quinta-feira, agosto 26, 2021
Filipe de Freitas Leal
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Incendiada em sinal de protesto durante a madrugada do dia 24 de agosto, a estátua de Pedro Alvares Cabral, o navegador português que em 1500 terá oficialmente descoberto o Brasil, a razão prende-se com um Projecto-Lei do Parlamento brasileiro que retira direitos de posse das terras
reivindicadas por indígenas que sejam anteriores ao ano de 1988, ano da actual constituição do país, trata-se do "Projecto-Lei 490", denominado de "Marco Temporal" por balizar o período a partir do qual os indígenas terão ou não, direito á posse das terras que reinvindicam.
Confesso que ao saber da noticia fiquei perplexo, e que ao mesmo tempo, a sensação de que se for preocupar-me com os problemas políticos do Brasil, que são tantos e gritantes, perco a saúde e não chego a velho. Pareço egoísta mas não é, é desespero por tantas incongruências gritantes e desnecessária, até porque na verdade o que está na base do protesto mostra que os indígenas estão certos. Pois trata-se de um grande golpe que só favorece a alguns políticos e em particular aos grandes latifundiários; a estátua em si, só serviu de meio para chamar a atenção.A lei em causa é de facto um claro atentado aos direitos humanos. Todavia, o problema é que infelizmente, passados 199 anos de independência face a Portugal, o discurso ainda hoje é ensinado nas escolas, que todos os males do Brasil são da responsabilidade dos colonizadores portugueses, distorcendo a realidade, pois foca no passado em vez de agir no presente e punir os culpados de hoje.
Por isso, o receio de que o problema de incendiar a Estátua, possa gerar a deturpação no discurso reivindicativo, ou seja, desviar o foco da opinião pública para o passado colonial que não é te modo nenhum o objetivo nem o problema real em causa.