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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Dois Sonetos de Amor da Hora Triste

'Dois sonetos de Amor da Hora triste', um poema que ficou imortalizado na memória dos portugueses, escrito pelo poeta Álvaro Feijó, (1916-1941), nascido em Viana do Castelo; cedo se fez poeta, e também cedo partiu, tinha apenas 25 anos de idade, morreu de doença prolongada em Lisboa, e deixou-nos o seu legado, a sua poesia e sensibilidade pelo estilo neorrealista que caracterizava à época, os grandes vultos da literatura. Tendo publicado apenas um livro em vida, 'Corsário' (1940), foi no entanto agraciado com uma obra póstuma, no mesmo ano da sua morte, 'Poemas de Álvaro Feijó' no qual consta o presente poema.

I 

Quando eu morrer, e hei-de morrer primeiro
do que tu - não deixes fechar-me os olhos 
meu Amor.

Continua a espelhar-te nos meus olhos 
e ver-te-ás de corpo inteiro 
como quando sorrias no meu colo.

 
E, ao veres que tenho toda a tua imagem 
dentro de mim, se, então, tiveres coragem, 
fecha-me os olhos com um beijo. 

Eu, Marco Pólo, 
farei a nebulosa travessia 
e o rastro da minha barca 
segui-lo-ás em pensamento. Abarca 
nele o mar inteiro, o porto, a ria... 

E, se me vires chegar ao cais dos céus, 
ver-me-ás, debruçado sobre as ondas, para dizer-te adeus. 

II 

Não um adeus distante 
ou um adeus de quem não torna cá, 
nem espera tornar. Um adeus de até já, 
como a alguém que se espera a cada instante. 

Que eu voltarei. Eu sei que hei-de voltar 
de novo para ti, no mesmo barco 
sem remos e sem velas, pelo charco 
azul do céu, cansado de lá estar. 

E viverei em ti como um eflúvio, uma recordação. 
E não quero que chores para fora, 
Amor, que tu bem sabes que quem chora assim, mente.

E, se quiseres partir e o coração to peça, diz-mo.

A travessia é longa... Não atino talvez na rota.

Que nos importa, aos dois, ir sem destino.

_____________

Autor do blog: Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Um Poema à espera de um nome

Era como gato-sapato que ela brincava,
Com o coração dele, feito de pano
Atirado a um canto num quarto escuro,
E rebuscado por encanto, ele se surpreendia
Teimoso coração que nunca se cansava,
De ter esperança no segundo seguinte,
No minuto teimoso, na hora desejada,
No tempo tardio da vida que tarda.
Até um dia.
O dia em que desacreditou de si mesmo,
E no qual as nuvens tornaram-se cinzentas.
Os dias penosos,
Até um dia.

O coração de pano, num corpo de papel,
Não conhecia antes o gosto do fel.
Com o rosto cabisbaixo e os olhos no chão,
Segurava tremulo um poema na mão,
Numa folha de papel arco-iris
Leu pela última vez o seu poema,
De versos desalinhados e sem rima,
Baixou as mãos, olhou para cima,
Com os seus olhos grandes e molhados,
Sem se aperceber e resignado,
Deixou cair o lápis, e a folha,
Na terra fértil da sua imaginação.

Seguiu em frente, em direção ao futuro,
Caminhava na direção do sul,
Deixando plantada na terra a folha e o lápis,
Onde nascera uma árvore Cor de Arco-iris,
Cujos frutos eram poemas de amor,
E ele nunca soube da árvore colorida,
Que sem intenção e sem saber, plantara,
Nela, há um poema gravado no tronco,
À espera de alguém para lhe dar nome.


Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Poema # 57 - Ausência

Ter um coração,
Sem ter quem se ama,
Não é ter coração,
É ter um pedaço da gente
Que espera por quem ama
E por isso sonha-se acordado
Na espera desse dia.
Ter coração com tanta distância,
De encanto e doçura,
É ter a dor da separação,
A surdez da ausência
Esquecida na canção,
Por isso faço do meu fado
A nossa melodia.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Poema # 56 - Um beijo perdido

Um beijo perdido no chão,
Peguei-o com cuidado,
Tendo-lhe deitado a mão,
Vi nele um sorriso desenhado.
Um sorriso de espera,
De encanto e doçura,
Que num vermelho quisera,
Dizer palavras de ternura.
E de repente levou-o o vento,
Silenciosamente desapareceu,
No céu imenso e num lamento,
Diz-me, de quem seria o beijo teu?

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Páginas Soltas ao Vento - Filipe de Freitas Leal

Foi editado em livro, pela Amazon.com, o conjunto de poemas que foram sendo postados aqui no Blog Humanista desde 2007, e que está dividido em três partes, a primeira é Poemas, contendo um conjunto de 50 dos poemas, segue-se Pensamentos Soltos, que tem um conjunto de 37 aforismos, de frases e pensamentos postados nas redes sociais, e por fim, temos Pensamentos sentidos, contando com cerca de 20 textos escritos sobre pensamentos publicados na blogosfera ao longo destes oito anos.

O objetivo inicial da publicação deste livro, foi a forma de proteger os poemas, editados no blog de forma aberta, obtendo assim o registo e a patente dos mesmo, garantindo os direitos de autor.

A edição foi feita pela CreateSpace, da Amazon.com, que atribuiu o ISBN (International Standard Book Number), a distribuição de vendas é feita via internet na Amazon dos EUA, Reino Unido e Europa. Outros canais de distribuição só estarão disponíveis dentro dos próximos dois meses, o livro é comprado pelos valores abaixo mais portes de envio.

Amazon.com (USA) - $ 10,00 
Amazon.co.uk (Reino Unido) - £ 6,00
Amazon.es (Espanha/Europa) - € 5,00
No Brasil o livro será vendido a - R$ 22,00

Por Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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