR, onde o Gabinete Social de Apoio será um auxiliar na luta contra os maus tratos infantis e ainda agente no encaminhamento de apoios de atendimento psicológico, clínico, ação social (integrado com a freguesia) buscando também através do voluntariado potenciar e ampliar o campo de intervenção com as seguintes instituições abaixo indicadas.
·                   CPCJ - Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (Oeiras);
·                   Junta de Freguesia de Oeiras e são Julião da Barra;
·                   ISCSP - Estágios de fim de ano de cada curso;
·                   Centro de Saúde de Oeiras;
·                   Rede Social de Freguesia;
·                   Rede de voluntários.
Além de frisarmos acima os organismos, o objetivo passa também por apoiar as familias no que toca aos caso de maus tratos na infância do seguinte modo:
·                 Apoio junto aos pais;
·                 Apoio junto de outro familiar;
·                 Confiança a pessoa idónea;
·                 Apoio para autonomia da vida;

·                 Acolhimento familiar ou em instituição.

7 – Conclusão
 “Nada há como começar para ver como é árduo concluir”.
Victor Hugo
No presente trabalho foi identificado ao longo das décadas a evolução e a importância que o Serviço Social juntamente com a Psicologia Social tiveram para o conhecimento e análise precisa de situações de carência e exclusão social (por exemplo). Foi graças a estes estudos que foi possível tornar estas áreas uma Ciência, fazendo com que houvesse uma diminuição/análise rigorosas das desigualdades da população, sendo os embaixadores desta teoria Wundt e Carl Rogers.
Foi graças a este avanço na teoria que se iniciaram os estudos de caso, onde cada caso deve ser tratado como um caso singular, com uma resolução diferente, aplicada e adequada a cada cliente, de forma a resolver a situação e não fazer com que estes dependam da ajuda “vitalícia” dos técnicos sociais.
O método de ação do Serviço Social é multifacetado, e prende-se com visitas a bairros degradados, orfanatos, prisões e hospitais (por exemplo), onde podemos consoante a etnia, o grau de escolaridade, a faixa etária e o local onde nos encontramos identificar, prevenir e educar de forma a reintegrar a população.
A avaliação Psicológica contém vários instrumentos que apoia a técnica, nomeadamente no âmbito do Serviço Social, como podemos verificar na Lei de crianças e jovens em perigo, que complementam a avaliação psicológica e ajudam na regulação do poder paternal, sendo que nesta situação conciliamos a psicologia aplicada ao serviço da Justiça.
No que se refere às consequências psicológicas, sofridas pelas crianças vitimas de maus tratos e em particular deste caso, vitima de disputa pela sua guarda, os traumas poderão incidir em diversificação de alterações na vida social, comportamental, psíquica da criança, desde a sua sociabilidade com outros familiares, medo de adultos, medo de se relacionar com outras pessoas, o que por vezes incidirá em consequências no relacionamento afetivo e a constituição de uma família, mas também não raras vezes as consequências atingem proporções dramáticas de depressões profundas baseadas em baixa autoestima, levando até a tendências suicidas.
Graças à Psicologia conseguimos verificar vários traços da personalidade e comportamento que atestam e compreendem se um agressor é efetivamente um agressor ou um agredido.
O técnico de Serviço Social como se pôde concluir faz uma pesquisa exaustiva na história do individuo de forma a identificar e recolher a máxima informação possível no intuito de avaliar qual a natureza do problema, origem, comportamento, entre outras características chave.
Identificamos no estudo de caso “O Menino Pedro” que as crianças/adolescentes vitimas de violência são geralmente oriundas de famílias cujos rendimentos são baixos e apresentam níveis de psicopatologia parental, sinais estes que por vezes dificultam a identificação do problema.
Com o presente trabalho refere-se quais as condições ideais para a educação de uma criança, bem como, as causas que levam uma criança a ser retirada de uma familia.
É abordado também segundo um Congresso de Família, Saúde e Doença o impacto que a relação familiar desestrutura/desfuncional e negligente pode provocar num individuo quando este cresce e se torna adulto, como é o estudo de caso do Menino Pedro, cuja alegada negligência do pai (segundo os avós) pode afetar ou não a sua personalidade e comportamento, bem como, o seu desenvolvimento psíquico, social, comportamental e cognitivo.
Descreve-se também no trabalho como se interpreta o conceito de “Maus tratos na Infância” e como não tem sido consensual a definição deste tema, cujos sintomas são variados.

Resumindo o trabalho mostra uma abordagem prática sobre a importância de unirmos a Psicologia Social e clínica ao Serviço Social, porque uma má avaliação do problema da criança/adolescente leva a uma solução que mais tarde pode provocar consequências irreparáveis no comportamento, cognição, interação e relacionamento familiar desta.
Trabalho de Grupo de Psicologia
Professor Doutor Miguel Lopes
Curso de Serviço Social
03/01/2011
Bibliografia
Eidelwein, Karen (2007) “Psicologia Social e Serviço Social: uma relação interdisciplinar na direção da produção de conhecimento” - Revista Textos e Contextos Porto Alegre v. 6 n. 2 p. 298-313.  jul./dez. 2007
Iamamoto, Marilda V. (2006) O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 10. ed. São Paulo: Cortez,
Maia, A; Guimarães, C; Carvalho, C; Capitão, L; Carvalho, S; Capela, S (2007) CONGRESSO FAMÍLIA, SAÚDE E DOENÇA, 2, Braga, Portugal, 2007 – “Congresso Família, Saúde e Doença: atas”. [Braga: Universidade do Minho, 2007]. http://hdl.handle.net/1822/7066
McGeeRobin A, David A. Wolfe, Sandra A. Yuen, Susan K. Wilson, Jean Carnochan, (1991) “The measurement of maltreatment: A comparison of approaches” - The University of Western Ontario, London, Ontario, Canada http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/014521349400119F
Núncio, Mª José (2010) “Introdução ao Serviço Social - História, Teoria e Métodos” - Lisboa, ISCSP.
Monteiro, Sílvia Raquel T. (2010) Maltrato por Omissão de Conduta, A Negligência Parental na Infância – Estudo de Caso – Dissertação de Mestrado em Medicina Legal – Universidade do Porto – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto
Infografia
SAÚDE E VIOLÊNCIA – Ao longo do Ciclo de Vida” Dinâmicas Relacionais Associadas" (Grupo de Trabalho Sobre Violência ao Longo do Ciclo de Vida, Roda do Poder Controlo; http://www.arsalgarve.min saude.pt/saudeeviolencia/exemplo/index.php?option=com_content&view=article&id=102 Consultado em 05/12/2011.
[1] Monteiro, Sílvia Raquel T. (2010) Maltrato por Omissão de Conduta, A Negligência Parental na Infância – Estudo de Caso – Dissertação de Mestrado em Medicina Legal pp 6.– Universidade do Porto – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto.
[2] Eidelwein, Karen (2007) “Psicologia Social e Serviço Social: uma relação interdisciplinar na direção da produção de conhecimento” - Revista Textos e Contextos Porto Alegre v. 6 n. 2 p. 298-313.  jul./dez. 2007
[3] Doutoranda em Serviço Social/PUCRS, Porto Alegre/RS, Brasil. Psicóloga, Mestre em Psicologia Social e Institucional/UFRGS. http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/2320/3249
[4] Núncio, Mª José (2010) “Introdução ao Serviço Social - História, Teoria e Métodos” - Lisboa, Edições ISCSP.
[5] McGee, Robin A, David A. Wolfe, Sandra A. Yuen, Susan K. Wilson, Jean Carnochan, (1991) “The measurement of maltreatment: A comparison of approaches” - The University of Western Ontario, London, Ontario, Canada
[6] Magalhães, Teresa (2004) Maus Tratos em Crianças e Jovens – Quarteto Editora, pp 33, Lisboa.
[7] CAMPOS, Shirley (2004) Transtorno da Personalidade Borderline; Medicina Avançada Drª Shirley Campos http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/11453 acedido em 01/01/2012.
[8] CONGRESSO FAMÍLIA, SAÚDE E DOENÇA, 2, Braga, Portugal, 2007 – “Congresso Família, Saúde e Doença: atas”. [Braga: Universidade do Minho, 2007]. http://hdl.handle.net/1822/7066
[9] Idem.
[10] Idem pp. 3

Autor Filipe de Freitas Leal




Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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