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sábado, 19 de novembro de 2022

Qual é a "Verdadeira" História de Portugal?

O último livro de José Gomes Ferreira, levantou um coro de protestos dos historiadores, por relatar no livro factos que contradizem a historiografia oficial de Portugal, tal como se apresentam nos conteúdos programáticos dos manuais escolares. O jornalista que escreve sobre História, afirma que a história está mesmo muito mal contada, e que esta nova versão é a "Verdadeira História de Portugal".

Quanto à Descoberta do Brasil, sabe-se que terá havido uma descoberta oficial por Pedro Álvares Cabral, após uma navegação secreta para exploração da costa por parte de Duarte Pacheco Pereira. Isto já é falado há muito inclusive no Brasil, não é invenção de Gomes Ferreira.

Aliás, não duvido de que até fosse antes de Colombo, até porque corrobora o facto de o Rei de Portugal não querer financiar a expedição de Cristovão Colombo, porque muito provavelmente já teria tido conhecimento da existência do Novo Mundo. Outra ocorrência é o facto de Portugal ter exigido ao Papa Alexandre VI, a substituição do Tratado de Alcáçovas, por um novo tratado assinado em Tordesilhas, com uma nova e mais vantajosa linha divisória para oeste, onde então já Portugal obteria o direito de posse da terra que veio a ser o Brasil.
A questão aqui é a dificuldade de se ter provas desta teoria, não o argumento em si, ou a probabilidade de ter ocorrido.
Mas de facto, sempre houve, quer por motivos políticos, quer por razões de Estado, uma historiografia mantida como oficial, e mantidas em segredo as ocorrências dos jogos e dos movimentos nos bastidores.
Todavia, não creio que se deve sair por aí a reescrever a história, porque essa é uma nova tendência, com objetivos também políticos e ideológicos
A História é uma ciência e tem que ser preservada da manipulação e instrumentalização dos interesses de grupos terceiros, muito ao gosto dos ditadores e dos manipuladores de opinião.
Quanto ao texto de José Gomes Ferreira, creio que é inócuo, no sentido de não diminuir nem denegrir em nada a verdade Histórica e o engenho dos nossos dirigentes e navegadores.
Por último, creio que esta reportagem no semanário "Visão", acaba por ser uma publicidade às avessas, e José Gomes Ferreira, vai acabar por vender imensos livros.

Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

A Nacionalidade Portuguesa no Brasil Colónia

Durante o período colonial no Brasil, todos os cidadãos tinham a nacionalidade portuguesa, na sociedade brasileira de então, os cidadãos dividiam-se em portugueses reinóis e os portugueses brasileiros, os primeiros eram nascidos na Metrópole (eram portugueses do Reino de Portugal) os segundos eram nascidos na colónia, ou seja a extensão do território português do Brasil.

Um dos grandes cidadãos portugueses nascido no Brasil, foi José Bonifácio de Andrade e Silva, foi um Pensador Livre, um Maçon, que chegou a ser Ministro do Reino, mais tarde viria a ser o Patrono da Independência do Brasil. Mesmo depois da independência a 7 de setembro de 1822, no Brasil surgiram dois partidos políticos, o Partido Brasileiro que defendia a soberania e o rompimento dos laços, e o Partido Português que pretendia reatar os laços com Portugal, desde que se mantivesse o Estatudo de Reino Unido, mesmo vencendo o primeiro partido, o Brasil continuou ligado a Portugal por laços sanguíneos, parentes de ambos os lados, e por herança cultural por um longo período. 

Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.


A "Pimenta do Reino" - Uma Herança Histórica

Até aos dias de hoje, o Brasil ainda mantém um hábito que advém do tempo de Colónia, é o facto de chamarem a pimenta preta, por "Pimenta do Reino", é curioso saber o porquê disso.

Como se sabe, a maioria das especiarias não havia na Europa, mas sim na Índia, ou nos vários países da Península Indiana, denominada de Indostão, o comercio das especiarias remonta ao século IV AEC (Antes da Era Comum).

A Rota das Especiarias, eram rotas comerciais que traziam para a Europa as especiarias plantadas no Indostão, rotas essas que eram monopolizadas pela República Veneziana (um dos mais importantes países da Península Itálica a par dos Estados Pontifícios e da República Genovesa), mas que foi bloqueada pelo Império Otomano com a conquista de Constantinopla.

A tomada pelos turcos-otomanos de Constantinopla que passou a chamar-se de Istambul, fez aumentar o custo das especiarias no mercado europeu. Essa situação impulsionou Portugal a investir na navegação, para que descobrisse fora do Mar Mediterrâneo o Caminho Marítimo para as índias (O Indostão). Dessa tentativa resultou em 1500 a descoberta do Brasil, com a fundação das primeiras cidades portuárias, e mais tarde a construção da Cidade do Cabo na África Austral, entreposto de abastecimento que permitiu chegar até às índias, ou Indostão.

A partir dessa época, no século XVI, Portugal passou a plantar em Portugal Continental (Vulgo Metropole) as especiarias, em particular a Pimenta. E monopolizava o comercio das especiarias com os restantes países da Europa vencendo assim o bloqueio turco-otomano.

As especiarias como a pimenta passaram a ser plantadas em Portugal, que passou a ter o monopólio da venda na Europa e também nas Colónias portuguesas, sendo que nas colónias, a pimenta não poderia ser plantada, não saia de Portugal uma única muda da planta, daí, que a pimenta preta quando desembarcava nos portos portugueses das várias colónias, incluindo o Brasil, já não era a Pimenta da Índia, mas passou a ser a Pimenta do Reino até aos dias de hoje.

Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Quando a História é um Instrumento Ideológico

Quando utilizam a colonização portuguesa e espanhola para justificar o atraso socioeconómico e político em que a América Latina se encontra, está-se a julgar levianamente e a esquecer de que o poder há 500 anos, emanava do Papado instalado nos Estados Pontifícios e do catolicismo como modelo civilizacional, que exerceu, e ainda hoje exerce uma grande influência na cultura dos povos ibero-americanos.

Portugal e Espanha outrora estavam no topo das potências mundiais, chegaram a dividir o Mundo pelo tratado de Tordesilhas, obviamente com a bênção papal.


Os dois países ibéricos, mais tarde decaíram politicamente, quando os países do norte da Europa se rebelaram contra o Vaticano e aderiram à Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero, o que permitiu aos países dito protestantes tornarem-se potencias desenvolvidas.


Todos os países do sul da Europa, fiéis a Roma e que se mantiveram maioritariamente católicos (e por extensão as suas colónias) comprometeram o seu desenvolvimento socioeconómico, cultural e político.


Portanto, a respostas às questões da Histórica, têm de se buscar nas causas menos visíveis, porque não se pode julgar o passado com os olhos e a mentalidade do presente, pois isso será fazer pouco caso da história.


Eu escrevi este post, não para a divergência pura e simples, mas para contribuir para desmistificar mitos que se criaram e propagaram no discurso político sobre a história do Brasil, por vezes intencional, e ainda, para combater frases feitas e julgamentos demasiadamente fáceis.


É fácil demais acusar levianamente o passado anterior a 1822, no que concerne aos problemas do presente, se assim é, a proposta politica de hoje só pode ser a inanição total.


Ou seja, se a culpa dos meus problemas de hoje é a consequência dos erros dos meus avós, o que me restará então fazer? Nada, logo, isto aponta que o problema é na verdade FILOSÓFICO, ou seja, é uma questão de Lógica.


Autor: Filipe de Freitas Leal


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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Marcas de Um Tempo de Revoluções

A geração à qual eu pertenço, sofreu o impacto não de uma revolução, mas de três revoluções, uma revolução politica, uma revolução tecnológica e uma revolução cultural, fruto da sociedade da informação, e como consequência temos hoje Um admirável mundo novo", como diria Aldous Huxley, ou ainda entramos definitivamente na "A Era da Incerteza" de John Kenneth Galbraith. A realidade é que essas vagas de mudança como diria Alvin Toffler, não mudaram apenas o mundo, mudaram tudo à nossa volta, de forma drastica e em pouco tempo.
Não são os cabelos brancos que nos dizem que estamos velhos, é o tempo, a saudade, as mudanças à nossa volta e as memórias de coisas que nos ajudaram a ser quem somos e que já não voltam.
Vimos pois cair uma após outra as ditaduras, foi o fim do colonialismo, a queda do Muro de Berlim e o fim do comunismo e da guerra fria, foi também o inicio da globalização e o apogeu da internet e dos novos meios de comunicação, tudo isto à mistura num curto espaço de tempo, mudou drasticamente o modo como se pensa, vê e atua num mundo em constantes e aceleradas mudanças e de novos desafios e incertezas.
Para trás, ficou o jogo da carica, a TV a preto e branco, os velhos elétricos, algumas farmácias com "Ph", ficou também o livro de leitura que tínhamos na escola, e que passava de irmão para irmão; o berlinde e o pião, os carrinhos de rodas, a mercearia, a taberna da rua, os paralelepípedos, os autocarros de dois andares, o Diário de Lisboa com o cheiro dos jornais acabados de imprimir e que nos sujavam as mãos, para trás ficou a saudade, de tempos em que domingos pareciam dias de descanso, onde tudo estava verdadeiramente fechado como se tivesse parado o tempo.
Mas não escrevo estas linhas apenas para vos falar de saudades, mas acima de tudo para vos dar um testemunho da História do tempo que vivi.
Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 26 de outubro de 2014

Hemisférios Alternam Horários

Horário de Inverno atras-se em uma hora os ponteiros.
Os Horários de Inverno e Verão, alternaram-se, no dia 26 de outubro, pelas 2h00; hora em que os ponteiros do relógio foram movidos para a 1h00 da madrugada, reduzindo assim em uma hora no hemisfério norte, tendo já ocorrido a alteração com a adição de uma hora no hemisfério sul (onde agora é verão) facto que ocorreu na semana anterior, e a essa  mudança de horários, traduz-se no facto de que os hemisférios norte e sul, passarem a ter apenas duas horas de diferença como é o caso da diferença horária entre Portugal e o Brasil, o que é uma aproximação pelo tempo e um ganho, isso notar-se-á nas comunicações via telefone e Internet, que são feitas nos dois sentidos, bem como nas viagens onde os passageiros não sentirão a tão grave diferença horária.


Do ponto de vista histórico o que existe não é uma mudança no horário de inverno, mas sim no horário de verão, pois a mudança deu-se precisamente no verão, com o intuito de se economizar energia elétrica num período em que os dias são mais longos que as noites, o horário de inverno é a consequência de se voltar ao horário solar, ou seja tornar à hora normal, comummente associado à posição do Sol e os movimentos da Terra, desvios esses que geram as diferentes e alternadas estações do ano nos hemisférios.


Aproveitar para pôr em dia a leitura
Qualquer das formas não são todos os países que adotam o horário de verão, a medida favorece mais os países que se encontram longe da linha do Equador, na Austrália por exemplo só os estados do sul é que adotam esta medida, que aliás idealizada pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Benjamin Franklin em 1874, mas só foi aplicada pela primeiras vez com caráter oficial pela Alemanha em 1916. Bem com este novo horário ganhamos mais uma hora no hemisfério norte, o que dá para pôr em dia as leituras.

Por Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor                                                                           
Filipe de Freitas Leal é Licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. É estagiário como Técnico de Intervenção Social numa ONG, vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, Blogger desde 2007, com o ideal de cariz Humanista, além disso dedica-se a outros blogs de cariz filosófico e poesia.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

História Geral

História é uma palavra que deriva do grego, e significa 'pesquisa', e de facto trata-se de uma pesquisa no passado para que possamos compreender o presente e planear o futuro.
A história tem sido uma ciência aliada dos grandes humanistas, estadistas e estudiosos, na medida em que ao descobrir-se a causa, pode-se compreender o efeito do fenómeno social ao longo do tempo e situado no espaço.

No entanto falar de História não é falar apenas, há todo um complexo método científico, cujas ferramentas documentais, são também ciências afins que nascem da história e que a servem como braço direito, estou a falar da Hermenêutica e da Heurística, que verificam por sua vez a veracidade e o significado dos documentos  a fim de classifica-los e categoriza-los de modo a que possam testemunhar a História.

Da Pré-História à Antiguidade Clássica, desta à Idade Média, assando pelo Renascença, a História vem desaguar por assim dizer, na mais nova fase surgida com no campo político com a Revolução Francesa em 1789 e no campo social com a Revolução Industrial surgida no Reino Unido, ambas as Revoluções, somando-se a Independência dos Estados Unidos e das revoluções liberais que se alastraram pela Europa, mudaram o mundo para sempre.

Hoje em dia, estamos numa terceira vaga, como afirma Alvin Toffler nos seus livros "Choque do futuro" e a "Terceira vaga", vaga essa que já não é a sociedade agrícola, já não é a sociedade industrial, mas sim a Sociedade da Informação, surgida no pós-guerra.

Mas vejamos isto e muito mais nos livros que vos deixo aqui, para lerem ou para baixarem, bons estudos e boas leituras.

Hiperligações:
História Geral - Download - Aqui
História de Portugal - Download - Aqui
História dos Hebreus - Flávio Josefo - Download - Aqui


Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

terça-feira, 30 de abril de 2013

1º de Maio - Dia dos Trabalhadores

O dia 1º de Maio, como "Dia Internacional dos Trabalhadores" tem a sua origem nos EUA Estados Unidos da América, num movimento reivindicativo saíram à rua mais de 500 mil pessoas precisamente no dia 1 de maio de 1886, em que pretendiam a jornada de 8 horas de trabalho por dia, condições mais humanas. Essa passeata foi esmagada violentamente pela policia de Chicago, dispersando a manifestação deixando no entanto um saldo enorme de feridos e perto de duas dezenas de operários mortos.
No dia 4 de maio de 1886 os operários indignados com tamanha repressão policial e exploração capitalista, voltaram às ruas, 8 lideres sindicais foram presos, 4 executados e outros três condenados a prisão perpétua.
A repressão que se viu nas ruas de Chicago contra os operários indignou o mundo inteiro, tanto que em 1888, as pressões internacionais fizeram com que a Justiça Estadunidense anulasse a condenação e libertasse os 3 prisioneiros.
Em 1889 o Congresso Internacional Operário, decretou em Paris, que o dia 1 de maio seria doravante o Dia Internacional dos Trabalhadores em homenagem aos operários mártires de Chicago. Curiosamente os EUA ainda hoje não celebram este dia.

Desde a restauração da democracia em Portugal, que se celebra a 1º de maio, o Dia dos Trabalhadores, ou mais comummente Dia Internacional dos Trabalhadores, que é comemorado em vários países em todo o globo, tal como Portugal, que só começou a comemorar livremente este dia após o 25 de Abril, o mesmo passou a acontecer com outros países que conquistaram a sua democracia.
Em Portugal no ano de 1974, celebrou-se pela primeira vez, o Dia dos Trabalhadores em Liberdade, com uma festa contagiante por todo o país, não se via o povo português assim à mais de 40 anos, o Culminar da Festa foi no Estádio do FNAT Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, que foi rebatizado de Estádio 1º de Maio, onde estiveram presentes à altura Álvaro Cunhal do PCP, Mário Soares do PS(ASP) e Francisco Pereira de Moura do MDP(CDE), bem como a presença de lideres do movimento das Forças Armadas e líderes sindicais como a CGTP-IN Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (fundada em 1970) e da UGT União Geral dos Trabalhadores (Fundada em 1978 de uma cisão da CGTP).

Autor: Filipe de Freitas Leal (Este artigo foi originalmente escrito em 30/04/2012)




Este artigo respeita as normas do Novo Acordo Ortográfico
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Sobre o Autor

 - Nasceu em 1964 em Lisboa, é estagiário em Serviço Social, numa ONG, tendo se licenciado pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa - ISCSP/UL, Fundou este blog em 2007, para o debate de ideias e a defesa do ideal humanista, edita ainda outros blogs, desde filosofia à teologia e apoio autodidático. (ver o Perfil)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

25 de Abril de 1974 - A Revolução dos Cravos

Foi em 1974, que ocorreu o acontecimento que mudou o rumo de Portugal, que acabou com o Império Colonial e lançou as bases para o desenvolvimento, da democracia, da descolonização e do progresso socio-económico, enfim criaram-se as condições de um país que queria abrir-se ao Mundo num abraço fraterno, solidário e livre.
É ainda hoje discutível se esses objetivos poderiam ou não ter sido alcançados sem um golpe de estado, cujas consequências posteriores, advindas de uma descolonização mal feita, que afetou muitos portugueses, que viviam então na África portuguesa, ou por outras palavras, os historiadores procuram hoje, saber se o que causou o 25 de Abril foi o falhanço da Primavera Marcellista e o continuar de uma guerra colonial, que se acredita, só poderia ter tido uma solução politica e não militar como propunha o General António de Spínola no seu livro "Portugal e o Futuro" editado em fevereiro de 1974.
O 25 de Abril é o nome dado à Revolução dos Cravos, um movimento militar que com um Golpe de Estado, derrubou em menos de 24 horas um Regime de Cariz Fascista que durou 48 anos, sendo que desses, 4 anos foram em Regime Militar, 38 sob o governo de António de Oliveira Salazar, que após a doença fora afastado em 1968 e substituído por Marcello Caetano, que veio a ser deposto com a revolução e exilado no Brasil, onde veio a falecer em 1980.
Na madrugada de 25 de Abril, a música "E Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho, é transmitida pelos "Emissores Associados de Lisboa" e é a primeira senha da Revolução, indicando a saída das tropas para culminar no movimento dos Capitães de Abril, por outro lado a segunda senha confirmava a Revolução,  era a música "Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso, que fora transmitida dos estúdios da Rádio Renascença, ocupada pelos militares.
O comando do golpe estava situado na Pontinha em Lisboa, e sob a direção de Otelo Saraiva de Carvalho, enquanto as operações nas ruas de Lisboa foram dirigidas por outro importante líder o capitão da Infantaria de Santarém, Salgueiro Maia, que avançando sobre Lisboa tem a missão de ocupar o Terreiro do Paço e o Quartel do Carmo onde se refugiara o Presidente do Conselho. A História fez deste último, um exemplo de abnegada missão em prol do seu país, um homem que viu nessa revolução a sua missão de libertação do País sem querer para si protagonismo ou honras, voltou humilde aos quartéis, tendo morrido ainda novo, pobre e esquecido pelo país que ajudou a libertar, chegou a ver-lhe negada durante o governo de Cavaco Silva, uma pensão que solicitara por motivos de doença.
O reconhecimento pelos seus préstimos ao país e à sua missão libertadora, resume-se a uma singela lápide no chão do Largo do Carmo, lugar onde se consumou a abertura de Portugal à liberdade de pensamento, expressão e associação política para todos os portugueses.
Abril é um espírito que influenciou outros povos no mundo, o Brasil vivia num regime militar desde 1964, e Chico Buarque de Holanda, compôs uma música para homenagear a Revolução dos Cravos, com o titulo "Tanto Mar"; O Chile vivia na ditadura de Pinochet, que tinha derrubado o socialista Salvador Allende em 1973 a 11 de setembro, o 25 de Abril foi um exemplo para o mundo de uma revolução sem sangue, sem vingança e ódios, mas acima de tudo libertou Portugal e os portugueses, permitindo que todos os quadrantes políticos se organizassem livremente, da esquerda à direita, como os socialistas do PS de Mário Soares, dos comunistas do PCP de Álvaro Cunhal, passando pelo MDP/CDE Movimento Democrático Português de Francisco Pereira de Moura, o PPD Partido Popular Democrático de Sá Carneiro ou ainda o CDS Centro Democrático Social de Freitas do Amaral, correntes políticas que participaram no dia 25 de Abril de 1975 na primeira eleição livre para a Assembleia Constituinte, que fez nascer a constituição de 1976. Tendo sido consagrados o PS e o PPD como as principais forças políticas da democracia portuguesa. Panorama que se mantêm ainda hoje.
Mas também foi o reconhecimento do direito à Auto-determinação dos povos africanos sob administração portuguesa, como Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, embora o programa da descolonização tenha sido mal conduzido o que gerou graves injustiças e conduziu à Guerra Civil as força politicas em Angola, tendo ainda permitido que todos os países de língua oficial portuguesa caíssem numa ditadura comunista.
Passados estes anos todos, muito se dissipou do espírito de abril, pondo de parte os exageros do verão quente de 1975 durante o governo de Vasco Gonçalves, esquecendo também a febre esquerdista, e do radicalismo ideológico desse tempo, (normal e compreensível para um povo que viveu quase 50 anos em regime de ditadura) foram muitas no entanto as conquista politicas, sociais e culturais do 25 de abril, no que toca aos direitos humanos, à justiça social, à educação, à saúde entre outros aspetos.
No entanto, os novos paradigmas vindos da globalização, da influência cada vez maior da economia, sobre a política e a sociedade, especialmente das grandes empresas multinacionais, que põe por terra as boas intenções políticas de qualquer governo.
Hoje os tempos são outros, e são outros os desafios, o que abril derrubou e o que abril conquistou já está ultrapassado, novas lutas surgem, novos problemas se levantam contra as populações, problemas como a nova exclusão social e de integração, novos problemas de habitação, novos tipos de desemprego, sobretudo de licenciados que emigram, problemas humanitários, ecológicos, enfim não é só a liberdade que conta, mas a qualidade de vida das populações, o projeto para as gerações futuras, a sustentabilidade social e económica do país e das suas gentes, bem como a sustentabilidade do mundo, das economias e dos povos nos regimes ditos democráticos esse sim é o desafio, por outras palavra o desafio hoje, e o que o espírito de abril hoje nos diz e pede é claramente uma visão Humanista.




Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 3 de março de 2013

Casa Grande & Senzala - Gilberto Freyre

Gilberto Freyre, sociólogo  antropólogo, ensaísta, escritor e pintor,  nasceu  na capital do Estado do Pernambuco, Recife, precisamente no último ano do século XIX, 1900, fou numa família de ascendência portuguesa, veio a falecer na mesma cidade em 1987; Em criança recusava-se a aprender a ler, apenas desenhava, quase que compulsivamente, fazendo do desenho a sua linguagem, a sua expressão e o modo como compreendia o mundo à sua volta; Após receber a visita de um professor inglês, ingressa na Escola Americana Batista de Pernambuco com oito anos de idade, e muito mais tarde frequentou os estudos superiores na Universidade de Colúmbia nos Estados Unidos, onde conheceu Franz Boas antropólogo estadunidense de origem judaica, que influenciara Freyre no estudo da antropologia, muito embora Freyre tenha sido conhecido mais como um dos pais da sociologia brasileira, e do movimento modernista da década de 20 do século XX.

Gilberto Freyre, em 1933 escreve o livro que sem duvida seria a sua maior obra prima, obra incontornável para a sociologia e antropologia brasileira de modo incomparável; Tendo em conta o que estava em questão na altura, que era a de saber definir a identidade do povo brasileiro, ou seja era saber na formação na nação brasileira, quem seria brasileiro de facto, e neste sentido, a contribuição do pensamento de Freyre veio responder a esta questão, de quais os povos ou etnias que formavam a multiplicidade cultural do Brasil, seria a que verdadeiramente pudesse ser chamada de brasileira. Claro está que por trás desta preocupação,que vinha já do tempo da independência do Brasil face à antiga metrópole colonial portuguesa em 1822, e que se agudizara com o fim da escravidão, iniciada com as leis abolicionistas, tais como a Lei do Ventre Livre de 1871 e depois a Lei Áurea a 13 de maio de 1888 promovida pela Princesa Isabel, que como consequência trouxe a revolta dos fazendeiros ricos e o derrube da monarquia em 1889, levando D. Pedro II para o exílio em França com toda a corte brasileira.



Há no entanto um dado que deve ser tido em conta, trata-se do Regime do Estado Novo, e do governo de Getúlio Vargas, de cariz social-fascista, cujas preocupações seriam a de criar uma Nação forte e próspera, mas para o qual faltava-lhe a tal identidade, sem a qual não seria possível,  a resposta que Gilberto Freyre trouxe com o seu livro. "Casa Grande & Senzala" serviu como uma luva, e aglutinou em toda a sociedade brasileira, a consciência que formava com sucesso, a primeira grande nação multicultural do mundo.

Gilberto Freyre, afirmava que o que deveras é o brasileiro, é todo o conjunto étnico e cultural dos seus elementos formadores, o indígena  o colonizador português e o escravo negro, estes três grupos étnicos formam a primeira grande nação multicultural do Mundo, muito antes de países como os EUA, Canadá ou Austrália entre outros, foi o Brasil o pioneiro como uma grande nação multicultural e de integração de novas culturas vindas de vagas de emigração da Europa do Leste e da Ásia.

Gilberto Freyre afirma em seu livro que o que permitiu ao Brasil, ser essa mescla morena de povos, foi o modo como os portugueses colonizaram o Brasil, mantendo-o unido e por não terem tido como os espanhóis  franceses e sobretudo os ingleses uma noção etnocêntrica de superioridade racial sobre o nativo, o que permitiu o cruzamento dos portugueses com outros grupos étnicos, até como forma de povoar o vasto território do Brasil, algo que é retratado na literatura como por exemplo o romance Iracema de José de Alencar, ou ainda na numismática (na figura à esquerda) com a nota de quinhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) em circulação nos anos 70, onde se perfilam todas as etnias brasileiras, formadas por essa riquíssima mescla.

Os ingleses evitavam o cruzamento com mulheres de outros povos, os portugueses não, tendo por isso criado os mestiços, caboclo (miscigenação étnica entre português e indígena  do cafuso (miscigenação entre as etnias negra com índigena) e do mulato, que é a miscigenação das etnias portuguesa e negra), e após a independência tendo se iniciado a imigração no Brasil, com a vinda de outros povos, tais como os japoneses,  acentuou-se a miscigenação, surgindo cruzamentos entre os recém chegados asiáticos com a população brasileira.

A maneira como Gilberto Freyre resolve esta questão cultural, é como a descoberta da pólvora para mudar o Brasil, é inclusive algo que promove a unidade nacional, sob os aplausos do regime de Getúlio Vargas, a imprensa expande a notícia por todo o Brasil, o livro faz escola, e Gilberto é consagrado como um dos maiores sociólogos brasileiros reconhecido a nível mundial.

O Titulo da sua obra é baseada na organização social e económica brasileira no tempo da formação e sobretudo da colonização portuguesa, Casa Grande é a casa do colonizador português  e a Senzala o lugar onde vivem os escravos outro elemento formador da brasilidade. E esse conjunto reproduz a filosofia da época de uma sociedade agricola, patriarcal, católica.

Claro está que o mundo mudou, a sociologia mudou com o Mundo, e sobretudo os regimes politicos brasileiros mudaram, sendo que hoje há uma certa tendencia da sociologia brasileira ligada aos movimentos de esquerda ou a movimentos negros, criticam a obra de Freyre.


O sociólogo brasileiro Gilberto Freyre
Certo é no entanto, com ou sem criticas, que a sua obra, por mais erros que possa ter, trouxe no fundo ao Brasil do seu tempo, a resposta que precisava para se lançar como um projeto nacional, tendo trazido um grande contributo que no fundo é mais democrático do que parece, pois para Gilberto Freyre todos são brasileiros sem distinção, o indígena  o português, o negro, mas também os diversos imigrantes que foram formar o arco-íris da brasilidade, que se reflete na cultura, desde a gastronomia à linguagem, bem como no modo de pensar e ser do povo brasileiro, e também na sua organização social e política.

Para além de Casa Grande e Senzala (1933), Freyre escreveu ainda, Nordeste ( 1937), O Mundo que o português criou (1940), Problemas Brasileiros de Antropologia (1943), Sociologia (1945) Ordem e Progresso (1957) obra esta que lembra o ideal positivista de 
Augusto Comte, e ainda, Brasis, Brasil e Brasília(1968) um estudo sociológico e antropológico do Brasil.

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Referências Bibliográficas.
Gilberto Freyre. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-03-03]
Vários Autores. (2007) Sociologia Ensino Médio. SEED, Paraná, Brasil, pgs 53-55.
Gilberto Freyre. (2007) Casa Grande & Senzala. Ed. Record, Rio de Janeiro, Brasil.

Cláudia Castelo. (2011) Uma Incursão no Lusotropicalismo de Gilberto Freyre. IICT, Lisboa 

Autor do blog Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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