Quando eu
morrer, e hei-de morrer primeiro
do que tu - não deixes fechar-me os olhos
meu Amor.
Continua a
espelhar-te nos meus olhos
e ver-te-ás
de corpo inteiro
como quando
sorrias no meu colo.
E, ao veres
que tenho toda a tua imagem
dentro de
mim, se, então, tiveres coragem,
fecha-me os
olhos com um beijo.
Eu, Marco
Pólo,
farei a
nebulosa travessia
e o rastro
da minha barca
segui-lo-ás
em pensamento. Abarca
nele o mar
inteiro, o porto, a ria...
E, se me
vires chegar ao cais dos céus,
ver-me-ás,
debruçado sobre as ondas, para dizer-te adeus.
II
Não um adeus
distante
ou um adeus
de quem não torna cá,
nem espera
tornar. Um adeus de até já,
como a
alguém que se espera a cada instante.
Que eu
voltarei. Eu sei que hei-de voltar
de novo
para ti, no mesmo barco
sem remos e
sem velas, pelo charco
azul do
céu, cansado de lá estar.
E viverei
em ti como um eflúvio, uma recordação.
E não quero
que chores para fora,
Amor, que
tu bem sabes que quem chora assim,
mente.
E, se
quiseres partir e o coração to
peça, diz-mo.
A travessia é
longa... Não atino talvez na
rota.
Que nos importa, aos dois, ir sem destino.
_____________