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quarta-feira, 6 de abril de 2022

A Guerra na Ucrânia não tem comparação


É leviana toda a comparação da Guerra na Ucrânia com as Guerras da Síria e do Yémen, é igualmente leviana no que se refere à sensibilidade dos europeus para com os ucranianos e insensibilidade para com os sírios e yemenitas baseados na "linha da cor".

É importante compreender que o que se passa na Síria, no Yémen e até na Líbia, são guerras civis na sequência da escalada da Primavera Árabe nesses países, quanto à Ucrânia, basta lembrar que se trata de algo totalmente diferente, uma agressão externa e invasão, sem que tivesse cometido algum ato que justificasse essa agressão militar, o "crime" da Ucrânia foi o de ser um país democrático e soberano.

Em segundo lugar não se trata de cor, até porque os povos do oriente médio são igualmente caucasianos como os europeus, mas mesmo que não fossem não é a cor. A razão de uma maior sensibilidade para com a Ucrânia e os ucranianos, está assente na natureza e no motivo que geraram a agressão, além de ser mesmo aqui ao lado, mesmo no solo europeu.  Afonso Esteves mestrando em Relações Internacionais pela FLUP da Universidade do  Porto, afirma que: "Este conflito na Ucrânia tem um maior mediatismo pelo simples facto de ser um conflito perpetrado por uma potência nuclear, numa zona sensível por estar perto de outras potências nucleares".

A revelação ao mundo sobre o "Massacre de Bucha" onde foram torturados e mortos mais de 300 civis às mãos dos soldados russos, aumentou em muito a indignação da comunidade internacional sobre o conflito e contra esta guerra. É incomparável sim, mas mais notícias afirmam que terão morrido até à data, mais de 5.000 civis só em Mariopol, cidade aliás já destruída, sobram apenas 30% dos seus edifícios.

Na sequência do massacre de Bucha, vários países ocidentais, expulsaram diplomatas russos, Portugal expulsou 10 espiões russos que se faziam passar por funcionários, e perante os massacres e todos os crimes de Guerra que Putin ordena há países que cortaram relações diplomáticas com Moscovo.

Se não se pressionasse agora a Rússia com sansões severas, então estaríamos no Ocidente a dar um sinal inequívoco a outros tiranos, que poderiam fazer o mesmo e ficariam impunes. Passámos para outros povos a ideia de que no Ocidente liberal só nos interessa o dinheiro, e que somos vendidos.
Estas sansões visam precisamente mostrar que há regras e limites, para que amanhã não seja a Moldávia a próxima vitima.

A questão é: Saber até onde irá Putin e o que o poderá deter para voltarmos à paz. Mas doravante, o sentimento será sempre de uma paz podre.

Quando a guerra contra a Ucrânia acabar, a maior prova de que há uma Nova Ordem Mundial é que será erguido um novo e gigantesco muro a separar a Ucrânia da Rússia e da Bielorrússia. No entanto surgem duas questões: Saber até onde irá Putin e o que o poderá deter para voltarmos à paz. Mas doravante, o sentimento será sempre de uma paz podre.

Autor do blog: Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

 
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