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segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Modelo Sistémico na Intervenção Social

1. Introdução

A metodologia tem no Serviço Social segundo Maria José Núncio (2010; 113,114) a importância de criar um corpo sistemático de práticas, que visam compreender a realidade dos problemas do sistema cliente, das circunstâncias sociais envolventes, visando também a teorização, que uma vez posta em prática é analisada de forma crítica com o objetivo de corrigir e redefinir métodos para uma nova teorização atualizada.


Os métodos clássicos são o “Serviço Social de Casos”, o “Serviço Social de Grupos” e o “Serviço Social de Comunidades”, cujas metodologias visam em comum, a eliminação de obstáculos, a libertação de recursos e potenciar capacidades (NÚNCIO, 2010: 114) que indo, do indivíduo até à sociedade, obtêm-se os três tipos de metodologias, que evoluíram em dois diferentes enfoques, um de cariz psicológico e outro comunitário, (Caparroz, 1997) centrando-se o primeiro nos indivíduos, suas relações com outros grupos e a satisfação de suas necessidades, o segundo enfoque centra-se nas relações na relação com grupos e/ou relações comunitárias do sistema cliente.

O Serviço Social de Casos, que está na génese do Serviço Social, desde os primórdios do próprio Serviço Social (Viscarret, 2007:38), mas que tem vindo a ser muito desenvolvido nos anos 50, (Núncio, 2010: 115), defendia uma metodologia casuística (cada caso é um caso) e personalista (centrado na pessoa e no seu contexto), cuja metodologia era ajudar o cliente a ajudar na solução do seu problema, mas também conhecer e melhorar a situação do individuo no aspeto social e familiar, combatendo a exclusão social como a pobreza, toxicodependência, desemprego, carências habitacionais, insucesso escolar, maus tratos, violência doméstica, delinquência, abandono e discriminação (Garcia, 2004:424).

O Serviço Social de Grupos, visa a solução dos problemas do indivíduo num contexto de grupo, visando também o interesse social global, esta metodologia só começou a ser desenvolvida a partir de 1930, compreendendo que os grupos podem ajudar as pessoas nos seus problemas, através da participação do cliente nos grupos e comunidades, dando um sentido à vida, incentivando o cliente adquirindo competências sociais e motivações, sendo que o Serviço Social de Grupos centra-se em métodos psicoterapêuticos e socioeducativos (Garcia, 2004: 433), com o objetivo de combater o isolamento, exclusão, reabilitação, aprendizagem, orientação e informação.

O Serviço Social de Comunidades, desenvolveu-se a partir da segunda metade do Século XX, mas tendo sido idealizado em 1939 (Moix, 1991) muito apoiado pela ONU com o objetivo de promover políticas sociais e melhoria das condições de vida em países subdesenvolvidos.

2. Os Métodos Integrados no Serviço Social

Os métodos de caso, grupo e comunidades, atrás referidos, distinguiam-se pela especificidade do cliente ou clientes, mas que a partir dos anos 60 do século XX, desenvolveu-se um método unificador dos métodos de Casos, Grupos e Comunidades, nascendo assim um método integrador no Serviço Social segundo Maria José Núncio (2010:126) com o foco no conceito da intervenção, para que se conseguisse dar melhor resposta em função dos problemas concretos.

O método integrador, almeja portanto, a solução dos problemas de forma entrecruzada, do cliente, família, grupo e comunidade, partindo do microssocial para o macrossocial (Núncio, 2010:127), tornando-se muito mais adequado para o trabalhador social, mas recebendo a oposição dos conservadores do serviço social, que obstavam as implicações de um método na realidade era integrador e agente promotor de mudança, englobava “o que fazer” e o “como fazer”. Mas surgiu assim a necessidade de definir modelos de intervenção no Serviço Social.

3. Os Modelos de Intervenção

Segundo Maria José Núncio (2010:127) o método integrado de Intervenção em Serviço Social, está associado ao desenvolvimento teórico do conceito de Modelos de Intervenção, que se desenvolveu a partir dos anos 70 do século passado, abrangendo as componentes teórica, metodológica, filosófica e funcional, mas não sendo exclusivamente direcionada ao cliente, como nos métodos clássicos. (Hill, 1986) e os modelos visam estudar, planear e determinar a ação a implementar, os objetivos almejados, bem como os métodos e as técnicas necessárias para atingir esse fim, (Núncio, 2010:128), sendo os principais modelos de intervenção no Serviço Social os seguintes: Modelo Psicossocial, que utiliza uma síntese de conhecimentos científicos da psiquiatria, da psicanálise, da psicologia social e da sociologia, mas que abarca os aspetos sociais, económicos, físicos, psicológicos e até emocionais, que envolvem o processo e o problema; o Modelo de Modificação de Conduta, baseado nos princípios do “Behaviorismo” e da teoria da “aprendizagem”, centrado no problema/comportamento; o Modelo Sistémico, por sua vez encara os fenómenos, não de forma individual ou de causa e efeito, mas sim numa perspetiva de análise “totalizadora”, que engloba além dos fatores acima referidos, os aspetos materiais, culturais e de relacionamento, (Núncio, 2010: 132); o quarto e ultimo modelo é o Modelo de Intervenção em Crise, com fortes raízes na Psicologia, Psiquiatria e Psicologia Social, sendo que a crise é provocada por um acontecimento de grandes proporções que afeta a estabilidade social e a dos indivíduos, podendo estar relacionadas com catástrofes, ruturas emocionais, perdas materiais entre outros acontecimentos traumatizantes, este modelo é centrado no “apoio à vitima” baseado na proteção, aceitação, valorização e na promoção, (Nelson, 1980).

4. O Modelo Sistémico o que é?

O Modelo Sistémico no Serviço Social, é um modelo de Intervenção em que o Trabalhador Social tenta promover a mudança, não de uma forma pura e simplesmente assistencialista ou linear, mas de uma forma integradora e circular, onde é envolvida toda a componente socioeconómica, psicológica, cultural, familiar e interpessoal do cliente.

O Modelo Sistémico, é o mais utilizado pela SCML – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e em Instituições como a Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão (CMRA), conforme refere o site daquela instituição.

A gravura na página anterior, é o exemplo da aplicação do Modelo Sistémico, num Centro de Medicina de Reabilitação, onde se afirma que um sistema é um conjunto de elementos em interação dinâmica, organizados e com um objetivo definido.

Por aferição, posso deduzir que temos pois no Modelo Sistémico, como o próprio nome indica, um sistema de interação global, de todos os aspetos e interdependências da vida do cliente, não sendo por acaso que algumas instituições de Solidariedade Social, como a CMRA e os seus/as suas assistentes sociais utilizam o modelo Sistémico como a sua praxis profissional, ou por outras palavras trata-se de um Serviço Social Moderno voltado para uma metodologia epistemológica, rompido que está o passado do assistencialismo, e consolidados os valores de uma Ação Social baseada no estudo científico e no rigor da sua da ação humanista e integradora.

5. Conclusão

A dimensão Teórica da Modelo Sistémico
 – Deixa de encarar o problema, como algo individual, defende uma relação de causalidade circular na compreensão dos problemas, tendo em conta todos os fatores envolventes da vida do cliente seja o indivíduo, o grupo ou a comunidade.

A dimensão Metodológica
 – Centra-se na entrevista sistémica, na neutralidade do trabalhador social e na circularidade da analise do grupo, sendo que aí o processo de ajuda, é baseado não no conflito individual, mas sim só é possível a intervenção quando se deteta o conflito de uma relação.

A dimensão Filosófica
 – A filosofia deste modelo é a reintegração do cliente de forma a que um dos elementos da relação que sofra uma mudança, irá afetar positivamente todo o grupo, quantos mais elementos forem sendo modificados mais efetiva será a transformação da realidade do conjunto.

A dimensão Funcional
 – Tendo sido feita a análise circular do problema por todos as interdependências relacionadas entre si, o Trabalhador social desenvolve hipóteses para a solução do problema tendo em vista induzir à mudança. A mudança por sua vez, ocorre no todo e não numa das partes, sendo deste modo mais eficaz uma mudança global que uma pequena mudança parcial.
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Bibliografia Consultada:
Núncio, Mª. José (2010) Introdução ao Serviço Social – História, Teoria e Métodos, Lisboa, ISCSP.
Carmo, Hermano (2002) Intervenção Social com grupos, Lisboa, Universidade Aberta.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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