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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

7 Biliões de Seres Humanos sobre a Terra

A 31 de outubro seremos na Terra 7 Biliões de Seres Humanos, 7 Biliões de percursos de vida, 7 Biliões de histórias, de culturas, de crenças, de tradições e de fé.
Que possibilidades para esta nova realidade humana num mundo cada vez mais pequeno e com menores recursos? Há que acreditar que é possível encontrar respostas, soluções e juntarmos esforços por um mundo novo.
O Reflexo de uma grande população, é sem sombra de duvida o aumento da interculturalidade nas sociedades modernas, através das migrações transnacionais e dos seus fluxos e influxos. Mas há que ter em conta que num mundo onde os recursos quer naturais, quer agricolas e industriais estão a ficar escaços, como o espaço habitavel, e as consequencias de desflorestação trezem também consequencias ao eco-sistema que já vem reagindo à ação da Humanidade, com alterações climáticas e catastrofes naturais.
A pobreza é sem duvida uma das consequencias mais visiveis num mundo com uma sobre-população grande e advindo daí um indice de crescimento demográfico ainda mais acentuado, visto a riqueza estar mal distribuida.
Para além do crescimento via natalidade, há o facto de os indices de aumento da expetativa de vida e da expetativa de vida saudável estarem a subir, e haver um aumento da população idosa, e por sinal havendo muitos idosos ainda em possibilidade de vida ativa.
Para se equilibrar toda esta problemática há que se juntar esforços, na busca de respostas capazes e coerentes para a construção de um mundo sustentável e com espaço para todos, não é só um papel dos políticos, é o papel de todos, precisamos despir preconceitos, romper barreiras e juntos com cientista, sociologos, assistentes sociais, filosofos, economistas, psicologos, engenheiros, empresários, médicos, professores, homens, mulheres, novos e idosos juntos criarmos o que só nós poderemos fazer, que é exigir dos responsaveis uma nova politica, uma política HUMANISTA em prol da Humanidade.
Referências:  
·         Demografia / Infopédia.
·         CIA Factbook


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 9 de outubro de 2011

Violência - Conferência do Núcleo de Serviço Social

Terá Lugar no dia 20 de Outubro Sexta-Feira, a Conferência com o tema "Violência", e que será moderada pela Professora Doutora Dália Costa (ISCSP-UTL) e com organização do NSS Núcleo de Serviço Social do ISCSP.
Os temas abordados serão os seguintes por ordem do programa: "Violência em sociedades multi-culturais", pelo Dr. Joaquim Quintino Aires (Psicólogo); "Violência na família", pela Drª. Fátima Duarte (da Equipa técnica da CNCPCJ); "Violência no namoro", pelo Professor Catedrático Carlos Poiares (Diretor da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona); "Violência na sociedade política", pela Professora Doutora Sandra Balão do ISCSP-UTL.
Sendo uma iniciativa do NSS Núcleo de Serviço Social, contando também com a colaboração de Diogo Duarte, Patrícia Ricardo, Diogo Amaral entre outros membros do NSS, estando de parabéns pela iniciativa e pertinência do tema.
Data e Hora: 20 de Outubro de 2011 pelas 10h00.
Local: Lisboa, Polo Universitário da Ajuda / ISCSP-UTL - Auditório 2

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 8 de outubro de 2011

Suicídio - Índices Ultrapassam Acidentes de Viação

Dados revelados pelo Jornal Público, de acordo com o INE Instituto Nacional de Estatísticas Português, mostram que a incidência do Suicídio na mortalidade em Portugal, tem ao contrário do que supõe o censo comum, um índice superior à mortalidade causada por acidentes de viação, isto no que se refere a causas não naturais.
Este estudo, tem uma importância muito pertinente, para a compreensão sociológica do país, devido a dois factos, primeiro porque não é noticiado de forma clara nos meios de comunicação social quando as pessoas se suicidam, no entanto, sempre que há um acidente de viação com vitimas mortais, isso é noticiado na TV, rádio e imprensa escrita; Segundo aspeto é que os objetivos de noticiar ou não, são acima de tudo políticos e visam evitar o alarmismo face aos suicídios, mas tentam além disso incidir de forma didatica chamando os condutores a uma condução responsável e responsabilizadora do modo como nós todos como cidadãos conduzimos nas auto-estradas, para que se evite a mortalidade nos acidentes; Outro fator a ter em conta é que apesar da subida dos suicídios em Portugal, e devido aos tempos especialmente difíceis em que o Mundo e a Europa estão submergidos, não deixam no entanto de estar dentro da média europeia.
Isto leva-nos a ter em conta que numa sociedade de informação, nem sempre o que nós vimos mais vezes é o que acontece mais, ou mesmo seja uma verdade absoluta.
Logo o facto de não sabermos da existência do numero e do índice de suicídios não implica que eles não existam, e o facto de estarmos sempre em contacto com noticias de acidentes de viação, ou de assaltos ou outros tipos de crime, não significa que só existam catástrofes  acidentes e violência na nossa sociedade.
Devemos ser críticos face a isso, saber que os Mass Media, são forjadores de mentalidades e por trás do que se noticia há acima de tudo uma atitude política, com objetivos especificos que visam não alarmar para umas coisas e de educar perante outras, de igual modo posso aqui dizer e só para ilustrar que os abortos provocam em Portugal inúmeras mortes, e no entanto também não são referidas essas mortes na imprensa, por covardia política e de falta de honestidade informativa. E porquê? porque para evitar esses abortos, o que teria de se fazer politicamente não se quer, antes pelo contrário destroi-se o Estado Providência, abandonam-se as pessoas e escondem-se os dados, que é o mesmo como diria qualquer imperadorzinho romano, para o Povo pão e circo, muito Telelixo e futebol, para que o Estado Providência se destrua debaixo da ignorância dos nossos narizes.
Os dados do INE mostram que os suicídios ultrapassaram os acidentes de viação em 2004, mas muito antes andavam perto disso, desde os anos 60 do Séc XX,  no novo século e após o ano referido, tem vindo a aumentar exponencialmente. Só para termos uma ideia, em 2008 cometeram suicídio 1035 pessoas segundo dados do INE, quanto às mortes nos acidentes de viação foram de 776 segundo dados do MAI.
Artigo Público ver, Aqui.
Em casos de risco de suicidio, depressão, solidão e abandono, foi criado em Portugal em 1978 o serviço S.O.S. Voz Amiga, divulgue este site, veja Aqui.

Nota do autor: Em 2014 foram revelados os dados comparativos aos suicídios referentes ao ano anterior, que tinham tido uma queda de 7%, no entanto manteve-se superior à taxa de mortes por acidentes de viação.

Apoio Psicológico: Prevenção de Suicídio Download 


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

IAD - Introdução à Análise de Dados

Introdução à Estatística para as Ciências Sociais

Estatística, é uma ciência ou um método de estudo sobre um conjunto de dados, para a obtenção de informações acerca de uma dada atividade ou um dado facto.

Mais precisamente é a ciência que nos dá uma informação sobre dados quantitativos ou qualitativos importantes para a tomada de decisões.

Nenhuma ciência experimental, como por exemplo a sociologia aplicada, pode prescindir de dados e métodos quantitativos, mesmo na área do Serviço Social, os dados revelados pelo método Estatístico e de Análise de Dados é fundamental para um melhor conhecimento da realidade sócio-económica na qual se irá intervir. Portanto como ciência a Estatística ocupa-se de coletar os dados, organiza-los, descrevê-los e de os interpretar, que seja por investigação de todos os elementos da população ou por amostragem de parte.

Estatística Descritiva, é a parte mais visível da estatística e na qual se tem a coleta, organização, análise das previsões e das correlações do nosso quotidiano. É pois, uma ferramenta multidisciplinar da classificação e organização de dados imprescindíveis para o conhecimento da realidade social nas ciências sociais.

Estatística Inferencial, é a estatística feita por amostragem, e é a partir daí, que inferimos sobre a realidade ou factos sociais (em causa) e que nos darão respostas por hipóteses aos problemas em questão.

Embora na amostragem não haja a certeza absoluta, por haver margem de erro (como por exemplo uma sondagem) então temos apesar disso uma aproximação considerável da realidade que poderá ser por exemplo de 95% de probabilidade de acerto e de 5% de probabilidade de margem de erro.

População, é o que se entende como o conjunto de indivíduos a ser estudado, pode até ser um conjunto de objetos, mas é no fundo sobre a "População" que incide o estudo estatístico  mas não estuda as pessoas em si, apenas pretende compreender os fenómenos em causa ou os problemas para os quais se quer obter respostas quantitativas ou qualitativas.
          Da população que pode ser "finita" ou "infinita" (ou seja em que os seus elementos respetivamente têm um número limitado e torna-se possível enumera-los, e na infinita, são ilimitados os seus elementos tornando-se impossível enumera-los todos) é feita uma amostragem de parte dessa população, com o qual se obterá os dados.

Amostra, é a parte representativa da população num dado estudo, com o objetivo de fazer inferências.

As sondagens, que politicas ou não, são feitas por empresas de estudos de mercado, que utilizam o método de "Amostra" através de entrevistas, quer pessoalmente porta a porta quer por telefone.

Na amostra usamos a indução, que é um modo de obter os dados de uma população partindo do conhecimento das partes para inferir sobre a realidade do todo, mas aqui há sempre uma margem de erro.

Manuais de Introdução à Análise de Dados
 Análise de Dados - Textos de Apoio para professores do 1.º Ciclo. PDF.
 Descrição, análise e interpretação de informação quantitativa. PDF
 Métodos Quantitativos Estatísticos PDF


Bibliografia consultada:
BASTOS, L. Roberto, "Probabilidade e Estatística" Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro (2005) pp.5-52
PINTO, R. Ramos, "Introdução à Análise de Dados com recurso a SPSS" Silabo, Lisboa (2009)

Baseado nos Apontamentos Universitários (2011/2012)
Filipe de Freitas Leal 2º Ano do Curso de Serviço Social do 
ISCSP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da UTL - Universidade Técnica de Lisboa,
Sendo Docente o Professor João Morais Martins.

Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos blogs de temas diversos.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Situação Social e Económica de Portugal

1 - Introdução

O livro lançado pelo Diário de Notícias, com o título “O Estado a que o Estado chegou”, é um projeto editorial, que através de reportagens e entrevistas, publicadas no respetivo diário lisboeta, entre os dias, 7 a 14 de janeiro de 2011[1], teve como objetivo despertar os portugueses, para a real dimensão da crise e das suas razões.

Nessas reportagens foi ilustrado o aparelho do Estado, como sendo um edifício, que não funciona bem, por ser mal construído, velho, desorganizado, com brechas, dispendioso e desequilibrado tal como a Torre de Pisa,[2] aliás ilustração clara, que foi adotada para capa do livro.

Ouve-se comentar nas ruas e nos cafés, sobre a tão falada crise e dos erros políticos, da classe dirigente, fala-se com facilidade de tudo, na linguagem simples e popular, mas qual é afinal a origem do problema? Qual é a real dimensão da situação? Quais são as consequências e quanto tempo vai ser preciso até equilibrar as contas e colocar o País a produzir e exportar? São essas as perguntas que nos surgem quando a leitura deste livro faz-nos viajar através dele ao país real, e é a partir daí, que passamos a nos debruçar mais atentos às questões, que urgem e que a todos diz respeito, sem exceções, tanto ao cidadão comum como aos decisores do Estado e privados.

2 - Análise da Obra

Podemos para ilustrar, começar por exemplos que nos saltam à vista na despesa pública, nos dados fornecidos pela obra[3], onde se constata que Portugal tem uma despesa de 47,9% do total do PIB, despesa essa que começou a subir nos governos constitucionais a seguir ao 25 de Abril de 74, tendo vindo sempre a subir, em sucessivos governos, somente com o governo de José Sócrates, teve uma pequena queda na despesa pública (2010), que no entanto não vingou vindo a subir, com a crise instalada em 2008, por causa do Crédito do Suprime nos Estados Unidos, e que contagiando a economia mundial qual efeito dominó, agravou a situação portuguesa; É na sequência dessa crise que surge a falência de vários bancos a nível mundial, levando a Islândia à bancarrota, bancos e seguradoras faliram nos EUA, e por cá foi o BPP Banco Privado Português e o BPN Banco Português de Negócios, que embora falido foi salvo pela Caixa Geral de Depósitos – CGD, que acabou por engrossar os índices do défice público.

A origem do Problema, ao longo do que se lê no livro, é o modelo económico e administrativo que foi adotado, onde se criaram vícios e despesismos desnecessários, para os corrigir, criaram-se organismos para gerir e fiscalizar outros organismos, que além de não gerarem receita nenhuma geram mais despesa e fazem crescer o “Monstro”[4] como as que foram criadas em 2011 para analisar fiscalizar as contas do Estado e as PPP’s, sendo que o estado tem perdas avultadas com as Parcerias Público Privadas, que teoricamente seria o contrario, aliviar a carga fiscal entregando a administração a privados.

Cabe ao TC Tribunal de contas, fazer precisamente a fiscalização das contas do estado e das PPP’s, instituições e organismo, sejam elas quais forem
No entanto o Tribunal de Contas é o retrato fiel do exemplo da situação económica e financeira do Estado, e porque? Pelo simples facto de que de todos os organismos públicos, apenas apresentam contas 1.724 organismos, sendo fiscalizados apenas 418 num total de 13.740·, tendo em conta que o conjunto dos organismos do estado, uma grande quantidade está ou pode ficar isenta de apresentar contas, tornando assim a máquina do Estado mais pesada, e sendo grandiosa, gera uma despesa insuportável, que atinge os 81 mil milhões de euros ano os tais 50% da riqueza produzida no país, tendo vindo a subir consecutivamente o défice que rondava os 9,2% do PIB em 2010.

Não obstante, nascem todos os anos em média, 12 fundações por dia, que vão usufruir de fundos do erário público, para a sua manutenção, tendo a agravante de ordenados avultados.

Esta realidade fiscal e financeira, somada à baixa produtividade e competitividade do país faz com que os mercados internacionais não confiem que Portugal consiga honrar os seus compromissos e tem agido de forma a mostrar isso, subindo para valores nunca antes vistos as taxas de juro para a divida portuguesa.

A obra, viaja pelo país real, em números, em contas que nos assustam a todos e que merecem atenção, à medida que nos despertam para a realidade ou arremessam-nos para um pesadelo. Mostra-nos a obra que o funcionalismo público com cerca de 663 mil funcionários, é exageradamente grande, para um país como o nosso, parco de recursos, a solução encontrada dos recibos verdes no estado, que se prevê aumentar, e que não esta prevista no OE Orçamento de Estado[5] também são um grave indício da situação, outro sinal de alerta é a carga fiscal usada como forma de socorro financeiro, que sobrecarrega os contribuintes, e não soluciona o problema.

3 - A Realidade socioeconómica do País

As crises económicas, não são novidade na história de Portugal, até já tivemos uma situação de Bancarrota no tempo de D. Carlos I, e demorou 10 anos para se sair dessa situação, na I República, houve mais crises, a de 1913-14, levou ao encerramento de dois bancos, desemprego, greves e a queda do governo.[6] Mais tarde outra crise entre 1920-25, trazendo grande índice de inflação, especulação com taxas de juro e desconto aumentou grandemente.

Mas não houveram apenas crises na nossa História, no que se refere à tragédia económica, houve inclusivamente a Bancarrota, que foi declarada parcialmente, e que segundo o jornal “Publico” na sua edição de 10 de outubro de 2011[7] foi uma solução possível na época, pois os bancos que compravam divida pública dos países em crise financeira, fecharam os cordões à bolsa, dado o pânico com a Insolvência da Argentina e do Uruguai. Portugal então sem poder vender divida pública, teve de aplicar medidas de austeridade e viu-se obrigado a declarar a Bancarrota Parcial.

Na introdução ao seu livro “Uma Tragédia Portuguesa”, António Nogueira Leite, afirma que só em 2010 a população portuguesa se apercebeu da situação grave em que o país se encontra[8], sendo pressionado pelos mercados internacionais e pelas agências de rating, entre outros indicadores económicos inegáveis como a subida em 2009 para 9.4% do défice do Estado face ao PIB, fazendo Portugal passar uma das mais graves crises desde 1983, afirma Nogueira Leite no seu livro,[9] observando-se um aumento do custo de vida e uma queda substancial dos ordenados.[10]

O problema de Portugal é estrutural, e está relacionado com o modelo económico seguido logo após a democratização do País com a Revolução dos Cravos de 1974, sendo seguido pela Espanha em 1975 com a morte de Francisco Franco e o restabelecimento da monarquia constitucional. Os países ibéricos, periféricos e tardiamente democratizados, apresentam falhas estruturais e diferenças substanciais entre ambos[11], devido ao modo como cada um fez a democratização e a seguinte organização económico-social, com ênfase no mercado de trabalho especialmente os índices de desemprego, prevê-se que o estado venha a criar trabalho precário triplicando as despesas de recibos verdes como forma de evitar contratações.

4 - A baixa produtividade e o peso do Estado

A Baixa produtividade tem produzido o crescimento do Défice face ao PIB, segundo o gráfico do Eurostat,[12] fazendo com que os credores internacionais não acreditem que Portugal conseguirá cumprir com os seus objetivos, pois o país gasta mais do que consegue produzir, e isso tem sido feito de forma sistemática, afirma o economista António Nogueira Leite no seu livro “Uma Tragédia Portuguesa”, acrescentando que para além da pouca produtividade de riqueza, a poupança é reduzida, perdendo a histórica característica da economia portuguesa, que era uma economia de aforro,[13] Mas é preciso reparar também que as família poupam pouco porque não tem como poupar numa economia como a nossa, onde as famílias tem um alto grau de endividamento, por outras palavras “Estamos todos no mesmo barco do endividamento”, o Estado, as Empresas e as famílias portuguesas, que por falta de uma politica habitacional correta no passado, fez com que os portugueses se endividassem para comprar casa, e isso fez-nos perder a nossa capacidade de poupar veio o endividamento paulatino do país e dos portugueses, na ânsia de um nível de vida que na realidade não era o nosso, como consequência fez com que várias famílias entrassem em situação de insolvência, crescendo o crédito mal parado.

5 - Conclusão

O livro que neste trabalho é referido, “O Estado a que o Estado chegou”, da autoria de vários autores, tais como Carlos Diogo Santos, João Cristóvão Baptista, Rui Marques Simões, Rui Pedro Antunes e Sónia Simões, que sob a coordenação da jornalista Maria de Lurdes Vale, fez um excelente trabalho, no que se refere, ao serviço público de informar a população sobre a realidade do país no que diz respeito aos aspetos financeiros, sociais e económicos.

Outrossim o projeto editorial, teve como objetivo chamar à prática da cidadania, as pessoas comuns que normalmente se vêm afastadas desse processo, tendo sempre em conta que a consciencialização da população é uma grande mais-valia, para a definição de políticas para o futuro.

O livro alertou mais para a realidade do despesismo, com gastos supérfluos e desnecessários que sobrecarregam o erário público e voltam-se contra uma população envelhecida, pobre e descrente do futuro do país, para as gerações dos seus filhos e netos; Ficou no entanto muito por falar, no entanto, aqui não era o espaço apropriado para pedir responsabilidades, não era a plataforma ideal para o lançamento de projetos de futuro, por isso creio eu, que se ficou, apenas por uma análise do que é o presente, no edifício desequilibrado do Estado em que o Estado está.

Filipe de Freitas Leal
15/06/2011

Trabalho Individual de Sociologia Geral II
Professora Doutora Maria de Lurdes Fonseca
Curso de Serviço Social – 1º Ano – Pós Laboral


6 – Autores Citados e Bibliografia

Autores Citados

António Nogueira Leite, Nasceu em Lisboa em 1962, Licenciado em Economia pela Universidade Católica Portuguesa, obteve o grau de Mestre em Economia pela Universidade de Ilinoys, instituição onde se doutorou em 1988, É professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, foi Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças de 1999 a 2000 do XIV Governo Constitucional de António Guterres.
João Ramos de Almeida, jornalista do “Público” desde 1995, é Realizador e Argumentista da empresa “Ânimo Leve” que é uma produtora de vídeos, filmes e documentários, foi jornalista do Expressos entre outros títulos da Imprensa portuguesa.
Robert M. Fishman é um professor de Sociologia e membro do Instituto Kellogg e do Nanovic
Instituto da Universidade de Notre Dame. Seus livros mais recentes são Vozes da Democracia (2004) e (com Anthony Messina) O Ano do Euro (2006). Ele está atualmente escrevendo um livro sobre a prática democrática e resultados sociais em Portugal e Espanha





Bibliografia

Diciopédia (2011) “História | Ciências Sociais e Humanas A Situação económica difícil da I República” página consulta em 11/06, http://www.infopedia.pt/$situacao-economica-dificil-da-i-republica
Fishman, Robert M. (2010), “Rethinking the Iberian Transformations: How Democratization Scenarios Shaped Labor Market Outcomes”, Springer Science+Business Media, LLC
Leite, António Nogueira (2011) “Uma Tragédia Portuguesa”, Alfragide, Lua de Papel.
VV.AA (2011) “O Estado a que o Estado Chegou”, Lisboa, Editorial Notícias.

[1] VV.AA (2011) O Estado a que o Estado Chegou, Lisboa, Editorial Notícias. pp. 11.
[2] Ibidem. pp. 13.
[3] Ibidem. pp. 27.
[4] VV.AA (2011) “O Estado a que o Estado Chegou”, Lisboa, Editorial Notícias. pp. 43.
[5] Ibidem. pp. 75-77.
[6] Diciopédia (2011) “História | Ciências Sociais e Humanas A Situação económica difícil da I República” página consulta em 11/06, http://www.infopedia.pt/$situacao-economica-dificil-da-i-republica
[7] Almeida, João Ramos de (2011) “Economia/Portugal já declarou bancarrota parcial em 1891 e saiu-se bem". Público Online, 10 de Junho, http://publico.pt/1460267
[8] Leite, António Nogueira (2011) “Uma Tragédia Portuguesa”, Alfragide, Lua de Papel, pp. 15
[9] Ibidem, pp. 21
[10] VV.AA (2011) “O Estado a que o Estado Chegou”, Lisboa, Editorial Notícias. pp. 85-87.
[11] Fishman, Robert M. (2010), “Rethinking the Iberian Transformations: How Democratization Scenarios Shaped Labor Market Outcomes”, Springer Science+Business Media, LLC
[12] Eurostat (2011) “Government Finance Estatistic”, Luxemburg, Eurostat Statistical Books
[13] Leite, António Nogueira (2011) “Uma Tragédia Portuguesa”, Alfragide, Lua de Papel, pp. 23.

Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Sociologia para o Mundo Atual

1 - Introdução

O trabalho, que ora se apresenta, teve originalmente o nome de "A Sociologia Aplicada ao Mundo Atual", e para simplificar a compreensão do conteúdo teórico do mesmo, o nome foi alterado para o que agora é apresentado ao caro leitor, o presente trabalho de grupo, surgiu-nos de uma reflexão sobre dois pontos que para nós urgem, no sentido de sabermos, compreendermos e também divulgarmos, a Importância da Sociologia na sociedade atual, bem como a sua aplicação e as origens da Sociologia em Portugal e dos diversos ramos dessa ciência, como a Sociologia Aplicada, que é o foco deste trabalho.

A institucionalização da sociologia no nosso país foi tardia, devido ao regime do Estado Novo e da sua fobia pelo desenvolvimento intelectual e cientifico, o que não condiz por exemplo, com o que se passou em Itália durante o regime de Mussolini com Vilfredo Pareto ou do Brasil de Getulio Vargas com Gilberto Freyre, que permitiram e incentivaram a prática da sociologia, embora que de forma controlada ao sabor dos seus interesses, Pareto conotava-se com o fascismo italiano, Gilberto Freyre por sua vez, estava era interessado na busca da identidade brasileira, consagrado com a sua obra-prima “Casa Grande e Senzala[1] na qual ilustra a formação do povo brasileiro como a mestiçagem do indígena, do português e do negro, o que agradava ao regime de Vargas por motivos ideológicos, por outras palavras o que se viu em Itália e Brasil, face à sociologia, não se verificou em Portugal, mais do que o porquê, interessa-nos saber quais as consequências disso, para os setores cientifico, académico e até económico no desenvolvimento nacional, visto entendermos a sociologia como uma ciência de suma importância num mundo em constantes mudanças.

Recorremos pois a dois textos, entre outros, para nos aprofundarmos nestas duas questões, do sociólogo Octávio Ianni, “A Sociologia e o Mundo Moderno” e do sociólogo Pedro Hespanha, com o artigo “Os custos e os benefícios da institucionalização tardia da sociologia em Portugal”.

2 – A Importância da Sociologia Hoje 

A sociologia não resolve propriamente dito, os males do mundo na emergência de uma nova sociedade, não é redentora ou panaceia de males e das incongruências sociais, não é detentora de respostas cabais prontas, pois não é uma ciência dedutiva, no entanto o conhecimento sociológico, dá ao homem comum, a consciencialização e a ideia libertadora do seu papel e do seu lugar na sociedade, podemos acrescentar a ideia de cidadania, que nasce do conhecimento sociológico.

A sociologia é numa ciência que com base empírica, tenta compreender as causas dos males sociais, e as consequências de erros políticos que podem repercutir no futuro[2], conseguindo compreender e explicar, o modo das pessoas, das instituições, das empresas e do próprio Estado se organizarem, tendo por isso, um compromisso com o mundo moderno.

É a ciência que nasceu da necessidade de se compreender a revolução tecnológica e económica, surgida da Revolução Industrial, com Augusto Comte, na sua formação, com Émile Durkheim na sua reformulação, e de Max Weber, Karl Marx entre outros, buscou respostas e apontou caminhos a seguir para um mundo melhor, pois o auge do capitalismo fez urgir no Século XIX, a busca de soluções, que conseguissem resolver problemas de desigualdade social, pobreza, exploração da classe trabalhadora, tendo se misturado teorias sociais, com filosofia social e ideias revolucionárias. A Igreja Católica também teve um papel ativo na formação de ideais político-sociais de cariz cristão, baseados no filosofo Saint Simon, um socialista utópico, a encíclica mais revolucionária da história da Igreja, “Rerum Novarum” do Papa Leão XIII, teve um papel preponderante na criação do “Movimento Social Cristão”, e os seus valores e ideais cristãos e humanistas nela estampados, estão na base da fundação do  “Serviço Social”, na época entendido ainda como um mero assistencialismo, mas prática profissional que se socorre da sociologia para ter uma mais real apreensão do Homem em sociedade, e buscando na sociologia aplicada, os dados com os quais desenvolverá a sua praxis.

É com o mundo moderno que nasce a sociologia, depois da Revolução Francesa, da Revolução Agrícola e da Revolução Industrial, a nova sociedade, deixando de lado o modelo de uma sociedade agrícola, marcada por uma diferenciação de classes acentuada, entre nobreza, aristocracia, clero e a plebe; de um modelo de família alargada; de uma forte influencia na vida social política e cultural do clero e da teologia da Igreja; de poder patriarcal; de produção rudimentar, bem como de uma organização económica ainda  burguesa, mercantilista e colonialista, cai paulatinamente para uma mudança de paradigmas que colocaram o homem encurralado face ao desconhecido e a bruscas ruturas sociais, que foram desenvolvendo gradativa e inexoravelmente no caminho do progresso e fazendo nascer a emergência de um Homem novo, condição sine qua non para uma sociedade que dava à luz inevitável e irreversivelmente à modernidade.

Não obstante, já haviam surgido anteriormente, nos séculos XVIII e inicio do XIX, surgido ideias próximas de uma nova sociedade, ou por outras palavras, uma revolucionária forma de organização social, vindas da Filosofia em particular do Iluminismo e do despotismo esclarecido que inegavelmente trouxeram contributos epistemológicos inegáveis para as ciências sociais[3], influencia expressiva vinda de nomes sonantes da intelligentsia dessas correntes como Rousseau, Kante, Hegel, Goethe, Beethoven, Schiller, Adam Smith, Ricardo e Condorcet, entre outros, que tentaram introduzir no campo da Cultura, da Sociedade e da História os métodos já usados pela física e quimica; Mas esses pensadores e suas obras não estando acompanhadas da mudança alavancada da economia e da industria não surtiram efeito, se não o de ter sido semente para os pensadores posteriores.[4]

Foi nesse contexto que fez confundir mais tarde a sociologia com a filosofia social, esta ultima não sendo uma ciência, visto ser dedutiva, não é se não uma corrente do pensamento filosófico, que ao buscar as causas primeiras e os fins últimos limita-se a dar orientações éticas, morais e ideológicas no campo social.

Claro é que a sociologia, divide-se em correntes de pensamento, que vão desde o positivismo, ao marxismo, passando pelo funcionalismo, estruturalismo, fenomenologia, histórico entre outras tendências, mas todas estas se reduzem a três polarizações essenciais, sendo a causação funcional, a conexão de sentido e a contradição.

O princípio de um pensamento claramente cientifico que busque a causação funcional, está presente em Comte, Durkheim, Spencer, Parsons entre outros; o da conexão de sentido, está presente em Weber, Dilthey, Rickert, Toennies, Nisbet e outros; da contradição está Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Lukacs, Gramsci, Goldmann e outros.[5]

Mas não é só de história que devemos descrever aqui, as razões da importância da sociologia, como ciência, é fundamentalmente do seu objeto de estudo: O todo social no seu conjuntos, e o estudo das partes que se relacionam entre si e o compõem.

Há ainda os desafios da Revolução Social, das suas transformações, avanços e recuos na sociedade civil, trazem o nascimento de novas culturas, comportamentos, técnicas em metamorfoses relevantes para as mentalidades.

Há uma corrente da sociologia lida com a ideia de massa, composta de trabalhadores assalariados, de desempregados, é forte, colossal, mas necessita de regras de direção, pois se assim não fosse, ultrapassaria os limites do normal, e isso faz com que dependa da Elite, que é para as massas a referencia de conduta e objetivos.

Há uma segunda corrente da sociologia que lida com a ideia do Povo, a comunidade de cidadãos, que se organiza de forma associativa e participa do processo político, mas que segundo Stuart Mill e Tocqueville podem encaminhar-se para a tirania da maioria.

Outra corrente da sociologia lida com a ideia das Classes Sociais, da diversidade e desigualdades que há nas multidões, massa e povo.[6]

A sociologia revela-nos a faceta de compreendermos as diferentes dimensões do mundo moderno, com o uso de expressões como sociedade civil e Estado, racional e irracional, anomia e alienação, utopia e ideologia, revolução e contrarrevolução bem como cidadania, podendo com isso e para o efeito do exercício pleno dessa cidadania, no espaço público, em pensar, agir, participar e como o fazer ou não no mundo moderno, mas também fazendo antever que sem a sociologia, o mundo seria sem duvida um lugar obscuro e mais penoso. Obscuro pela falta da clarividência vindo da ciência social, e penoso pela falta de perspetivas e pelo o obscurantismo nos imporia.

Não se podem esquecer os processos e as estruturas interligadas da politica, da economia, da arte, da cultura, das relações laborais e interpessoais em sociedade em geral, bem como da conquista que elas trazem para romper desigualdades de classes, de género, de raça.

A sociologia tem vindo a ser não a redentora, mas a libertadora de mentalidades que outrora presas a uma compreensão mitológica do mundos e a uma submissão explicita e subalterna ao poder, não podiam saber sequer da possibilidade de sendo cidadãos participar e expressar livremente os seus anseios ideias, passou a ser agente de mudança, a ser coautor dos factos sociais, e com a liberdade adquiriu a consciência da cidadania.[7]

Nada disto seria possível sem a sociologia, ou talvez melhor das várias sociologias que se debruçam sobre objetos de estudo e problemas específicos, ampliando o campo de ação  do cidadão livre, numa sociedade moderna.

3 – O Que Faz a Sociologia Aplicada

Sociologia Aplicada, como o nome indica é o uso da sociologia, como uma ciência auxiliar, na busca da compreensão e solução de problemas, da micro sociologia como as relações familiares, à macro sociologia como a criminalidade ou a poluição, com o fim de dar respostas plausíveis a esses problemas sociais.[8]

Michale Burawoy, presidente da ASA American Sociological Association, define a sociologia aplicada do seguinte modo: "A sociologia aplicada promove e informa o debate público sobre questões como, as desigualdades de classes, discriminação racial, de novos regimes de género, a degradação ambiental, o multiculturalismo, revoluções tecnológicas, o fundamentalismo do mercado e a violência de diferentes formas como a civil e a estatal." [9]

É a Sociologia para além dos limites da academia, é uma abordagem sociológica que se envolve com um público vasto e visa o debate, o estudo feito por métodos empíricos, como a amostragem e estatísticas, com as quais vai auxiliar a aplicação de politicas em setores diversos, como serviço social, educação, recursos humanos, combate ao racismo e pobreza, bem como o auxilio na gestão de problemas específicos de empresas publicas e privadas.

A maioria dos sociólogos trabalha em colégios e universidades, partilhando o conhecimento sociológico aos seus alunos, por outro lado na sociologia aplicada, têm uma variedade de campos de trabalho, desde o aconselhamento, o marketing, a investigação, o trabalho de campo como a intervenção em serviço social e projectos dessa natureza, enfim numa variedade de áreas da sociedade, que vão da saúde à criminalidade, passando pela compreensão de comportamentos desviantes como toxicodependência, os índices e razões do divórcio, violência doméstica, o racismo entre tantos outros factos sociais, que merecem ser investigados e para os quais se buscam respostas que possam definir políticas de prevenção ou mesmo de uma possível solução.[10]

A mais simbólica e primeira tentativa e bem sucedida da sociologia aplicada, foi nos Estados Unidos com a criação da Nacional Association for the Advancement of Colored People em 1909.[11]

4 – O Nascimento da Sociologia Portuguesa

Tendo em conta a importância da Sociologia no mundo moderno, e da função da Sociologia Aplicada para os diversos setores cientifico, cultural e político, resta-nos a resposta à questão histórica, porque é que demorou tanto e quais as consequências do atraso em instituir a sociologia em Portugal?

Debaixo de uma ditadura, que para as ideias fora feroz, não deixou margem para um desenvolvimento das ciências sociais e em particular a sociologia,[12] mas foi ainda antes do 25 de Abril de 1974, que um setor intelectual, emergia na sociedade portuguesa com ideias europeístas, e que ansiosas por reformas, fez então surgir a emergência das ciências sociais em Portugal como fator do desenvolvimento.

Após a revolução há uma explosão das ciências sociais, como a sociologia, antropologia social, ciências da educação, entre outras, tendo sido criadas várias licenciaturas, centros de pesquisa nas universidades, associações cientificas, organizações profissionais, publicações de livros e revistas, há uma amplo e fecundo interesse pelas ciências sociais, fazem-se congressos, conferências.

Mas é injusto falar-se do surgimento da sociologia em Portugal, sem se falar da contribuição dada por Teófilo Braga, que para além de ter sido presidente da República foi também um pensador, é o principal precursor do positivismo em terras lusas, ainda nos fins do século XIX.[13] E a I República teve influência do positivismo comteano, porém a Sociologia não teve espaço para implantar as reformas necessárias que conduzissem à mudança e ao progresso, pelo que a sociologia da época não fez mais que simples teorizações, faltando ao desenvolvimento de estudos empíricos, perdendo o apoio e tendo sido vista como suporte de ideias socialistas, pelo que caiu em esquecimento com o golpe de 28 de maio.

Outra corrente houve, de reformismo de La Play, surgindo na Sociedade Portuguesa de Geografia através de conferências sobre “Reformas Sociais”, em 1909 Léon Poisard um sociólogo francês da mesma escola de La Play, veio a Portugal e fez um estudo baseado em questionários, e o resultado foi publicado um ano depois, onde se assinalava erros estruturais da sociedade portuguesa, vindos de muito tempo atrás, e continuados, acrescentava ainda que a organização das classes sociais e famílias não permitia o desenvolvimento do país no caminho do desenvolvimento.[14]

Sé em 1918 surge a SPCS Sociedade Portuguesa de Ciências Sociais, no Porto, que conseguiu editar durante um ano um boletim científico e diversas monografias, encerrando em 1919.

A ditadura do Estado Novo desde 28 de maio de 1926, não deu espaço em Portugal à sociologia, no entanto foi na escola playsiana, que surgiu nos anos 30 a organização de cursos de Serviço Social e de enfermagem, tendo sido criados novos institutos ligados à Igreja Católica.

Foi criada em 1935 o ISSSL Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, pelo Cardeal Cerejeira, dois anos mais tarde surge em Coimbra da iniciativa do filantropo Bissaya Barreto a ENS Escola Normal Social, que viria a ser o ISSSC Instituto Superior de Serviço Social de Coimbra, esses cursos eram ministrados à luz da doutrina social da Igreja, bem como da caridade cristã, havia no entanto sido criado em 1906 o ISEU Instituto Superior de Estudos Ultramarinos que veio a se transformar no ISCSPU Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Ultramarinas. mais que isso não era possível, pois a Ditadura desconfiava dos sociólogos e detestava qualquer teorização social.

Nos anos 60, como já atrás foi dito, a classe burguesa dominante, e um certo setor progressista do regime, entendia que deveriam haver mudanças, que permitissem a Portugal deixar para trás o atraso estrutural e social que nos distanciava do resto da Europa e dos países desenvolvidos, mas também porque o modelo corporativista estava desacreditado, não tendo conseguido se instituir como alternativa de organização e desenvolvimento social, até porque estava ao serviço de interesses político-ideológicas de uma corrente do pensamento que fora vencida na II Guerra Mundial, e também de um colonialismo mundialmente criticado, que punha em cheque a credibilidade e o desenvolvimento português. Esse setor da sociedade representava também o que já era a preocupação de toda a sociedade portuguesa, buscou-se então conhecimentos especializados na área social e surgiram institutos e cursos que ministravam disciplinas como sociologia, fundado o IESE Instituto de Estudos Superiores de Évora e a revista “Análise Social, mas ainda não suficientemente capazes de fazer surtir a consciência da importância da sociologia como ciência fulcral para o desenvolvimento da sociedade, da cultura e da economia nacionais. Somente com a Liberdade conquistada no 25 de Abril, o campo da sociologia se abriu em Portugal no que toca ao seu ensino e também à investigação cientifica.

Boaventura de Sousa Santos disse certa vez: “A tradição sociológica em Portugal tem alguma especificidade. Dominou durante muito tempo uma postura crítica. Em dois momentos, porém, muito diferentes entre si, o compromisso orgânico pretendeu tomar a dianteira: o primeiro foi durante a crise revolucionária do 25 de Abril, o segundo, nos últimos quatro anos, em resultado de uma certa modernização e também de uma certa governamentalização das práticas sociais e institucionais, ambas impulsionadas pela integração de Portugal na CEE”. (...) “Os desafios que nos são colocados exigem de nós que saiamos deste pêndulo. Nem guiar nem servir,. Em vez de distância critica, proximidade critica. Em vez de compromisso orgânico, o envolvimento livre. Uma objetividade feita de independência, e não de neutralidade”.[15]

5 - Conclusão

O presente trabalho trata do nascimento da sociologia, os vários problemas que aborda e com é que esta disciplina surgiu em Portugal. Como se pode analisar, a sociologia teve um grande impacto na historia da sociedade, foi a partir desta disciplina que se começou a entender os fenómenos sociais como a pobreza, a desigualdade social, a exploração da classe trabalhadora.

Contudo após um trabalho ardo por parte dos sociólogos e o facto de o querer fazer compreender o que era a sociologia, esta veio confundir-se com a filosofia social por terem objetivos idênticos, todavia a filosofia social é uma ciência por ser dedutiva e a sociologia divide-se em correntes de pensamento que tem por fim ultimo explicar o pensamento científico.

A sociologia aplicada é um ramo da sociologia, esta disciplina veio como resposta para os problemas e paradigmas apresentados pela própria sociologia. Isto quer dizer que a sociologia aplicada estuda de vários modos todos os problemas, como por exemplo, o trabalho de campo para fim de dar resposta aos problemas sociais, o marketing, a investigação, entre outros.

No entanto, em Portugal tardou a se instituir a sociologia, o que poderá ter comprometido o desenvolvimento de uma inteligentzia portuguesa, com caráter cientifico próprio, fundamentalmente verificaram-se duas correntes que tentaram implementar os estudos sociais e sociológicos em Portugal, a corrente positivista e a playsiana, que no inicio do século chegaram a fundar institutos, lançamento de boletins, monografias, conferencias mas havia ficado pelo plano teórico, deixando de lado o empirismo, e nos anos 30 a 40 iniciaram timidamente os estudos sociais pelo Serviço Social.

Toda via, foi com o 25 de Abril que se deu o arranque, da sociologia tanto no que se refere ao ensino como ao estudo científico.

Andréia Capucho
Filipe de Freitas Leal
Sandra Franco
Junho de 2011.



6 – Autores Citados e Bibliografia

Autores Citados

Pedro Hespanha, Doutorado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sendo Professor na mesma universidade. É um dos Fundadores e investigadores do CES Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, tendo se especializado em Sociologia Rural e Urbana e em Políticas Sociais.Doutorado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Hespanha é atualmente docente na mesma universidade. Membro fundador e investigador permanente do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, é especialista em Sociologia Rural e Urbana e em Políticas Sociais.

Octávio Ianni, (1926-2004) Nasceu em Itu – São Paulo, Brasil, formou-se em ciências sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em 1954. Logo após a formatura, integrou o corpo de assistentes da Faculdade, na cadeira de Sociologia I, da qual Florestan Fernandes era o titular: Foi considerado um dos maiores sociólogos brasileiros, seu ultimo livro foi  “A Sociedade Global” (1992) pois dedicou os seus últimos anos ao estudo da globalização.

Bibliografia

HESPANHA, Pedro (1996) “Os custos e os benefícios da institucionalização tardia da sociologia em Portugal”, Coimbra, Oficina do CES Centro de Estudos Sociais, pp. 1 (ver anexo)
HENSLIN, James M. (2005) “Sociology – A down-to-Earth pproach”, Boston, Pearson.
IANNI, Octávio. (1989) “A Sociologia e o mundo moderno”. Tempo Social; Revista de Sociologia, São Paulo, USP, 1(1): 7-27.
Infopédia, FREYRE, Gilberto [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-06-19].
Disponível na www: http://www.infopedia.pt/$gilberto-freyre>.


[1] Gilberto Freyre. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-06-19].
 Disponível na www: .
[2] VV.AA (2007) “Sociologia”, Curitiba, SEED Secretaria de Estado da Educação
[3] IANNI, Octavio. (1989) “A Sociologia e o mundo moderno”. Tempo Social; Revista de Sociologia, São Paulo, USP, 1(1): 7-27, 1º semestre. 1989. Pp. 2
[4] Ibidem, pp. 3
[5] IANNI, Octavio. (1989) “A Sociologia e o mundo moderno”. Tempo Social; Revista de Sociologia, São Paulo, USP, 1(1): 7-27, 1º semestre. 1989. Pp. 2
[6] Ibidem, Pp. 6
[7] Ibidem, Pp. 9
[8] HENSLIN, James M. (2005) “Sociology – A down-to-Earth aproach”, Boston, Pearson. Pp. 21
Public Sociology [Consult. em 19/06/2011].
[10] HENSLIN, James M. (2005) “Sociology – A down-to-Earth aproach”, Boston, Pearson. Pp. 22
[11] Ibidem.. Pp. 21
[12] HESPANHA, Pedro (1996) “Os custos e os benefícios da institucionalização tardia da sociologia em Portugal”, Coimbra, Oficina do CES Centro de Estudos Sociais, pp. 1 (ver anexo)
[13] Ibidem, Pp. 3
[14] Ibidem, Pp. 7
[15] HESPANHA, Pedro (1996) “Os custos e os benefícios da institucionalização tardia da sociologia em Portugal”, Coimbra, Oficina do CES Centro de Estudos Sociais.

Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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