Após os resultados
das eleições legislativas em Portugal, o país enfrenta uma crise politica, que
a bem da verdade é naturalíssimo que assim seja num sistema
parlamentarista.
Na constituição
portuguesa, o Governo emana do Parlamento, e ao Presidente compete nomear o
Primeiro Ministro, após ouvir as forças politicas com assento parlamentar, não
está expresso que tenha de ser o partido mais votado, mas esta é uma situação
inédita em Portugal, nunca antes se verificou este cenário e isto
é louvável na medida em que inaugura verdadeiramente o sistema
parlamentarista em Portugal.
Resta saber quem
formará governo, se o Presidente irá indigitar uma maioria de Esquerda
PS-BE-PCP, ou se por outro lado irá dar posse a um governo que à partida tem
vida curta e não consegue fazer passar no parlamento as suas medidas
governativas? Penso que para qualquer leitor, a resposta é clara e nítida, a
lógica pende para um governo de Maioria da esquerda.
Se o Presidente
Cavaco Silva der posse a um governo minoritário que não consiga fazer passar o
seu programa de governo e nem mesmo o OE Orçamento de Estado que já
deveria estar feito (Daí a data das eleições foi muito mal escolhida, ou
propositadamente bem escolhida) isso fará com que o governo empossado seja um
governo de Gestáo, não podendo fazer compromissos nem governar plenamente, o que
comprometeria os compromissos com os parceiros europeus e internacionais, e
agravaria a situação económica do país.
Se der direito a um
Governo de Esquerda, as hipóteses de durar poderão ser maiores, mas mesmo que
seja de curta duração, não será um governo de mera gestão, e é isto que deve
estar na mente do decisor final.
Isto porque a
direita, formada pelo governo PSD-CDS, perdeu a maioria absoluta, e assim não
tem mais forças partidárias para dialogar que as que se encontram hoje à sua
esquerda, e foram assim iniciados os diálogos com o PS Partido Socialista, para
que seja viabilizado um governo de direita minoritário. Contudo, nas reuniões a
direita não se tinha ainda apercebido da nova realidade parlamentar portuguesa,
e tinha como dado adquirido o apoio do PS em troca de algumas concessões.
Nada mais errado,
porque se se fizer a leitura do que o eleitorado diz com o voto que expressou
nas urnas, percebemos que retirou a confiança plena de qualquer força
politica governar por si, a seu bel prazer para implantar a agenda
que lhe é encomendada.
Se somarmos a
totalidade dos votos, contando com os votos nulos, que são uma
resposta politica de um eleitorado desmotivado que desacredita no sistema,
temos uma resposta que equivaleria a 104 deputados no parlamento.
Há contudo uma
grande quantidade de políticos de direita, que entende que quem
ganhou as eleições deve formar governo, e argumentam como exemplo os governos
minoritários que houve em Portugal, ora vejamos quais foram:
1976; o
Primeiro governo de Mário Soares PS; 1985, o primeiro governo de Cavaco Silva,
PSD; 1995 e 1999, os dois governos de Guterres PS e em 2009, o segundo governo
de José Sócrates PS.
Dos
governos acima citados, sendo minoritários só houve um do PSD, todos os outros
forma do PS, e porquê? porque a as minorias eram na verdade maiorias simples ou
relativas, e porque a capacidade negocial de um partido de centro esquerda é
mais abrangente do que de um governo sem mais forças à sua direita para
governar, como é o atual caso do PàF - Portugal à Frente (PSD-CDS).
Por seu lado António Costa foi à TV dar uma entrevista e acalmar os mercados e a sociedade em geral, dizendo que a situação não é anormal, é algo que emana do novo quadro parlamentar. Acusou ainda a coligação de não trazer propostas para a negociação com o PS, que ainda que tenha perdido as eleições é o partido charneira, para onde se voltam todas as atenções em busca de governabilidade.
Costa no final de semana enviou uma carta ao PSD, criticando a deselegância como o Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho tratou de forma leviana as negociações pondo fim ao diálogo sem sequer falar com os dirigentes do PS, veja a carta no link: