O resultado das eleições regionais francesas, foi sobretudo
surpreendente, na medida em que não se esperava, e pelas consequências
políticas que poderão causar, tendo em conta que o partido que sai vencedor
destas eleições, a FN Frente Nacional de Marine Le Pen, é agora o maior partido
de toda a França, e o é por ter sido guindado a este resultado como
consequência dos atentados ocorridos em Paris.
A França desta manhã é uma França transformada, e
nada voltará a ser o que era antes, o país sofreu duas grandes humilhações, a
primeira foi contra a liberdade de imprensa, a 7 de janeiro de 2015 com os ataques ao Charlie Hebdo, a segunda em novembro
com os ataques de Paris causando 140 mortos. Mas a principal vitima, foi a
sociedade francesa, que refugiada no medo, volta-se para a extrema direita como
salvadora da pátria no combate ao terrorismo, em detrimento dos direitos e
garantias vigentes no regime democrático de um Estado de Direito herdeiro da
Revolução Francesa e da já universal e consagrado lema: "Liberté, egalité
et fraternité".
Nestas eleições, o retrato dos eleitores é
surpreendente e nitidamente claro com espectro do terramoto político que paira
sobre toda a Europa, sendo que do eleitorado que votou na extrema direita,
foram de 43% da classe operária; 36% dos restantes trabalhadores de diversos
setores; 35% são jovens entre os 18 e os 24 anos.
Só as classes media alta e alta, e os
eleitores com formação superior resistem ao fenómeno da Frente Nacional e do
seu discurso radical, xenófobo, racista e antissemita.
Esperemos que por agora seja apenas um mero
susto eleitoral, mas deve-se ter em conta que uma vez instalados no poder
autárquico dos municípios e das Regiões Administrativas, poderá vir a criar-se
a máquina eleitoral que dará obviamente o suporte para a conquista do poder; e
isto já o vimos antes, em 1925 com o Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães liderado por Adolf Hitler, o único ditador a chegar ao
poder por meio de eleições livres.