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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Comunicação Social e o Controlo das Massas

A comunicação é um processo de transmissão de informações, que ocorre quando um dos agentes quer transmitir a outro uma ideia, uma instrução, ou informar sobre um acontecimento ou uma noticia.

A comunicação é portanto, um processo de transmissão do conhecimento e da informação que se propaga de variadas formas, pela fala, a escrita ou por meios audiovisuais, como a rádio, a televisão e as redes sociais presentes na Internet.

Assim, os vários grupos sociais comunicam-se, não apenas para transmitir ideias e noticias, mas para transmitir instruções que põe em pratica o processo de organização social, de produção laboral pela transmissão de técnicas e conhecimentos, como para a transmissão da cultura, mas também, para manter o controlo social; assim, a comunicação existe principalmente no sentido descendente, ou seja, das autoridades e gestores, para as massas e os subordinados.

Nos tempos modernos, nomeadamente a seguir à Revolução Francesa e à Revolução Industrial, a informação tornou-se instrumento fundamental do processo político, económico e social, "quem tem o conhecimento detém o poder", este tem sido até hoje o grande lema no sentido da gestão e partilha controlada do conhecimento para a manutenção do Status Quo e a conquista do poder. É a partir desta citação que iremos agora ver o que realmente é a informação e quem tem acesso a essa informação.

Podemos pensar a informação, com uma alegoria, a "Cebola" ela tem níveis, o mais superficial, e o mais profundo ou o núcleo, que é acessível a poucos. A esmagadora maioria das pessoas hoje em dia, vive num nível de informação superficial, apenas sabe factos parciais, informação imprecisa, envolta em boatos, falsas notícias e noticias de caráter meramente de entretenimento. Até mesmo a internet que os cidadãos comuns podem aceder, têm pouca informação, a chamada 'Deep Internet' ou Internet Profunda, é onde reside a informação confidencial, tanto como a cientifica das grande universidades, como política dos governos e organismos internacionais e ainda a financeira dos grandes grupos económico financeiros a nível global.

Portanto, se olharmos com atenção para alguns acontecimentos relativamente recentes, como o caso de Julian Assange e o Wikileaks, ou ainda para o caso do 'Panamá  Papers' e de Eduard Snowden, um analista de sistemas da CIA  e da NSA que revelou uma série interminável de informação confidencial, apercebemo-nos que de facto a Informação não é para todos, e a fatia que nos cabe é ínfima, como afirma Noam Chomsky: "A população não sabe o que está a acontecer, nem sequer sabe que não sabe".

Posto isto, o que é então a informação a que temos acesso? Em certa medica é informação, também credível, mas que se limita a ser útil para o necessário funcionamento social, por outro lado é através dos Opinion Makers dos programas televisivos, ou das noticias triviais dos jornais, ou da imprensa escrita, televisiva ou radiofónica,  uma mera forma de controlo social, de direção de tendenciais de comportamento e consumo.

> Continua para a semana que vem -

Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

X - O que são a Elite e as Massas?


O conceito de Elite, no senso comum é visto como a minoria dominante, os que detêm o poder político, económico e social, em certa medida, este conceito não está errado, e porquê? Porque no Poder, seja ele nas Sociedades Maiores do
Poder político, seja nas Sociedades Menores do Poder social da hierarquia nas organizações, a elite é uma presença constante e o poder é mantido pelas Elites.
A elite é portanto, formada pelo conjunto de indivíduos que se destacam pala sua capacidade de liderança, pelo seu conhecimento, pela sua visão de fundo e sobretudo sobressaem-se pelo seu Know-how, ou seja, o saber fazer e fazê-lo de um modo melhor, assim sendo, a elite é formada pelos melhores.
O fenómeno das elites é transversal a todas as áreas do saber, pelo que em todas as classes sociais há a elite, ou seja, não se limita ao campo da política, antes pelo contrário é algo que penetra no mundo da empresa, da academia, das artes, do desporto, das forças armadas, da religião, entre outras áreas.
Gaetano Mosca
Assim teremos sempre a presença de uma elite ou grupo de pessoas que formam o conjunto das classes dominantes, contudo, a Teoria das Elites foi desenvolvida pela sociologia em particular pelo estudo da Estratificação Social e da mobilidade das classes sociais, abordada pelos sociólogos italianos Gaetano Mosca no seu livro ‘Elementi di scienza política’ e Pareto, que afirmam que o poder é mantido sempre pelas elites.
Vilfredo Pareto
Tanto Mosca como Pareto são colocados lado a lado nos estudos sociológicos ou políticos sobre a Teoria das Elites, tal como afirma Grynzpan (1999) contudo o mesmo autor refere que há acentuadas diferenças entre ambos, uma delas é que Pareto apesar de original nos seus escritos era fortemente influenciado por Mosca, tal como se fez notar nos ‘Les Systémes socialistes’ ou mesmo no ‘Trattato di sociologia generale’, o mesmo refere Raymond Aron em ‘As Etapas do Pensamento Sociológico’, seja como for, as ideias de Pareto, influenciadas ou não, vêm sendo entendidas pelos cientistas sociais como uma das grandes descobertas da nossa época, tal como afirma o autor acima citado.
Pareto observou que não há uma elite, mas várias elites, que se digladiam e lutam pelo poder, ou seja, o poder está sempre controlado pelas elites, que se alternam entre si, havendo claramente um desgaste durante a sua governação, sendo substituída a partir daí, por uma nova elite, esta teoria refere algo que contraria o conceito marxista de classe, aqui temos a desigualdade, é isso que opõe a elite às massas, os que governam e dominam aos que são governados e dominados em todas as áreas da sociedade.
Ao contrário da Elite que tem o impulso da inovação e o ímpeto da intervenção, as Massas que apresentam na sua esmagadora maioria, uma tendência conservadora e do medo da mudança bem como a incapacidade de intervir, pois não ousam correr riscos, Lara (2009).
Ortega y Gaset
As massas foram também objeto de estudo do pensador espanhol José Ortega y Gasset, desenvolvendo na sua principal obra, ‘A Rebelião das Massas, a ideia na qual mostra o homem das massas como o individuo conformado com o Status Quo, por outras palavras é toda a pessoa que renuncia inconscientemente à sua individualidade em favor do consciente coletivo que vai atrás da moda; as massas em si, não questionam, obedecem à tendência dominante, pelo que, esse individuo quer ser igual às massas, não pensa por si.
Por outro lado, o sociólogo francês, Jean Baudrillard, entende as massas como um corpo que absorve toda a dinâmica ou energia que emana do poder político, social e económico, neutralizando-as sem reagir, além de formarem uma uniformidade, que torna tudo o que é diferente, algo impossível de ser aceite ou percebido, para Baudrillard as massas são por si mesmas o Conformismo.
A Psicologia Política e o estudo das Elites
A democracia é considerada como o mais nobre dos sistemas políticos, apesar disso, é precisamente o mais frágil, porque está assente na vontade popular através do voto, e esta pode ser, de acordo com as circunstâncias de um dado momento, alterada pelo comportamento das populações, devido a isso, a política utiliza como instrumento de análise, não apenas a psicologia social, mas também a Psicologia Política.
Esta ciência, segundo Graça Corrêa Jacques (2013), terá tido como precursores Weber, Durkheim, Freud, Adorno, (poderíamos também inserir nesta lista a contribuição de Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto, pelos seus ensaios sobre as elites e a política) não-obstante, a autora refere que Lasswel é o fundador desta disciplina, a autora refere ainda, que apesar de ser uma ciência nova dentro da psicologia e um novo recurso para a análise do comportamento político, teve a sua origem na Grécia Antiga, sendo utilizada também por Maquiavel nas suas obras, todavia, como ciência específica teve o seu surgimento efetivo nos anos 50 do Século XX.
Os objetivos da Psicologia Política confundem-se em parte com a Sociologia Política, tal como o comportamento eleitoral, a cultura política, a prática da cidadania, o comportamento político por classes sociais, o autoritarismo político, o estudo das multidões, a comunicação social e a sua influência na opinião pública em geral e no eleitorado em particular, estuda também os novos comportamentos políticos saídos de movimentos religiosos, o nacionalismo, e os mecanismos psicológicos do comportamento social face às decisões políticas, ou ainda, os fenómenos políticos no que se refere à corrupção e a sua influência na população em geral.
Um exemplo de caso prático dos Estudos de Psicologia Social e da Sociologia Política, foi através dos motins ocorridos na cidade de Vitória no Brasil, devido à greve da Polícia Militar, levaram a uma série de ocorrências de violência e assaltos sem precedentes, em quatro dias, foram assassinadas mais de 70 pessoas, numa cidade cujos índices assemelham-se aos índices europeus, quando em condições normais. Este fenómeno normalmente é estudado de forma partilhada entre a Sociologia Política e a Psicologia Política, a primeira estuda as causas e as consequências sociais do fenómeno, a segunda debruça-se sobre as consequências políticas e saber onde falharam as relações de poder, ou por outras palavras, é saber o que ocorre e como se comportam as massas sem a existência da autoridade.
Neste sentido, as elites são também estudadas na Psicologia Política, devido à sua importância no exercício do poder, quer seja o poder político, das sociedades maiores, quer o social, das sociedades menores, em suma, estuda o poder coercivo da autoridade e a sua importância para a manutenção da ordem e do bem comum, ou ainda as consequências sociais da ausência de autoridade.
Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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