Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
E eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos, em sonhos gigantes.
E a cidade vazia, da cor do asfalto,
E alguém me pedia, que cantasse mais alto.
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e´ a estrada?
Aquele era o tempo, em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam, o que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala, nem a falha no muro.
E alguém me gritava, com voz de profeta
Que o caminho se faz, entre o alvo e a seta.
Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada
De que serve ter o mapa, se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista, se o barco está parado,
De que serve ter a chave, se a porta está aberta,
De que servem as palavras, se a casa está deserta?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada
Autor Filipe de Freitas Leal
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