domingo, novembro 10, 2024
Filipe de Freitas Leal
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Toda a minha vida, pensei que quem decidia o que eu era em termos de posição política e ideológica era eu próprio.Também acreditava desde muito jovem. que a democracia era o Regime Político da Liberdade de Pensamento e Expressão.
Acreditava ainda, que ser de Esquerda era defender os interesses dos trabalhadores, da classe média, lutar pelos Direitos Humanos de forma transversal. Por isso eu via-me como um simpatizante da Esquerda e sempre votei nos partidos da dita Esquerda democrática. Acreditei toda a minha vida que, em democracia não havia o problema de ser rotulado por ser de uma minoria religiosa.
E os anos passaram, descobri que afinal não sou eu quem decide a minha posição ideológica, cheguei mesmo a ser chamado de reacionário e fascista por aqueles em que sempre votei.
E descobri que não posso dizer tudo o que penso, porque não é já considerada uma linguagem correta, passei a ser policiado na linguagem.
No Parlamento, os deputados nos quais eu votava antes, passaram a abraçar apenas as novas causas identitárias e esqueceram-se de mim, dos trabalhadores e da população em geral.
E já nem posso hoje andar na rua com o meu Kipá, nem a estrela de David sem ter medo de ser insultado pelos antissionistas e antissemitas. Afinal, alguém sabe dizer-me o que é a democracia, é que eu pensei que fosse uma coisa, mas afinal é outra.
O que se passou em Amsterdão é sinal da decadência da democracia tal como a conhecíamos.
Autor Filipe de Freitas Leal
Sobre o Autor
Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.