segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Os Mapas da Discórdia - Divisão Administrativa

Não é de hoje que Portugal necessita de redesenhar o seu território, de modo a partir dessa divisão criarem-se e desenvolverem-se políticas setoriais e administrativas.

No entanto, e passados séculos e tentativas várias, o resultado final tem sido sempre o mesmo, a incongruência das propostas e a nulidade do processo de regionalização, tudo isto à guisa de se defender que Portugal é uma nesga de terra, tão pequena que não vale a pena dividir os portugueses, no entanto as razões ainda que culturais ultrapassam a simplicidade das palavras dos que se opõe ao mapa administrativo.

Portugal foi no passado dividido em Comarcas, que estavam sujeitas à divisão judicial, as comarcas eram subdivididas em Concelhos ligados à divisão política, e estes por sua vez estavam ligados à divisão eclesiástica, dividindo-se em freguesias, cada uma freguesia correspondia a uma igreja, onde se ministravam os batizados, casamentos e óbitos, e os respectivos registos. Mais tarde as comarcas receberam o nome de Províncias, eram seis, Douro e Minho, Trás-os-montes, Beira, Estremadura, Alentejo e Algarve; esta divisão durou do século XV ao Século XVII, quando as comarcas passaram a ser a subdivisão das províncias, mantendo o seu vinculo judicial.

Após a Revolução Liberal de 1832, e a constituição que nasceu dessa revolução, o país sentiu necessidade de reorganizar o seu mapa administrativo, tendo surgido várias propostas, em diferentes épocas. O mesmo surge com a implantação da República, pelo que os novos governantes burgueses e republicanos, aboliram as províncias (que se mantiveram na cultura popular) e adotaram os distritos (que eram os círculos eleitorais da monarquia como administração provisória.

O Derrube da I República e a instauração do Estado Novo, bem como a instalação da ditadura de António de Oliveira Salazar, fizeram esfriar os ânimos e as necessidades de se encontrar um mapa administrativo. Tendo sido proposto mais tarde pelo Presidente do Concelho Marcello Caetano, que defendia uma nova divisão administrativa tendo em conta a geografia humana.

Uma vez deposto o regime de Marcello Caetano, só se voltou a falar de regionalização em 1979, quando foi votado no Parlamento as propostas, era então o governo da AD, e o país é dividido experimentalmente em 5 Regiões, mantendo-se os distritos e os seus governadores nomeados por Lisboa.

Na revisão constitucional de 1998, os distritos são extintos, mantendo-se provisoriamente, e são criadas as Regiões Administrativas, tendo sido feito posteriormente o referendo sobre as Regiões, que foi recusado pela maioria dos eleitores, e assim Portugal ficou num impasse sem Regiões, sem Distritos cujos cargos de governadores civis foram extintos em 2011, e assim acentua-se o atraso de um país que não divide para melhor governar, mas divide os portugueses para melhor reinar.

Sabe-se contudo, que os países mais atrasados da Europa, são precisamente os que não têm divisões administrativas, que permitam o desenvolvimento e a justiça social de modo equitativo para as suas diferentes regiões e populações. Espero que talvez no Século XXII as coisas mudem um pouco em Portugal.






Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas os.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Seminário - Construir pontes entre escolas e museus


Inserido no projeto ITEMS - Innovative Teaching for European Museum Strategies, da Comissão Europeia, no âmbito de um programa que envolve a população ativa no Lifelong Learning Programe (Leonardo da Vinci), tendo como objetivo principal, debater importantes temas pedagógicos, tais como a ligação e relação entre professores e educadores de museus, com o intuito de criar pontes de ligação entre escolas e museus, contribuindo assim para um novo olhar sobre os museus e sua importância no desenvolvimento da aprendizagem e da cultura, e do modo como os museus se apresentam ao público.
O seminário destina-se essencialmente a parceiros do projeto ITEMS,  professores, profissionais de museus, estudantes, investigadores e demais interessados neste seminário onde serão abordados temas como: Apresentação do projeto ITEMS; Experiencias educativas direcionadas ao público escolar; Relação entre escolas e museus entre outros.
Tema: Museus portugueses e projetos com escolas
Local e Datas: 20 e 21 de fevereiro no Museu Coleção Berardo - Lisboa (Auditório), segue na Casa das Histórias Paula Rego (Auditório) 22 de fevereiro.
Morada: APECV - Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual - Rua do Heroísmo, 34 - 1º Andar. Sala 2 / 4300-256 - Porto
Contactos: Telefone e Fax: 223.326.617
E-mail: geral@apecv.pt
Página Web: Aqui

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Novo (Des)Acordo Ortográfico

A discussão do momento, para além da política, da crise económica e do vulgar futebol, é sem dúvida o Novo Acordo Ortográfico, que como já devem ter notado foi adotado por este blog, acompanhando outros tantos sites e blogs na grande rede virtual.
Eu partilho com muitas outras pessoas do seguinte ponto de vista, que é, independentemente de gostar ou não, adoto o Acordo Ortográfico por uma questão de coerência, e é de bradar aos céus notícias que saem a público, nas quais se diz que "a partir de 2015 o governo afirma que não vai policiar a aplicação do Acordo".
Ora isto é no mínimo um demérito para a República, pois o Acordo Ortográfico têm força de lei, ou não tem? E trata-se de um "Tratado Internacional" envolvendo inicialmente sete estados soberanos, Timor é o oitavo (aderiu após a independência em 2002), nesse sentido, quem é que o governo pensa que é, para se recusar a vigiar a aplicação do acordo? Ora, trata-se de leis domésticas a que o estado se obrigou ao ratificar acordos internacionais.

E neste sentido conversando e comungando deste ponto de vista, com uma professora amiga, que acrescentou e bem, "Vejo todos preocupados com o seu incómodo e opinião e muito poucos preocupados com o significado destas declarações. Se o Governo só policia as leis com que concorda ou que lhe interessam, onde fica o nosso Estado de Direito?"
Aliás acrescento ainda, que o acordo não foi feito ontem, demorou mais de 20 anos, e até foi no governo de Cavaco Silva que o acordo foi assinado e foi Portugal quem propôs o acordo, tendo sido solenemente ratificado em Lisboa a 16 de dezembro de 1990, tendo o tempo que passou sido mais que suficiente, no qual deveria ter sido discutido e não o foi, protelou-se negligentemente, como aliás se faz em tudo neste país (e em particular as mesmas pessoas), agora Portugal tem que mostrar que é um país sério, responsável e credível, tendo por isso que praticar o que a Lei manda. O governo também tem que aprender a governar as suas palavras e opções, pois parece que o não sabe fazer de facto.
E concordo com o que referiu a minha amiga na conversa ao afirmar: "Esta atitude de protelar e do "tanto faz", "agora não me dá jeito" e "só assumo das responsabilidades o que me apraz" e "o que importa é o meu umbigo" é que nos levou e mantém onde estamos". E acrescento eu que é por isso que temo muito que continue a contaminar o futuro do país e condenando as gerações vindouras. É caso para dizer Valha-nos Deus.

E lembrou a interlocutora, que em jogo "há as crianças. Todos os manuais foram alterados e andamos a ensinar-lhes um modelo que depois "tanto faz"? Que pedagogia é esta? É a prova cabal da irresponsabilidade, será que não se consegue observar que alterações ortográficas já ocorreram variadas vezes no nosso país ao longo da história, e que também noutras línguas, até o espanhol está a fazer alterações, o italiano tinha feito uma reforma na ortografia, depois acho que um acordo bem feito é sempre melhor para o fortalecimento da CPLP.
A proposta de um acordo para simplificar a língua portuguesa, nasceu ainda na monarquia no ano de 1885, mas não foi avante, com a República, fez-se uma reforma ortográfica com vista a eliminar o analfabetismo e fora  nomeada entre outras figuras Carolina Michaelis primeira professora universitária em Portugal e Cândido Figueiredo, mas deixou-se o Brasil de parte e daí para cá os dois países divergiram  na ortografia, tendo havido sucessivas tentativas de reaproximação, em 1931, 1940 e em 1971 houve conversações com esse fim.
Para os mais jovens, fica aqui a lembrança de que se escrevia desta forma antes de 1911 phosphoro, orthographia, exhausto, estylo e a já famosa pharmacia, além de Brazil, monarchia, portugueza, prohibido, annuncios, como na ilustração acima.
Digo isto sem medo, por crer que ter opinião custa apenas o tempo de se informar, o esforço é recompensado por uma consciência livre e uma cidadania ativa! Para tal temos de exercer o direito à liberdade de expressão, pensamento e associação, pilares fundamentais da Democracia!



Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas os.

A Filosofia como base do saber

Fala-se por vezes, de que a maioria dos alunos que saem do secundário, e por conseguinte de outros tantos que entram no ensino superior, tem falta de uma boa base cultural.
Quanto à falta de bases de cultura geral, nos alunos que saem do 12ª ano, tenho a dizer que a culpa não é senão do pouco incentivo cultural, que não foi devidamente cultivado quer em casa, quer no próprio ensino secundário (e pelos vistos  não o será tão cedo) ou ainda de uma má política no ministério da educação,  mas também é das grelhas das TV's generalistas ou ainda das más escolhas no uso da internet, e contra isso pouco ou nada se pode fazer na Universidade.
Outro erro, é o de não se ensinar Filosofia, do 10º ao 12º ano, como disciplina obrigatória a todos os cursos, e porque? porque a Filosofia é a mãe da grande maioria das ciências sociais e porque o conhecimento das correntes filosóficas ao longo da História, facilita a compreensão de outras disciplinas, cujas principais correntes advém da filosofia.
Claro está, que ao chegar à faculdade pressupõe-se, que um mínimo de bases culturais já tenham sido adquiridas devidamente, para poder prosseguir no ensino superior.
Outrossim, é ter em conta que a aprendizagem deve funcionar em rede, ou seja uma interligação entre ciências e saberes, e a Filosofia é um desses elos, sendo um dos mais importantes, temos ainda a História e a Geografia, que ajudam-nos a saber localizar no tempo e no espaço, as diversas correntes filosóficas que marcaram a humanidade.
Como já deve o leitor ter notado eu adoro filosofia, e porquê? Porque creio que ensina-nos a pensar, promovendo em nós um senso critico, que nos faz ver, julgar e agir de modo mais assertivo e consciente, sendo ainda uma ferramenta importantíssima no exercício da nossa cidadania, com base nos deveres, nos direitos e no saber ser e saber estar.
Uma pessoa amiga, lembrou-me entretanto, em meio à conversa sobre este assunto, que no entanto "quem tem os fundamentos, a Faculdade dá os meios para o desabrochar das capacidades e das potencialidades, e acrescentou é o que vejo a acontecer com muitos alunos, e que esses continuem assim" concluiu.
Pelo que concordei pronta e plenamente, é sem duvida um patamar que nos impulsiona a voos mais altos, na cultura e nas potencialidades que não devemos negligenciar, pois temos de as colocar a serviço da comunidade.
Outra falta imensa na maioria dos jovens de hoje em dia e até de adultos é a leitura. (que eu próprio já sinto falta devido à escassez de tempo), é pois de salientar que a falta de tempo e hábito para tal, trás maus resultados nos estudos, pelo que não basta ler uma página por dia, é preciso sim, fazer disso um hábito, deveríamos de alimentar-nos de leitura diariamente e acumular e ligar e religar conhecimentos.
Nesse sentido andando pela biblioteca do instituto (ISCSP), descobri um livro, que é deveras interessantíssimo, é simples e muito útil para os alunos de ciências sociais, trata-se de "Itinerários da Teoria Sociológica" de José Júlio Gonçalves, gostei imenso e aconselho-o aos alunos, pois nesse livro está presente a base filosófica da maioria das correntes que fundaram e fundamentaram a Sociologia e outras ciências sociais.

Mais acrescento e fazendo a devida justiça (Não poderia ser de outra maneira), que dos meios para desabrochar as capacidades e as potencialidades, deve-se somar a parte dos professores com o seu carisma, e agradeço a todos, todos sem exceção, os que até aqui encontrei no ISCSP Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, onde estou a cursar o 2º Ano da Licenciatura de Serviço Social, e isto para dizer que devemos reconhecer sempre o mérito a quem o tem por inerência, e justamente faz da profissão da docência e com sacrifícios, o sentido da sua vida, mesmo que o vento dos tempos modernos não corram a favor dos professores, como outrora, merecem e merecerão sempre a minha mais sincera gratidão, a seu tempo homenagearei todos neste blog.






Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Nós e as Redes Sociais - I

Das visitas que teimosamente faço às redes sociais, sendo esse espaço cibernético hoje o que os cafés o foram no passado recente, e isso faz-me nunca deixar de passear por esses caminhos em busca de tertúlias on-line, onde encontro temas para o blog, no que me deparei há dias no facebook, com um comentário bastante pertinente de uma querida amiga, que dizia o seguinte: Que há pessoas que pensão que para se darem ao respeito, devem ser pessoas sisudas, sérias, distantes e impenetráveis, pelo que afirmou, que o que é preciso é o contrário,  ou seja dá-se ao respeito "todo aquele que candidamente é quem é e respeita aquilo que os outros são" tal como popularmente se diz "vive e deixa viver", acrescentei eu.
Pois eu cá penso do mesmo modo, dá-se ao respeito sendo quem se é e aceitando o próximo em toda a sua a personalidade, ou dignidade de ser quem é e como é. Há que sermos flexíveis e não os duros da história, e isso fez-me lembrar algo muito interessante, a razão de nascer de uma arte marcial, o judo. Certa vez, um monge budista ao observar a neve que se acumulava nas folhas e galhos das árvores, reparou que quando os galhos estavam muito carregados cediam com a sua flexibilidade e a neve caia, evitando que se partisse, voltando assim à sua posição normal. Do mesmo modo devemos fazer nós na vida a flexibilidade vai mais a nosso favor que a favor do nosso inimigo ou adversário, pois tirando partido da força que dele emana e que não espera, se nos empurrarem nos os puxamos, se nos puxarem nós os empurramos e nos defendemos e os vencemos sem os agredir. Gostei muito desta filosofia budista.
De outro modo, ser flexível nos relacionamentos, respeitar os outros e nos darmos ao respeito, em nada nos impede de escrever sobre nós próprios publicamente nas redes sociais, não é de modo algum redutor, devemos também, saber ensinar os outros utentes dessas redes, a usarem de modo responsável, lógico e racional esse instrumento e mecanismo, fazendo ver que o seu bom uso é aliás, um modo bastante adequado de se desenvolverem contactos, onde podemos afastar os que não nos merecem e aproximarmo-nos de todos aqueles com quem reciprocamente nos identificamos, estreitando laços por vezes interessantes e bastante pertinentes para os nossos estudos e a nossa atividade profissional, creio que é uma forma de se ir descobrindo nas redes pessoas semelhantes, com ideais parecidas, é um meio de partilhar, de aprender e um modo de dar sentido à vida e aos nossos projetos.
Os que não compreendem, ou que connosco não se identificam, tem toda a liberdade de seguir o seu caminho e a obrigação de nos deixarem ser livres nas redes sociais, que o somos de forma correta, responsável, honesta e de modo pertinente voltada para interesses reais de pessoas e grupos, seja no facebook, orkut, LinkedIn, twitter, e qualquer outro.
E deveras tenho a ideia de que tudo isto que referi, só será possível plenamente, num espírito de verdade, respeito e transparência, que de outro modo as simulações os tolheriam e nunca seriam eles mesmos quem pretendiam alguma vez ser.
Penso que como de uma minúscula semente de mostarda, que faz nascer um arbusto enorme, assim também é a amizade, qual ouro escondido e mais valioso que temos de saber preservar com o carinho e respeito necessários. Inclusive as amizades presentes nas redes sociais.

Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas os.

Nada Será Como Antes

Estava de volta do computador e reli comentários de amigos nas redes sociais, e uma chamou-me a atenção, pelo que passo agora para o blog, antes que se perca para sempre.


Há alguns dias atrás, uma pessoa amiga perguntava, "será que as coisas poderiam voltar a ser como eram antes?",  confesso que a pergunta não me foi dirigida a mim, logo não conheço a razão de ser da questão, mas a pertinência da mesma, levou-me a dar prontamente um auxilio, pelo que respondi dizendo: "Nada na vida, volta a ser igual como o fora antes alguma vez, mas creio que, ou será melhor porque a experiência e a maturidade assim o fazem, ou será pior, porque as circunstâncias assim o impõe".
Já Heráclito (filósofo grego) dizia: "Um Homem não se banha duas vezes no mesmo rio", querendo dizer com isto que numa segunda vez, nem o homem nem o rio eram os mesmos, tudo muda. Da mesma forma acrescento, as Primaveras não são todas iguais, a mudança é uma constante na irreversibilidade do caminho da vida. Há pois que saber tirar partido disto.
O que a cara amiga tinha em mente, quando formulou a pergunta, não o sei, e provavelmente não o saberei, mas à minha mente veio a questão: A crise que veio com a queda das torres gémeas em 2001, as guerras no Afeganistão e Iraque (desastrosas) os tsunami na Tailândia em 2004 e no Japão em 2011 com o agravamento do acidente nuclear, vem trazer um agravamento do problema ambiental em todo globo, somando ainda a crise de 2008 nos EUA e o seu contágio a todo o Mundo com efeitos desastrosos para a Europa, e em particular Portugal, levando a uma crise financeira e monetária com a derrocada do euro, na qual os PIGS se viram numa situação de ruptura financeira, orçamental e não estão livres do perigo iminente de Bancarrota, tudo isto fazem-me crer, que trouxeram de forma irreversível e exponencial, mudanças políticas, económicas, sociais e culturais.

O mundo daí saído será outro, e tal como nas gerações passadas, não mais veremos o que chamámos ainda ontem, de bons velhos tempos, que sociedade irão herdar os nosso filhos e netos? Logo resta dizer: Nada é ou será como antes.

Autor Filipe de Freitas Leal




Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Não Tenhamos Medo Da Própria Sombra

Venho aqui postar um artigo baseado em pensamentos, qual imagens soltas, que não sendo imediatamente apreendidas e prontamente presas a um papel que me sirva de socorro, perder-se iam no viés das frases soltas que se atropelam na mente, como ideias, que se não fossem logo escritas, perderiam a sua pertinência, e por vezes encontro sempre lenha para queimar assuntos e posts na blogosfera, vindas de comentários e conversas nas redes sociais, mas não como as conversas de café, que essas eu dispenso bem, no entanto sozinho quando escrevo, ai sim, o café seja quente, morno ou frio nunca falta à minha mesa em meio a papeis, teclado e um relógio a acusar horas tardias teimosamente.
O cerne da questão, da qual venho falar, que tanto me cativou num comentário de uma pessoa amiga, é referente ao que hora se fala, comenta e propaga, sobre a Maçonaria, devo dizer que creio tratar-se de um assunto estrategicamente desviante da atenção do povo, inculcando-lhe suspeições, duvidas, mas também por vezes incitando ao preconceito, explorando os medos e o desconhecimento do que seja a maçonaria ou outra ordem qualquer, como os Rosacruzes, os novos-templários etc. Não caro leitor, não faço parte de nenhuma dessas organizações ditas sociedades secretas, mas não gosto de julgamentos fáceis em praça pública, feitos a partir da maldade, do conluio ou de razões escuras e duvidosas.
Penso e sinto, ser essa maldade, essa ignorância (se me permitem a palavra) esses temores, que geram hoje em nós aquilo de que Albert Camus diz no seu livro l'étranger, "fazem um homem se sentir estrangeiro", quer seja no seu país, no seu emprego, na sua casa e até dentro de si mesmo. Mas mais grave é que quem usa dessa maldade, usa-o agora porque os tempos são penosa e perigosamente difíceis e porque a plebe sente a necessidade de bodes expiatórios.
Já no antigo Império Romano, os imperadores sabiam que para dominar a turba, bastava-lhes dar pão e circo, como em tempos de crise escasseia o pão, está à vista que é mais fácil criar circos do que criar empregos, é mais fácil encontrar culpados do que buscar soluções, é mais fácil lidar com o medo do que mostrar confiança e novos caminhos.
E isso assusta-me na medida em que é na génese teste tipo de coisas, que se fez nascer o preconceito racial, o anti-semitismo, o ódio à diferença, sejam diferenças de etnia, crença, consciência política, religiosa, cultural de género ou de opção sexual, quem ousa ser diferente em tempos conturbados corre perigos, mesmo à porta de casa, no café, no autocarro, no emprego, na vizinhança e em toda a parte onde possa estar, é sempre julgado pelo seu ser, seja porque se veste como um muçulmano, porque tem um kipá judeu, porque usa uma tatuagem de alguma tribo urbana, ou porque ousa simplesmente ser ele mesmo, livre no que é, no que crê e no que pensa.
Mas apesar de tudo, digo-vos: não tenhamos medo da própria sombra!

Autor Filipe de Freitas Leal




Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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