domingo, 19 de agosto de 2018

Morreu Kofi Annan, o Cidadão do Mundo

A diplomacia mundial perdeu um grande estadista, Kofi Annan, nascido em abril de 1938 no Gana, morreu aos 80 anos, no dia 18 de agosto de 2018, na cidade de Berna na Suiça, onde residia. Annan foi um dos mais emblemáticos estadistas do seu tempo, foi Secretário Geral da ONU, de 1997 a 2007, sucedendo a outro africano, Boutros Ghali, de nacionalidade egípcia, e dando o lugar a Ban Ki Moun da Coreia. O atual secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, compara a figura de Annan, à própria Organização, e afirma que o seu legado na diplomacia mundial foi um marcado pelo modo como lidou com o genocídio no Ruanda e a determinação pela intervenção na Guerra dos Balcãs.

Para os países de língua portuguesa, a atuação mais emblemática foi colocar-se ao lado de Portugal, na luta pela independência de Timor-leste, e na pressão internacional pela libertação de Xanana Gusmão e a condenação ao massacre do cemitério de Santa Cruz em Timor.

Os ataques de 11 de setembro ao World Trade Center, foi um dos dias inesquecíveis para Annan, a partir desse dia,  o mundo não seria mais o mesmo, seguiram-se guerras praticamente intermináveis no médio oriente, que degeneraram mais tarde, na Primavera árabe, mas esse capítulo não o presenciou como secretário geral. A sua forma de exercer a diplomacia em prol da paz, levou-o a ser laureado com o Nobel da Paz em 2001, juntamente com a própria organização que comandava.

Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

A Jornada da Vida

A vida é um movimento contínuo, é uma marcha, ou por outras palavras, uma longa jornada, onde há encontros e desencontros que se sucedem.

Desde crianças até sermos idosos, não há despedidas nesta marcha, as pessoas simplesmente entram e saem da nossa vida quase que sempre do mesmo modo que chegaram. Mas acima de tudo, cada um é uma presença, é uma luz e uma dádiva, cada um tem a sua missão, o seu brilho, o seu próprio modo de colorir a vida e de cumpri-la.

Um dia, também nós sairemos de cena, abandonaremos o palco, após cumprir o nosso papel, tanto quanto possível, sem despedidas, sem pré-avisos, sempre com um até já, com a mesma serenidade de um até sempre.

Aos que partem, descansem em paz, aos que ficam, sejam felizes.

Autor: Filipe de Freitas Leal


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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.



domingo, 5 de agosto de 2018

Os Valores e o valor da vida na atualidade


Os valores são fundamentalmente, o alicerce cultural de um povo e de uma civilização, pelo que de igual modo, esses valores que também estão relacionados com os princípios, usos, costumes e tradições, são flexíveis e modificam-se no tempo, de geração em geração e no espaço, variando entre continentes e países.

Durante milénios, a evolução técnica da humanidade foi muito lenta, nomeadamente nas regiões abaixo da linha do Equador, onde as populações locais, salvo raras exceções, encontravam-se ainda num estágio igual ao “neolítico” à altura dos descobrimentos europeus (portugueses, espanhóis, ingleses e franceses), inclusive, no que foi o berço da civilização ocidental e da hegemonia europeia, (que emana diretamente da civilização judaico-cristã), a evolução das técnicas era algo moroso e o progresso cientifico, como o entendemos hoje, demorou a chegar.

Foi preciso chegarmos ao fim do século XVIII, para que tudo se alterasse, tal como sugere Alvin Toffler nos seus livros, “A Terceira Vaga” e o “Choque do Futuro”, no qual foi substituída a Revolução Agrícola (primeira vaga) pela Revolução Industrial (segunda vaga), provocando mudanças estruturais drásticas, tanto na organização social como familiar, com essas mudanças, as famílias alargadas deram espaço às famílias nucleares, de pai, mãe e filhos, e modificaram drasticamente o 'modus vivendi', a solidariedade típica da família alargada, deu lugar à competitividade dentro da fábrica; o êxodo rural do campo para a cidade, deu lugar a uma massa de operários formada por hordas de deserdados do campo, que se tornaram migrantes que tiveram de abandonar as suas raízes, deixando para trás a sua terra natal e os laços familiares.

Essa realidade foi acompanhada por um alto índice de acidentes laborais e de mortalidade prematura devido às más condições de vida, e não raras vezes o desespero levava a que algumas pessoas pusessem termo à própria vida, como relatado em "O Suicídio" estudo sociológico de Émile Durkheim, dando lugar a uma enorme massa de órfãos, que serviam para mão de obra barata nas fábricas nascentes, era esse o valor da vida, e deram à nova sociedade do industrialismo o matiz cinzento que perdurou até ao fim da primeira metade do século XX, que John Kennett Galbrith bem descreve no seu livro, “A Era da Incerteza”.

Estávamos num mundo politicamente dominado pela civilização ocidental do eixo Europa e Estados Unidos da América, com uma mentalidade conservadora, assente no cristianismo, por um lado do catolicismo nos países latinos e do protestantismo nos países anglo-saxónicos e nórdicos, onde os valores e os princípios estavam ligados à teologia e à inegável influencia da Religião na economia e na política. Mas onde à exceção da Pena de Morte, o aborto, o adultério, o divorcio eram condenados e onde a homossexualidade era reprimida, bem como o papel da mulher fora relegado a um lugar secundário desde o apogeu da Revolução Industrial e só nos meados do século passado conquistou paulatinamente o seu lugar na sociedade (à exceção dos países muçulmanos).

O período que vai de meados do século XIX ao inicio do século XX, deu lugar ao movimento sindicalista de Karl Marx e ao Manifesto do Partido Comunista, a um conjunto de perturbações politicas e crises sociais; pelo meio o  Papa Leão XIII redige a encíclica, 'Rerum Novarum' revelando a posição da Igreja sobre a questão social e laboral da época, à luz dos valores bíblicos; por fim, surgem as revoltas do proletariado que deram origem em 1917 ao Regime Comunista soviético, mas até nesses regimes os valores eram conservadores, a vida valia pouco (entre 1922 e 1952 foram mortos no regime Estalinista cerca de 14 milhões de pessoas) pelo que só mudava a terminologia. Mas o mais visível e  bárbaro exemplo do valor da vida foi sem sombra de dúvida o Holocausto do III Reich, do regime nazista, onde foram mortos 6 milhões de judeus em campos de concentração e câmaras de gás espalhados pela Europa durante a Segunda Grande Guerra; o que se valorizava era humilhar e infligir dor e sofrimento ao seu semelhante, revelando que a vida do 'outro' pela sua diferença não teria qualquer valor. 

Com o fim da II Guerra Mundial e a derrota do ideal nazi-fascista da Alemanha de Hitler e da Itália de Mussolini, bem como as novas tecnologias que vinham sendo desenvolvidas na área das comunicações, alteram a pouco e pouco os valores, os usos e os costumes, mas também altera-se o modo como os empresários, economistas e políticos vêm e exercem a sua função, porque antes de serem empresários e políticos, são gente da sua nação, antes de tudo são pessoas e cidadãos, que levam para o poder, para os negócios e para a academia, os valores da sua época, por vezes mais fortes que os seus ideias, mas quase nunca, tão fortes quanto a sua crença.

Um das mudanças, foi sem dúvida a crescente influencia da opinião pública nos destinos do país, a crescente influência dos serviços na economia face à indústria que se viu suplantada em 1955 e à crescente influencia das comunicações e da informação na nova economia global, por forma a fazer face às necessidades geopolíticas.

A nova ordem nascida dos escombros da II Guerra Mundial, deu a primazia dos Direitos Humanos, abrindo espaço para a autodeterminação dos povos, para a posterior revolução sexual, e para mudanças bruscas na sociedade, as mulheres conquistam paulatinamente a igualdade (embora mantenham-se nos países desenvolvidos graves diferenças salariais absurdas até aos dias de hoje), alguns anos mais tarde, surgiria a revolta estudantil do Maio de 68 em França, uma revolução sem programas, em que na verdade era uma revolta contra a cultura vigente, não foi uma revolta para derrubar o regime político. Mas muitos dos valores que só mais de 20 ou 25 anos começaram a surtir na Europa são fruto do descontentamento dessa geração, e nascem dos movimentos hippie, Maio de 68 e da Nova Esquerda que idolatra ainda hoje Che Guevara. Pelo meio houve a revolução tecnológica que apanhou desprevenida a população dos anos 70 e 80 do século passado, ou reciclavam o seu saber técnico ou sucumbiam como inadaptados, acabando por gerar a chamada info-exclusão.  

Com o tempo, e na boca das urnas, a sociedade, foi progredindo, com o Wellfare State, os apoios sociais, a Igreja e a religião de modo geral, foram afastadas da vida politica e civil, serve mais para consolo e embelezamento das cerimónias de matrimónio e funeral do que propriamente de fé. A fé, essa foi relegada para o novo consumismo, o novo-riquismo, e para ideologias que deram espaço a uma enorme e variada série de conquistas, uma após outra, em vários países, como a conquista do Aborto. E é precisamente aqui, que está a contradição do valor da vida.

Em Portugal, no ano de 2007, realizou-se um referendo para a despenalização do aborto, e o discurso manipulador dos que defendiam o Sim, era que que as pessoas que abortassem por serem pobres, não deveriam ser presas, a população votou no Sim, mas não sabia na sua maioria que esse sim, significava na verdade a Liberalização total do aborto, o que é algo bem diferente da despenalização.

O curioso é que uma civilização, que atingiu após muito sofrimento e esforço, o auge da qualidade técnica e da qualidade de vida, onde o Welfare State, conseguiu dar o melhor apoio possível para que uma pessoa seja acolhida e cuidada, tenha chegado hoje no entanto, a preferir dar valor ao fim da vida. Precisamente e de forma antagónica a civilização agrícola não abortava porque precisava de gente para o trabalho, a civilização industrial precisava de força braçal, para as fábricas, e hoje ao contrário, a civilização da informação e das comunicações, dá lugar ao direito à morte, à morte de um feto, ao qual crê ter sobre ele o poder absoluto de decidir a sua vida, à morte pelo suicídio, à morte pela eutanásia, à defesa da pena de morte contra os delinquentes, que aliás são outro fruto das injustiças sociais e das más políticas de defesa e segurança pública (que mais premeiam o lobby da industria das armas nos EUA) e por fim é uma civilização em que o valor da vida, está assente no ter, no parecer e não no ser.

A nova civilização da cultura da Morte é uma civilização cujas catedrais de culto são os centros comerciais para o culto do consumo, e as redes sociais repletas de discursos de praxe, disfarçados de 'Direitos', todavia, desprovidos de deveres, onde se grita sem conhecimento de causa a legalidade da morte em todas as suas formas, sendo que hoje, têm à mão todos os recursos necessários para se responder às necessidade para a vida das pessoas, de grupos e comunidades em situação de crise. Há que pensar que civilização queremos deixar para os nossos filhos e netos, há que definir de facto, os valores, se os do passado não serviram devidamente a dignidade das pessoas, que os novos valores o façam, mas se estamos vivos, e se há um planeta vivo, a nossa opção, politica, económica, social e cultural têm de estar focadas na defesa da vida, e na consciência que a solidariedade não é um dom de alguns mas um dever de todos, porque o Humanismo é acima de tudo, defender a Vida, e a vida plena.

Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Eutanásia - O Que Está em Causa?

A atualidade política está enriquecida por novas discussões, que outrora eram de todo impensáveis, entre os mais novos temas de debate, tem sido cada vez mais discutida de forma visível a eutanásia, que é também a que se revela um dos maiores dilemas, entre a vida e a morte, entre os valores morais e éticos.
No passado, em que a medicina não era claramente capaz de subtrair o sofrimento humano, a morte era quase sempre sofrida e dolorosa, a esmagadora maioria das pessoas morriam em casa, e a velhice muitas vezes não ultrapassava os 60 anos, inclusive, a alternativa para o sofrimento insuportável, era sem dúvida o suicídio, que apesar de tudo era socialmente condenável, suicidaram-se por motivos de saúde o poeta português Antero de Quental e o escritor estadunidense Ernest Hemingway; hoje ao contrário, a medicina conquistou avanços substanciais no que concerne a permitir um melhor conforto no fim de vida, os cuidados paliativos tornaram-se mais eficazes, mas também a medicina preventiva e os avanços tecnológicos permitiram uma maior longevidade às gerações mais recentes, portanto, é aqui que reside a contradição deste novo discurso de ordem "Pró-Eutanásia", porque é que precisamente agora em que os cuidados e o acesso à medicina evoluíram, que se procura legalizar e normalizar a eutanásia e o suicídio assistido?
O debate promete ser em todo o lado, aceso, até porque uma das parcelas que mais tem crescido na pirâmide populacional é a população idosa, acima dos 65 anos, que fazem parte da chamada terceira idade, mas também há cada vez mais, e em boas condições de saúde, a quarta idade, que é composta por pessoas acima dos 85 anos de idade, claro que em ambos os casos a população feminina é maioritária, porque a mortalidade é maior nos homens do que nas mulheres; demografia à parte, o importante é que se trata de uma parte da população que é eleitora e tem uma resposta a dar, não se trata mais de serem os filhos ou os netos a decidir por eles em caso de referendo, assim os prós do lado dos que sofrem na doença e as razões contrárias do lado dos valores morais e éticos, são debatidos apaixonadamente por muitos, mas ainda assim, são evitados por uma esmagadora maioria silenciosa. Será esta uma nova moda, podemos considerar que seja um discurso ou pensamento humanista?
Posta a questão introdutória acima, o tema da Eutanásia é sobremaneira um tema político, todavia, não se pode deixar que caia nas malhas do discurso ideológico, que se torne um assunto sequestrado por correntes partidárias, porque isso retira todo o sentido da sua importância no espaço público, não se é de esquerda ou de direita porque se está a favor ou contra a eutanásia, não se é progressista ou conservador porque se defende o suicídio assistido ou a proibição da eutanásia, este tipo de temas que inclui valores morais como o aborto ou a mudança de sexo, não cabem na limitada compreensão dos jogos político-partidários.
Ver a eutanásia como panaceia não nos deve impedir de compreender que se trata de mais uma forma de violência, tal como é violento o tiro de misericórdia, como é violenta a palmada que a parteira desfere no bebé recém-nascido, tal como é violenta a dor e a doença que consomem o ser que padece, tal como é violenta a cultura de massas, como são violentas as noticias que mostram como natural a violência da guerra, da fome, como são violentos os meios de comunicação que impõe a cultura da violência, mas também é muito violenta a sociedade que reduz tudo a números de estatística com discursos de eficácia e eficiência, tornando obsoletos os que já não produzem, os que já não fazem falta, os que já por vezes nem podem se defender ou dizer que não (os idosos acamados, os doentes terminais, os tetraplégicos). Assim, podemos aferir por analogia que Stephen Hawking teria uma palavra a dizer contra a eutanásia, reforçando com o exemplo de vida de Nick Vujicic, um palestrante jovem que nasceu sem pernas e sem braços, todavia tornou-se psicólogo motivacional.

Assim, é importante que vejamos que a par de melhorias tecnológicas, económicas, financeiras, cientificas e sociais, tem-se sentido um aumento de um discurso redutor e pouco claro, mas que contém na sua génese uma filosofia de mudança de paradigma social, que por um lado fala abertamente de direitos, mas por outro esconde o que está por trás, resta perguntar, quem iria faturar e ganhar com a eutanásia? sabendo que hoje os doentes terminais e os idosos custam ao Estado uma boa fatia da Despesa Pública com gastos de saúde, pensões e demais apoios sociais.


Autor: Filipe de Freitas Leal

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Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Os 50 anos do Maio de 68

Passam 50 anos após o movimento estudantil que parou a França e pôs em causa o Presidente Charles De Gaulle, foi o chamado Maio de 68, que se espalhou pelo mundo inteiro como símbolo de uma nova época, após essa revolta o mundo não seria o mesmo, e a política também não apesar desse avanço, verificaram-se recuos cíclicos, porém a génese do movimento permaneceu e fortaleceu-se.

As consequências do Maio de 68 e da liderança carismática de Daniel Cohn-Bendit, um estudante universitário franco-alemão, nascido no seio de uma família judaica, marcaram a juventude de modo profundo. O movimento que inicialmente era estudantil, iniciado na Universidade de Nanterre, acabou por se transformar num protesto geral por toda a França, com a adesão dos trabalhadores de diversos setores. Mas o que queriam os estudantes? o que reivindicavam os grevistas e o que motivou a restante classe trabalhadora a movimentar-se em protesto contra o Status Quo, apesar de três anos antes ter eleito por larga maioria o General De Gaulle, e seguidamente à revolta, voltaria a dar maioria ao partido no poder? 

Os protestos inicialmente eram uma revolta ao conservadorismo que se vivia nas universidades, influenciados pelos movimentos hippie, pela nova esquerda, pela libertação sexual, pela conquista paulatina da mulher no espaço publico e social, 

Se por um lado, de uma forma genuína e pueril a revolta iniciou-se na Universidade de Nanterre, por uma causa curiosa, que era a proibição de os homens não poderem entrar no quarto das mulheres, mas o contrário era permitido, logo era visto como algo machista, portanto a revolta juvenil em Paris, foi um movimento que não debatia grandes questões sociais, era o proibido proibir, e estava-se apenas numa revolução de teor existencial, estendeu-se aos sindicatos e aos partidos de esquerda, que não trouxe mudanças significativas na estrutura do poder político ou da organização social, mas sim foi palco e tribuna para declarar em alto e bom som, o preâmbulo de uma mudança inequívoca dos valores e princípios, mas também da reivindicação de uma maior abertura do espaço público para a participação cívica de todos aqueles que até então não tinham essa possibilidade. Claro que a longo prazo, viu-se na política a ascensão e a mobilização de classes, por outro lado, essa mudança de valores, não foi devidamente acompanhada pela qualidade técnica, profissional e ética dos novos rostos na política, pelo que paulatinamente viu-se um divórcio cada vez maior entre a sociedade civil e a nova classe política, a braços com escândalos de corrupção ou simplesmente má gestão dos assuntos públicos.


Autor: Filipe de Freitas Leal

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Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Ataques Terroristas Contra Israel

Desde 2014 que os ataques a Israel não se intensificavam como neste ano, desde o fim de maio, e por consequência do reconhecimento de Jerusalém como legítima Capital de Israel, a revolta palestiniana para reverter o irreversível, foi ter procedido, desde novembro de 2017, a uma nova onda de violência junto à fronteira com Israel atacando as autoridades israelitas, não tendo sido suficiente, surgiu na mesma altura a onda dos cometas incendiários (papagaios e balões) que causaram uma enorme devastação com incêndios em reservas florestais, áreas agrícolas e mesmo em meio urbano, incêndios em prédios dentro das cidades israelitas.

O reconhecimento de Jerusalém por parte dos EUA no governo de Donald Trump, colocou em prática o que há há muito estava previsto, a transferência da Embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém, ato que foi seguido por outros países, como a Chéquia, Guatemala, Filipinas, Roménia, Honduras, Togo, entre outros; 

Os Governos ocidentais condenaram os ataques terroristas

Embora costumem demorar muito para reconhecer os ataques, a maioria dos países ocidentais condenou oficialmente os ataques terroristas, devido aos danos ambientais e às vitimas inocentes, como foi o caso da declaração oficial do Parlamento português e do Primeiro Ministro António Costa, sensibilizados pela amplitude dos incêndios causados pelos cometas lançados pelo Hamas. O governo brasileiro também a par de outros países ocidentais colocou-se veementemente contra a ofensiva terrorista,  inclusive porque o reconhecimento de Jerusalém como Capital de Israel não justifica tal agressão, pois na verdade, trata-se do reconhecimento de um facto irreversível, visto que em nada coloca em causa a Independência de um futuro Estado muçulmano na Palestina, A capital é onde se encontra a sede do Poder político, que é por sinal onde estão sediados os três poderes em  Israel, o Presidente, o Governo, o Parlamento e o Supremo Tribunal, logo é efetivamente a capital do Estado de Israel.

A questão agora é saber, se a ofensiva terrorista para por aqui, ou se se irá intensificar uma escalada de violência ainda maior, o conflito já dura há 70 anos, mas o teor ideológico não ajuda nas negociações para um entendimento, nomeadamente dos lideres palestinianos mais radicais, como os do Hamas, cujo programa político não é o entendimento ou a paz, mas antes a extinção do Estado judaico, e cuja ideologia em muito se assemelha ao nazi-fascismo, símbolos que foram usados nos balões e papagaios incendiários lançados pelos terroristas. 

quinta-feira, 12 de julho de 2018

11 Anos de Vida na Blogosfera

Ao contrário da grande maioria dos blogs, que vive sem publicidade, mas após um ano ou dois desaparece, este blog, mantém-se em atividade, comemorando hoje os 11 anos de existência no mundo da globosfera, tendo sido lançado no dia 12 de julho de 2007.

 
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