sábado, 30 de dezembro de 2017

Introdução - Como foi escrito este livro?


Este livro pretende abordar a política, de forma clara para desmistificar pressupostos negativos que distorcem a imagem sobre a Política e assim ir além do senso comum, sobretudo porque hoje, estar informado sobre os assuntos relativos à política, é sobretudo uma necessidade,
visto que é da política que saem as grandes decisões que influenciam a vida de toda a sociedade e através dela, a vida de cada um de nós.
Para ilustrar posso citar, tanto pelas decisões da política monetária, que define o valor da moeda e esta por sua vez, surtirá influência sobre os preços dos produtos, bens e serviços que afetam o consumidor final, como também é pela política económica, que se definem as regras fundamentais em que determinado mercado funciona.
Dos objetivos setoriais, emanam as políticas públicas e destas emanam as políticas sociais, que dizem respeito aos sistemas de proteção social na doença, na velhice, no desemprego e noutras situações ou necessidades fundamentais, determinando as prioridades para os apoios ao Terceiro Setor e à reinserção social, a educação básica, a saúde pública, a habitação, os transportes públicos e as vias de acesso, as políticas laborais, o combate ao trabalho infantil, os incentivos ao emprego e contratação, entre outros.
Pela política, nas suas mais diversas dimensões, quer internacional, quer nacional, surgem os projetos de cooperação económica para o desenvolvimento com outros países e povos, as obras públicas, a livre circulação de pessoas e bens; o apoio à exportação a partir do desenvolvimento da indústria, agricultura e pescas; a preservação do meio ambiente e das reservas florestais; também é pela intervenção política que se promove o turismo, a melhoria dos meios de comunicações e transportes, portos, aeroportos e ferrovias; elaboram-se programas de segurança pública e do combate à criminalidade; promove-se também o intercâmbio entre universidades com vista ao desenvolvimento tecnológico e científico, através dos quais se obtêm por exemplo, as melhorias necessárias para o setor da saúde familiar e hospitalar.
No que concerne à descrição sobre a política, exposta acima, é fundamentalmente a exemplificação de como a política pode ser exercida, a fim de que toda a sociedade se desenvolva e nela, cada um de nós possa crescer e realizar-se como pessoa humana.
Este livro foi escrito de forma concisa, para ser um livro de consultautilizando o método de perguntas, a fim de suscitar o interesse do leitor, deixando de lado a linguagem técnica, pelo que foi adotada uma linguagem acessível, tal como uma amena conversa sobre política, tendo o livro sido organizado nas seguintes cinco partes:
I- Os Fenómenos políticos;
II- Os Sistemas políticos;
III- Noções gerais sobre Estado, Nação e Povo;
IVSubversão, Revolução e Golpe de Estado;
VOrçamento de Estado e Políticas Públicas.
O presente livro conta no final com um Glossáriode 26 páginas e uma lista com o significado das siglas aqui utilizadas, espero portanto, que este livro seja útil e bem recebido pelos leitores e que os mesmos possam encontrar aqui as respostas que procuram.

Autor: Filipe de Freitas Leal

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Venezuela e Portugal, a Crise dos Porcos

A Venezuela passou o Natal, sem o tradicional Pernil de Porco, que segundo o presidente Nicolas Maduro, fora importado de Portugal, mas que o governo de Lisboa, teria sabotado o envio da carne de porco, não tendo explicado contudo, como tal sabotagem teria sido feita, Em Lisboa o governo português através do Ministro dos Negócios Estrangeiros (relações exteriores) Augusto Santos Silva, respondeu em conferência de imprensa que, não compete às autoridades portuguesas gerir as exportações, lembrando que Portugal é um Estado de Direito, assente nas regras de uma economia da mercado, cabendo apenas ao setor privado as competências para importar e exportar, no entanto o governo português apurou informações sobre exportações de carne de porco para a Venezuela e confirmou que de facto seguiram em direção ao país sul-americano, uma parte da encomenda, mas outras empresas, não o enviaram, porque a Venezuela deve cerca de 40 milhões de euros a empresas exportadoras, pelo que não atenderam a este pedido. Quando à quantidade que seguiu já devia ter chegado, e que cabia efetivamente ao governo venezuelano apurar a distribuição da respectiva carga.
Augusto Santos Silva
Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal
As manifestações estão ao rubro por toda a Venezuela, tendo em conta que o presidente Maduro havia prometido aos seus cidadãos que apesar das dificuldades o povo não ficaria sem o tradicional alimento do Natal, o pernil de porco. Maduro respondeu em cadeia de televisão o seguinte: "Eu fiz um plano, para termos os pernis de porco, que foi cumprido, mas foi-nos sabotado esse plano, visto que os navios que transportavam a carne de porco foram sabotados (...) Portugal é um desses países" afirmou.
Este pequeno incidente diplomático, com contorno de comédia, não deixa de ser trágico, na medida em que coloca a nú, a grave realidade socioeconómica de um país que foi dos mais ricos da América do Sul. 


Autor: Filipe de Freitas Leal


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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

I - O Que é a Política?

O termo “Política” deriva da palavra grega ‘Politiké’, que por sua vez deriva de ‘Pólis’ (cidade), cujo significado prende-se com a gestão da coisa pública, que em latim é: ‘Res Publica’. Posto isto, resta dizer que a política é uma Práxis, ou seja, é
a administração dos assuntos de interesse público.

O cidadão comum, contudo, não se ocupa de perguntar o que é a Ciência Política, ele quer saber tão-somente o que é a Política e para que serve, não obstante, não é possível responder a esta pergunta senão a partir da análise científica dos fenómenos políticos, ou por outras palavras, a Política não pode ser entendida apenas na aceção do mero senso comum, de uma visão simplista, tendo em conta que abrange um âmbito maior, que está por sua vez ligado fundamentalmente ao bom ordenamento social, de acordo com os mais variados aspetos que se prendem à autoridade e à ordem, ou por outras palavras, ao bom cumprimento da Lei, através da divisão do exercício político pelos três poderes:

Poder Legislativo – Parlamento, onde são feitas as leis;
Poder Executivo – Governo, que num Estado de Direito, emana do parlamento ou de uma eleição direta.
Poder Judiciário – Exercido pelos tribunais cujo objetivo é fazer a justiça, julgar e penalizar o incumprimento da Lei.

 Para além do que atrás foi exposto, deve-se ter em conta, também, que as forças de defesa militar ou policial, cujo objetivo, além de manter a segurança pública pela coerção, visa manter o Status Quo e proteger o poder estabelecido.

A Ciência Política não é uma ciência isolada, insere-se no rol das ciências sociais, que por sua vez, fazem parte do conjunto de Ciências Humanas tais como a Antropologia, a História, a Sociologia ou a Psicologia Social, entre outras. Por outras palavras, a Ciência Política vai buscar a um número considerável de outras ciências paralelas ou complementares, o seu material de apoio que lhe servirá de guia no estudo da realidade social e da práxis política.

Sendo a Filosofia considerada a mãe de todas as ciências, pelo que poucas ciências terão nascido fora da filosofia, assim, a Ciência Política antes mesmo de ser uma ciência autónoma a partir do fim do Século XIX, já era na Antiguidade, alvo de alongados debates e estudada por uma boa parte dos mais importantes filósofos da época, até mesmo as grandes correntes ideológicas nasceram no seio da Filosofia.

Assim, faz-se necessário conhecer as correntes filosóficas e o pensamento dos que se debruçaram sobre a política, desde Sócrates, Platão e Aristóteles passando por Thomas Morus e Nicolau Maquiavel, sendo este último, o pensador que soube tornar a Política uma arte de bem governar, patente no seu célebre livro ‘O Príncipe’, pelo qual veio lançar as bases do estudo sistemático da Política de forma analítica.

Indo além destes e para além da filosofia, cabe referir outros importantes pensadores que se dedicaram a refletir sobre os fenómenos políticos, assim, temos a ética de Kant, a dialética de Hegel, o idealismo de Saint Simon e Rosseau, a análise socioeconómica da luta de classes de Karl Marx, ou ainda a visão sociológica de Auguste Comte e o liberalismo de Hobbes e Adam Smith.

Mais recentemente, temos os pensadores e pensadoras como Hannah Arendt, Norberto Bobbio, Jean Paul Sartre, Michel Foucault entre tantos outros nomes sonantes, que não sendo meramente da política não deixaram de se debruçar sobre as questões políticas como um instrumento de exercício e da conquista do poder, do qual emana (ou não) o bem-estar social.

No manual de Ciência Política, Lara (2007) refere que as sociedades se organizam de duas formas, as Sociedades Maiores e as Sociedades Menores, também ditas de imperfeitas, em ambas há o exercício do poder, às primeiras compete o Poder Político e às segundas o Poder Social.

As Sociedades Maiores compreendem o Estado, os Meta-Estados e os organismos políticos internacionais, pois só a estas cabe o poder político do Estado de forma coerciva; quanto às Sociedades Menores, compreendem as instituições e grupos como as empresas, os sindicatos, associações de solidariedade, clubes, universidades, entre outros, nas quais se exerce o poder social, das organizações e da hierarquia dentro das diversas instituições.


Sociedades Menores > Poder Social
  • Organizações;
  • Associações;
  • Estados Não-soberanos;
    > Coerção hierárquica;
    > Coerção social.

Sociedades Maiores > Poder Político
  • Meta-Estados;
  • Estados Soberanos;
  • Estados Semissoberanos;
  • Estados Não-soberanos;
    > Coerção da Lei.


Se, no entanto, o leitor quiser uma definição clara da importância da Política, tem abaixo o poema do dramaturgo alemão Bertold Brecht no qual refere o analfabeto político como sendo o causador de todos os males sociais.

O Analfabeto Político
(Bertold Brecht)

O pior analfabeto
é o analfabeto político,
Ele não ouve e não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço dos alimentos, do peixe, da farinha,
do aluguer, do calçado ou dos medicamentos
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nascem a prostituição, a indigência,
e o pior de todos os bandidos,
que são os políticos vigaristas,
o malandro, o corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais. 


Autor: Filipe de Freitas Leal

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

II - Como a Política Influi na Vida dos Cidadãos?



Em Política, a Sociedade é toda ela o Espaço Público, tal como a 'Ágora' ou a Praça Pública na antiga Grécia, pelo que em democracia, esse espaço é onde a política é exercida nos sentidos ascendente (os que elegem e reivindicam mudanças, denominados de inputs) e descendente
(os que governam e respondem com políticas denominados de outputs), de qualquer forma, trata-se de um Espaço Público dinâmico, no qual, determinados grupos de cidadãos conscientes e ativos organizam-se em movimentos sociais com o intuito de propor mudanças significativas e importantes, primeiramente para a sua comunidade e por extensão para a sociedade em geral.

Por outro lado, há a atitude oposta por parte dos cidadãos, que ao não participarem ativamente da vida política da sua comunidade, limitam-se a ser parte da massa e a sujeitar-se à agenda política e económica de grupos poderosos que fazem lobby para a implementação de programas políticos que visam promover os seus interesses, revelando-se por vezes, como desfavoráveis à comunidade em vários aspetos, dentre os quais o económico, cultural, social e ambiental.

Cabe igualmente referir aqui, os regimes de exceção ou ditatoriais, nos quais a política é por via de regra, exercida arbitrariamente contra a vontade dos cidadãos e em detrimento dos seus direitos e interesses, de forma coerciva e violenta a todas as pessoas que de algum modo se oponham ao poder político vigente, sendo um claro exemplo da importância da política na vida das comunidades em geral e dos cidadãos em particular.

No que toca à influência da política, nas mais diversas áreas da vida em sociedade, estão expostos abaixo os exemplos em que tal ocorre, descritos de forma sintética, abordam desde as liberdades fundamentais até às relações exteriores, sem obedecer a um critério hierárquico ou a uma ordem de valores.

A) Acesso à informação e liberdade de expressão

Numa democracia, o Estado é ele mesmo o garante das liberdades, garantias e direitos dos cidadãos, estabelecidas pela Constituição, promovidas pelo poder central e garantidas pelos tribunais.

Todavia, em Ciência Política denominam-se de Regimes de Exceção, os países que imponham por necessidade o Estado de Sítio ou recolher obrigatório, mas também são os regimes militares ou comummente ditaduras, nos quais a ausência de liberdade é um dos aspetos que mais se faz sentir na vida quotidiana, pela opressão e a consequente impossibilidade do exercício da liberdade de pensamento, expressão e associação, afetando pessoas, grupos e comunidades inteiras, onde a desobediência às regras impostas leva a situações de detenção, tortura e em alguns casos ao exílio e à morte de ativistas e de quaisquer pessoas que ousem questionar a situação, afeta ainda e sobremaneira as instituições, sobretudo a imprensa, o ensino e as artes, que sofrem pesados processos de censura e persecução, além de se tratar de uma situação política que em muitos casos compromete o desenvolvimento social, económico e cultural de um país e das gerações vindouras.

No entanto, há a maquilhagem política de alguns regimes, como a Bielorrússia, a Hungria e a Rússia de Vladimir Putin, países da área de influência do Pacto de Varsóvia e da ex-URSS, que embora hoje se declarem oficialmente democracias e permitam a existência de partidos políticos e a realização de eleições parlamentares e presidenciais (oficialmente livres), são no entanto denunciados pelo excessivo controlo da comunicação social e a manipulação da informação, tal como pela adulteração dos resultados eleitorais.

B)     Políticas cambiais, preços e inflação

Outro dos aspetos visíveis da influência das decisões políticas na vida das pessoas é precisamente a tão famosa inflação, que decorre de um conjunto de fenómenos macro económicos, que são também o resultado da adoção de políticas económicas que influenciam a subida dos preços.

A desvalorização da moeda nacional, por parte do Banco Central é uma das medidas clássicas que os governos adotam para poder aumentar as exportações dos produtos nacionais, com vista a aumentar o Produto Interno Bruto (PIB), algo atualmente impossível aos países que aderiram à moeda única europeia na Zona Euro, essa medida contudo tem o efeito de poder vir a tornar mais caros os produtos importados, em particular nas economias que dependem de matérias-primas importadas, podendo vir a acarretar o aumento da inflação e o agravamento do custo de vida.

C)     Políticas de Defesa e combate à criminalidade

As políticas públicas englobam as medidas necessárias para assegurar o bem comum, nomeadamente no que concerne à segurança pública, muitas dessas medidas nascem do poder legislativo e são aplicadas pelo poder judiciário com medidas penais, mas também influenciadas pelo executivo, que administra através dos Ministérios afins, as instituições de segurança pública como a polícia e os estabelecimentos prisionais.

Outro fator que interfere na vida dos cidadãos, deriva dos níveis de criminalidade e violência urbana, dependem, não só de leis penais, mas sobretudo de medidas preventivas, além das políticas que promovam a reinserção social dos ex-reclusos.

Tanto quanto maior for o nível de justiça social de um país, tanto menor será o índice de criminalidade, desde os crimes de colarinho branco até aos atos de vandalismo e todas as formas de delinquência. Isto deve-se ao facto de que os países democráticos e com maior transparência das suas políticas públicas apresentam um alto índice do IDH ou o índice de felicidade, o FIB – Felicidade Interna Bruta, sendo este um novo conceito para comparar o desenvolvimento social de países ou regiões.

D)    Políticas educacionais e promoção cultural


Não basta a uma dada sociedade, responder à necessidade de aprendizagem da leitura e escrita dos seus cidadãos, nem basta à economia, que os trabalhadores aprendam um ofício, tudo isso é possível de se obter de modo autónomo, contudo, sem a intervenção das políticas públicas para o setor da educação e cultura, os resultados nunca atingiriam níveis satisfatórios no que toca à alfabetização, escolaridade, formação profissional, tecnológica e académica.

A política educativa é crucial para o desenvolvimento socioeconómico, permitindo adequar respostas às demandas para a obtenção de maiores níveis de competitividade. Assim, as políticas educacionais, visam adequar com respostas políticas às necessidades que surgem da demanda do mercado em permanente desenvolvimento a nível global, delineando programas para o desenvolvimento educativo, desde a revisão dos conteúdos pedagógicos, tanto da educação infantil, como do ensino básico e fundamental, como também da formação técnica e profissional e ainda, oferecer apoios voltados para o acesso ao ensino superior, quer pelo reforço pedagógico ou ainda pela atribuição de bolsas de estudo.

Posto isto, pode-se compreender, que sem a existência das políticas educativas, o nível de educação poderia apresentar um baixo desempenho, e comprometer o desenvolvimento científico e tecnológico, com pesadas consequências no desenvolvimento socioeconómico, gerando assimetrias difíceis de sanar, tal como apresentado pelo índice sobre ensino superior de 2014, dados fornecidos pelo PNUD, nos quais pode-se observar que onde graça o analfabetismo, encontra-se uma sociedade a par com o atraso socioeconómico, afetada pela pobreza e baixos índices de mobilidade social, que são os sintomas mais visíveis da injustiça social.

E)     Políticas Sociais e combate à exclusão social

As políticas sociais são políticas públicas concernentes às medidas destinadas à proteção social, à erradicação da pobreza e ao combate à exclusão, objetivando promover uma maior justiça social, tanto pelos apoios pecuniários que possam beneficiar os utentes, como pela garantia no acesso aos serviços prestados.

As Políticas Sociais subdividem-se em várias áreas específicas: Políticas Laborais que visam o combate ao desemprego; Políticas da Família centradas no apoio à maternidade, à proteção de crianças e jovens em risco, à educação infantil e à difusão de uma cultura de igualdade de géneros; Políticas de Saúde, que procuram garantir o acesso aos cuidados de saúde, tanto pela prevenção como pela terapêutica e dos cuidados paliativos; Políticas da Habitação que promovem o acesso a habitações sociais de custos controlados a agregados de baixa renda; Políticas de Ação Social, que formam os apoios ao Terceiro Setor, cujo objetivo é regular o normal funcionamento das instituições e associações de solidariedade social de iniciativa privada, tanto de âmbito comunitário como religioso.

Os exemplos acima mencionados ilustram o ideal dessas políticas em construir uma sociedade mais coesa e solidária, resta salientar que todas estas políticas, emanam de Planeamento Socioeconómico, sendo este último um instrumento de análise para fazer o levantamento das necessidades sociais e dos recursos disponíveis, quer sejam materiais ou de outra natureza, com a finalidade de efetivar diversos projetos do âmbito das políticas públicas.

O Planeamento Socioeconómico ocorre tanto no âmbito nacional, como regional e municipal, neste último é denominado de PDM – Plano Diretor Municipal, também existe a nível internacional, sendo promovido por organismos como a UE, o Mercosul e a ONU, entre outros.

Alguns dos organismos internacionais, visam auxiliar e fiscalizar em diferentes países, o planeamento socioeconómico para o desenvolvimento, tais como o PNUD, o Banco Mundial, o FMI e a OCDE.

F)      Proteção social na doença e na Terceira-idade

Houve épocas em que o apoio e os cuidados na doença e à terceira-idade eram meramente da responsabilidade das respetivas famílias, (quando houvesse), caso contrário, os indivíduos estariam votados à piedade de uma esmola.

As mulheres eram as cuidadoras, inclusive na cultura popular ter muitos filhos era sinal de garantir na velhice a proteção, cuidados, afeto e o teto, na prática assim foi até há pouco tempo atrás, visto que o moderno Serviço Social tem pouco mais de cem anos.

Por outro lado, os apoios sociais aos indigentes, ou idosos que não tivessem família, eram efetuados pela “caridade” de cariz religioso, em ambos os casos era uma atividade feminina praticada por freiras, não é de estranhar que os conventos tenham sido transformados em hospitais e que as freiras fossem vistas como cuidadoras.

Atualmente na sociedade Pós-moderna a Assistência Social é um facto consumado no quotidiano da esmagadora maioria dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, embora em níveis muito diferentes, pelo que as políticas de segurança social são fundamentais para manter não só os auxílios em situações já referidas como o desemprego, a maternidade, apoios à terceira idade, pelas prestações sociais da aposentadoria e auxílio na doença, que visa a equidade pela atribuição e a igualdade pelo acesso da prestação dos serviços.

Atualmente, com o envelhecimento populacional e a queda da natalidade, não só na Europa, mas também nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, no qual a população idosa corresponde a 33% da população, ou seja, são 66 milhões de idosos, este fenómeno suscita o espectro da sustentabilidade dos sistemas estatais de proteção social, havendo cada vez mais pessoas a necessitar de apoios e cada vez menos as que contribuem, pondo o sistema da Previdência Social em risco.

G)    Políticas salariais, desemprego e formação


A política laboral é um aspeto importante, que ilustra claramente a influência das medidas governativas na vida cotidiana dos cidadãos, são precisamente as decisões das políticas de emprego e salários, associadas às medidas económicas, que permitem promover o crescimento do nível de emprego e consequentemente combater a exclusão social.

No entanto, e tal como referido atrás, há cada vez menos trabalhadores a contribuir para a Segurança Social, isto ilustra que há uma nova realidade no mundo do trabalho nos tempos da Pós-modernidade, sobretudo após o fenómeno da globalização iniciado nos anos 70 e 80 do século passado, ou seja, o acesso ao mercado de trabalho é um direito ao qual hoje, nem todas as pessoas têm acesso, tornando o desemprego, um dos grandes flagelos do Século XXI.

A Economia exerce influência sobre o desemprego e o nível salarial, como exemplo, temos a lei da procura e oferta, se a oferta é maior que a procura no mercado interno ou mesmo externo, faz com que os preços baixem, o contrário também acontece, se a procura é maior que a oferta os preços sobem, no entanto os fatores que influenciam o preço estão além da matéria-prima, da força de trabalho, das despesas de distribuição ou da margem de lucro, o preço é afetado em grande parte pelas taxas de juro, que o Banco Central aumenta para combater a inflação, podendo provocar desemprego, e porquê? Porque o aumento das taxas de juros encarece o crédito ao consumo, faz por sua vez reduzir a procura de bens e serviços. As empresas para se protegerem da quebra nas vendas, reduzem a produção e despedem os seus trabalhadores.

Diante de uma crise económica, com inflação e desemprego alto, o mercado procura fazer uma correção do preço dos salários, isto é, desvalorizar a mão-de-obra; Com isto surgem os conflitos das políticas económicas, que visam melhorar a competitividade produtiva e comercial do país, com as políticas laborais, que visam a proteção dos postos de trabalho e simultaneamente a qualificação dos trabalhadores a fim de diminuir o desemprego e as suas consequências sociais.

H)  Política externa e cooperação internacional

Chegamos ao âmago do que se entende comummente por política, aqui mais precisamente, trata-se de geopolítica ou geoestratégia do Estado, face a outros Estados ou organismos internacionais com os quais se relaciona e tendo como ponto de partida, os seus objetivos setoriais para o desenvolvimento.

As políticas deste setor focam não apenas a Defesa Nacional, revelam acima de tudo, interesses económicos de cada país na defesa dos interesses das empresas nacionais e também o equilíbrio financeiro, a fim de promover o desenvolvimento da sua economia pela internacionalização das empresas e a exportação dos seus produtos, através de acordos bilaterais ou multilaterais firmados por tratados internacionais com outros estados ou organismos signatários.

Num mundo globalizado não é possível o crescimento e o desenvolvimento de um país, se o mesmo encontrar-se isolado, nenhum país é autossuficiente per si, a globalização traduz-se pela interdependência global que afeta a todos, levando os Estados a associarem-se em blocos político-comerciais, havendo vários blocos concorrentes entre si.

Países como a China ou a India, devido à sua dimensão populacional, quando entram em crise, afetam o resto do mundo, basta relembrar a crise do Crash da Bolsa em 1929 nos EUA, que arrastou o resto do Mundo, sendo colmatada através do New Deal, que foi a intervenção do governo central na economia estadunidense, seguindo as teorias de J. M. Keynes, através do investimento em projetos de Obras Públicas.

Em 2008, a crise do Suprime ou do crédito fácil que se desencadeou nos EUA, lançou o mundo em geral e a Europa em particular, numa crise sem precedentes após os chamados ‘trinta gloriosos’, superando a crise do petróleo de 1973, isto só para ilustrar a interligação das economias e a importância de cada Estado tomar medidas para precaver-se de crises económicas ou financeiras de outros estados, para que não afete a situação económica dentro das suas fronteiras, tal como ocorreu com a crise na China em 2015.

No Brasil após vinte anos de prosperidade criada com o plano Real do então Presidente Itamar Franco, iniciou-se em 2015 uma grave crise económica sem precedentes, que se estendeu por todo o ano de 2016 e o primeiro semestre de 2017, que fora provocada por uma crise económica internacional e agravada pela situação política interna, que culminou no Impeachment da Presidente Dilma Roussef do PT, após denúncias de escândalos de corrupção nos casos ‘Mensalão’ e ‘Lava Jato’, denúncias essas que terão atingido inclusive os governos antecessores de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula da Silva (PT), trata-se de uma crise económica e política que gerou graves consequências sociais, como o aumento exponencial do desemprego, da pobreza e do agravamento drástico do custo de vida.

Não obstante, a Política Internacional não se faz apenas de interesses económicos ou financeiros no combate a crises, mas faz-se sobretudo de jogos diplomáticos, resolução de conflitos militares ou guerras, nos quais os Estados têm sempre, que tomar uma posição, que pode refletir meramente os interesses estratégicos, que tendo em conta a paz como pano de fundo, podem no entanto prevalecer os interesses económicos por parte dos grandes decisores dentro de um tabuleiro a que chamamos de geopolítica num mundo cada vez mais globalizado.

Conflitos mais recentes como a invasão e as guerras do Afeganistão e do Iraque, vieram a permitir o que foi denominado de Primavera Árabe, a revolta das populações da Tunísia, Egito, Iémen, Líbia, entre outros, com a consequente queda dos seus governos, mas também fizeram com que a estabilidade política fosse posta em causa pelas Guerras Civis da Líbia, da Síria e pelo surgimento do Estado Islâmico bem como o recrudescimento do terrorismo fundamentalista islâmico com ataques na Europa, como o massacre ao Charlie Hebdo e ao supermercado Kosher ocorrido em janeiro de 2015 em Paris, ou os três ataques terroristas na mesma cidade ocorridos em novembro do mesmo ano, nos quais centenas de pessoas foram assassinadas.

O que acima foi referido, visa ilustrar a influência das decisões políticas, que tanto podem promover a paz e o desenvolvimento pela cooperação bilateral, como o socorro internacional em casos de catástrofes, ou ainda os intercâmbios científicos, comerciais e culturais, promovendo a integração de minorias étnicas e o combate aos preconceitos, todavia, tem sido mais as decisões belicistas que se fazem sentir na política internacional, nomeadamente no teatro da Guerra Civil da Síria, e a onda de milhões de refugiados que se dividem entre o Médio Oriente e a Europa, fazendo assim ressurgir o espectro da xenofobia, racismo e dos movimentos de extrema-direita que pretendem fechar as fronteiras da Europa e derrubar a democracia pela cultura do medo e da necessidade de maior segurança em troca de menos liberdade.


Autor: Filipe de Freitas Leal

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

III - A Política é uma Ciência?

Para responder esta questão, vamos aproveitar uma definição de Émile Durkheim no seu livro ‘As Regras do Método Sociológico’, em que afirma que a Sociologia é a ciência que estuda os factos sociais, deste modo podemos aferir da mesma forma, que a Ciência Política é a ciência
que se dedica a estudar os fenómenos políticos, tal como afirma Sousa Lara (2007), que a Ciência Política é a Ciência que trata de estudar de modo sistemático os fenómenos políticos ou os Factos Políticos como fenómenos sociais, implicados diretamente na conquista, no exercício e na manutenção do poder político.
Portanto face à pergunta deste capítulo a resposta é afirmativa, sim, a Política é uma Ciência, na medida em que a aceção desta palavra significa “Conhecimento” ou melhor a obtenção do conhecimento de um dado fenómeno, no entanto não se trata aqui de uma ciência pura, tal como ocorre com a Matemática, a Física ou a Química, a Ciência Política não obtém o conhecimento científico senão através das diversas outras ciências auxiliares, que permitem por seu intermédio a obtenção do fundamento epistemológico e do conhecimento científico, referente ao seu objeto de estudo, que é a práxis política em diferentes culturas e épocas.
Como se adquire o conhecimento científico?
 Nas ciências sociais e humanas o conhecimento é obtido a partir de uma metodologia que se estabeleceu com Auguste Comte, que terá usado os métodos das ciências exatas para a obtenção dos conhecimentos das ciências sociais, foi assim que surgiu a sociologia, esta é a base de diversos outros alvos de estudo científico, como por exemplo o Serviço Social, que não sendo uma ciência pura ou exata, fundamenta a sua práxis pelo método científico e o corpo de conhecimentos adquiridos a partir de outras ciências, como a psicologia social, a sociologia e em particular a sociologia aplicada.
Assim, também a Ciência Política deve ser justamente considerada efetivamente como ciência de facto, na medida em que, tal como referido acima, obtém o “Conhecimento” dos fenómenos políticos, através de outras áreas de estudo pela metodologia de investigação científica.
A Ciência Política apoia-se portanto pela investigação de um conjunto diversificado de outras áreas do saber, sendo campos de estudos cuja linha divisória é difícil de ser definida, tendo em comum a sua natureza, isto é, são ciências que centralizam no Ser Humano e na Sociedade o foco dos seus estudos, tais como a Sociologia com os seus diversos paradigmas que são um precioso recurso metodológico para o constructo científico do corpo teórico da política, auxiliada ainda pelo aprofundamento de estudos empíricos que vão da Sociologia Política à Antropologia Cultural, passando pela Psicologia Social entre outras, Lara (2007), refere que cada ciência contribui de modo diferente com a especificidade do seu conhecimento e dos métodos epistemológicos.
Parte-se da elaboração de hipóteses para a Teoria, esta é experimentada e verificada, e uma vez confirmada contribui para o conhecimento de novos factos, tornando-se regra.
1 - Metodologia ð Método dos Estudos Científicos:
Ø   Métodos sociológicos;
o          Quantitativos e qualitativos,
§  Inquéritos;
§  Entrevistas;
§  Observação participante;
§  Estatísticas.
2 - Ciências Auxiliares ð Ciências Humanas:
Ø   História;
Ø   Antropologia Cultural;
3 - Ciências Complementares ð Ciências Sociais:
Ø   Sociologia:
o  Sociologia Política e Sociologia Aplicada;
Ø   Psicologia:
o  Psicologia Política e Psicologia Social;
Ø   Direito:
o  Direito Político e Direito Constitucional;
Ø   Economia:
o  Finanças e Economia social;
Ø   Relações Internacionais:
o  Direito Internacional;
Ø   Geopolítica;
Ø   Geoestratégia;
Ø   Gestão:
o  Administração Pública,
Ø   Demografia;
Ø   Estatística;
Ø   Marketing Político.

A)  A contribuição da História
Se por um lado temos a sociologia que fornece à Política a metodologia do estudo, por outro, a História é por excelência a fonte do conhecimento da ação política ao longo do tempo e na diversidade do espaço geográfico, cuja análise dos respetivos factos, no pretérito, permitem compreender os antecedentes e antever as consequências das decisões políticas, traduzindo-se num importantíssimo conjunto de informações e de conhecimento, pois permitem evitar que se repitam os acontecimentos menos felizes da história política, quer sejam factos militares ou económicos, neste sentido, o estudo da História política permite reconhecer os acontecimentos que os tornam cíclicos, ou ainda prever a dimensão das consequências das decisões políticas do presente.
B)  A contribuição da Antropologia Cultural
O facto mais curioso da Antropologia é que esta ciência surgiu precisamente através de interesses políticos relacionados com o expansionismo do colonialismo europeu no fim do Século XIX, tendo como objetivo, adentrar noutros continentes e contactar outros povos, sentiu-se na altura a necessidade de conhecer as populações autóctones que entretanto encontravam nas novas e distantes terras conquistadas ou por conquistar na Ásia ou em particular no que se chamou de Partilha de África, visava compreender a cultura, os mitos e os valores simbólicos das respetivas populações nativas, para poder interagir com as mesmas.
C)  A contribuição da Economia
Economia deriva de duas palavras gregas, Oikos, casa e Nomos, administração, logo a Oikonomosou economia é a gestão da casa, transferida aqui para a coisa pública.
Os conhecimentos obtidos pela ciência económica, são de importância capital para o desenvolvimento da Ciência Política, seria aliás impensável, que o exercício do Poder se realizasse sem que se tivesse em conta os dados macroeconómicos, utilizados para a gestão da Receita Pública e a prossecução do Orçamento que orienta toda a Despesa Pública, sem esquecer, que é a partir da gestão financeira que se executa a gestão da ‘Coisa Pública’, cabe ao Poder Político instalado, gerir as contas públicas e projetar tanto quanto possível o futuro da economia, auxiliando com políticas que promovam a otimização dos recursos dos setores extrativo, produtivo e distributivo.
É portanto, a partir da economia enquanto ciência, que se definem as linhas mestras da atuação das políticas financeira e económicas, através de um entrelaçado relacionamento entre setores estatal e sociedade civil, nos quais se envolvem os ministérios e organismos públicos com instituições privadas, com vista à execução orçamental e ao normal funcionamento da atividade produtiva, de modo a cumprir as metas programáticas previamente estabelecidas para o crescimento económico, o desenvolvimento tecnológico, somando-se ainda a coesão social e a diminuição das assimetrias sociais.
Por outras palavras, como diz Paulo Bonavides (2010), seria impossível a compreensão dos factos políticos sem o conhecimento da ciência económica, pelo que é útil referir aqui que, um dos mais exemplares casos que ilustram a importância da Economia perante os factos políticos é, a grande crise de 1929 nos Estados Unidos da América e a importância de um grande pensador e economista britânico, John Maynard Keynes, que influenciou o New Deal que pôs cobro a uma das maiores crises económicas da história.
D) A Contribuição do Direito
O Direito é por natureza uma disciplina que faz parte das Ciências Sociais e Humanas e que anda de mãos dadas com a Política, não raros políticos e grandes Estadistas tiveram como formação académica o Direito e como atividade profissional a advocacia, um deles, foi o Presidente Estadunidense Abraham Lincoln.
O Direito Internacional e Constitucional e em particular a Jurisprudência, permitem o aprofundamento do Estado de Direito, os juristas e os constitucionalistas, fundamentam e consolidam o exercício das Instituições políticas, sem esquecer que as leis são elaboradas pelo Poder político, tanto do Parlamento que as redige, como do governo que pode em certas circunstâncias elaborar projetos lei, ou decretos-lei e por fim a própria Justiça pela Jurisprudência dos tribunais.
De um modo mais preciso, cabe ao Direito Político a maior contribuição, trata-se de uma área especial do Direito, que está na génese dos estudos dos Sistemas Políticos, é portanto, normativo e define por exemplo, a designação de cargos político-administrativos, complementando-se com o Direito Administrativo e Direito Constitucional, sendo este último o que poderá com maior rigor, determinar em que moldes se poderá fazer uma revisão à constituição.
Tal como Sousa Lara afirma no seu livro, Lara (2007), o mundo do Direito é um “Dever Ser”, mas o mundo da realidade social é um “Ser”.
E)  A contribuição de outras ciências sociais

Além das ciências que acima foram citadas, há outras que em maior ou em menor grau, contribuíram para o surgimento e para o desenvolvimento da Ciência Política, entre elas, destacam-se a Sociologia, a Psicologia Social e a Geopolítica, estas disciplinas serão abordadas em capítulos apropriados mais à frente neste livro, notando-se contudo, que na sociologia desenvolveu-se uma área específica, que serve de importante complemento à Ciência Política, denominada de Sociologia Política.

IV - O Que Estuda a Sociologia Política?

A Sociologia Política é uma das ciências especializadas da sociologia, que não se ocupa do estudo da sociedade no seu todo, mas antes, foca os fenómenos políticos numa dada sociedade, tentando encontrar respostas sobre aspetos ligados ao exercício do poder e a sua legitimidade, tendo
também como objetivo, fazer uma análise sobre a reação do eleitorado numa dada eleição ou época, e ainda, estudar as razões que estão por trás da abstenção ou saber por que razão é que surgem motins e revoltas populares como as manifestações estudantis em França no maio de 1968, isto apenas para dar uma breve ideia do campo de atuação desta sociologia particular ou especializada.

Contudo a Sociologia Política não se limita apenas por compreender os fenómenos políticos, ela visa dar respostas de forma a prever o impacto dos mesmos fenómenos na sociedade, de acordo com as decisões tomadas por parte dos responsáveis; para tal, apoia-se em metodologias de estudo adequadas a cada caso, através de inquéritos ou entrevistas para obter os dados necessários de uma amostra.

Por outras palavras, a sociologia política, auxilia o poder político, quer de âmbito central quer local, dando a conhecer a realidade social, útil para as entidades, os organismos públicos e os respetivos responsáveis da administração pública; Portanto sem os conhecimentos empíricos obtidos com o auxílio da sociologia, tornar-se-ia difícil tomar qualquer decisão política, nem mesmo as que tentassem ser populares, pois poderiam tornar-se um tiro no escuro.

Assim, mais do que ser uma disciplina à parte da sociologia geral, a Sociologia aplicada e a sociologia Política fornecem os métodos científicos de estudos qualitativos ou quantitativos à práxis política, tratam-se portanto de investigações sociológicas que visam orientar as Políticas Publicas, esses dados empíricos obtêm-se através de uma amostra representativa de uma população alvo, por Métodos Qualitativos como entrevistas e a Participação Observante por parte do investigador, ou ainda os Métodos Quantitativos, feitos por questionários estruturados e a utilização de estatísticas, na qual se encontram a tendência ou a “Moda”, pela comparação das variáveis:

Todavia, não cabe aqui, abordar as escolas sociológicas e os seus paradigmas, para não se perder o objetivo deste livro, é notório que Karl Marx, Max Weber ou mesmo Émile Durkheim, foram sem sombra de dúvida, sociólogos que pensaram e se debruçaram sobre os fenómenos políticos, quer com uma análise histórica das classes sociais de Marx, quer sejam os factos sociais, como o suicídio analisado por Durkheim ou a influência do protestantismo na emergência do Capitalismo em Weber, no entanto este último foi o primeiro a desenvolver o que se pode chamar de Sociologia Política.

Em Bonavides (2010), refere no seu manual de Ciência Política, que Weber foi o pioneiro na sociologia, que mais se debruçou nas questões da legitimação e racionalização do poder político, no seu livro, ‘Ciência Política, duas vocações’ e estudou também as inter-relações da política com a religião e a economia, em ‘A ética Protestante e o espírito capitalista’.

domingo, 24 de dezembro de 2017

V - Quais os Marcos Históricos da Política?

Gerir a coisa pública, faz parte da natureza humana, no sentido de organizar os seus destinos enquanto grupo, clã ou comunidade, contudo, o termo política no sentido que é aplicado hoje em dia, surgiu na Grécia
Antiga, e como tal, temos o livro de Aristóteles Da Política, é pois, a partir dessa época que a filosofia se ocupa de estudar os factos políticos concernentes à organização da Pólis, além da moral e da ética necessárias à sua práxis.
Ao estudarmos a História da Antiguidade, apercebemo-nos que estamos a estudar as ações da política, de quem exercia o poder, tanto pelo legado que deixara como pelas guerras e conquistas que fomentavam a sobrevivência de um Estado, tal como diz a máxima romana, “Se queres a paz, faz a guerra”, isto leva-nos a ver a política pelo prisma histórico do Império Grego e posteriormente do Império Romano, dos quais emana uma grande parte de toda a cultura ocidental, nomeadamente a democracia e o direito romano.
A Idade Média e o poder temporal da Igreja são um dos marcos mais importantes, muito embora tenha sido considerada a era das trevas, a realidade é que influenciou o nascimento da Europa enquanto espaço cultural e político, foi inclusive, pelo poder pontifício que se proporcionou o aparecimento dos impérios coloniais de Espanha e Portugal, e pelos quais se dividira o mundo entre estes dois poderosos da Europa, ambos católicos, a isto seguiu-se o grande cisma do ocidente que gerou o protestantismo no norte da Europa, levando os países dessa área geográfica, a serem os mais desenvolvidos e os dominantes desde essa época em diante.
Torna-se imprescindível abordar o caso inglês no tempo do Rei Henrique VIII, que gerou o cisma anglicano e separou a Inglaterra da influência de Roma, ao qual se soma o martírio de um grande humanista e pensador, Thomas Morus autor de A Utopia. A separação da Inglaterra da área de influência do Vaticano permitiu a esse país tornar-se um grande império ultramarino e simultaneamente uma grande potência.

Abaixo está um pequeno esboço, do que me pareceu serem os principais marcos políticos, tendo em conta que a Ciência Política surgiu recentemente, ou seja no fim do século XIX, contudo, os principais acontecimentos políticos que são testemunhados pela Historia, mostram-nos, que a história das guerras, da filosofia, da economia, entre outras, servem para que se obtenha o conhecimento que contribuí para a construção da política enquanto ciência; acontecimentos que deixaram à Ciência Política o legado do acumulo de experiências, dando-nos lições sobre os caminhos que em política não devem ser retomados.
Na Antiguidade Clássica:
A) A democracia na Grécia antiga;
B) A república e o Império na Roma Antiga.

Na Idade Média:
C) A ascensão do cristianismo e o poder papal;
D) As Grandes Monarquias e o Estado Nação;
E) A Era dos Descobrimentos e o Mercantilismo.

Na Era Contemporânea:
F) Independência dos Estados Unidos da América;
G) A Revolução Francesa e os Direitos do Homem;
H) A I Guerra Mundial e a Revolução Russa;
I) A II Guerra Mundial e a Restauração de Israel;
J) O Welfare State e os 30 Gloriosos;
K) A OPEP e a Crise do Petróleo de 1973.

Na Atualidade:
L) A Globalização e a OMC;
M) A Unificação Alemã e o fim da URSS;
N) O 11 de setembro e a Nova Ordem Mundial.

A) A democracia na Grécia Antiga 
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A contribuição da Grécia antiga, não se limita à criação da Europa como ideia e espaço civilizacional, cultural e geográfico, nem aos signos do zodíaco, à literatura de Homero ou aos Jogos Olímpicos, trata-se de facto, ter criado um dos marcos históricos na política, que é sem dúvida o legado da filosofia clássica e da experiencia da Democracia direta, que veio a inspirar as democracias contemporâneas, muito embora as de hoje sejam indiretas ou representativas.

B) A República e o Império na Roma Antiga
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Roma criara um novo sistema de governo, a República, não na figura de um Presidente, mas sim de dois cônsules que eram eleitos anualmente pelos patrícios; de qualquer forma, o legado de Roma ultrapassa em muito os limites de qualquer sistema político que tenham criado, é acima de tudo profundamente civilizacional.
A República romana obviamente terá sido um marco político, porém o legado de Roma e incontestável, não só pela influência que exerceu na imensidão do seu vasto Império, que ia do norte de África até ao Norte da Europa, da Península Ibérica e da Lusitânia no ocidente até à Síria-Palestina no Oriente Médio, assim, o império uniu os povos através do Direito Romano, um conjunto de leis, princípios e valores que influenciam ainda hoje a Justiça no mundo ocidental.

Não obstante, embora não fossem tão cultos e eruditos como os gregos, os romanos deixaram cravado no solo europeu e na memória dos povos; o cunho cultural que ainda hoje se faz sentir presente, não só pelas ruínas arqueológicas mas por terem deixado o idioma que uniu os europeus, o Latim, que é aliás a língua utilizada, nos campos do Direito, da Ciência e da Religião, como o Cristianismo através da Igreja Católica na qual é utilizou o Latim como idioma oficial, e a Igreja em si é outro grande legado deixado pelo Império Romano, legado esse que permitiu consolidar a Europa como uma ideia, um espaço cultural e político distinto, num continente que na prática é a Eurásia. O Latim chegou a ser a língua franca, inclusive até ao princípio do século XX estudava-se latim nas escolas públicas, além de que ler e conversar em latim era um costume corrente nas classes altas e na aristocracia europeia, sendo substituído, primeiro pelo francês e posteriormente pelo inglês como língua franca.
C) A Ascensão do Cristianismo e o Poder Papal
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Surgido na Judeia, na altura uma Província de Roma denominada de Palestina, o cristianismo fazia parte do judaísmo, mas separara-se em 70 EC, ano da destruição do Templo de Jerusalém, ou de Herodes. Yeshua Ben Yosef era um Rabbi, ficou conhecido por Jesus Cristo, sendo que ‘Cristos’ é um termo grego que significa salvador, o mesmo veio a ser considerado pelos membros do seu grupo como o Messias, motivo que originou a separação entre os judeus e os nazarenos, como eram denominados os cristãos primitivos.
Após a II Guerra romano-judaica, os judeus são expulsos em massa da sua própria terra e obrigados a se espalhar pelo Império, gerando a Diáspora, à mistura também foram expulsos os cristãos, a propagação do cristianismo leva consigo o gene da Lei Mosaica ou o decálogo e, todo um conjunto de princípios e valores denominados de Cultura Judaico-cristã que dão à Europa um cunho ideológico, cultural e uma visão de vida que se fará notar durante a época do Imperador Constantino, que oficializou o cristianismo; Com a insígnia, “In Signus Vince” fez-se uma alusão às vitórias milagrosas de Constantino, pela proteção do símbolo que utilizava as letras X e P sobrepostas, por serem as iniciais de Cristo em grego.

O Império que era político, passou a ser o império religioso, Roma caíra no Séc. V, mas o Cristianismo herdara a extensão do espaço geográfico e político conquistado pelo Império e toma a Bíblia dos judeus, assim a figura que vai substituir o Imperador e governar a alma dos mortais é o Papa o Sumo Pontífice e o seu Poder Papal, que estaria somente abaixo de Deus, o Papado era também um poder político.
D) As grandes monarquias e o Estado Nação
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Toda a Europa estava num espaço político e religioso sob a liderança da Igreja Católica e do poder Papal (do Sumo-pontífice) que determinava em grande medida os destinos de uma nação, nenhum país poderia existir se não fosse com o aval da Santa Sé, até porque do século VIII ao Século XV a Europa temia o apogeu militar do Islão, pois a Península Ibérica e o sul da Península Itálica haviam sido conquistadas pelos muçulmanos, sem falar que Constantinopla ou o Império Romano do Ocidente encontrava-se ameaçado pelas invasões muçulmanas e cairia definitivamente no Século XV.

Portugal foi dos primeiros países a ser um Estado Nação, outros se mantiveram no Feudalismo, isto porque em 1128 o Conde D. Afonso Henriques rebelara-se contra a condessa de Portucale, D. Tereza e, consequentemente também contra o rei de Leão, D. Afonso VI, que era quem detinha a soberania sobre a Galiza, Portucale e Conimbriga; O rei português só foi reconhecido pelo Papa Alexandre III, mediante um acordo de vassalagem e o pagamento do dízimo em ouro. Na Espanha, apesar da unificação, esta não poderá ser considerada um Estado Nação, mas um Estado com mais de uma nação, e estudaremos isso mais adiante no capítulo apropriado.

E) A era dos Descobrimentos e o Mercantilismo
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Após conquistar a sua independência, Portugal manteve a sua inimizade com os vizinhos castelhanos, não encontrava outra saída que não a de se aventurar no mar em busca de terras; era a época dos descobrimentos marítimos portugueses, que são a grosso modo a primeira fase da Globalização e mais precisamente do Mercantilismo; Descobrindo a Madeira, os Açores, a África Ocidental, mais tarde o Brasil, o caminho marítimo para a Índia, chegando até ao extremo-oriente, isto fez com que os portugueses fossem os pioneiros na miscigenação de povos autóctones com colonos, e na transferência de plantas e frutos de um continente para outro, plantando em África a mandioca e o cacau retirados da América do Sul, o café, o amendoim e a laranja foram levados para o Brasil pelos portugueses vindos da Ásia, da África e de Portugal.
Os descobrimentos trouxeram também a opressão do esclavagismo em todo o continente americano, inicialmente de índios, que foram substituídos por escravos comprados em África, sendo que se tratavam de prisioneiros de guerra de tribos inimigas que guerreavam entre si, ao contrário do que o vulgarmente se acredita, não havia uma caçada ao nativo africano, como se de caça grossa se tratasse, outrossim, o Papa deixara uma frase enigmática, relativa ao Novo Mundo: “Não existe pecado rasgado do lado de baixo do Equador” uma alusão clara à pureza dos indígenas que andavam nus, mas interpretada como uma permissão para o regime esclavagista.

Nesta época, estava implantado na Europa um sistema político de Monarquias Absolutas, despotismo e servidão, era o “Ancient Regime” que também chegaria ao fim.

F) A Independência dos Estados Unidos da América
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O Fim do colonialismo britânico sobre as treze colónias deu-se em 1776, pouco antes da Revolução francesa, lançou o ideal da Autodeterminação dos povos, no que concerne às suas escolhas políticas e organização económica, as razões da Revolução Americana, prendem-se com a Revolta do Chá, pois violava o princípio britânico de cobrar impostos sem aprovação parlamentar, contudo as colónias tinham parlamentos que não podiam interferir em normas económicas, ou seja uma imposição colonialista que impedia os colonos de importar produtos que não fossem oriundos de navios ingleses, por outro lado, havia os interesses económicos da burguesia em ascensão nas colónias, no livro ‘Cultura’, Dietrich Schwanitz afirma: “as revoluções não ocorrem quando as coisas vão mal, mas quando as populações sentem que falta pouco para ir melhor”. Segue-se assim a Guerra pela independência, a carta de George Washington e a elaboração da Constituição dos Estados Unidos da América, juntando num só país as treze colónias.
G) A Revolução Francesa e os Direitos do Homem
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O Fim da monarquia absoluta de Luís XVI e da Aristocracia que apoiava o Antigo Regime em França, foi bastante conflituoso e sangrento, algo propriamente dito “dantesco”, termo aliás referente a Georges Danton um jacobino ou republicano sanguinário, o que estava por trás da Revolução, não eram meros ideais, mas sim a FOME a penúria, a doença e a miséria e por fim a Bancarrota do país. O Rei para encontrar uma solução, convocara os Estados Gerais, uma grande assembleia que se reunia em situações muito especiais, nela participavam a nobreza ou primeiro estado, o clero ou segundo estado e a burguesia o terceiro estado.
Pululavam por toda a Paris partidos políticos surgidos na rua como os Jacobinos, os ânimos estavam ao rubro e a situação era irreversível, surgiram Robespierre, Danton e Mirabeau, que transformaram os Estados Gerais em Assembleia Nacional; armaram a população, invadiram a fortaleza da Bastilha, libertaram os presos e aboliram a Servidão; redigiram a Declaração Universal dos Direitos do Homem e enfiaram o Barrete Frígio na cabeça de Luís XVI, símbolo que viria a ser da República, acabam por depor o Rei, abolir a monarquia e criar a Democracia Representativa, o ex-Rei tenta fugir, mas é preso e executado na guilhotina.
Houve outras fases da revolução que degeneraram no Terror de Danton e mais tarde na Ditadura de Napoleão Bonaparte que reinstaurou a monarquia e fez-se Imperador.
A Revolução Francesa vem na senda da Independência dos Estados Unidos da América e na convicção de que todo o cidadão é detentor de direitos inalienáveis, bem como que os governantes são servidores da Nação e do bem comum, a Revolução fora um marco político que até hoje tem repercussões e está ligada à I Vaga ou Civilização Industrial.
H) A I Guerra Mundial e a Revolução Russa
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As rivalidades das potências europeias, nomeadamente da Inglaterra, França, Alemanha, Império Austro-húngaro e Rússia, estavam ligadas ao domínio político e económico, mas em alguns casos as inimizades eram já quase de estimação, os russos defendiam os Eslavos do Sul denominados de jugoslavos, os alemães tomavam partido dos austro-húngaros, franceses e ingleses odiavam-se, mas defendiam-se em acordos táticos. A Guerra foi declarada após o Assassinato do príncipe austro-húngaro Francisco Fernando em Sarajevo por um independentista sérvio, fora declarada a guerra por iniciativa da Alemanha, guerra essa que fora denominada de a Guerra das Trincheiras, foi pela primeira vez que se utilizaram novas armas letais, novas metralhadoras e o uso da aviação militar com bombardeamentos de gás mostarda. A guerra acaba impondo o tratado de Versalhes à Alemanha, em termos tão duros que seria impossível de cumpri-lo.
A maior consequência da I Guerra Mundial foi sem dúvida a Revolução Russa, as tropas russas retiram-se da Guerra após a deposição do Czar Nicolau II, sob a liderança de Kerensky dos mencheviques e de Lenin, Trotsky e Stalin, que faziam parte dos bolcheviques ou adeptos da “maioria” dentro do PRSD Partido Revolucionário Social Democrata, era a revolução socialista em marcha e o surgimento da União Soviética e do Regime Comunista que iria mudar o curso da História e dividir a Europa em dois blocos antagónicos.

Seguiu-se uma guerra civil patrocinada pelas potências ocidentais para impedir a expansão da revolução comunista, guerra essa que opunha o Exército Vermelho dos bolcheviques ao Exército Branco dos reacionários, os comunistas venceram, seguiram-se à morte de Lenin em 1925 os anos da estatização da economia, o culto da Personalidade a Stalin, o período negro das purgas internas dentro do Partido Comunista, que levariam à execução e morte de dezenas de milhares de opositores ao regime stalinista; eles Trotsky exilado, que acabou assassinado no México por um agente da KGB, bem como a execução em massa de milhares de opositores ao regime stalinista.
I) A II Guerra Mundial e a Restauração de Israel
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As feridas abertas da I Guerra Mundial (1914-1918) não tinham sarado, e rebentara em 1929 a grande crise económica do Crash da Bolsa de Valores em Wall Street, o mundo caíra numa profunda crise económica que trouxe lições duras para os políticos e os economistas, só com a intervenção do governo de Roosevelt foi possível criar o plano de recuperação económica para os EUA saírem da crise, mas as cicatrizes permaneceram em outros países e continentes.
O colapso financeiro da Alemanha provocado pelo tratado de Versalhes e agravado pela crise de 1929, leva ao poder o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães - NSDAP, é instalada a ditadura e o apogeu do regime racista do Nazismo sob a liderança de um austríaco, Adolf Hitler, que rasga o tratado de Versalhes e anexa a Áustria, os sudetas na Checoslováquia e em nome da necessidade de um espaço vital invade a Polónia, pelo que é feita a declaração de guerra por parte do Reino Unido, começava a II Guerra Mundial e o Holocausto nos campos de concentração, onde entre outros foram exterminados seis milhões de judeus nas câmaras de gás, algo que só seria conhecido após o fim do conflito; A Europa ignorava que destino dar a tantos judeus sobreviventes do genocídio, ou expulsos de vários países, sem ter para onde ir e sem ter quem os aceitasse, a maioria foi para a Palestina, embora contra a vontade das autoridades britânicas.
A Guerra só acabara em 1945 com o lançamento de duas Bombas Atómicas, uma em Hiroxima e outra em Nagasaki, o mundo ficara horrorizado com o cogumelo de fogo, o Japão rendia-se e o Imperador deixava de ser um deus, teve todavia, melhor sorte que Mussolini em Itália que fora enforcado pela multidão e pendurado de cabeça para baixo.
Em 1947 a ONU, a sucessora da Liga das Nações, aprovara uma resolução para a criação de dois Estados na parte ocidental da Palestina, pois o lado oriental tornara-se independente com o nome de Transjordânia, assim, haveria uma Palestina Árabe e uma Palestina Judaica ou Israel, os palestinianos-árabes recusaram-se a aceitar a sua independência, sob orientação de outros países árabes, em 1948 os ingleses por falta de habilidade nos assuntos políticos do Médio Oriente, acabam por abandonar o território sem que o problema estivesse resolvido, assim, numa encruzilhada política sem precedentes é proclamada a independência do Estado Judaico baseado na resolução 181 da ONU sobre a Partilha da Palestina, Israel renascia como o lar de todos os judeus em 14 de maio daquele ano, sob a liderança de Ben Gurion que estendera a mão da amizade e do reconhecimento aos palestinianos árabes, na esperança de receber em troca um gesto igual, no entanto, no dia seguinte, Israel fora invadido por cinco exércitos árabes: Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque, levando a uma polarização radical do Nacionalismo árabe e do Sionismo, contudo os israelitas venceram sempre, desde então o problema de Israel e da Palestina continua a ser foco de intensos conflitos e de difíceis negociações de paz.
A razão do conflito reside numa questão cultural profunda dos povos árabes de religião muçulmana, cujos factos estão enraizados com o fim do Império Otomano, desmembrado após a sua derrota na I Guerra Mundial, parte do seu território que foi dividido pelas potencias beligerantes vencedoras no conflito armado, algo que foi sentido como uma humilhação, a divisão do território poderia ser tolerada pelos muçulmanos, mas o que viria a gerar a grande conflitualidade, foi o facto de os territórios serem governados por “infiéis”, ou seja não muçulmanos, o que prova isto, é a sangrenta guerra civil do Líbano em 1975, despoletada contra o presidente cristão.
Kissinger foi o Secretário de Estado dos EUA durante os governos de Richard Nixon e mais tarde Gerald Ford, afirmara que: “O compromisso doutrinário de jamais ceder territórios fez com que, para alguns, a coexistência com Israel deixasse de ser a aceitação de uma realidade para se tornar uma negação da fé” em Kissinger (2014).
Posteriormente, instala-se a Guerra Fria, e em 1955 realiza-se a Conferência de Bandung na Indonésia, na qual se constituiu o Grupo dos Não Alinhados composto por 29 países asiáticos e africanos, do denominado 3.º Mundo, sendo liderados pela Índia, e cuja linha política definia-se pela recusa em aliar-se tanto com os EUA como com a URSS durante a Guerra Fria.

J) O Welfare state e os 30 gloriosos

O mundo árabe, devido à insatisfação pelo problema palestiniano, instrumentalizou o petróleo para gerar uma crise económica e colocar o ocidente contra Israel, facto ocorrido em 1973, tendo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, num ato de solidariedade com o povo palestiniano e a OLP liderada por Yasser Arafat, decidido aumentar o valor do barril de crude a preços nunca antes vistos, era a politização do mercado de matérias-primas, cujo resultado foi uma enorme crise económica sem precedentes, a partir daí, o mundo reage e lança as bases da globalização e o combate às políticas protecionistas. Era o princípio do fim da II Vaga.

K) A OPEP e a Crise do Petróleo de 1973


O mundo árabe, devido à insatisfação pelo problema palestiniano, instrumentalizou o petróleo para gerar uma crise económica e colocar o ocidente contra Israel, facto ocorrido em 1973, tendo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, num ato de solidariedade com o povo palestiniano e a OLP liderada por Yasser Arafat, decidido aumentar o valor do barril de crude a preços nunca antes vistos, era a politização do mercado de matérias-primas, cujo resultado foi uma enorme crise económica sem precedentes, a partir daí, o mundo reage e lança as bases da globalização e o combate às políticas protecionistas. Era o princípio do fim da II Vaga.

L) A Globalização e a OMC
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A partir do que se chamou de Uruguai Round do GATT ou Acordo Geral de Comercio e Tarifas, viria mais tarde a ser formada a OMC, cujo objetivo era combater o protecionismo dos Estados, colocando tanto quanto possível, os produtos comercializados numa concorrência em pé de igualdade.
O Mundo organiza-se em blocos económicos, o Mercado Comum do Carvão e do Aço e o Tratado de Roma de 1957 dão lugar à CEE Comunidade Económica Europeia, ao qual adere o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca em 1973. Em 2001 entra em pleno funcionamento o Euro, a moeda única europeia, bem como a livre circulação de pessoas e bens no denominado Espaço Schengen.

De lá para cá, os blocos económicos fortalecem-se e protegem-se contra medidas económicas protecionistas. Surge na América do Sul o Mercosul, associando-se o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai; na América do Norte surge a NAFTA - Associação de Livre Comercio da América do Norte que reúne os EUA, México e Canadá. E no horizonte das potências emergentes surgem os BRICS’s, sigla com as iniciais em inglês de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
M) A Unificação Alemã e o fim da URSS


O Mundo assistia em 1989 à queda do muro de Berlim, algo provocado anos antes, em 1978, ano em que o conclave elegeu o cardeal polaco Karol Wojtyla para o papado, adotando o nome de João Paulo II e exercendo o seu pontificado focado na abertura e no diálogo, influenciando o curso da História na ‘Cortina de Ferro’, durante o seu pontificado ocorreu o Golpe de Estado do General Jaruzelski como reação ao movimento Solidarnosk de Lech Walessa na Polónia em 1980 e em 1985, inicia-se a transição de poder na União Soviética.


Na URSS, após a morte de Leonid Brejnev em 1982, de Iúri Andropov em 1984 e de Konstantin Chernenko em 1985, surgiu o reformador Mikhail Gorbatchev, que assume a liderança e dedica-se a dar inicio às reformas económicas ou “Perestroika”, e a reforma política pela transparência ou “Glasnost”, aproximando a URSS do mundo ocidental e após uma fuga maciça de alemães orientais para a Alemanha Ocidental, reúne-se com os lideres alemães e aconselha-os a deixarem cair o muro de Berlim, a História mudava de curso, Herich Honecker deixa o poder na RDA e em 1990 a Alemanha fica unificada no governo do democrata cristão Helmut Kohl, No entanto, Gorbatchev tinha os dias contados, no ano de 1991 foi derrubado num Golpe de Estado efetuado pela ala dura do PCUS, sendo cativo na Crimeia, no entanto o golpe falhou, uma vez reconduzido ao cargo, Gorbatchev é forçado a efetivar oficialmente o fim da União Soviética, surgindo então a liderança de Boris Yeltsin, a Federação Russa e a CEI - Comunidade de Estados Independentes.


O Fim da URSS faz surgir no espectro político mundial 15 novos países, a Federação Russa é a sucessora natural da União Soviética, esses recém-nascidos países, vinham acompanhados de instabilidade política e de conflitos militares, como consequência da política stalinista de deslocalização de populações de umas regiões para outras, com conflitos armados na Moldávia com a Transnístria, na Geórgia com a Abcásia e a Ossétia do Sul, bem como tumultos contra cidadãos de origem russa que viviam nessa época nas repúblicas recém-independentes; na Rússia o conflito era com a Chechénia e o Daguestão.

A implosão da antiga URSS levantou a onda de independentismo por toda a parte, em 1991 rebentava a guerra fratricida na Jugoslávia, sobretudo na Bósnia-Herzegovina onde os ódios religiosos e étnicos tiveram proporções dantescas, deixando pesadas memórias; do antigo império comunista de Tito. Surgiram sete novos países independentes, incluindo o Kosovo uma província autónoma de maioria albanesa e muçulmana que foi o Berço da Sérvia.

N) O 11 de setembro e a Nova Ordem Mundial


Com o atentado às Torres Gémeas em Nova Iorque, no fatídico 11 de setembro de 2001, lançam-se uma série de campanhas militares na Ásia Central, mais precisamente no Afeganistão contra o Regime dos Talibans, seguindo-se a terceira invasão no Iraque por um conjunto de países aliados como os EUA, Reino Unido, França, entre outros. O resultado foi o recrudescimento do terrorismo de cariz fundamentalista e uma animosidade dos povos árabes contra os “infiéis”, sendo aos ocidentais em geral e aos judeus em particular.

Um dos fenómenos recentes nos países do Magreb é a Primavera Árabe e as revoltas que depuseram os ditadores Ali da Tunísia, Mubarak do Egito, Kadhafi da Líbia e pressionaram a abertura política em outros países. Ocorreu simultaneamente o aparecimento do ISIS - Estado Islâmico da Síria e do Iraque com ataques cruéis contra as populações cristãs e muçulmanas xiitas; a Guerra Civil na Síria e no Yemen.  Na Europa, o terrorismo fundamentalista, fez ressurgir o racismo, o antissemitismo e a ascensão da extrema-direita.

As Lições políticas que a História ensina


A História ocupa-se de obter o conhecimento dos factos, analisá-los e interpreta-los para os transmitir, permitindo o aprendizado de modo a prever as consequências da ação humana no tempo e no espaço, orientando a atuação da governança face aos fins últimos da Política.
Os processos políticos e o resultado da administração do bem comum geram o conhecimento científico e o acumulo de conhecimentos pela experiencia, por exemplo, os erros das guerras Franco-Prussiana, da I e II Guerras mundiais, ou ainda com o período político entre guerras, são fontes de acumulo de conhecimento, inicialmente da História económica e social, mas em última análise da História Política.
Uma grande lição da História no campo da política, foi a experiencia do comunismo soviético, bem como as consequências que até hoje fazem-se sentir nas relações bilaterais entre os EUA e a Rússia, devido à guerra fria, aos blocos ocidentais e do Leste, entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia, bem como da U.E. e o COMECOM, fatores que influenciaram na crise recente da Crimeia e da Guerra Civil na Ucrânia, gerando um reacendimento de adversidades políticas da Guerra Fria, que aliás neste momento já não têm o pano de fundo de ideologias políticas ou a competitividade de sistemas económicos, apenas a mera luta pela hegemonia política.
Outro aprendizado da História Política recente foi o trauma deixado pelo colonialismo moderno, a luta pela independência da India sob a liderança de Gandhi, bem como a divisão e o ódio religioso que se seguiu entre muçulmanos e hindus, algo que até hoje faz-se sentir pela adversidade na disputa da Província de Caxemira.
As guerras coloniais pela independência das colónias portuguesas, mostraram o erro político de Salazar em não ter permitido a autodeterminação dos povos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, esse erro trás até aos dias de hoje consequências no desenvolvimento social dos povos da antiga África Portuguesa que caíram em guerras civis e no domínio soviético, já a Guiné-Bissau é acusada de ter-se tornado um Narco-Estado, algo que em Ciência Política é equiparado a um Estado Falhado.
Há ainda o exemplo dos regimes racistas da Rodésia, o atual Zimbabwe, e da África do Sul, no primeiro caso, ocorreu a libertação por Robert Mugabe, que, todavia, tornou-se um ditador, criando um regime persecutório e xenófobo, o qual incentiva ataques violentos contra a minoria branca.

Seguiu-se a África do Sul, isolada internacionalmente, devido ao Apartheid, que foi desmantelado sob os auspícios do último Presidente branco, Frederick Declerck e da abertura política de pacificação pela liderança de Nelson Mandela, permitindo, não apenas o fim do regime racial, mas sobretudo o caminho para a reconciliação, a convivência multiétnica e a paz em vez do ódio e do revanchismo.

A contribuição de grandes homens e mulheres
Os fenómenos políticos não são uma abstração, emanam da Práxis política e da contribuição de grandes homens e de grandes mulheres, de pensadores e pensadoras, uns que foram estadistas, outros militantes ou simplesmente atores no campo da política. Desses homens e mulheres destacam-se aqui apenas alguns desses grandes nomes, que entraram indubitavelmente para a memória universal:


LUÍS XIV, (1638-1715), Conhecido como o Rei-Sol, foi um verdadeiro déspota, foi o Rei Absoluto de França sendo o símbolo exemplar do que foi o Antigo Regime; sua célebre frase é: 
“O Estado sou Eu.”


GEORGE WASHINGTON, (1732-1799), Primeiro Presidente dos Estados Unidos da América
“A disciplina é a alma de um exército; torna grandes os pequenos contingentes, proporciona êxito aos fracos, e estima toda a gente.”



NAPOLEÃO BONAPARTE (1769-1821), nasceu na Córsega e chegou a Imperador de França,
“Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir.”
KARL MARX (1818-1883), alemão, filósofo, sociólogo e economista, juntamente com Friedrich Engels foi um dos mentores da I Internacional Socialista influenciando o pensamento político, económico e sociológico até aos dias de hoje,
Proletários de todo o Mundo, Uni-vos”.


EMMELINE PANKHURST (1858-1928), Feminista britânica, fundou em 1903 a Women’s Social and Political Union ou WSPU, foi uma sufragista, que esteve na luta dos direitos políticos das mulheres a começar pelo mais elementar, que é o direito de votar. Afirmou: “As mulheres servirão melhor a nação se se mantiverem longe das tradições e mecanismos políticos dos partidos masculinos que, é opinião geral, deixam muito a desejar.”
MAHATMA GANDHI (1869-1948), indiano, líder da campanha para a independência da India pela NVA Não-violência Ativa; Frase: “Tanto quanto eu sei, Deus não tem religião”.
ROSA LUXEMBURGO (1870-1919), Alemã, membro do Partido Social-democrata, particularmente da ala denominada de Liga Espartana, em 1918 fez uma tentativa de Golpe de Estado, sendo detida e executada em 1919. No meio das trevas, sorrio à vida, como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o mal e a tristeza em claridade e em felicidade.”
VLADIMIR LENIN (1870-1924), Russo, Líder comunista e revolucionário dos bolcheviques, derrubou o governo moderado de Kerensky durante a Revolução Russa: Frase: “É verdade que a liberdade é preciosa, tão preciosa que deve ser racionada”.

WINSTON CHURCHILL (1870-1965), inglês, Primeiro-ministro e grande estrategista britânico, “Um apaziguador é aquele que alimenta um crocodilo na esperança de só ser devorado em último lugar.”



JOSEF STALINE (1879-1953), Líder máximo da URSS, nasceu na Ucrânia e governou os soviéticos; Sua frase: “Uma morte singular é uma tragédia, um milhão de mortos é uma estatística.”


GETÚLIO VARGAS (1882-1954), Foi Presidente do Brasil e governou em ditadura, tendo instaurado o Estado Novo, sua frase é: “O ideal é ainda a alma de todas as realizações.”



DAVID BEN GURION (1886-1973), israelita nascido na Polónia, foi o Primeiro governante de Israel e o fundador do Partido Trabalhista (Avodá). Frase célebre: “Não há contradição entre disciplina e iniciativa. São o complemento uma da outra.”



ADOLF HITLER (1889-1945), nascido austríaco, foi líder do Partido Nazista e o Führer da Alemanha, levou o mundo à II Guerra Mundial e ao Holocausto e impôs à Alemanha a uma severa derrota; Frase: “Não são os neutrais ou os indecisos que fazem a história.”


ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR, (1889-1970), Foi Presidente do Conselho e o ditador de Portugal por 38 anos, a sua frase famosa é: “Eu sei o que quero e para onde vou”.




CHARLES DE GAULLE (1890-1970), general francês, organizou no exílio a resistência contra a invasão nazista, foi Presidente de França; Frase célebre: “Como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele.”
MAO TSÉ-TUNG (1893-1976), Foi um revolucionário e Líder máximo do regime comunista chinês; A sua frase célebre: “O poder político está na ponta de uma espingarda”.
GOLDA MEIR (1898-1978), nascida na Ucrânia, veio a ser Primeira-ministra de Israel lutando por um acordo de paz com o Mundo Árabe; Gurion disse que ela era o único homem do seu governo. Frase: “A Paz só será possível, quando os árabes aprenderem a ter tanto amor aos seus filhos, quanto têm ódio aos judeus”.
SALVADOR ALLENDE (1908-1973), Presidente do Chile deposto e assassinado em 1973 por Augusto Pinochet; A sua frase célebre é: “Não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante todos”.
INDIRA GANDHI (1917-1984), Primeira-ministra indiana, do Partido do Congresso; Sua frase: “Existem dois tipos de pessoas: as que fazem o trabalho e as que recebem o crédito. Tente estar no primeiro grupo, pois é onde há menos competição.”



JOHN F. KENNEDY (1917-1963), Primeiro Presidente Católico dos EUA, Evitou a colocação de misseis atómicos em Cuba e propôs-se a retirar os EUA da guerra no Vietname, o que pode estar na origem do seu assassinado; A sua frase é: “Não devemos perguntar o que o País pode ou deve fazer por nós, mas o que nós podemos fazer pelo país”.


JOÃO GOULART (1918-1976), quando Jânio Quadros renunciou, não o deixaram assumir a Presidência, só assumiu por ter sido instituído o Parlamentarismo à pressa, uma vez reinstaurado o Presidencialismo quis fazer reformas, não teve tempo, em março de 1964 era deposto, surgia o Regime Militar, Jango, como era chamado, morreu exilado no Uruguai. Sua frase é: “Os EUA falam muito de democracia, mas deveriam permiti-la.”


NELSON MANDELA (1918-2013), Líder antirracista sul-africano, criou o Congresso Nacional Africano (CNA), foi preso por 27 anos, após o fim do Apartheid tornou-se o primeiro Presidente Negro da África do Sul. “Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre o medo.”
EVA PERÓN (1919-1952), Primeira-dama da Argentina, casada com o Presidente Juan Domingos Perón, que a elevou devido à sua grande popularidade ao cargo de Vice-Presidente da Argentina, era apelidada pelos populares de Evita, sua frase célebre: “Roubei as joias dos oligarcas e uso-as pensando em vós, meus descamisados, quando eu morrer elas serão vossas.”

JOÃO PAULO II (1920-2005), Karol Wojtyla, cardeal polaco eleito no conclave de 1978, adotou o nome do antecessor, o Papa João Paulo I (Albino Lucciani), cujo pontificado durara apenas 33 dias, tendo morrido em circunstâncias muito duvidosas, após informar que iria promover uma purga no Banco Ambrosiano e na cúpula do Vaticano.
Wojtyla foi o primeiro papa não italiano desde o século XVI, vindo de um país comunista, o que causou apreensão nos países da Cortina de Ferro. Promoveu a abertura política no Leste da Europa, apoiou o Solidariedade e Lech Walesa na Polónia, incentivou Gorbatchev a permitir a queda do Muro de Berlim em 1989; Visitou Cuba em 2002, condenou o embargo e reuniu-se com Fidel para promover a abertura política interna. Uma de suas frases é esta: “A liberdade não é somente um direito que se reclama para si próprio: Ela é também um dever que se assume em relação aos outros.”
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SHIMON PERES (1923-2016) Presidente de Israel foi líder do Partido Trabalhista e por várias vezes Primeiro-ministro, encontrou-se com Yasser Arafat sucessivas vezes para negociações de Paz; A sua frase célebre é: “O conflito israelo-árabe terminou desde o momento que Israel aceitou o estabelecimento de um Estado palestiniano. O que existe agora é um conflito entre o terrorismo e o antiterrorismo."
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MÁRIO SOARES (1924-2017), nascido em Lisboa, liderou a oposição democrática contra a ditadura, fundou o PS no exílio, foi por duas vezes Primeiro-ministro e Presidente da República de 1986 a 1996; Sua frase é: “A crise é um facto dinâmico e populista em toda a Europa. A solidariedade europeia, elemento fundamental da União, desapareceu. Os partidos políticos que construíram a Europa foram os socialistas e os democratas-cristãos. Hoje só há populistas. O populismo venceu, destruindo os Estados em favor dos mercados.”


MARGARET THATCHER (1925-2013), Foi Primeira-ministra britânica pelo Partido Conservador, denominada de a Dama de Ferro, não hesitou em fazer a Guerra das Malvinas, lutou contra os sindicatos dos mineiros e deixou morrer à fome um preso político do IRA, Bobby Sands; a sua frase: “Um líder é alguém que sabe o que quer alcançar e consegue comunicá-lo.”


FIDEL CASTRO (1926-2016), Líder revolucionário cubano, derrubou o ditador Fulgêncio Batista. “Eu digo que se alguém não faz, o tempo todo, tudo aquilo que pode e até mais do que pode, é exatamente como se não fizesse absolutamente nada.”
ERNESTO CHE GUEVARA (1928-1967), Revolucionário argentino, lutou em Cuba ao lado de Fidel Castro, derrubando a ditadura de Fulgêncio Baptista, Che foi para a Bolívia organizar uma guerrilha, no entanto, acabou morto pelo exército boliviano com o apoio da CIA, tornando-se um mártir e a sua imagem um ícone para a juventude que lhe prestava culto; Uma das suas frases mais marcantes foi: “Criar um, dois, três, enfim muitos Vietnames, esta é a palavra de ordem”.

MARTIN LUTHER KING (1929-1968), estadunidense e pacifista, foi assassinado e tornou-se o mártir da luta antirracista; sua frase: “A liberdade nunca é voluntariamente concedida pelo opressor; deve ser exigida pelo oprimido”.




MIKHAIL GORBATCHEV (1931), Foi o líder soviético que deu inicio à abertura política, económica e social, permitindo uma aproximação ao ocidente e um novo olhar sobre a URSS, escreveu dois livros importantes para o processo de abertura, ‘Glasnost’ a transparência e a ‘Perestroika’ reestruturação, afirmou que era fundamental mudar a nomenclatura para abrir o regime e modernizar a sociedade, a sua política levou a que os radicais o depusessem em dezembro de 1991 na Ucrânia, onde ficou refém, Bóris Ieltsin com mão firme fez o contra golpe, restituindo Gorbatchev ao cargo, para então pôr termo à URSS, a sua frase célebre é: “A Perestroika é a minha escolha, a minha vida e o meu destino”.


JUAN MANUEL SANTOS (1951), Presidente da Colômbia, recebeu o Prémio Nobel da Paz de 2016 devido aos acordos de paz encetados com as FARC. Sua frase ao receber o prémio: “A vitória final pelas armas não é nada mais que a derrota do espírito humano. O primeiro passo crucial, foi deixar de ver os guerrilheiros como inimigos, para considerá-los simplesmente como adversários”.

BARACK OBAMA (1961); tornou-se no primeiro Presidente Negro dos Estados Unidos da América pelo Partido Democrata, promoveu grandes reformas sociais como o Obama Care, no entanto posta em causa no governo republicano de Donald Trump. As frases célebres de Obama são: “Yes, we can!’ e a frase: “Não há uma América liberal e uma América conservadora. Não há uma América Negra, uma América Branca, uma América de latinos e América de asiáticos. Há os Estados Unidos da América!"

 
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