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domingo, 3 de setembro de 2023

O Beijo Que Se Tornou Uma Arma Política


Há dias, a Espanha sagrou-se campeã mundial de futebol feminino, toda a Espanha celebrou em êxtase a vitória, e um único gesto, um beijo, um único beijo, consentido ou não, roubou os holofotes da festa para se tornar num acontecimento mediático que percorreu o mundo inteiro, durante vários dias não se falava de outra coisa, o Presidente da Real Federação Espanhola de Futebol Rubiales beijara na boca a capitã da equipa auri-rubra, a tal ponto que já não interessava a Guerra na Ucrânia, os golpes de Estado em África a cobro do grupo Wagner, a morte de Perigozhin ou o processo judicial contra Donald Trump, foi apenas um beijo, que se tornou a coisa mais importante do mundo, como se de repente já não existisse mais nada de importante, apenas um beijo era tudo o que movia paixões e ódios.

O que ajudou a isto, foi a crise política espanhola, a Espanha que é actual Presidente da Europa, está praticamente sem governo, o impasse criado nas eleições de Julho não trouxeram maioria a nenhuma das principais forças políticas, e o actual Primeiro Ministro Pedro Sanchez do PSOE, tenta evitar que Alberto Nuñes Feijó forme governo, assim, o beijo foi aproveitado para incendiar o ambiente politico em Espanha, geraram-se manifestações de protesto contra Rubiales, no qual estiveram vários ministros socialistas, por outro lado foram feitas manifestações de apoio a Rubiales, dizendo que não ocorrer um assédio sexual como alguns defendem.

Eu pessoalmente não defendo Rubiales, mas não se viu a jogadora Jenni Hermoso a repudiar o beijo, pelo que terá abraçado Rubiales levantando-o do chão, e o beijo ainda que inesperado não suscitou um gesto de recusa, o que me dá a entender que não terá sido a primeira vez e que havia algum consentimento implícito, de modo que, parece-me estranho e forçoso transformar em crime de "agressão sexual" um gesto de afecto espontâneo num momento de euforia, ainda que inesperado. Ou seja, um erro está a levar a outro erro.

Rubiales é claramente um narcisista, com um ar de machista, aparente ser um tanto quanto arrogante e mal educado, pois aquela forma de levar as mãos aos genitais durante o jogo, de pegar a rapariga e levá-la aos ombros, são deploráveis e claramente mais graves do que um beijo; não sei até que ponto o beijo dado no calor da euforia pela vitória poderá ser razão para que se levante uma apaixonada campanha de condenação extrema ou até de criminalização por parte dos Média.
É importante que saibamos ver os factos com moderação e isenção, mas o que vejo é o oposto, parece-me que há muita Hipocrisia e uma inequívoca manipulação nesta campanha.

há uma clara manipulação da opinião pública por parte da imprensa em relação a este caso, que pode estar a ser instrumentalizado por interesses políticos pré-eleitorais em Espanha. O beijo ou a prepotência de Luis Rubiales não são nada comparativamente aos casos incógnitos de violência doméstica, violência de gênero, de violência nas relações laborais ou de abuso de poder dentro das empresas, e que muitas vezes permanece impune e as vítimas em silêncio. Eu condeno sim os agressores e os prepotentes, mas não deixo de analisar os factos com liberdade e isenção e não me permito ser manipulado pelos Média. Este caso atinge a demência colectiva pela histeria em torno de um caso que não merece a atenção que se está a dar.
E digo mais, Rubiales beijou apenas aquela jogadora Jenni Hermoso daquele modo e não tentou beijar outra? Foi claramente um acto irreflectido, um erro porque não mediu as consequências do seu ato, fê-lo na euforia da comemoração. Mas parece-me estranho, forçoso e igualmente irreflectida, a ideia de transformar em crime de agressão sexual um gesto de afecto espontâneo num momento de euforia entre duas pessoas que se conhecem, ainda que tenha sido um gesto inesperado, ou seja, um erro, que está a levar a outro erro maior por razões políticas. se fossem duas jogadoras a beijarem-se na boca, não haveria condenação nenhuma por parte dos Média. O que não podemos é cair nas ciladas de uma falsa democracia, do politicamente correcto, que condiciona os governos e agora também visa condicionar os tribunais. Pensem nisto.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

sábado, 11 de novembro de 2017

Catalunha - O Erro da Mariano Rajoy

A atual crise política da Catalunha, tem sem sombra de dúvidas origem num variado e complexo conjunto de aspectos, tanto culturais, desde a sua origem histórica, adentrando nos meandros da vida política no Pós-Franquismo, que se estendem à economia e por fim à sociedade civil, sendo que esta crise tornou-se no pano de fundo para disfarçar o acumulo de erros políticos.
Todavia esta crise era evitável, e deveria ter sido evitada a todo o custo em beneficio da Espanha, dos espanhóis, dos catalães e por extensão da Europa. No entanto Mariano Rajoy permitiu que ela se agravasse, por três razões ou erros cometidos:
1) O primeiro erro de Rajoy foi ter agido com total inabilidade política, em vez de ter promovido uma reforma constitucional que há muito se faz sentir necessária, optou pelo endurecimento com o discurso de respeito pela constituição, sendo que se trata de uma constituição que não tem em conta os direitos humanos no que concerne à autodeterminação dos povos, e sabemos de antemão que a Espanha não, nem nunca foi uma nação, mas antes uma federação de países e povos que se reuniram à força imposta pela hegemonia castelhana, assim, castelhanos, galegos, bascos e catalães são nações distintas dentro de uma federação a que chamamos Espanha.
2) O segundo erro de Rajoy, foi ter tentado com esta crise ocultar as suas falhas de governação em geral e da baixa popularidade que quase o fizeram perder o governo, todavia conduzido ao cargo de Primeiro Ministro tentou mostrar-se forte para os opositores internos do seu partido, PP - Partido Popular (de direita), sobretudo num momento em que os escândalos de corrupção assolam o partido.
3) O terceiro e pior erro de Rajoy, foi ter ordenado a carga policial, no dia 1 de setembro, em que se realizou o referendo convocado por Carles Puigdemot o Presidente da Generalitat da Catalunha, erro agravado com a ameaça do Artigo 155 da Constituição (Suspensão da Autonomia), ameaça já anteriormente feita em 2010, assim provocado o nacionalismo independentista, que até então contava com cerca de 40% dos cidadãos catalães e seguramente não teria ganho o referendo, nesse sentido ter enviado forças policiais para oprimir os eleitores, encerrar escolas, confiscar urnas e agredir cidadãos indefesos, que fez aumentar a simpatia pela causa catalã no mundo inteiro, embora, a Europa em uníssono estivesse contra a Catalunha no discurso oficial, defendia nos bastidores que a solução não podia ser nem a força, nem meramente judicial, mas sim o diálogo e uma solução política.


Curiosamente, não se compreendeu bem, a posição do Rei Filipe VI, que normalmente não intervém em questões políticas, mas ao fazê-lo poderia ter tentado colocar água na fervura, mas inversamente pôs mais lenha na fogueira e voltou a não promover uma reforma política e constitucional. Resta saber o que se irá passar, já se fala em reforma constitucional, o que prova os equívocos e precipitações do governo central, com culpas também para o PSOE, mas sabe-se que neste momento prisões e a persecução não terão bons resultados políticos. 


Autor: Filipe de Freitas Leal


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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Curiosidades Históricas da Península Ibérica

Curiosidades históricas da Península Ibérica:
1 - O primeiro a conquistar território e a formar a sua Nação foi Portugal a partir de 1128 e definitivamente consolidada a independência em 1140 com D. Afonso Henriques o primeiro rei de Portugal, a Espanha surge a partir do Século XV, com a unificação dos reinos de Castela e Aragão, ou seja três séculos depois da formação de Portugal.
2 - No fim da II Grande Guerra, da qual aliás Portugal e Espanha não participaram, Portugal constitui-se no entanto como membro fundador da Organização do Tratado do Atlântico Norte, e logo em 1976 inicia o processo de adesão à CEE, passos que Espanha seguiu e em 1986 entram juntos na Comunidade económica Europeia, tendo a Espanha aderido nessa mesma data à OTAN.
3 - Após um longo período de ditadura em simultâneo nos dois países ibéricos, Portugal liberta-se pela revolução dos cravos em 1974, a Espanha só em 1976 daria os primeiros passos rumo à democracia, embora de forma menos traumática.
4 - Num regime parlamentarista, que só viu em 40 anos surgirem governos com maioria absoluta ou relativa, as eleições em Portugal revelam um novo cenário político em tudo igual às mais desenvolvidas democracias, quem teve mais votos, não conseguiu formar governo. Agora é a vez de Espanha, que nos segue nesse mesmo caminho, o do Parlamentarismo puro e de uma democracia pragmática, construída no diálogo e no respeito de todas as forças políticas como expressão dos eleitores.
No Entanto é a Espanha que está a ser o motor de Portugal, se o país vizinho entra em crise, Portugal ressente-se dessa crise na sua economia pelo desequilíbrio da balança comercial e consequentes desajuste nas finanças públicas pela queda das exportações.
Se a Espanha revigora a sua economia, Portugal vai atrás e ergue-se, por isso, é natural que em ambos os países ocorram fenómenos políticos e sociais idênticos, resta que os portugueses reconheçam isso e se abram as portas de uma maior concertação política e económica entre ambos, com vista ao fortalecimento dos países periféricos da União Europeia. Quiçá um Benelux Ibérico.
A Península Ibérica, a nossa casa, o nosso chão, sua forma faz-nos lembrar Jannus, o deus romano com duas caras, uma que olhava para o passado e outra para o futuro, assim são Portugal e Espanha, os lusitanos com a nostalgia da saudade olham o passado e o que construíram além mar e os espanhóis empenhados em seguir em frente olham para o futuro europeu.
Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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