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quinta-feira, 23 de maio de 2024

Protestos Pró-Palestina Contra Israel e a Comunidade Judaica em Lisboa


A luta de Israel para sobreviver como nação, permanece hoje através da luta contra o terrorismo do Hamas, é para Israel um problema existencial, ou derrota o Hamas ou Israel é que pode ser destruído. 

Ocorreu ontem em Lisboa no cinema São Jorge, a celebração dos 76 anos da Restauração da Independência de Israel, a pátria milenar dos judeus após um exílio forçado de 2000 anos, mas em frente àquela sala de cinema na Avenida da Liberdade, estavam na rua vários jovens empunhando bandeiras da palestina e usando o Keffiéh (lenços palestinianos) com a sua típica característica de irreverência e ignorância sobre o assunto em causa (ignorância essa que é o resultado de pouco conhecimento de História), e assim, mais do que defender a Palestina com gritos de ordem e insultos antissemitas aos judeus presentes, estavam na verdade a atacar Israel a única democracia em todo o Médio Oriente, e a atacar o povo judeu, e claro, sem saber, estavam a justificar os ataques do 7 de outubro de 2023 e a dar força ao Hamas.

Mas isto de antissemitismo não começou recentemente e nem em 1930 com o navio MS. Saint Louis, que estava carregado de refugiados judeus dos pogroms no Leste e Norte da Europa. Os países da Europa por onde passou o navio não o quiseram, mas não podem esquecer que o problema do Sionismo é fruto do ódio antissemita que levou a cabo a maior perseguição alguma vez feita contra um povo.

O problema do antissemitismo surgiu no ano 38 EC em Alexandria, onde se realizou o primeiro pogrom, agravou-se com a inquisição e as expulsões, e atingiu o ápice no Holocausto. Não havia outra saída para os judeus que não a de voltar a Tzion (Palestina). Mas em 1939 ainda antes do Holocausto Nazi, os judeus em fuga no navio MS. Saint Louis, viram recusado o asilo e refugio, eram 937 judeus, homens, mulheres e crianças, que eram perseguidos somente por serem judeus. O navio navegou até aos EUA e uma vez mais recusado o refugio, regressou à Alemanha onde a maioria dos refugiados acabou morta nos campos de concentração do III Reich. O conflito israelo-árabe nasceu com o Sionismo e a imigração dos judeus sobreviventes do Holocausto para a Palestina que era então protetorado britânico.

Os jovens que ontem protestavam em frente ao cinema São Jorge, de certeza nunca ouviram falar disto, não sabem e até podem alegar que é algo ocorrido no passado, mas não é, o antissemitismo permanece vivo hoje, tal como há 2000 anos atrás. É o mesmo desde 38 EC em Alexandria e ontem em Lisboa em frente ao São Jorge o que se viu foi um antissemitismo de Esquerda com capa de causa política. E para finalizar há mais um detalhe que os jovens que ontem protestavam, muito provavelmente também desconhecem, que é a origem do nome Palestina, imposto no ano 70 EC pelos romanos à Judeia e significa Filistéia, assim como palestinianos significa filisteu, ou seja, uma terra e um povo que já não existia naquele tempo.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Os Refugiados Judeus do Navio Saint Louis

Foi no ano de 1939, antes do rebentamento da II Guerra Mundial, o Saint Louis, o nome do transatlântico que partira de Hamburgo na Alemanha, e que hasteava a bandeira germânica, mais precisamente a bandeira do III Reich, o navio alemão levava a bordo quase mil passageiros, o capitão Gustav Schoroder, desvia a sua rota, e procura um porto seguro para desembarcar os passageiros. Porquê, porque 937 dos passageiros eram judeus, dos quais 158 eram crianças, e cujas vidas estavam condenadas na Alemanha Nazista.
O Primeiro destino que o St. Louis teve foi Havana, capital de Cuba, e foi lá que o Capitão tentou encontrar refugio para os passageiros, no entanto o regime cubano de então rejeitou dar asilo aos refugiados judeus, por ter havido alterações legais no país que impediam o desembarque de pessoas que pretendiam salvar as suas vidas e as vidas de seus filhos, pois encontravam-se em perigo na Alemanha, muitos já tinham mesmo sido vitimas de ameaças e até mesmo de perseguições.
A recusa de cuba, leva o capitão a rumar para a Florida, onde esperava encontrar uma atitude mais compreensiva e até solidária do que em Havana, contudo testemunhos da época de alguns passageiros, relatam que não se chegou a tentar entrar nos Estados Unidos da América, porque o navio St. Louis, teria sido impedido pela marinha estadunidense de continuar a sua marcha, como foram disparados tiros de advertência para se afastarem das águas territoriais estadunidenses.
O desespero de homens, mulheres e criança é grande dentro do St. Louis, a agonizante situação de incerteza, pelo que após ter sido rejeitada a entrada em Cuba, Estados Unidos e até no Canadá, o navio volta à Europa, após negociações dos Estados Unidos com países europeus para que aceitassem receber os refugiados judeus, o Navio dirigiu-se assim para o porto de Antuérpia e onde foram acolhidos a muito custo, pelo governo britânico 288, os restantes 619 refugiados judeus, foram distribuídos por França, Bélgia e Holanda, assim os judeus sentiram-se a salvo do Regime Nazista.
Esse asilo dourado e saboroso da sobrevivência dos refugiados e exilados judeus alemães, foi uma solução que se revelou uma falácia. Em setembro daquele mesmo ano de 1939, rebenta a guerra, a Alemanha invade a Polónia, e despoleta-se assim o complexa rede de alianças politicas e militares, Hitler invade a Holanda a Bélgica e a França em 1940, dos refugiados do St. Louis, 254 morreram em campos de concentração, a maioria em Auschwitz.
Os refugiados não são uma novidade, mas a realidade do sofrimento dos refugiados é perene, persistente e cheia de injustiças, caso estes refugiados tivessem sido aceites, não se teria perdido nem uma vida, a recusa equivaleu a uma condenação à morte e assim continua nos dias de hoje, o preconceito e o ódio xenófobo, racista e antissemita são condenações à morte de todos os que uma dada sociedade não aceita.





Referências:
www.holocaustonline.org
www.cibercuba.com/cuba-lecturas


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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