domingo, novembro 23, 2014
Filipe de Freitas Leal
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Começo por dizer que se deveria tentar ter uma nova atitude, algo contrária ao que se vive na nossa República, em que a tendência é de tornar os Cafés em tribunais mais que tribunas, alimentados por uma imprensa sensacionalista que sabe o que não devia e informa o que não sabe, sentenciando a um linchamento público as figuras públicas que lhes caem nas mãos, e não falo só de figuras públicas, falo no geral, falo do respeito que devemos ter para com a vida alheia de todo e qualquer cidadão independentemente das suas tendências políticas.
Assusta-me
o que se passa em Portugal, não sou socialista e nem social democrata, sou
humanista e um mero cidadão comum, mas sinto deveras um mal estar com este
estado de coisas; Assusta-me deveras este tempo nebuloso que vivemos, porque há
regras fundamentais que não estão a ser cumpridas, como o segredo de justiça
que parece ter sido violado à descarada.
De
facto acho muito estranho o modo como foi feita a prisão do Ex-Primeiro
Ministro José Sócrates na sexta feira dia 21 de novembro, à noite no Aeroporto de Lisboa quando chegava de Paris, com uma estação de televisão previamente informada para registar o momento em direto, algo verdadeiramente humilhante e típico de uma cena sensacionalista.
Acho tudo isto intrigante e acho estranha também a coincidência do momento político, que se vive no país e
particularmente no PS que se prepara para um congresso este mês, lembrando que estamos a menos de um ano das eleições legislativas.
No entanto o pior ainda foram as notícias nos jornais de sábado que sabiam de tudo como se dentro do processo estivessem, se de facto sabem, como é que sabem? e porque é que sabem? ou por outras palavras qual a finalidade que a imprensa saiba o que não deveria verdadeiramente de saber se se trata de segredo de justiça? Não estou a tentar dizer que acho que José Sócrates seja inocente e nem culpado, não sei, e não me compete julgar, devemos deixar a justiça trabalhar como deve, no entanto num Estado de Direito todo o réu tem presunção de inocência, ou seja é considerado inocente até que se prove a sua culpa e em caso disso a gravidade da mesma, como se diz o termo jurídico latino "In dubio pro reo", porque de facto devido às noticias publicadas sem fontes credíveis presumivelmente, faz com que já se
esteja a fazer justiça em praça pública devido à imprensa que temos e é muito próprio do nosso país.
Por vezes sinto que
tal como na "Jangada de Pedra" de José Saramago, estamos à deriva, ou
quem sabe a democracia passou a ser um cromo para se por num álbum.
Autor Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.