A Tunísia deu inicio espontaneamente a um movimento de
protestos, após a imolação de Mohamed Bouazi, no interior daquele país, em
protesto contra a corrupção, e fez-se com a ajuda das redes sociais, facebook e
twitter, que levaram à queda em 2011 do ditador tunisino Ben Ali, após esta
primeira vitória, a onda de protestos e revoltas voltou-se a outros países
árabes, que se sentiam traídos pelo ideal de um socialismo pan-arabista que
nunca chegou a existir e que deu lugar
à opulência de ditadores que mais não faziam que se
manter no poder, recebendo o apoio dos europeus e dos estadunidenses, que
preferiam ditadores pacíficos a democracias ameaçadoras dos valores e
dos interesses ocidentais. A este movimento de protestos denominou-se de
Primavera Árabe, pois maioritariamente eram jovens estudantes universitários,
informados e que aspiravam à democracia e a um grau de desenvolvimentos dos
seus países semelhante ao ocidente, sem no entanto perder a sua cultura e
identidades árabe e muçulmana.
Seguiram-se outros países vizinhos, ainda em 2011 como a Argélia, a Libia,
o Yemen, o Egito e a Síria, onde foram derrubados três caudilhos e seus
regimes, Muammar Kaddafi da Libia, Hosni Mubarak do Egito e Salleh do Yemen,
outros protestos se seguiram sem no entanto haver mudanças de chefias do estado
como o caso do Marrocos, que convocou um referendo e do qual se fizeram
alterações à constituição, permitindo a democratização do país, outras medidas
de reformas dissuasoras ocorreram também na Jordânia, Kuwait, Bahrein e Omã.
No entanto, a
revolta e os protestos da primavera árabe, chegaram à Siria, de Bashar El
Assad, tendo este intensificado a repressão às manifestações, bem como
a persecução aos seus opositores do seu regime, acabando por
degenerar em Guerra Civil que se iniciou em 2011 e ainda permanece a derramar o
sangue dos sírios e a devastar de forma brutal todo o País que ja entrou em
colapso. No entanto há um fundo de cunho religioso por trás destes conflitos, e
sobretudo na Síria, onde se opõem os sunitas do lado do poder, contra os xiitas
na oposição.
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Várias cidades sírias ficaram tal como nesta imagem. |
No Egito, a democratização levou ao poder a Irmandade Muçulmana, e elegeu
Mohamed Morsi, que numa tentativa de islamizar o país, foi derrubado por um
golpe militar, os protestos levaram à rua os apoiantes de Morsi a exigir a sua
recondução à Presidência, num movimento de contestação denominado
"Dia de Cólera", que se fez sentir no resultado de um massacre
de 72 pessoas, perpetrado pelos militares em plena praça pública. Diante
deste quadro calamitoso de atos dantescos, podemos dizer que se trata sim,
do inferno árabe.
Autor Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.