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domingo, 13 de novembro de 2022

Galicia ou Galiza?

No idioma português o correcto é dizer, pronunciar e escrever apenas e somente " G A L I Z A ", os espanhóis pronunciam Galícia porque em castelhano não existe o som de "Z" (zê), existe um som que para nós falantes de português, assemelha-se ao nosso "S" (ésse), daí que a letra Z escreve-se "zeta" e pronuncia-se "seta", tal como a palavra "casa" escreve-se de igual forma, mas pronuncia-se "cassa".

De resto, a "verdadeira" Galícia, ou seja, o que em português se denomina por Galícia, existe, foi em tempos um principado, que situa-se numa região que desde 1918 pertence tanto à Ucrânia como à Polónia, aliás, na língua polaca escreve-se "Galicja" e pronuncia-se exactamente "Galícia", mas em ucraniano diz-se Halych.

O nome Galiza vem do Latim, mais especificamente da Província romana da Galaécia, província na qual se situava a cidade de Portus Cale actual cidade do Porto, ou seja a parte sul da Galécia é o berço de Portugal, correspondendo a toda a região do Douro, Minho e Trás-os-montes, e englobava ainda toda a actual Galiza.

Espero que os caros leitores compreendam, que o nome Galaécia apresenta proximidade fonética com o nome Galícia, daí que dizer Galícia na língua castelhana não está errado, obviamente, o erro só ocorre quando escrevemos ou falamos em Português usando o nome em castelhano.

Portanto, nos países cuja língua oficial é o idioma português, é errado dizer Galicia, até porque não podem haver países ou regiões com nomes iguais, embora cidade as há e não são poucas, este erro de chamar Galícia ao que é a Galiza, ocorre com muita frequência no Brasil devido à influencia hispânica da região, tal não se verifica nos outros países de língua oficial portuguesa.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Oito Séculos de Língua Portuguesa

O idioma português é hoje falado por 245 milhões de pessoas em cinco continentes e oito países, uma língua que ultrapassou em número o francês, o alemão e o italiano, só perde nas línguas ocidentais para o inglês e o espanhol.
Oficialmente comemoraram-se a 26 de junho de 2014 os 800 anos do surgimento do idioma português, mais conhecido como sendo o idioma de Camões. Idioma este que vindo da evolução do Galego, gerou o galaico-portucalense, o português falado pelo povo já existia antes de 1215, mas é nesse ano que é oficialmente dado como prova do seu nascimento a feitura de um documento escrito no português arcaico do século XIII, trata-se do Testamento do rei D. Afonso II de Portugal.
O português é um idioma românico, ou seja é neo-latino, que deriva do latim falado pelos romanos, tal como o castelhano (vulgarmente chamado de espanhol), o galego, leonês, catalão, francês, italiano, o romeno e também o sardo falado na Sardenha e o romanche da Suíça, estas são as línguas latinas faladas na Europa.
Através dos descobrimentos portugueses e espanhóis as línguas latinas estenderam-se para outros continentes, os portugueses levaram assim além da sua religião, leis, tradições, usos e costumes,  também o idioma lusitano. que foi adquirindo novas variantes ao longo dos tempos nos países onde se fixou, na América o Brasil, em África é falado em paralelo com dialetos locais, em Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, na Oceânia é falado em Timor-Leste a par do dialeto tétum, na Ásia foi muito usado como língua franca e oficial nas possessões de Goa, Damão e Diu, bem como em Macau até à entrega do território à China em 1999, hoje só uma reduzida parte dessa população fala o idioma de Camões.
Além da gramática (que é o que dá estrutura a um idioma), a maioria das palavras da língua portuguesa deriva do latim, mas também do grego, do árabe e também residualmente do lusitano; há contudo a presença de algumas palavras hebraicas, muito se espantam as pessoas ao assinalarmos o hebraico, mas a comunidade judaica na antiga Lusitânia romana era grande, muito antes de existir o islão e de haver a ocupação moura no sul da Península Ibérica, já os mercadores fenícios vinham-se abastecer às povoações costeiras da Lusitânia, onde encontravam com comerciantes judeus. Uma das palavras do hebraico que ainda hoje permanece no português é o cominho que deriva da palavra hebraica Kamon.
Para além disso o hebraico contribuiu através da igreja cristã do ramo católico, para manter vivas na língua portuguesa palavras como Javé ou Jeová, Páscoa deriva de pessach, de shabbat derivou-se para sábado, outros exemplos são Jubileu que vem de iobel, Aleluia, Ámen, querubim, serafim, Satanás vem de Satan, há ainda a influência nos nomes de pessoas como Gabriel, Rafael, Miguel, Joaquim.

Contudo vamos nos deter sobre a raiz das palavras romanas e gregas que fazem parte hoje dos vocábulos do idioma português.
Exemplos de Vocábulos com raiz de origem latina.
Agri
Campo
Agricultura
Arbori
Árvore
Arborizar
Avi
Avi
Avicultura
Beli
Guerra
Bélico, belicista
Capiti
Cabeça
Per Capita,
Cida
Que mata
Regicida, homicida
Cola
Que cultiva
Agrícola
Fide
Fidedigno, fidelidade
Forme
Forma
Disforme, sem forma
Frater
Irmão
Fraternidade
Loco
Lugar
Locomover
Ludo
Jogo
Ludopédio (futebol)
Mater
Mãe
Maternidade
Multi
Muito
Multifacetado
Oni
Todo, total
Onipresente
Paro
Produzir
Reparo
Pater
Pai
Paternidade
Pede
Pedestre
Pisci
Peixe
Piscicultura
Pluri
Vários
Plurianual
Pueri
Criança
Puericultura
Quadri
Quatro
Quadrilatero
Silva
Floresta
Silvicultura
Umbra
Sombra
Umbral
Voro
Comer
Devorar, carnívoro

Exemplos de Vocábulos com raiz de origem grega.
Aero
Ar
Aeronáutica
Agogo
Conduzir
Pedagogo
Antropo
Pessoa
Antropologia
Arqueo
Antigo
Arqueologia
Auto
Próprio
Autógrafo
Biblio
Livro
Biblioteca
Bio
Vida
Biologia
Caco
Mau
Cacofonia
Cali
Belo, bonito
Caligrafia
Cardio
Coração
Cardiologia
Cefalo
Cabeça
Eletroencefalograma
Cosmo
Mundo
Cosmopolita
Cracia
Regime
Democracia
Crono
Tempo
Cronologia
Demo
Povo
Democracia
Eco
Habitat
Ecologia, Ecossistema
Étimo
Verdadeiro
Etimologia
Fobia
Medo
Claustrofobia
Fono
Som
Fonética
Gastro
Estômago
Gastronomia, gastrite
Geo
Terra
Geografia
Grafia
Escrita
Caligrafia
Hemo
Sangue
Hemodiálise
Hidro
Água
Hidráulica
Hipno
Sono
Hipnose
Hipo
Cavalo
Hipódromo
Homo
Igual
Homogéneo
Lito
Pedra
Litosfera
Mega
Grande
Megalopole
Metro
Medida
Cronometro
Micro
Pequeno
Micro-ondas
Morfo
Forma
Morfologia
Necro
Morto
Necrotério
Neo
Novo
Neologismo
Orto
Certo
Ortografia
Pato
Doença
Patologia
Poli
Muitos
Poliglota
Pseudo
Falso
Pseudónimo
Psico
Alma
Psicologia
Taqui
Acelerado
Taquicardia
Teca
Coligir
Biblioteca
Tele
Longe
Telefonia
Teo
Deus
Teologia
Termo
Calor
Termómetro
Trofia
Desenvolvimento
Atrofia
Xeno
Estrangeiro
Xenofobia

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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