domingo, 24 de janeiro de 2016

Os Refugiados Judeus do Navio Saint Louis

Foi no ano de 1939, antes do rebentamento da II Guerra Mundial, o Saint Louis, o nome do transatlântico que partira de Hamburgo na Alemanha, e que hasteava a bandeira germânica, mais precisamente a bandeira do III Reich, o navio alemão levava a bordo quase mil passageiros, o capitão Gustav Schoroder, desvia a sua rota, e procura um porto seguro para desembarcar os passageiros. Porquê, porque 937 dos passageiros eram judeus, dos quais 158 eram crianças, e cujas vidas estavam condenadas na Alemanha Nazista.
O Primeiro destino que o St. Louis teve foi Havana, capital de Cuba, e foi lá que o Capitão tentou encontrar refugio para os passageiros, no entanto o regime cubano de então rejeitou dar asilo aos refugiados judeus, por ter havido alterações legais no país que impediam o desembarque de pessoas que pretendiam salvar as suas vidas e as vidas de seus filhos, pois encontravam-se em perigo na Alemanha, muitos já tinham mesmo sido vitimas de ameaças e até mesmo de perseguições.
A recusa de cuba, leva o capitão a rumar para a Florida, onde esperava encontrar uma atitude mais compreensiva e até solidária do que em Havana, contudo testemunhos da época de alguns passageiros, relatam que não se chegou a tentar entrar nos Estados Unidos da América, porque o navio St. Louis, teria sido impedido pela marinha estadunidense de continuar a sua marcha, como foram disparados tiros de advertência para se afastarem das águas territoriais estadunidenses.
O desespero de homens, mulheres e criança é grande dentro do St. Louis, a agonizante situação de incerteza, pelo que após ter sido rejeitada a entrada em Cuba, Estados Unidos e até no Canadá, o navio volta à Europa, após negociações dos Estados Unidos com países europeus para que aceitassem receber os refugiados judeus, o Navio dirigiu-se assim para o porto de Antuérpia e onde foram acolhidos a muito custo, pelo governo britânico 288, os restantes 619 refugiados judeus, foram distribuídos por França, Bélgia e Holanda, assim os judeus sentiram-se a salvo do Regime Nazista.
Esse asilo dourado e saboroso da sobrevivência dos refugiados e exilados judeus alemães, foi uma solução que se revelou uma falácia. Em setembro daquele mesmo ano de 1939, rebenta a guerra, a Alemanha invade a Polónia, e despoleta-se assim o complexa rede de alianças politicas e militares, Hitler invade a Holanda a Bélgica e a França em 1940, dos refugiados do St. Louis, 254 morreram em campos de concentração, a maioria em Auschwitz.
Os refugiados não são uma novidade, mas a realidade do sofrimento dos refugiados é perene, persistente e cheia de injustiças, caso estes refugiados tivessem sido aceites, não se teria perdido nem uma vida, a recusa equivaleu a uma condenação à morte e assim continua nos dias de hoje, o preconceito e o ódio xenófobo, racista e antissemita são condenações à morte de todos os que uma dada sociedade não aceita.





Referências:
www.holocaustonline.org
www.cibercuba.com/cuba-lecturas


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Porque é que eu voto em Sampaio da Nóvoa

Eu pessoalmente voto em Sampaio da Nóvoa, por duas razões fundamentais, primeiro pela sua independência face ao poder político e partidário durante quase toda a sua vida, o que representa uma capacidade de isenção importante para o exercício pleno e qualificado da Presidência da República em nome de todos os cidadãos.
Segundo pela forma clara, lúcida e rica com que se dirige ao país, o seu discurso é um discurso Humanista e de diálogo, de abrangência, mas também de justiça social e de pontes para se construir um tempo novo.
Para além disso, apraz-me a maneira frontal e serena com que olha, a expressão facial, o tom de voz, o modo com discursa e como gesticula revelam a pessoa que está para além das aparências e das cores partidárias.
Penso que caso Sampaio da Nóvoa não venha a ser eleito, não deveria desistir de contribuir para a política de rosto humano, para uma política não do possível mas do necessário, não do óbvio mas do objetivo, não do rápido mas de uma politica como um projeto para as gerações futuras.



Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Presidenciais em Portugal: Esquerda X Direita

Portugal vai a votos dia 22 de janeiro para escolher o novo Presidente da República, contudo, nunca uma campanha eleitoral fora tão diferente das anteriores como esta, primeiro porque foi extremamente morna e apagada, segundo porque para os portugueses tanto faz quem seja o próximo presidente, será obviamente muito melhor e mais competente do que Cavaco Silva, que sai com o mais baixo índice de popularidade que algum ex-presidente possa ter tido.
Ao que pretendiam ver nesta campanha uma eleição partidária enganaram-se, curiosamente a esmagadora maioria dos candidatos é independente, ou diz-se independente. O que no entanto não impede a dicotomia esquerda x direita que se traduz num duelo entre dois colegas (professores catedráticos da Universidade de Lisboa) Marcelo e Sampaio.
Marcelo Rebelo de Sousa, (67 anos) fundador do PSD e ex-diretor do semanário “Expresso”, candidatou-se como independente, mas acabou por receber o apoio oficial do seu partido e do Partido Popular. Contudo Marcelo não é afeto à área da atual direção do Partido, que aliás não queria a sua candidatura, tendo preferido apresentar Rui Rio que no entanto não quis avançar.
Marcelo conta com 51,8% de intenções de voto, em sondagens com uma margem de erro de 3%, o que poderá traduzir-se numa votação entre os 48 e os 54%, caso se concretize os 51 ou 54% Marcelo será o novo presidente eleito logo à primeira volta, caso seja os 48%, concorrerá numa segunda volta com o segundo colocado.
Sampaio da Nóvoa, (61 anos), foi professor catedrático e ex-reitor da Universidade de Lisboa, é candidato independente, mas militante do PS Partido Socialista, recebendo apoio de uma parte considerável do seu partido, incluindo do Primeiro Ministro António Costa, Mário Soares, Ramalho Eanes, Jorge Sampaio entre outros, recebe apoio dos partidos Livre/Tempo de Avançar, MRPP. Sampaio tem nas sondagens cerca de 22% das intenções de voto, tem no entanto a hipótese de ir disputar uma segunda volta com Marcelo. É aliás a quem darei o meu voto, depois explicarei porquê.
Outros candidatos, vindos do PS são: Maria de Belém Roseira, (66 anos) ex-ministra da Saúde de António Guterres, tem 8% das intenções de voto; Henrique Neto, (79 anos) é empresário de indústria de moldes, conta com o apoio de uma pequena parte do partido, tem 1% das intenções de voto; Vitorino Silva, (44 anos) conhecido como Tino de Rãs é calceteiro e conta apenas com apoios regionais, devido à sua experiencia autárquica, tem 2% das intenções de voto; Cândido Ferreira, (66 anos) é médico, obtém algum apoio dos organismos socialista do norte de Portugal, com 1% das intenções de voto.
Com tantos candidatos vindos do seio do Partido Socialista, e nenhum com apoio oficial do partido, o que faz dispersar votos, devido a uma continua teimosia em evitar o sistema de primárias como faz os Estados Unidos da América, o PS faz entender aos eleitores que não está na disputa para ganhar estas eleições acabando por entregar a vitória de mão beijada a Marcelo Rebelo de Sousa.
Os demais candidatos são maioritariamente de Esquerda: Marisa Matias, (39 anos) socióloga, eurodeputada pelo Bloco de Esquerda, conta com 8% das intenções de voto; Edgar Silva, (53 anos) ex-sacerdote católico, deputado regional na Madeira, apoiado pela CDU (PCP/PEV), tem 3% das intenções de voto; Paulo Morais, (52 anos) é formado em Matemática, Professor universitário e empresário, de tendência do centro-direita, foi militante do PSD, tendo trabalhado com Rui Rio, tem 3% das intenções de voto; Jorge Sequeira, (49 anos) é professor universitário e psicólogo, tem 1% nas intenções de voto.




Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Realidade Liquida Segundo Zigmund Bauman

 Download do Livro - Modernidade Líquida
Zigmund Bauman, é um dos maiores expoentes do pensamento do fim do Século XX e inicio do Século XXI, com 90 anos de idade, e já com alguma dificuldade, ainda assim continua a escrever livros, dá entrevistas e viaja de avião para outros países e continentes para participar de palestras e conferências em universidades ou congressos.
Bauman, nasceu na Polónia em 1925, no seio de uma família judaica; Durante a II Guerra Mundial, lutou no exercito soviético contra as tropas da Alemanha nazista, após o fim do conflito da Grande Guerra, forma-se em sociologia na URSS, torna-se professor universitário em Varsóvia até 1968, ano em que é afastado da Universidade de Varsóvia, devido às suas ideias consideradas subversivas para o então regime comunista polaco, nesse ano foge da Polónia devido a perseguições antissemitas, e exila-se no Reino Unido.
As ideias defendidas por Bauman, são referentes à crise civilizacional que se vive hoje, nomeadamente da Sociedade da Informação. Bauman vem aprofundar o que outros escritores, sociólogos ou pensadores indagaram e aventaram em termos de previsões sócio-políticas ou económicas, tais como Edgar MorinAlvin Toffler com o seus livros "O Choque do Futuro" e a "Terceira Vaga"John Nesbitt com "Megatrends" ou ainda o economista estadunidense John Kenneth Galbraith com o livro "A era da incerteza". Neste sentido, pode-se ver que ao adentrar no fim de um século e a viver e estudar o inicio do século seguinte, Bauman faz como que o epilogo das teorias que o antecederam. Ora, se por um lado temos Morin que nos falava da inevitável evolução cultural e educacional quer nos seus estudos epistemológicos, quer sociológicos referentes à educação do futuro, Toffler varre por completo a história e toda a sociedade com a terceira vaga e o fim da era industrial, é já a visão do começo de uma nova Era a da revolução informacional e tecnológica que se faz sentir, o nascimento de uma nova sociedade que é corroborada em paralelo pelas tendências previstas em Nesbitt. Contudo cabe a Galbraith rever toda a história social e económica e impor o cunho da incerteza como o que melhor definia o fim da era; Todavia é com Francis Fukuiama que se reacende o tema, com o seu livro "O fim da história e o último homem", crendo que o fim do comunismo soviético e a queda do Muro de Berlim teriam iniciado as condições irreversíveis para se atingir a conclusão da história.
Fim da história que já havia sido visionado e defendido dois séculos antes por Hegel e a sua dialética, também com Karl Marx no seu livro "O Capital" preconizava pela sua análise sociológica o fim da luta de classes, que ele considerava ser o verdadeiro motor da História.
Para todos esses pensadores o que representava então o fim da História? Antes de mais, o importante é saber o que era para eles a História? Não era claramente, uma mera informação cronológica de acontecimentos sucessivos, mas sim o de um processo de evolução social, cultural, material e intelectual da humanidade, pela dialética que mais não era do que a repetição sucessiva de tentativa e erro, até chegar-se à conclusão, isto é, atingir um regime político, uma evolução tecnológica, um modelo económico, uma evolução cultural e intelectual, que nos possa permitir afirmar que se chegou enfim à síntese perfeita, ou seja, o fim da história.
Bauman não se preocupou em saber se se chegou ou não ao fim da história, mas antes, o de observar e denunciar as consequências do caminho que a nossa civilização percorreu até aqui, por outras palavras, qual é a realidade concreta, ou líquida no dizer de Bauman, deste modelo saído do modelo neoliberal hegemónico, globalizado e de uma civilização em que por mais desenvolvida que esteja, do ponto de vista tecnológico, tornou as pessoas mais individualistas e isoladas, onde as situações e relações no mundo do trabalho, vizinhança, sociedade enfim, são efémeras, frágeis, imprevisíveis e na qual os cortes são bruscos, geram no dizer de Bauman um vazio identitário.
E não poderia deixar de ser frágil a pessoa humana numa civilização em que os cidadãos deixam de valorizar a democracia, e até mesmo o Estado, no qual vivem ou ao qual pertencem, pois sentem que o Estado se fragilizou e instrumentalizou a favor dos interesses dos meta-estados como a UE ou o NAFTA, também das mega corporações multinacionais, que chegam a ter receitas superiores às do PIB de vários países.  
Um dos livros mais influentes de Bauman é precisamente "Modernidade Líquida" onde aborda as relações entre as pessoas num mundo globalizado onde tudo é efémero e onde as ideologias morreram.

Downloads de E-books
 A Cegueira Moral
 Vida Líquida
 Amor Líquido
 Modernidade e Holocausto
 Vida a Crédito
 Vida em Fragmentos
 Capitalismo Parasitário



Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.


David Bowie - Um Dia Depois de Partir

Pessoas que estão muito à frente do seu tempo, são as que se tornam a voz de muitos, são as que prevêem  os tempos, as que têm o conhecimento mais profundo da alma humana, são as que sabem como ninguém, resumir tudo isto em arte, em poesia, luz, cor e música.
De alguma forma essas pessoas nunca nos deixaram sós, e com elas nunca estivemos órfãos no nosso tempo. A vida até pode ser curta e para alguns, até sofrida e difícil, mas tem que ter um sentido para poder valer a pena. Nesse sentido que cada um percorra o seu caminho, cumpra a sua missão e não interessa tanto o resultado, o que interessa é sim a caminhada.
The Day after Die, o dia depois da sua morte, é o dia em que o mundo inteiro presta-lhe homenagem, o homem parte, a sua obra fica, mas de facto o a mensagem e o seu conteúdo, são mais importantes que o mensageiro, Bowie cumpriu seu destino, a mensagem fica. Bowie despediu-se com um video "Lazarus", que retratava exatamente o que aconteceu, a sua morte, é uma despedia impactante, que de facto não é para todos, pois só os grandes homens sabem despedir-se.


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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