sábado, 16 de abril de 2011

A Informatização e as Transformações Sociais

Computerization and Social Transformations - de Rob Kling (Resumo)
Rob Kling examina neste artigo a relação entre a informatização e as mudanças sociais, e pergunta: “A informatização trouxe à sociedade, transformações consideráveis nos
seus diferentes aspetos? E se sim, como? Em que é que a sociedade foi modificada? E como?
Trata-se de uma abordagem da sociologia da tecnologia, tendo sido feitos vários estudos para responder esta questão, estudos tais como a informatização e a qualidade de vida no trabalho, incluído por vários autores nos seus livros sobre este tema, como Strassman em 1985, com o seu livro “The transformation of work in the electric age”.
Estudos cujo tópico é, essencialmente a influencia do desenvolvimento da inteligência artificial e a relação da informática com a organização empresarial, a reorganização do processo de trabalho e os custos, bem como a influencia no poder político e nas decisões económicas. Mostrando que a transformação da Sociedade da Informação é irreversível.
Rob Kling apresenta como ideia chave o desenvolvimento das relações interpessoais, intergrupais e institucionais, através da informatização e da reestruturação dessas mesmas relações, reorganizando o fluxo de informação, daí a ideia de Aldeia Global.
Kling escreve sobre Alvin Toffler e John Naisbitt como promotores futuristas da ideia da revolução da informação. Toffler é lembrado no que se refere à Info-esfera e à Tecno-esfera, do seu livro da “Terceira Vaga” (1980). Embora não precisando uma data, Toffler consegue ser quase que preciso nas suas previsões.
Comentário do Artigo “A Sociedade irreversível da Informação”
Neste artigo de Rob Kling, e a questão, quais as transformações sociais feitas pela informatização, nos seus mais diversos aspetos sociais? E como é que se processaram essas transformações? Saltam á nossa consciência todo um mundo que nos cerca, e parece natural (a Physis é a natureza na Grécia antiga), mas não é natural, é sim fruto da obra humana (a Poiesis na Grécia antiga era a ação, criação), do seu génio inventivo e criativo, também irreversivelmente nos encontramos num mundo em que já não saberíamos viver (no mesmo grau de eficiência e desenvolvimento) sem as conquistas feitas pela tecnologia (a Techne que na Grécia é Conhecimento), conquistas essas que no espaço de tempo de mais ou menos de 250 anos, têm vindo a mudar o mundo gradativa e irreversivelmente. A filosofia da Tecnologia e a Sociologia da Tecnologia tentam nos dar resposta a estas questões que são de suma importância.
A grande causa disso é a revolução industrial do século XVIII, que permitiu ao Homem um grau de desenvolvimento industrial e pesquisa cientifica, desenvolver-se progressivamente desde a máquina a vapor em 1765 por J. Watt, a bateria em 1800 por A. Volta, o telegrafo em 1837 por S. Morse, o telefone em 1876 por Graham Bell, a lâmpada em 1879 por T. Edison, o animatógrafo (precursor do cinema) em 1895 pelos irmãos Lumiére, e assim sucessivamente de invenção em invenção, passando pela fotografia, rádio, automóvel, avião, informática, a Internet, até chegarmos à informatização de ponta mais avançada, inteligência artificial e robótica. Campos diversos da informática que estão ao serviço da ciência, como a medicina, a astronomia e astronáutica, mas também de modo mais prático relacionado com a produção industrial.
A tecnologia é ou pode ser autónoma, humanamente controlável e neutra, onde seus meios e fins são totalmente separados, isto de acordo com a fé no progresso liberal.
Tal como Toffler avia previsto no “Choque do Futuro” e na “Terceira Vaga”, podemos observar que os computadores na atualidade, estão presentes na nossa vida do dia a dia, cada vez mais baratos, mais pequenos e mais potentes, são uma presença continua nos lares, nas escolas, e com o wireless nos cafés, nos transportes públicos, úteis a todos os setores da sociedade e da atividade humana: da pesquisa cientifica de ponta até à mais banal das ações cotidianas.1
A informatização é presente na Telefonia móvel e fixa, Portugal é aliás o país da Europa em que há mais telemóveis por pessoa, a informatização está presente em quase todos os lares, usados para trabalho, estudo e lazer, onde se reproduzem som, imagem e vídeo, que podem ser partilhados na Internet em blogues, redes sociais e e-mails e criando um novo conceito o self-media.
Essas diversas dimensões da informatização, também se refletem num mundo cada vez mais pequeno, em que a aldeia global é monitorizada por uma informatização global, canais satélite, comunicação em tempo real, transações financeiras em simultâneo, mercado de trabalho mais exigente e dinâmico, novos modos de desenvolvimento do ensino como as Universidades Abertas (Open University), e-learning; No comércio temos o desenvolvimento do e-comerce, compras on-line onde acedemos aos supermercados a partir de casa, temos ainda a presença na banca como o já muito conhecido e difundido sistema Multibanco, mas também o home-banking; Na política há países onde se aplica o voto eletrónico, mais seguro e de resultados imediatos, tudo isto possível a partir da explosão da Internet desde a sua criação da ARPANET em 1962, fazendo a passos largos uma sociedade global, aproximando culturas, valores (democracia liberal), aproximando pessoas nas redes sociais, claramente o que Toffler diz ser a “Info-esfera”.
Mas também há impactos negativos na sociedade, desde o impacto no desemprego, causado pela robotização, a dependência de jovens aos jogos on-line ou às redes sociais, provocando até a auto exclusão, há também o crime organizado desde os crimes de colarinho branco até às falsas identidades e crimes de fraudes, pedofilia, terrorismo entre outros, organizados informaticamente, usando a Internet para atingir os seus fins, passando a existir a necessidade de desenvolvimento da segurança informática e de cada vez maior legislação apropriada.
O termo “Revolução” foi sobejamente utilizado, sendo apropriadamente, visto que é do que se trata, mas mais apropriado ainda é o termo Sociedade da Informação, termo surgido nos anos 90 em que se desenvolveu a Internet e a TIC e incluída mais tarde nas reuniões do G7, já o termo “Sociedade do Conhecimento” é usado pelos meios académicos e adotado pela UNESCO em detrimento do termo “Information Society”.2
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1 Albuquerque, João Porto de; “Aspetos Sociotécnicos da computação: contextualizando o desenvolvimento de sistemas de computação com o modelo Mikropolis.
2 Burch, Sally; “Sociedade da informação / Sociedade do conhecimento
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Bibliografia:
Kling, Rob; Computerization and Social Transformations; Science, Technology & Human Values,
Vol. 16, No. 3 (Summer, 1991), pp. 342-367
Revista de História Contemporânea; Vários Autores (Fedo Fragoso, Nelson Bandolim, Letícia Destro, Carolina Mendes, Vinificas Mar condes e Mamilo Acácio) N.º 1 Abr. 2008 / Brasil
Sitografia:

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 10 de abril de 2011

A Corrente Humanista no Serviço Social

O Que é o Humanismo?
A questão de uma ideologia para o Serviço Social sempre foi tida em conta, sobretudo nos anos 60 e 70, época da reconceituação do Serviço Social na América Latina, e é nesse contexto que se reforça um corrente de cariz humanista no setor.

O Humanismo é a corrente filosófica e moral, que defende que o Ser Humano é o centro das preocupações sociais e políticas, ao contrário por exemplo do neo-liberalismo, que defende a importância do capital ou do socialismo que defende a sociedade como um todo no centro das suas preocupações e praxis política.

Inicialmente o conceito de Humanismo, teve origem na antiga Grécia, nas ideias de Sócrates e Platão, mas foi no Renascimento e no Iluminismo, que teve um novo impulso, sendo inclusive confundido com o anticlericalismo.

O humanismo tem várias vertentes, Humanismo Marxista, Humanismo Secular, Humanismo Positivista ou Contiano e o Humanismo Religioso (incluindo o Humanismo Cristão), é este último que influencia o Serviço Social, que era baseado nos valores cristãos e católicos na ação social, praticada pela caridade cristã dos seus fiéis, tal como a “Sociedade São Vicente de Paulo” e Frederico Ozanam, ou Ainda Dom Bosco, que funda a Pia Sociedade São Vicente de Sales (os Salesianos) com o objetivo de promover a reinserção de adolescentes e jovens.

A Doutrina Social da Igreja na formação da emergência do Serviço Social.

A doutrina Social da Igreja, lançada no fim do séc. XIX pelo Papa Leão XIII na sua encíclica “Rerum Novarum”, lançando não só o “magistério social da igreja” mas também as ideias de um humanismo cristão que combatia os excessos nefastos do capitalismo triunfante, por outro lado combatia o socialismo cientifico de caris marxista, em crescimento na classe operária, trazendo para a sociedade civil e em particular para o seio do catolicismo uma clara resposta cristã e humanista, foi claramente este ideal que fez nascer em vários países, a “Assistência Social”, que por sua vez tem vindo a evoluir ao longo do tempo até chegarmos ao moderno “Serviço Social”

Os Direitos Humanos e o Serviço Social.

A política social do Estado, teve um forte impulso, a partir dos anos que se seguiram à II Guerra Mundial, da criação da ONU e em especial a DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos “Gloriosos 30” que veio a fomentar cada vez mais a preocupação dos Estados em implementar ou desenvolver políticas sociais, nomeadamente o conceito do “welfare state” muito em voga nos países desenvolvidos da Europa Ocidental e América do Norte, mas também de lutar contra a discriminação, a exclusão e a favor de amparar os mais indefesos da sociedade como as crianças, idosos e os desfavorecidos da sociedade.

É neste contexto que surge a reconceituação do Serviço Social na América Latina e nos Estados Unidos, onde o expoente máximo foi Carl Rogers, e este novo conceito teve claramente um cariz humanista, muito voltado para o combate à pobreza, à reinserção social da pessoa humana, mas também para a consciencialização do individuo face aos seus direitos e à sua cidadania, onde o sistema cliente passa a ser tido como um importante agente no processo da sua própria reinserção, em que as pessoas procuram fazer o seu projeto de vida, muito ao contrario do inicio do Século XX onde o Serviço Social era mais uma ação higienista, feita do topo para a base, com o objetivo de remediar, onde a pessoa não era tida no processo de solução. Era uma Assistência na Pobreza e a pessoa humana não era o centro no processo decisório.

Logo hoje totalmente distante dos erros do inicio desse tempo, a Exclusão Social é totalmente incompatível com o humanismo dos “Direitos Humanos”, do “Estado de Direito” e da cidadania plena dos indivíduos.

Bibliografia:
Silva, Guadalupe Maria; Ideologias e Serviço Social, 1983 Cortez Editora / Brasil
Kisnerman, Natalio; Sete Estudos sobre Serviço Social, 1980 Cortez e Moraes / Brasil
Núncio, Maria José Núncio – Introdução ao Serviço Social, 2010 ISCSP / Portugal
Caratini, Roger – História Critica do Pensamento Social.

Sitografia:
http://www.infopedia.pt/$humanismo


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Escolas do Futuro e a Inclusão Social

Realizou-se a 6 de Abril, a I Conferencia Internacional da EPIS - Empresários pela Inclusão Social, com o tema "Escolas do Futuro", que teve lugar na Fundação Caloust Gulbenkian.
O evento foi gratuito e destinado a um vasto público, como empresários, professores, alunos e interessados na área, onde foram abordadas as vias e as alternativas possíveis para uma "Escola do Futuro", correndo o evento em paralelo no Facebook.
O orador é um consultor da rede "Education Impact", o britânico Dun Buckley, autor do modelo pedagógico "Personalization by Pieces", Buckhey é um pedagogo com larga experiência na inovação educativa e é atualmente colaborador da Microsoft no projeto "Building Schools for the future".
Entre outros esteve presente o Presidente da EPIS António Pires de Lima; bem como Isabel Alçada, Ministra da Educação; António Costa, Presidente da Câmara de Lisboa e Eduardo Marçal Grilo da Fundação Gulbenkian. O evento decorreu num único dia.
Sites relacionados: 
Programa do evento.


Autor Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Quanto Custa ser Feliz? 10º Congresso CAIS

A Associação CAIS vai organizar de 06 a 08 de Abril, o 10º Congresso CAIS, com o tema: “Quanto custa ser feliz? Por uma economia do Bem Estar”, em que o objetivo é dar a conhecer o “Estudo sobre o nível de felicidade dos portugueses” e por extensão da qualidade de vida no nosso País, um estudo que faz parte de uma investigação académica realizada por Maria Júlia Nunes do ISCTE/IUL, o evento terá lugar no ISEG Edifício Quelhas, Auditório 1, e nele pretende-se criar um ambiente de debate sobre a situação sócio-económica da realidade portuguesa, que neste momento é de crise, torna pertinente o estudo abordado e sobretudo pela Associação CAIS, cuja razão de existir prende-se com a reinserção social ou de uma forma mais lata as causa que produzem a exclusão social.
Vale a pena a todos os interessados, participarem do estudo sobre a felicidade dos portugueses através do inquérito realizado online aqui, todas as informações dadas por si são confidenciais e anónimas)
O Congresso tem entrada livre, no entanto requer-se que façam as inscrições por telefone: 218 369 005 ou por mail eliana.lavos@cais.pt
Para mais informações: Associação Cais e o Programa do evento.
Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 2 de abril de 2011

Evento - Recuperação Financeira de Particulares

Realizou-se no dia 31 de Março, pelas 17H no “Económicas Lounge” ISEG, em Lisboa, a conferência com o tema: “Meios de Recuperação Financeira de Particulares”, que teve como público alvo os profissionais da área e pessoas interessadas no assunto da insolvência de particulares.
O evento teve a presença de vários advogados especializados no assunto como oradores especializados nesta matéria, através de informações sobre o Código de Insolvência e Recuperação de Empresas, que agora contempla os particulares.
O número de pessoas singulares, em situação de insolvência tem vindo a aumentar de ano para ano, segundo dados fornecidos pela DECO, terão sido cerca de 432 os processos iniciados em 2007, de 656 em 2008 e de 1258 em 2009 , o que se deve ao agravamento da crise económica e à situação de sobreendividamento das famílias (Fonte).
Esta é uma das causas do empobrecimento de inúmeras famílias portuguesas, os chamados “novos pobres”, pessoas que perderam o emprego ou que sofreram a falência da própria empresa, herdando uma situação de grande dificuldade financeira, e também psicológica. As pessoas nessa situação podem pedir apoio à justiça e declararem-se “insolventes”, ficando assim garantidas as condições mínimas necessárias às necessidades básicas da família, sendo o excedente do seu rendimento entregue ao Administrador de Insolvência nomeado pelo Tribunal.
A participação na conferência teve um custo de 25€ como valor de participação, valor esse que reverteu a favor da Associação APOIARE.
Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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