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domingo, 24 de dezembro de 2017

VI - Quais os Principais Pensadores da Filosofia Política?


A lista de pensadores da ciência política, ultrapassa os que acima estão citados, citei apenas estes, devido a que entendo não ser o objetivo deste livro, abranger toda a Filosofia Política como um compêndio, mas, referir de forma concisa os
que considero serem os mais marcantes pensadores que contribuíram para a Ciência Política.
Assim, este capítulo aborda desde Platão e Aristóteles a Santo Agostinho e São Tomás de Aquino; desde os racionalistas e iluministas aos mais recentes, visando servir de orientação para a aprendizagem do tema e de indicação de leitura dos principais livros de cada pensador.
Na Grécia antiga, debruçaram-se no pensamento filosófico sobre política, entre outros, os filósofos clássicos como Platão e Aristóteles, sobretudo no que concerne aos sistemas de governo ideais para a época.
Platão (428-348 AEC), fora aluno de Sócrates; era filósofo, matemático e pedagogo, tendo fundado a Academia em Atenas, escreveu o seu mais emblemático livro sobre política, 'A República', livro que fundamenta o seu ideal de governo, idealizando a origem dos Regimes Sãos, que se degenerariam em Regimes Imperfeitos, mas que ciclicamente se recuperariam pela dinâmica da política.
Aristóteles (384-322 AEC), era aluno de Platão, além de filósofo Aristóteles foi também pedagogo pelo que foi precetor de Alexandre o Grande da Macedónia e fundou também o Liceu e a escola peripatética. Exerceu uma profunda influência para a filosofia política e teológica na Escolástica da Idade Média, via a política como uma “Ciência Maior”, é aliás de Aristóteles o conceito das três vocações do Ser Humano a vocação social, a vocação política e a vocação ética ou moral, visto que o Ser Humano é considerado por ele, como um Animal Político, escreveu A Política obra dedicada ao estudo da Pólis e a organização do Estado com o objetivo de surgir um Governo capaz de gerir o bem comum para todos; tal como Platão, afirmou que entre governos sãos e governos degenerados pelo desgaste, acaba por se desenvolver a tirania e posteriormente ressurge o governo bom.
Embora na Grécia antiga, já se discutisse sobre política, contudo, ganha forma pela Escolástica e o pensamento político implícito nas doutrinas de dois grandes pensadores, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, tendo em conta a importância da Igreja Católica numa sociedade praticamente teocrática, que visava dominar os destinos do Mundo.
Santo Agostinho (354-430 EC), nasceu em Hipona, foi um pensador e teólogo católico, influenciado pelo platonismo, não separava a doutrina política da teologia e nem da moral, pois para Agostinho, havia uma unidade intrínseca entre esses três níveis da doutrina, pensamento e práxis. Um dos seus mais famosos livros foi A Cidade de Deus no qual se debruçou sobre as relações entre a sociedade, o poder, a Igreja e o Estado (Lara 2007).
São Tomás de Aquino (1224-1274), nasceu em Nápoles, na altura a Itália ainda não era um país unificado, mas um retalho de reinos e repúblicas. Aquino foi um brilhante pensador da Escolástica, de tendência aristotélica, doutrina que difundiu enquanto professor em Paris e mais tarde em Nápoles, sua cidade natal, a sua obra mais influente foi sem dúvida a Suma Teológica, um livro de apologia teológica do catolicismo. O seu pensamento aristotélico era marcado pelo pessimismo antropológico e a ideia do Pecado Original, escreveu ainda “Comentários aos Tratados de Aristóteles”, onde Aquino defende a monarquia contra a república e define os deveres dos governantes cristãos. Morreu com 49 anos.
Nicolau Maquiavel (1469-1527), Pensador do Século XVI que fez surgir um novo conceito político, afirmando que todos os Estados ou são Monarquias ou Repúblicas, e lança assim o estudo dos Sistemas de Estado, sendo por isso considerado o primeiro pensador da política como ciência, sobretudo pelo cunho dos seus mais famosos livros, O Príncipe e outro livro A Arte da Guerra, título homónimo de uma obra de Sun Tzu; O primeiro é aliás um livro de análise política, obrigatório a todos os alunos universitários de Ciência Política, também é da sua autoria a frase de que “os meios justificam os fins”, tinha o interesse em que a Política utilizada de modo eficaz, pudesse unificar a Itália, então dividida em vários reinos e repúblicas e assim se formasse um governo laico e eficiente para gerir um Estado Forte baseado numa República em novos moldes.
Thomas Morus (1478-1535), inglês e católico foi Primeiro-ministro, e veio a ser mártir por ter sido preso e executado por ordem de Henrique VIII de Inglaterra, por recusar-se a renunciar ao catolicismo e por ter-se oposto ao rei no que se refere aos casamentos ilegítimos, ao Cisma Anglicano e à persecução contra os católicos romanos em Inglaterra.
Thomas Morus escreveu um dos mais célebres marcos da filosófica política A Utopia que é a sua obra-prima, livro que tem como subtítulo o “Tratado da melhor forma de governo” baseado numa ilha imaginária, onde reinasse um governo justo, o significado etimológico do termo “Utopia” é “em lugar nenhum”, nessa ilha não existia propriedade privada, a economia era planificada com a ausência de dinheiro e de metais preciosos, tinha uma divisão igualitária do trabalho, com a obrigatoriedade do exercício de uma atividade laboral, promovia-se a eliminação dos vícios, a criminalidade, a prostituição, os jogos de azar, as apostas e o recurso ao crédito pela usura. A família era o coração da sociedade da Utopia e a organização política baseava-se a partir de um senado eleito por um ano. Neste sentido podemos aferir que Thomas Morus foi um dos precursores do Socialismo, de uma corrente de pensamento que é considerada de Socialismo Utópico.
Jean Bodin (1530-1596), outro grande pensador do Século XVI foi o francês de origem judaica, formado em Direito foi professor na Universidade de Toulouse, e um dos grandes humanistas do renascimento; A sua maior obra foi sem dúvida Os Seis Livros da República precisamente por ter sido editado em seis volumes. Foi considerado um politólogo no sentido exato da palavra, debruçando-se sobre o funcionamento dos Regimes de Estado, as formas do exercício do poder e os atributos da soberania entre outras contribuições para a Ciência Política.
FRANCIS BACON (1561-1626), um grande humanista inglês nascido em Londres, formado em Direito, foi advogado e membro da câmara dos comuns, a sua principal obra são os Ensaios escritos em 58 volumes. Fora um crítico da escolástica e do aristotelismo, pelo que foi um precursor do empirismo científico.
THOMAS HOBBES (1588-1679), inglês, fugiu da República de Oliver Cromwell em Inglaterra, foi para França onde conheceu Descartes, pelo que se tornaram grandes amigos. Quanto ao seu pensamento, Hobbes era um pensador pessimista, para ele, a natureza humana é negativa e acreditava que a humanidade se dedicava a viver para as paixões.
Hobbes escreveu O Leviatã um dos seus mais importantes e influentes livros filosóficos e políticos, como pensador era da corrente Contratualista, e valorizava a paz e a concórdia em detrimento da Guerra, pois via na Guerra a origem de vários males sociais, defendia também um Estado laico acima da religião.
BARUCH ESPINOZA (1632-1677), nasceu em Amsterdão, era filho de judeus sefarditas que se refugiaram na Holanda por terem sido expulsos de Portugal pela inquisição no Reinado de D. Manuel I, tendo sido encaminhado por seu pai para uma Yeshiva (escola rabínica), acabara no entanto por vir a rejeitar os dogmas religiosos do judaísmo; a sua origem sefardita fez com que se debruçasse no estudo do seu povo e da realidade religiosa e política vivida então na Península Ibérica que em hebraico se chama Sefarad.
Da sua obra, destaca-se o livro Tratactus Theologico-Políticus, no seu pensamento político e filosófico destacam-se a defesa do Panteísmo, a distinção do conhecimento por níveis de pensamento, defende no campo da política a democracia e um Estado forte, a miscigenação dos povos dentro de uma nação, ou seja, defende os casamentos mistos e o combate à endogamia, que por sinal era o sistema de casamentos adotado pelas comunidades judaicas como forma de se manterem intactas.
Espinoza teria segundo alguns autores, recebido influência dos pensadores rosacrucianos, além disso, o conjunto das suas ideias levou a que fosse excomungado da comunidade judaica a que pertencia.
JOHN LOCKE (1632-1704), nasceu em Inglaterra na cidade de Wrington, recebera forte educação religiosa, de cariz protestante e da corrente do puritanismo, formou-se em medicina em Oxford, mas exerce a princípio a docência de grego e filosofia, só mais tarde envereda na medicina; devido a divergências de natureza política refugiou-se na Holanda; De regresso à Inglaterra, assumiu-se como um defensor do liberalismo económico e político. A sua principal obra é o Ensaio sobre o entendimento humano, é considerado o precursor do iluminismo e do empirismo britânicos.
MONTESQUIEU (1689-1755) Iluminista francês nasceu na localidade de La Brède perto da cidade de Bordéus, seu nome de batismo era Charles-Louis de Secondat, Barão de Montesquieu; Estudou Direito, dedicando-se aos assuntos políticos, escreveu O Espírito das Leisa sua principal obra-prima. É dele a conceção da Separação dos Três Estados, ou seja, dos três poderes políticos, Executivo, Legislativo e o Judiciário, tendo-se inspirado muito no pensamento de Locke.
VOLTAIRE (1694-1778), o seu nome verdadeiro era François-Marie Arouete, usava o pseudónimo de Voltaire nas suas obras, nasceu em França e viveu refugiado em Inglaterra, dos seus livros que mais importância tiveram para a Ciência Política, destaca-se Cartas Filosóficas, Voltaire acreditava numa ordem natural e universal, não acreditava ser possível a igualdade social, lutou contra a pena de morte e defendeu uma reforma social a favor da liberdade de expressão, mas também defendia o Despotismo iluminado.
JEAN-JACQUES ROSSEAU (1712-1778), nasceu em Genebra na Suíça, no seio de uma família pobre e tendo vivido grandes dificuldades na infância fez dele um idealista e um internacionalista no termo exato da palavra, foi apoiante da Independência dos Estados Unidos, defensor da Revolução Francesa e dos ideais democráticos, Rosseau tomava sempre o partido dos mais fracos, pelo que foi considerado um utópico; Da sua obra, destacam-se O Contrato Social que aborda a sociedade e a organização política; Rosseau morreu em extrema pobreza aos 66 anos em França.
DAVID HUME (1711-1776), pensador britânico nascido em Edimburgo na Escócia, trabalhou no comércio e foi bibliotecário e depois empregado na embaixada britânica em Paris, destaca-se o Tratado da Natureza Humana como o principal livro no conjunto da sua obra, no que concerne à Ciência Política. Hume entendia que o que movia a dinâmica social eram os impulsos egoístas e os impulsos altruístas.
EMMANUEL KANT (1724-1804) Filósofo prussiano, nasceu na cidade de Königsberg, recebera uma rígida educação luterana com vista a seguir a vida religiosa, foi docente, lecionou toda a vida na sua cidade natal, de onde aliás se diz nunca ter saído. A sua obra-prima filosófica é a Critica da Razão Prática que teve grande influência para o desenvolvimento da ciência política.
FRIEDRICH HEGEL (1770-1831) nascido na cidade de Estugarda, estudou teologia e filosofia no seminário protestante da sua cidade natal, mais tarde deu aulas particulares, posteriormente tornou-se professor universitário, da sua obra, sobressaem a Introdução à História da Filosofia e a Fenomenologia do Espírito como principais livros.
Hegel desenvolveu o conceito de Dialética, com a tese - antítese - síntese, como processos históricos de evolução, retrocesso, revolução e assim sucessivamente até chegar ao fim da História que acreditava ter sido com a Revolução Francesa.
KARL MARX (1818-1883), natural de Trier na Prússia, no seio de uma família judia da classe média, filho de um funcionário público que teve de forçosamente converter-se ao luteranismo e abnegar a fé judaica, para assim poder exercer a advocacia, era no entanto descendente de uma linhagem de Rabbis, tal como o seu avô Mordechai; Karl Marx estudou Direito e Filosofia, e exerceu o jornalismo como profissão, nomeadamente jornalismo de cariz político-ideológico, que o obrigou a exilar-se sucessivamente, na Bélgica, em França, na Holanda e por fim em Inglaterra onde veio a organizar a I Internacional, viveu em Londres com muitas dificuldades financeiras e problemas de saúde, morreu na pobreza, deixando uma vasta obra, destacados como principais e mais influentes livros O Capital, escrito em III Tomos e o Manifesto do Partido Comunistaem parceria com Engels.
Marx apoia-se nas ideias e na dialética de Hegel, para desenvolver a partir da sua análise sociológica, histórica e política, o Fim da História, que ocorreria através da revolução da classe proletária, culminando numa sociedade sem classes e por fim, a forçosa conclusão do processo dialético da História, supondo-se que a humanidade teria chegado ao mais alto nível de desenvolvimento económico, social e político.
AUGUSTE COMTE (1798-1857) foi um pensador francês, nascido em Montpellier, era secretário do filósofo socialista- utópico Henri de Saint-Simon com quem rompera, Comte procurava compreender as mudanças sociais, provocadas tanto pela Revolução Francesa, como pela Revolução Industrial, dedicando-se assim a criar uma nova ciência, desenvolveu a sua filosofia e escreveu o Curso de Filosofia Positivista, do seu pensamento destacam-se a lei dos Três Estados, a análise histórica da evolução social e a classificação das ciências.
John Dewey (1859-1952) Estadunidense, idealizador do pragmatismo iniciado por Whiliam James, Dewey escreveu entre outros livros, Liberdade e Cultura’, no qual defendeu a Cidadania Ativa, o seu pensamento influenciou enormemente a reforma do sistema educativo dos EUA.
MAX WEBER (1864-1920) nasceu em Herfurt, na Alemanha, morreu prematuramente aos 56 anos, embora fosse sociólogo, Max Weber escreveu sobre política e economia, deixou vários livros inacabados, dos seus livros mais marcantes destacam-se A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, uma análise histórica, sociológica e política do seu tempo. Em política terá escrito “Ciência e Política Duas Vocações”.
Martin Buber (1878-1965) nasceu na Áustria, era judeu e religioso, pelo que fugiu do Nazismo, fixando-se no Reino Unido, como sionista defendeu um Estado binacional para a Palestina, existencialista, escreveu o célebre Eu e Tu, onde defendia o diálogo entre pessoas, grupos, entidades e povos numa relação onde não há um vencedor, mas sim um diálogo onde ambas as partes saiam a ganhar.
Hannah Arendt (1906-1975), alemã e judia, exilou-se nos EUA, tendo-se dedicado a estudar as relações de poder em particular o regime nazista de Hitler, tendo escrito entre outros o seu mais famoso livro: As Origens do Totalitarismo’ onde analisa a origem do nazismo na Alemanha e do stalinismo na União Soviética, outro livro é 'A Banalidade do Mal' escrito a partir de artigos para o semanário 'The New Yorker'  sobre o julgamento de Heichman em Jerusalém no ano de 1961.
Simone de Beauvoir (1908-1986) Grande escritora e pensadora francesa, da corrente existencialista, foi uma das idealizadoras do moderno feminismo, O segundo sexo, livro célebre que contribuiu sobremaneira para o movimento feminista dos anos 60 e 70 do Século XX.
Michel Foucault (1926-1984) nasceu em França, foi um pensador analítico, debruçou-se a estudar o marxismo e a fazer a análise crítica dos discursos do poder político pela Arqueologia do Conhecimento. Não se considerava um filósofo e não gostava da categorização das ideias.
Jacques Derrida (1930-2004) Francês, nascido na Argélia, era um pied-noir, tinha ascendência judaica de etnia sefardita, o que lhe deu uma consciência muito critica de si mesmo, criou o método chamado “Desconstrucionismo”, em suma, uma nova forma de reinterpretar os textos e as ideias, patente no seu livro Discursos e Fenómenos’. Foi considerado um dos mais marcantes pensadores do Século XX.


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Citações # 21 - A Democracia (Rousseau)

Jean Jacques Rosseau, é um dos grande pensadores e filósofos europeus, do século XVIII, da época do iluminismo, Rosseau, nasceu na suiça. É dele a teoria de que formação é deformação, pois acreditava que a educação institucional desvirtua o  homem, modelando-o e retirando-lhe a sua natural vocação. A sua obra mais conhecida é "O Contrato Social".

Nesta citação, refere-se à natureza intrínseca da democracia, que deve coexistir com  a justiça social, condição sem a qual, não haverá democracia.

Filipe de Freitas Leal





Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal é Licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa ONG, vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, É Blogger desde 2007, com o ideal de cariz Humanista, além disso dedica-se a outros blogs de cariz filosófico, teológico e poético.

 
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