O
envelhecimento é acima de tudo um fenómeno universal, mas a forma
como se descreve e categoriza a última etapa da vida varia de lugar
para lugar.
A
velhice é um “Constructo Social” tal como outras dimensões da
condição humana, a velhice e o envelhecimento são objeto de estudo
e reflexão, em todas as civilizações houve sempre a consciência
de envelhecimento e dos seus impactos não só no próprio em termos
de capacidade físicas e intelectuais, mas as reflexões variam ao
longo do tempo, e com abrangências nos aspectos sociais, morais e
filosóficos.
Nas
civilizações antigas, Egito, China, Império Romano entre outros já
se debruçavam nesta questão do envelhecimento. A velhice encarada
como doença. Gerando a busca do
Elixir da Longa vida, que seria
o que nos permitiria a juventude eterna segundo os Alquimistas
da Idade Média.
Na
cultura judaica antiga, e no livro sagrado a Toráh, há passagens,
que falam da decrepitude da pessoa ante o envelhecimento, mas também
mencionam a respeito que lhe é devido e a sua importância devido à
sabedoria. E mesmo no Século XX, Elie Metchnikoff, (1905) afirmou
que “a velhice é uma doença crónica e infecciosa que se
manifesta pela degeneração ou enfraquecimento dos elementos
nobres...”
Há
claramente uma ideia de envelhecimento associada a uma ideia de
declínio, que foi o modo como a velhice era vista no passado. O
envelhecimento trazia consigo um certo estigma social, que era muito
mais penoso para o género feminino, até porque a sociedade era
patriarcal e o facto das mulheres na altura não terem o
reconhecimento social como hoje, deixava-as mais vulneráveis em
situações de envelhecimento acompanhado de viuvez ou seja uma maior
marginalização.
A
Velhice e os padrões económicos
Nas
sociedades agrárias, haviam maiores oportunidades para os idosos, e
uma maior valorização dos saberes tradicionais, e da importância
do idoso no seio da família ou comunidade. Pelo qual lhe eram
atribuídas tarefas de acordo com as suas capacidades. A propriedade
de terra era uma mais valia, na medida em que permitiam uma velhice
mais tranquila aos que a possuíam.
As
sociedades industriais surgidas com a Revolução Industrial do Séc.
XVIII, e inicio do Séc. XIX, trouxe o predomínio da máquina sobre
a produção artesanal, maior pressão sobre o tempo e a produção,
bem como o advento da eficiência e da eficácia, desvalorizando o
sistema antigo, baseado nos laços e na solidariedade familiares,
tornando as redes sociais mais frágeis, e a vida no seu quotidiano
mais vulnerável.
A
atual era civilizacional da terceira vaga, a era pós-Indústrial ou
a era Informacional, trouxe a infoexclusão, já não se trata de uma
questão de ter ou não estudos, ou ter ou não a escolaridade
obrigatória, trata-se de saber utilizar ferramentas, informáticas
que estão associadas aos meios de produção, que estão a mudar
vertiginosamente, o que é possível prever que o idoso nos anos 90
ou no inicio do século XXI, que só tivesse a escolaridade
obrigatória do seu tempo, e que não soubesse usar instrumentos
informáticos, seria como que um analfabeto no seu tempo,
impossibilitado de obter informação.
Gerontologia
X Geriatria
Para
muitas pessoas, ainda é uma confusão, distinguir uma ciência da
outra, que tem obviamente fundamentos e funções diferentes.
A
Primeira dedica-se a estudar os aspectos biológicos, psicológicos e
sociais ligados ao fenómeno do envelhecimento.
A
segunda, focaliza-se na prevenção de doenças, no tratamento das
mesmas com o objetivo de dar a maior qualidade possível ao idoso no
seu processo de envelhecimento, nomeadamente cuidados continuados de
idosos acamados.
História
da Gerontologia
Trata-se
de um campo cientifico interdisciplinar bastante recente, que se
iniciou no inicio do Séc. XX com Metchnikoff, com “O prolongamento
da vida” em 1905, Stanley Hall, com o seu livro de 1922
“Senescência, a 2ª parte da vida.
Só
em 1950 dá-se o primeiro congresso internacional de Gerontologia.
Resumindo
1
– O envelhecimento é um processo complexo
2
– Envolve vários fátores
3
– É diferente de pessoa para pessoa.
4
– Há um envelhecimento “Dialógico” e um envelhecimento
“Demográfico”
10
Fatores sobre o envelhecimento
01
– Fenómeno global, crescente em todo o mundo, o grupo das pessoas
com mais de 65 anos é o que tem tido o maior crescimento.
02
– Considerado triunfo das sociedade modernas, pela melhoria das
condições de vida, novas descobertas da ciência e melhoria de
condições de saúde das populações.
03
– Há no entanto graves desigualdades, a espcectativa de vida à
nascença é diferente de país para país. No Japão é de 82 anos,
noutros países de África é de 42 anos.
04
– Em cada país, há diferenças nas condições de saúde e
esperança de vida, de acordo com o género e o estrato social.
05
– Os idosos são um importante recurso para a família e a
sociedade bem como para a economia (Quando saudáveis)
06
– Bons cuidados de saúde e sociais, são fundamentais para
preservar a saúde e a autonomia dos idosos.
07
– As catástrofes naturais tem maior impacto sobre os mais
vulneráveis, como os idosos.
08
– O risco de quedas aumenta com a idade e as consequência são
mais graves.
09
– Com o aumento da população idosa (envelhecimento demográfico)
tem vindo a crescer o índice de abuso e violência contra as pessoas
idosas.
10
– A capacidade de aprendizagem não cessa com a longevidade, o ser
humano consegue sempre aprender e adaptar-se
Áreas
Prioritárias da Gerontologia
1
– O Estudo dos idosos e dos problemas funcionais na velhice.
2
– O Estudo do Envelhecimento como uma etapa do desenvolvimento da
pessoa humana.
3
– O Estudo do impacto do envelhecimento demográfico nas
instituições sociais.
O
Envelhecimento nas Sociedades Contemporâneas
-
Aumento da esperança de vida nas sociedades industrializadas.
-
Fecundidade mais baixa, idosos vivem mais tempo, gerando profundas
mudanças na estrutura etária pirâmide da população.
-
Mudanças na estrutura familiar, mais divórcios, mais famílias
mono-parentais.
-
Mudanças na expectativa e na responsabilidade do Estado face à
proteção social.
Desafios
Colocados pelo Envelhecimento Demográfico.
-
Segurança social sobre pressão, devido a reformas, pensões e
cuidados de saúde.
-
Aumento da procura dos cuidados médicos, especialmente geriatria.
-
Crescente necessidade de técnicos de gerontologia.
-
Aumento da procura de cuidados
prolongados, devido a situações de graves doenças e demência.
-
Aumento do Idadismo, que é uma atitude preconceituosa que nega à
pessoa idosa os seus direitos fundamentais. É uma forma de exclusão,
de regejição da pessoa que atingiu a idade avançada.
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Autor Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.