Ainda permanece o preconceito de certas pessoas contra os
refugiados Sírios, algo que é contranatura e que ofende a
sensibilidade de qualquer pessoa de boa vontade, os refugiados
não estão a ir em direção à Europa porque querem, mas porque não têm
outra alternativa, se no seu país encontram a fome a doença e a morte, na
Europa dita cristã, encontram muitos preconceitos, não apenas de populares
mal informados, ou (mal formados), mas também de Estados como a Hungria
que permitiu que soldados disparem contra refugiados em caso destes provocarem desordem.
Resisti por muito tempo a colocar neste blog qualquer
fotografia alusiva ao menino sírio, que veio a morrer no Mar Mediterrâneo,
evitei por respeito mas também para não seguir o ruído informacional em
volta do assunto, mas passado esse tempo, acho que é bom que a sua memória simbolize o sofrimento de todo um povo.
Na Europa tem se vindo a encontrar
enormes resistências por parte de alguma população face aos
refugiados, além disso muitas pessoas não compreendem porque é que os
refugiados arriscam-se a morrer no mar, em vez de marchar para outros países do
mundo árabe, opiniões muitas vezes alimentadas por uma péssima comunicação
social, que pouco informam.
Para compreendermos o porquê de
táo arriscada empresa, a de vir para a Europa, é preciso ter o
conhecimento dos seguintes dados:
1 - Se os refugiados sírios, (alguns
deles cristãos que fogem da perseguição religiosa) marchassem para
sul em direção à Jordânia, já não encontraria o mesma capacidade de acolhimento
do inicio do conflito armado, pois a Jordânia já acolhe mais de 1
milhão de refugiados.
2 - Se marchassem para Norte, Leste ou o sudoeste em
direção às fronteiras da Turquia, e Iraque encontrariam precisamente as
forças militares de que fogem.
3 - A única saída é por via marítima
e obviamente em direção aos países europeus mais perto,
como o Chipre e a Grécia.
O conflito armado na Síria iniciou-se com a Primavera Árabe, mas escalonou pra o inferno sírio de uma tamanha violência sanguinária e uma destruição que já não se via desde o fim da II Guerra Mundial, envolve muitas forças militares e paramilitares, das quais se formam três alianças:
A) - Os Lealista ao regime de Bashar Al Assad, apoiados pelo Irão e a Russia, recebendo armas do Iraque, Bielorrussia e da Coreia do Norte.
B) - Os revoltosos da Coligação Nacional Síria (CNS), apoiados pelos EUA, França, Turquia, Líbia, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e a vizinha Jordânia.
C) O Estado Islâmico que por sua vez é consequência da mais desastrosa politica externa estadunidense e europeia no mundo árabe. O EI (ISIS ou ISIL) é motivado pelo ódio ocidental e anti-cristão e anti-judaico, que surge da humilhação sofrida pelos sunitas iraquianos após décadas de invasões e bloqueios económicos ao seu país.
Por isso para mim, Aylan Kurdi, o menino sírio de Etnia
curda, que morreu afogado a caminho de um refugio para sobreviver, é o símbolo
não apenas da Crise Humanitária que se vive, mas de uma civilização que estão a
morrer os seus valores, de liberdade, igualdade e sobretudo de fraternidade
dando lugar ao mais puro egoísmo
Autor Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.