A Nova Ordem Mundial, que tanto se fala, traduz-se num
crescente aumento da influência do comercio externo e da economia sobre a
politica. É o virar de uma página da história política, no que concerne ao
mercantilismo e ao capitalismo de Estado ou mesmo ao regime comunista.
Quando surgiu a Globalização? A esta pergunta, poderíamos
ir buscar uma série de antecedentes históricos, que nos levariam sem duvida aos
descobrimentos marítimos portugueses dos séculos XIV e XV, não obstante, foram
os portugueses os primeiros navegadores a chegar ao Japão, desse contacto
surgem as primeiras armas de fogo no extremo-oriente, Nagazaki havia sido
construída por missionários jesuítas portugueses, e até mesmo a palavra “arigatô”
vem do termo português “obrigado”. Sem falar na troca global de plantas
que foram tiradas de um continente e plantadas noutro, tal como a mandioca, o
principal alimento da dieta africana, foi levado pelos portugueses do Brasil
para África, bem como o milho e a batata que não existiam na dieta europeia.
Mais dramática e igualmente influente, foi a migração
forçada de milhares de africanos comprados e levados como escravos pelos
ingleses, franceses, espanhóis e portugueses para a agricultura em todo o
continente americano ou o denominado Novo Mundo, facto que é de suma
importância, devido a isso, hoje observamos que a população do Haiti é maioritariamente
afrodescendente, em detrimento das populações indígenas que foram assimiladas e
miscigenadas tanto com os escravos como com os colonos.
No que concerne à globalização, temos que ter em conta a
crescente influencia desse processo no aspeto cultural, cada vez mais os povos
se aproximam culturalmente uns dos outros, e isso origina-se com o surgimento
de sociedades multiculturais, que obviamente surgiram no novo mundo, muito
embora com algumas bolsas de resistência com comportamentos de racismo e
xenofobia.
Um dos países onde melhor se definiu o multiculturalismo,
foi sem dúvida o Brasil, país no qual não houve o racismo de forma clara ou
institucional, como ocorreu por exemplo nos Estados Unidos da América, no
Brasil as questões de divisão são maioritariamente de classe e não tanto de
etnia.
Nos anos 30 do século XX no Brasil, a pergunta de ordem
era saber quem eram de facto os verdadeiros brasileiros. Seriam os índios que
eram os habitantes autóctones, os portugueses que criaram os Brasil e deixaram
as bases das suas estruturas sociais, culturais, religiosas e políticas, ou
seria ainda os afrodescendentes a quem a economia fundamentalmente agrícola e
pecuarista do Brasil devia muito pelo seu trabalho braçal? Foi o sociólogo
brasileiro Gilberto Freyre quem com o seu livro, “Casa Grande e Senzala”,
vem mostrar que todos os três elementos humanos fundadores do que se chama de
brasilidade, são igualmente importantes e autênticos brasileiros, esta reposta
agradou sobremaneira ao Presidente Getúlio Vargas e ao renascido nacionalismo
brasileiro.
Todavia, a globalização não se centra nos aspetos
culturais, esses são mera consequência dos objetivos fundamentais, que são
económicos, fundam-se no comércio externo, na internacionalização das empresas multinacionais
e na busca do lucro.
Outros autores como AlvinToffler, vêm a origem da
globalização no desenvolvimento da sociedade de serviços ultrapassando a
industrial nos anos 50, a nova sociedade da informação e o desenvolvimento
tecnológico terão facilitado a comunicação e encurtado as distâncias, isso
permite o desenvolvimento consecutivo do comercio externo.
A partir daqui surge o desenvolvimento de grandes
conglomerados dos Blocos económicos, inicialmente com a EFTA e a CECA, esta
ultima viria a dar lugar à CEE atual União Europeia, no bloco comunista
criara-se o COMECOM, entretanto extinto, mais recentemente surgiram a ASEAN, o
Mercosul e a NAFTA, mas o mais importante é a criação da Organização Mundial do
Comércio, a partir do que foram as conversações do Uruguai Round, da antigo
GATT. Acordo Geral sobre Tarifas e Impostos.
Para ilustrar o que é e como funciona a globalização,
temos de citar a intervenção do FMI Fundo Monetário Internacional ao determinar
a internacionalização do Dólar estadunidense como moeda franca a nível
internacional no pós-guerra, sem falar da moeda única na Europa, o Euro que se
tornou mais forte do que o dólar apesar da instabilidade económica na Zona
Euro.
Alguns dos ícones da globalização são sem sombra de
dúvida as parabólicas de TV Satélite, os cabos submarinos de transmissão de
Internet e as agências de viagens repletas de descontos em passagens aéreas, o
mundo hoje está mais próximo por meios de comunicação e pela rapidez na
deslocação de um continente a outro como nunca antes se imaginara. Mas esta é a
parte visível da globalização, parece que à partida fora feito de propósito
para deixar feliz o consumidor final, mas não, essa é a ponta do Iceberg, a
raiz de tudo isto, está no lucro, na vinculação ideológica do liberalismo
vigente e nas grandes transações financeiras a nível global, de holdings
gigantescas que fazem das Bolsas de Valores o principal ícone da globalização.
Não obstante à medida que se desenvolve a globalização no plano financeiro e
económico, também se desenvolve no plano político, todavia de forma inversa ao
modo como a política até aos meados do século XX funcionava, para exemplificar,
tivemos o Crash de 1929 e a sua solução através do New Deal,
a política de então é que determinava as regras do jogo económico, todavia, atualmente
são os mercados que determinam as politicas a tomar, os países passam a ser
vistos como empresas. A eleição nos Estados Unidos, do magnata Donald Trump para
suceder o democrata e progressistas Barack Obama, serve de exemplo para este
dado, um homem que não vem da política como carreira, mas antes um empresário
multimilionário, de tendência claramente conservadora e neoliberal.
Principais Características da “Aldeia Global”
Ø Internacionalização das empresas;
Ø Internacionalização do mercado de capitais;
Ø Organização de Grande Blocos Económicos;
ü Perda de parte da soberania dos países em favor dos Blocos Económicos.
Ø Criação da Moeda Única;
Ø Dólar como moeda franca internacional;
Ø Criação Organização Mundial do Comércio;
ü Consolidação do liberalismo político;
ü Redução dos direitos sociais
Ø Maior competitividade entre os continentes;
Ø Maior aproximação cultural e ideológica global;
·
Maior facilidade de
deslocação;
·
Acesso à informação e
comunicação;
·
Maior uniformização
cultural;
A Globalização submete o papel do Estado (antes um
regulador) aos interesses dos grandes conglomerados económicos e financeiros
(antes meros agentes), fazendo com que os Estado perca parte da sua soberania,
dando a impressão que as instituições democráticas são hoje em dia uma mera
plataforma de implementação dos interesses financeiros por parte tanto dos três
poderes.
Observa-se atualmente na globalização uma inegável
presença do ideal neoliberal, claramente com o intuito de retirar ao poder político
o seu papel regulador do mercado, para ser o mero regulamentador da agenda
económica e financeira, retirando ao Estado a sua presença em setores como a
banca, os transportes públicos, as comunicações, correios, saúde, educação,
energia e saneamento básico.
Posto isto, observa-se ainda que as reformas liberais
levadas a cabo, refletem uma clara interferência no mercado de trabalho, através
de imposição de alterações à legislação laboral, fragilizando em larga medida a
já frágil situação dos trabalhadores, tanto nos países desenvolvidos como nos
que se encontram em desenvolvimento, bem como pela redução dos ordenados no mercado
de trabalho e o fim dos apoios sociais.
A soma deste quadro no que concerne à globalização
corrobora as graves consequências sociais que têm surgido, tais como o desemprego
de longa duração, a emigração, o empobrecimento das faixas mais idosas da
população e o consequente agravamento da insustentabilidade da segurança social, que choca com
o apoio estatal à banca falida, através de dinheiro público saído do bolso dos contribuintes
nos países da Zona Euro, como foi o caso de Portugal Irlanda, Grécia e Espanha,
os denominados PIGS.
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