A geração à qual eu
pertenço, sofreu o impacto não de uma revolução, mas de três revoluções, uma
revolução politica, uma revolução tecnológica e uma revolução cultural, fruto da
sociedade da informação, e como consequência temos hoje Um admirável mundo novo", como diria Aldous Huxley, ou ainda entramos definitivamente na "A Era da Incerteza" de John Kenneth Galbraith. A realidade é que essas vagas de mudança como diria Alvin Toffler, não mudaram apenas o mundo, mudaram tudo à nossa volta, de forma drastica e em pouco tempo.
Não são os cabelos
brancos que nos dizem que estamos velhos, é o tempo, a saudade, as mudanças à
nossa volta e as memórias de coisas que nos ajudaram a ser quem somos e que já
não voltam.
Vimos pois cair uma após
outra as ditaduras, foi o fim do colonialismo, a queda do Muro de Berlim e
o fim do comunismo e da guerra fria, foi também o inicio da globalização e o
apogeu da internet e dos novos meios de comunicação, tudo isto à mistura num
curto espaço de tempo, mudou drasticamente o modo como se pensa, vê e atua num
mundo em constantes e aceleradas mudanças e de novos desafios e incertezas.
Para trás, ficou o jogo
da carica, a TV a preto e branco, os velhos elétricos, algumas farmácias com "Ph", ficou também o
livro de leitura que tínhamos na escola, e que passava de irmão para irmão; o
berlinde e o pião, os carrinhos de rodas, a mercearia, a taberna da rua, os
paralelepípedos, os autocarros de dois andares, o Diário de Lisboa com o cheiro
dos jornais acabados de imprimir e que nos sujavam as mãos, para trás ficou a
saudade, de tempos em que domingos pareciam dias de descanso, onde tudo estava
verdadeiramente fechado como se tivesse parado o tempo.
Mas não escrevo estas
linhas apenas para vos falar de saudades, mas acima de tudo para vos dar um
testemunho da História do tempo que vivi.