terça-feira, dezembro 02, 2014
Filipe de Freitas Leal
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Criado em 2012 o MRB Movimento Revolução Branca, quer vir a engrossar as fileiras da acusação como assistente e dar assim uma "força", ao processo de acusação do MP Ministério Público contra o Ex-Primeiro Ministro português José Sócrates, notícias divulgadas pelo site "Notícias ao Minuto".
José Sócrates encontra-se detido preventivamente desde o dia 24 de novembro, numa Prisão de Évora, sendo acusado de corrupção e branqueamento de capitais, num processo que envolve outros três arguidos também presos. Devido ao segredo de justiça não se sabe ainda a que época é que se referem as acusações, se foi durante o seu mandato como Primeiro Ministro, ou se posteriormente a essa data.
O movimento acima referido é um movimento popular cujo nome até parece retirado da história do inicio do Século XX, onde o então Exército Branco lutava na Guerra Civil contra o regime soviético do Exercito Vermelho, instalado após a revolução de 1917. História à parte, qual é a análise critica que podemos aferir sobre isto?
Quanto a tudo isto, acho estranho e um absurdo, pois assemelha-se ao prazer de ajudar a matar moralmente as pessoas, sem
sequer se ter iniciado o julgamento. Estamos se calhar a anos de ver o
veredicto final que só à JUSTIÇA compete.
Creio que os cidadãos
devem manter a calma e o bom senso, pois a Justiça age sem a necessidade de ajudinhas, mezinhas ou novenas e
muito menos de meros linchamentos morais em praça pública, sabe-se lá
orquestrados por quem e com que finalidade. Para mim isso só levará a politizar
um processo que à partida não deveria ser tido como tal, até porque se aproximam eleições dentro de nove meses e o que está em jogo nessas eleições é a governabilidade e um projeto para o país.
Além disso, creio que este gesto é um
ato digno da Idade Média, onde não havia os Direitos Humanos muito menos o Estado
de Direito, tratando-se de um tempo em que qualquer pessoa acusada tinha à partida a presunção de
culpa e a justiça podia ser feita pelas próprias mãos em determinados casos.
Isto leva-me a convidar quem por ventura leia este artigo a indagar-se, se não serão
estes movimentos também algo que prejudica o andamento do processo e que
motivam uma politização do mesmo em detrimento da democracia, e do bom
funcionamento de cada um dos três poderes soberanos?
Um cidadão
com dois dedos de testa, e um pouquinho de dignidade, não se junta a iniciativas nem a favor nem contra, deixa que a justiça aja, e além disso independentemente
de o acusado ser culpado ou não, essa pessoa já tem a sua carreira pública destruída. E se por acaso
as acusações fossem falsas? E se for ilibado? Já não haveria como voltar a trás, e devolver-lhe a reputação, não chega isso?
Meus
amigos leitores, atitudes assim, não são dignas de cidadãos portugueses que viveram quase meio
século em ditadura. De acordo com o ideal humanista que defendo, creio que a Liberdade exige respeito por
quem tem o direito a ter um julgamento justo, independentemente de nomes ou de
cores partidárias. Claro que é natural que se possa ter a sua própria ideia sobre este e outros casos, mas daí a achar que o que a acreditamos é a verdade absoluta e partir para uma condenação em praça pública vai uma grande distância, sendo uma falta de civismo e uma incongruência.
Porque em vez disso não se batem para denunciar outros casos e prender suspeitos de iguais crimes que se encontram em liberdade? É claro que todos nós temos as nossas tendências, e por isso mesmo não devemos esquecer que na política há sempre telhados de vidro.
Autor Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.