quarta-feira, novembro 19, 2014
Filipe de Freitas Leal
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O
Reconhecimento da Palestina
como um Estado independente, feita primeiramente pela "Câmara do
Comuns" no Reino Unido e agora aprovado pelo "Congresso dos Deputados"
em Espanha, seguir-se-á ainda a França nos próximos dias, em si isto nada tem de mal, e é a visão europeia, baseada no pluralismo, democracia ocidental e dentro desta
perspectiva os respectivos países visam contribuir para o fim das hostilidades
de uma crise que tem mais de 70 anos de existência. Este reconhecimento por si só, trará a paz tão desejada?
O problema
está nas contrapartidas, quais são? Quais as condições impostas para que se
possa garantir a paz? E o Hamas
continua com a sua política? Se não houver o inequívoco reconhecimento do direito de Israel a
existir como Estado independente, penso que se está a dar uma carta em branco que a curto ou a médio prazo tornará a situação ainda pior.
Nós
europeus infelizmente vimos hoje em dia as coisas de outros povos como se
fossem iguais a nós, e somos deveras os culpados de o Médio Oriente ser um
Barril de pólvora devido à nossa ignorância (e também dos estadunidenses) e à nossa presunção de superioridade latentes no etnocentrismo
e no eurocentrismo
que sempre foram desastrosos na política internacional.
Porquê só
agora a Europa se preocupa em reconhecer a Palestina, sobretudo ao mesmo tempo
que o "Estado Islâmico do Iraque e do Levante" torna-se uma ameaça
real à paz? É para acalmar os ânimos travar a continua perda da vida de
milhares de cristãos? O que está por trás deste ato que parece mera diplomacia?
Podemos
classificá-lo como um ato de coragem ou de covardia? A história mostrará no
futuro a resposta.
É preciso
entrar na mente do outro, calçar as suas sandálias, e ver com os seus óculos
para os compreendermos.
Curioso no meio disto tudo são as contradições, pois o Reino Unido, também não quer libertar a Irlanda do Norte e nem devolver Gibraltar a Espanha, esta por sua vez, não aceita quaisquer possibilidades de separatismo quer dos terroristas como a ETA no País Basco, quer por iniciativas políticas como o referendo que acabou por ter sido proibido de se realizar na Catalunha, além de continuar a ter Ceuta e Melila como enclaves coloniais no norte de África, A mesma Espanha que hoje reconhece a Palestina, é um dos países que se recusa a reconhecer a independência do Kosovo; Por sua vez a França que ainda detém uma grande colónia a Guiana Francesa na América do Sul e também não permite a independência quer do País Basco francês, quer da Córsega acabam por decidir o reconhecimento da Palestina após 70 anos, mesmo quando a Palestina se recusou a ser um país independente para minar à nascença o Estado de Israel.