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domingo, 6 de abril de 2014

Livros - Terra Sonâmbula - Mia Couto

Eis uma sugestão de leitura, cujo autor deixa vincada na sua obra, a leveza do seu pensamento, na acutilância e na crueza da realidade vivida na Guerra Civil de Moçambique. Onde uma criança Muidinga e um idoso, sobreviventes da Guerra, fazem de um "Machibombo" queimado (autocarro/ónibus) a sua casa, no entanto tem de retirar os mortos do interior do veiculo, tendo o menino encontrado um diário, e passando a desmembrar-se a história em duas, tendo o menino Muidinga, encontrado o diário de um adulto, passa a narrar os acontecimentos nele registados, e ambas as histórias cruzam-se no personagem Muidinga, que revive-as como sendo ele um homem adulto.

Aqui o autor não repete a tragédia, mas fala-nos de esperança, fala-nos de duas pessoas que representam o passado e o futuro, e do diário que é o presente, juntos um presente para lutar, por ser um livro vivo que fala dos vivos e da vida, mais que dos mortos, talvez seja inclusive essa a razão pela qual, tenha sido traduzido em tantas línguas e até já passou para o cinema.

Mia Couto, escritor moçambicano, sempre jovem no seu modo de ser e de pensar, vencedor em 2013 do Prémio Camões, entre outros tantos em anos anteriores, é também membro da ABL Academia Brasileira de Letras.

Editora: Leya
Coleção: BIS (Livros de Bolso)
Páginas: 204
Preço: 5,36 €


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 8 de abril de 2012

Poesia - O Amor, Meu Amor - Mia Couto

O Amor, meu amor, nosso amor é impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além do tempo.

Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.

E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.

E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.

Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.

Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera.

Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.

E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.

E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples perfume,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.

Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.

Mia Couto in "Idades, cidades, divindades" 

Autor do blog Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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